Nova Jersey, 24 de Dezembro de 2007.

É véspera de Natal na sempre festiva Nova Jersey, claramente vemos um pouco de neve caindo enquanto as casas estão todas decoradas por enfeites natalinos. Para muitos, o natal é sinônimo de harmonia, confraternização e amor ao próximo… Pelo menos é o que parece.

Em uma das casas em Barrington, uma cidade no Condado de Camden, NJ, uma família está em festa, pois além de estarem comemorando o Natal, também estão comemorando o aniversário de 7 anos da pequena Estéfany, ela tem cabelos cacheados longos e castanhos e tem uma janelinha entre os dentes. Ela se encontra em cima de uma das cadeiras onde está a mesa com o bolo e vários outros petiscos.

Seu pai Petter, homem jovem de aparentemente 30 anos, cabelo liso e nariz pontudo dá as honras.

— Vamos, filha! Faltam 10 segundos pra meia-noite e você deverá apagar as velas. Vamos todos contar?

— 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 e… FELIZ ANIVERSÁRIO!

Estéfany apaga as velas e os demais concluem.

— … E FELIZ NATAL!

As comemorações continuam, a mãe de Estéfany, Déborah leva um perú até a mesa, ela tem o cabelo castanho liso batendo nos ombros, tem 28 anos. Também estão presentes ali os avós de Estéfany: Meredith e Sean, eles sempre visitam a casa da filha Déborah todo o natal.

Uma pessoa que sempre vai aos encontros não está ali presente e a própria Estéfany é quem percebe.

— Por que a tia Vivian não veio, papai?

— Querida, a tia Vivian está um pouco doente, mas… Ela mandou presentes pra você. Teu primo Zacke queria vim, mas ele tinha que cuidar da mãe.

— Tá bom.

Vivian é a irmã de Petter, e de fato naquela noite ela não estava muito bem de saúde e não poderia comparecer ao festejo. Estéfany decide ir até a sala abrir todos os presentes, cada um era mais bonito que o outro e isso deixava a menina mais sorridente.

Cerca de 1 hora havia passado e os pais de Estéfany estão colocando ela na cama.

— Pronto, mocinha! Agora vai dormir senão o papai noel não vai te dar presentes.

— O papai noel também vai vim hoje, mamãe?

— Sim, inclusive falei com ele hoje.

— Você falou com ele? E como ele é?

— Como sempre, querida. Gordo, com uma roupa vermelha, um gorro e um saco enorme nas costas, cheio de presentes.

— Que demais!

Petter conclui.

— Mas ele disse que só virá pra cá hoje se você dormir.

— Mas por que eu tenho que estar dormindo?

— Porque senão estraga a surpresa, o papai noel gosta de surpreender. E pra isso é necessário que você esteja dormindo, filha. Então… Boa noite!

Petter dá um beijo na testa de Estéfany.

— Boa noite, papai.

Déborah também dá outro beijo na testa dela.

— Boa noite, docinho!

— Boa noite, mamãe.

Enfim chegou a calada da noite, todos foram dormir. Claramente os pais de Déborah ficaram pra dormir lá. Está tudo tranquilo lá fora, não tem tanta neve caindo e o silêncio dominou a casa.

Entretanto, no quarto de Estéfany, algo incomodava a garota, ela não conseguia dormir pensando no papai noel. Ela vira pra um lado da cama e escuta um barulho, ela arregala os olhos, ignora e em seguida outro barulho é escutado.

Ela ouve a voz de sua mãe falando com o marido.

— Amor, você ouviu isso?

— Deve ser o teu pai procurando coisas pra comer na cozinha.

— Dá uma olhada, amor. Por favor…

— Tá bem, tá bem…

Petter se levanta e vai ver o que é. Quando chega na sala, uma das caixas enormes que estavam em cima do sofá havia caído no chão.

— Ah não acredito que eu levantei da cama pra isso.

Ele ouve o grito da esposa do quarto.

— Amor, o que era?

— Nada, foi a caixa de presentes que caiu do sofá.

— Olha se tá tudo bem no quarto de hóspedes.

— Tá bom, meu bem, tá bom.

Petter se dirige até o quarto de hóspedes onde estão os pais de Déborah, quando ele chega no corredor, vê que a porta está um pouco aberta. Ele dá uma olhada no interior do quarto, sai e fecha a porta, em questão de segundos ele abre a porta novamente e vê algo que o deixa assustado.

— Ai meu Deus!

Vemos apenas uma das mãos de um deles do lado de fora da cama e gotas de sangue caíam no chão.

Imediatamente Petter sai dali, sobe as escadas e vai até o quarto se aproximando de sua mulher cochichando.

— Amor, depois eu te explico, mas eu preciso que venha comigo devagar, vamos passar no quarto da Estéfany e sair daqui.

— O quê? Tá ficando louco? A gente vai pra aonde?

— Shhh, alguém entrou na casa.

— O quê?

— Sim, alguém entrou e a gente precisa tirar a Estéfany daqui agora mesmo.

— Mas… E o papai e a mamãe?

— Amor…

— Fala, Petter. Você foi no quarto de hóspedes?

— Meu bem, eu explico depois, mas agora vem comigo.

Petter pega um taco de beisebol, sua esposa fica agarrada às costas dele enquanto ambos saem do quarto. Eles vão andando pelo corredor lentamente até chegarem ao quarto de Estéfany.

Petter entra no quarto sussurrando.

— Estéfany! Estéfany, filha, acorda!

Ele vai até a cama e vê que Estéfany não se encontra ali.

— Ela não tá na cama, amor.

— O quê?

— Oi, gente!

— Aaaaahhhhhh!

Petter a repreende.

— Quase nos matou de susto, o que tá fazendo fora da cama?

— Eu ouvi um barulho, depois sentir sede e fui beber água. E eu vi o papai noel, pai.

Déborah entende que ela poderia estar falando de Petter.

— Ah não! Estragou a surpresa.

— Espera um pouco, filha. Quem você disse que viu?

— O papai noel, papai.

— Mas… Como?

— Ele estava lá embaixo, mas ele não é gordo como vocês disseram, na verdade ele até magro e alto, mas usava uma roupa vermelha.

— Petter, você andou se vestindo de papai noel por aí?

— Não, Déborah. Eu… Filha, quando você conversou com o papai noel?

— Agora a pouco, ele disse pra eu não fazer barulho senão iria estragar a surpresa que ele ia fazer pro vovô e pra vovó.

— Ai meu Deus!

Déborah começa a ficar preocupada.

— Como assim fazer surpresa pro vovô e pra vovó? Do que ela tá falando, Petter?

— Déborah…

— Petter, do que ela tá… Ai meu Deus!

Déborah sai correndo do quarto.

— Espera! Déborah!

Petter sai correndo atrás da esposa, ela já está descendo as escadas e indo em direção ao quarto de hóspedes.

Déborah entra no quarto chamando pelos pais.

— Papai, mamã… Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Agora vemos com clareza os corpos de Sean e Meredith completamente estripados na cama.

— Pai, mãe!

— Meu amor, meu amor! Escuta!

— Não, Petter! Eles estão mortos! Não tá vendo? Mortos!

Estéfany se aproxima do corredor do quarto de hóspedes e fica paralisada olhando pra reação deles. Petter percebe que ela os está observando.

— Filha, vai ficar tudo bem.

— Por que a mamãe tá chorando?

— O vovô e a vovó se machucaram, então…

— Por que eles se machucaram?

— Filha, por favor, não faça mais perguntas, só chega perto do papai e vamos sair daqui.

Estéfany dá alguns passos e alguém sai de trás de uma das cortinas da janela, é um homem alto e está usando uma roupa vermelha de natal, porém usa uma máscara que parecia ser uma ovelha.

Estéfany fica olhando pra ele e ele faz um sinal pra ela fazer silêncio, Déborah vai pro corredor e fica sem reação ao vê-lo. Petter vendo aquele homem perto de sua filha não pensou em muita coisa.

— Estéfany, corre! Corre, filha!

Estéfany corre para as escadas, o tal homem decide ir atrás e Petter corre até ele e acerta o taco de beisebol em suas costas.

O homem pareceu não ter sentido absolutamente nada, então ele vira lentamente para Petter, segura o taco junto com as mãos dele e o arremessa contra a parede.

— Petter!

Déborah pega um vaso de decoração e quebra na cabeça do homem, ele irritado dá um tapa nela fazendo-a cair no tapete. Em seguida ele a agarra pelo cabelo e sai arrastando ela pela casa.

— Ahhhhhhhh! Me solta! Me solta!

Petter começa se levantar.

— Déborah! Solta minha esposa, seu miserável!

Lá em cima, Estéfany entra no seu quarto e decide se esconder debaixo da cama, ela está completamente assustada.

Lá embaixo a tensão continua, o homem misterioso levanta Deborah e fica segurando o pescoço dela.

— Por favor, não machuca minha esposa, eu imploro!

Ele não diz uma só palavra, ao invés disso pega um facão enorme e o segura fortemente.

— Não, por favor!

— Petter! Socorro!

Com o facão, o homem corta a garganta de Déborah e seu sangue começa a inundar todo o chão.

— Nãaao!! Déborah! Seu desgraçado!

Lá em cima, Estéfany ouve os gritos do pai e pega um pequeno crucifixo e o aperta com força sussurrando.

— Por favor, menino Jesus. Me ajude!

No andar de baixo, Petter está completamente sem reação ao ver a esposa morta em sua frente. O homem começa a ameaçá-lo passando o facão de uma mão para a outra.

— Fica longe de mim! Eu vou chamar a polícia! Fica longe de mim seu lunático!

Petter vai se afastando e tropeçando nos cômodos da casa, enquanto o homem vai se aproximando sem demonstrar pressa em “fazer o serviço”, Petter está perto da árvore de natal montada próxima à lareira.

— O que quer de nós? Por que tá fazendo isso com a gente? Leve o que quiser! Eu… Eu tenho dinheiro! Leve! Mas por favor… Deixa a minha filha em paz.

O homem olha pra Petter, hesita por alguns instantes, mas em seguida ele o decapita, sua cabeça sai rolando pelo tapete da sala e fica próximo aos presentes de natal. Tudo está acabado para aquela família, mas restava uma única pessoa…

Ainda escondida, Estéfany escuta passos se aproximando de seu quarto, ela tapa bem a boca pra não ser ouvida.

O homem de vermelho entra no quarto e passa o seu facão na porta fazendo um barulho agonizante, a pobre menina está assustada… Será que é possível escapar? Afinal de contas não sabemos o motivo deste homem está ali.

Ele vai andando pelo quarto lentamente, suas botas de couro fazem barulho devido os seus passos firmes, isso é que ajuda Estéfany a saber mais ou menos em que canto do quarto ele está. Ele dá a volta pela cama de Estéfany, para de frente à janela, observa a lua e a neve caindo lá fora.

Estéfany percebe que ele está muito tempo parado de frente à janela e decide se mover lentamente pra fora, ela vai rolando e olha com cautela pra superfície da cama, o homem está parado na janela, parecia estar em transe olhando a lua.

Estéfany vai se afastando pouco a pouco, quando chega perto da porta, pisa em um de seus brinquedos. Ela olha pra baixo onde pisou, olha novamente para o homem, e ele começa a virar lentamente o seu rosto para trás, Estéfany não consegue mover um músculo, o homem agora está completamente virado pra ela.

Ninguém faz um movimento sequer, não se sabe o que pode acontecer, ambos estão um encarando o outro sem um pingo de reação, é nítido o barulho do vento naquele momento. Finalmente o homem decide se mexer e segura seu facão com as duas mãos.

Estéfany vê aquilo e sai imediatamente de seu quarto, ela vai correndo até chegar às escadas, desce das mesmas e encontra o corpo de sua mãe.

— Mamãe!

O homem está perto das escadas, a menina continua a correr e vai pra sala, quando chega, encontra a cabeça de seu pai próxima à pilha de presentes.

— Nãaaaaao!!

Estéfany está sem alternativas, o homem finalmente chega, ela vai se aproximando da lareira, cai no chão e vai se arrastando de costas até ficar bem próxima das chamas.

— Por favor, não me machuque.

O homem se aproxima dela, se agacha e passa a mão no seu cabelo e por fim ouvimos um som saindo de sua boca.

— Quantos anos você tem, Estéfany?

— Eu… Eu…

— Não se preocupe, só quero que me diga sua idade.

— 7.

— Hum… 7 anos! E… O que é isso no teu pescoço?

O homem vê o colar com o crucifixo no pescoço de Estéfany.

— Você… Você é devota a Deus?

Estéfany não sabe o que responder, apenas chora.

— Peço perdão, menina. Vou te deixar em paz… Como recompensa irei levar a cabeça de seu pai comigo, e depois terei o meu merecido descanso. Espero te reencontrar algum dia, Estéfany.

O homem pega a cabeça de Petter e coloca dentro de um saco e sai tranquilamente pelos fundos da casa, Estéfany está completamente sem reação. O que fazer em um momento desses? No dia do natal e de seu aniversário de 7 anos, toda sua família é assassinada por uma pessoa que sequer sabemos quem é.

Qual será o futuro de Estéfany após essa tragédia?

Denver, Colorado, 2019.

Uma voz feminina rouca e enjoada é ouvida enquanto vemos apenas um olho castanho acompanhado de uma maquiagem forte, a voz rouca continua a chamar por…

— Estéfany! Estéfany!

Estéfany desperta do suposto transe, ela está em sala de aula. Todos os demais alunos estão olhando pra ela. Ela ficou uma jovem extremamente bonita, mas claramente vemos frieza em seu olhar, depois de tudo o que aconteceu.

— Estéfany, querida!

— Ham? O que… O que foi?

— Poderia contar pra nós o seu poema de natal?

— Eu… Eu… Claro!

Estéfany se levanta, pega um papel em mãos e começa a recitar.

— O Natal é… O Natal é uma merda!

A professora arregala os olhos, Estéfany continua.

— Ainda tá pra nascer a data comemorativa mais fudida e inútil que é o natal, cheia de gentinha falsa que vai na tua casa te desejando um feliz natal e passa o ano inteiro com raiva de você. Uma data onde um gordo desgraçado sai por aí entregando presentes pras criancinhas catarrentas obedientes, uma data onde dizem que o tal Jesus nasceu e tudo que eu vejo é uma estratégia de puro marketing pra vender brinquedos, árvores de natal e…

— … Já chega, senhorita Estéfany!

— Não! Deixa eu concluir, não queriam ouvir o meu “poema de natal”, pois é, o Natal é uma farsa! Uma merda! É o dia da hipocrisia, onde todos fingem demonstrar um amor que não existe, é isso aí.

— Sabes que pode levar uma suspensão por isso, não é?

— Eu estou pouco me importando, olha o tamanho desses otários aqui, todos aqui tem mais de 16 anos e ainda escrevendo “poesias de natal” que coisa ridícula!

— É por isso que repetiu o 2º ano várias vezes, já tens 19 anos de idade, já deveria ter ingressado à faculdade.

— É, eu deveria estar sim, mas eu não quis, tá legal? Tudo por culpa dessa droga de natal que vocês tanto falam.

— Por que é tão ruim pra você? No natal vocês estão todos de férias.

— Claro, pergunta se um desses catarrentos aqui tiveram os pais assassinados na noite de natal?

Os outros alunos ficam assustados.

— Pois é, e ainda de brinde, galera! O psicopata levou a cabeça do meu pai e colocou dentro de um saco. Não estranhem se algum dia o papai noel bater na porta de vocês entregando um presente diferenciado.

— Senhorita, por favor, pare com isso!

— Claro, senhora Carmen, eu vou parar, sabe por quê? Porque que estou caindo fora dessa pocilga de colégio. Fiquem aí com essa porra de natal, bando de estúpidos!

Estéfany sai da sala de aula deixando todos boquiabertos, ela se transformou em uma adolescente rebelde, fria, e parecia não se importar em quebrar as regras.

Horas depois ela está em um parque público sentada em um balanço fumando um cigarro. Seu primo Zacke chega ali e se senta na cadeira de balanço ao lado. Ele agora é um rapaz de 23 anos, cabelos pretos e cacheados.

— E aí garota pródiga! Fugindo da aula de novo?

— Vai se ferrar, Zacke!

— Wuow! Que humor! Você fica até bonitinha quando tá com raiva, se não fosse por ser minha prima, eu te pegava. Se bem que primos se pegam, sabiam?

— Ai que nojento! Para com isso!

— Você tá fumando de novo né?

— Se contar pra tia Vivian, é sacanagem.

— Eu não vou contar, Estéfany, mas você sabe que isso só vai te prejudicar.

— Ah claro! Falar é fácil vindo de você que sempre foi o filhinho da mamãe. Me poupe!

— Eu sinto falta de você, sabia?

— Eu estou bem na tua frente, Zacke.

— Não, eu sinto falta da antiga Estéfany.

— A antiga Estéfany morreu! Tá tão difícil aceitar isso?

— Estéfany, não pode fazer aquilo que aconteceu contigo afetar toda a tua vida.

— Olha, você não sabe nada do que eu sinto, tá legal? Nada! E nunca vai saber.

— Tá bom… Então… Vem, eu te levo pra casa.

— Não, eu quero ficar aqui sozinha.

— Ah! Larga de ser teimosa! Vem logo!

Zacke pega Estéfany no colo.

— Ai! Me solta, Zacke! Me solta agora!

— Eu não disse que a gente até ficaria bonitinho se fossemos um casal?

— Cala essa boca! Me solta agora!

— Tá bom!

Zacke solta Estéfany no chão.

— Aai!

— Você que pediu pra eu te soltar.

— Ah seu filho da p…

— … Olha a boca…

— Volta aqui, Zecke! Eu vou te pegar!

— Duvido, tchau!

Estéfany e Zacke ficam correndo pelo parque. Horas depois ambos chegam em casa sorrindo.

A tia de Estéfany, Vivian, chega na porta e está com um semblante sério.

— Estéfany… Precisamos conversar.

— Ai caramba, fudeu!

Minutos depois ambas estão no quarto conversando.

— …Olha, eu sei que tá sendo difícil se adaptar com a escola e tudo mais, porém você não pode sair falando aquelas coisas em sala de aula e ainda desrespeitar a professora Carmem.

— Ah por favor, tia Vivian! Eu não desrespeitei ela, apenas dei a minha “humilde opinião” em questão do natal. Nada de mais.

— Últimamente o seu comportamento tem me preocupado, filha. Você anda muito nervosa, impaciente e… Eu sei que não é fácil, mas…

— Olha, tia! Você não tem que se preocupar comigo, tá legal? Eu já sou uma adulta bem resolvida da vida.

— Não, você é apenas uma adolescente rebelde, querida.

— Tá bom, já acabou o sermão?

— Bom, na verdade… Eu vim dizer que vamos voltar pra Nova Jersey… Por uns dias.

— O quê? A senhora fumou uma né?

— Não, querida. Eu tenho vontade de ver como estão as coisas por lá, já faz anos que saímos.

— Sim e você sabe o motivo e quer voltar pra lá? Você ainda não percebeu que estamos em Dezembro?

— Filha, já faz 12 anos.

— Exatamente, tia. 12 anos e gostaria que fizesse 30.

— Olha, querida… Não foi só você que sofreu com tudo isso. O teu pai era o meu irmão, eu daria qualquer coisa pra poder ter morrido no lugar dele, eu também não estaria viva se tivesse ido naquele dia, você sabe disso. Se eu não tivesse doente na época, era pra eu estar com vocês e sabe lá Deus onde agora. Mas uma coisa que eu não suportaria era se alguma coisa acontecesse com o meu Zacke, e agora com você. Tenho você hoje como uma filha e sabe disso, talvez voltando pra lá a gente possa encarar os nossos demônios. Eu não estou falando que algo de ruim vai acontecer, eu estou falando que existe um momento em nossas vidas que precisamos encarar a realidade. E precisamos disso, filha… Há tempos que eu não vejo uma lágrima saindo de teus olhos, e isso não é bom, você tá amargurada, e eu me sinto culpada por não te fazer uma menina feliz. Eu… Eu sinto muito mesmo.

— Tia… Não precisa… Não precisa se desculpar. Vem aqui!

Estéfany abraça sua tia.

— Me desculpe, me desculpe por tudo… Está bem, eu aceito ir pra Nova Jersey, mas com uma condição…

— Qual?

— Eu não quero nenhum enfeite de natal, nenhum pisca-pisca, árvore, coroa, ou qualquer uma dessas merdas que seja, porque senão eu juro que me jogo do primeiro prédio que encontrar.

— Tá bom, filha. Sem enfeites de natal.

Enfim chegou o dia de eles retornarem à Nova Jersey. Vivian desce do carro juntamente com Zacke. Estéfany fica olhando para o local sem ter muita reação, Vivian percebe e bate no vidro da janela de trás chamando a atenção dela.

— Já chegamos, querida! Tá no mundo da lua?

Estéfany sai do carro, fica olhando pra casa de sua tia e começa a ter algumas lembranças de leve.

— Tá tudo bem, Estéfany?

— Tá sim, tia, eu só… Essa por acaso não era a casa que eu morei, era?

— Não, querida. Essa era a minha casa, eu sempre deixo alguém tomando conta dela, a tua antiga casa fica em outra rua.

— Sabe se tem alguém morando lá agora?

— Provavelmente sim. Bom… Por incrível que pareça e pelo o que eu sei, nenhuma outra família teve problemas naquela casa.

— Estranho.

Horas mais tarde, Estéfany está do lado de fora da casa sentada na calçada mascando um chiclete, uma menina loira de cabelos encaracolados se aproxima dela.

— Oi!

Estéfany estranha a chegada da menina e a responde com desdém.

— Oi… Eu acho.

— Você é a nova vizinha?

— É, acho que sim. E você?

— Eu moro aqui na casa ao lado, parece que seremos vizinhas agora.

— Olha que sorte a minha!

— Meu nome é Kayla. (Pronuncia-se Keyla)

— Oi, Kayla.

— Como é teu nome?

— Sério isso? Ah tá bom, meu nome é Estéfany, tá legal?

— Estéfany não é um nome maneiro.

— Nossa e o teu é maravilhoso! Cai fora daqui, pirralha! Tchau, tchau!

Kayla volta pra dentro de casa, Zacke sai pra fora e se senta ao lado de Estéfany.

— Vejo que já começou a fazer amizades.

— Ai, pelo amor de Deus! Ela é uma pirralha!

— Até parece que você já nasceu adulta, né?

— Não enche o saco, Zacke.

No final da tarde, os três estão iniciando o jantar e alguém bate na porta, Vivian vai atender.

— Pois não?

— Olá, meu nome é Helga e esse é meu esposo, Stuart, e essa aqui é nossa adorável filha Kayla. Somos moradores da casa ao lado.

— Olá, muito prazer em conhecê-los!

— Por nada, querida. Eu pensei em passar aqui apenas para dar as boas vindas e dizer que se não tiverem nenhuma programação para o natal, vocês poderiam passar juntamente conosco.

— É…

Vivian olha pra trás e Estéfany faz um sinal de “cortar o pescoço”.

— Eu agradeço muito pelo convite, mas… É que nós não comemoramos o natal.

O marido Stuart responde.

— Mas como não? O natal é um momento de celebração com a família.

— É uma longa história! De qualquer forma agradeço o convite. E… Quantos anos você tem, Kayla?

— Tenho 12 anos.

— Uau! 12 anos? Você lembra muito a minha sobrinha Estéfany quando tinha a tua idade, ela está bem ali na mesa. E aquele é meu filho Zacke.

Os dois acenam com a mão, Estéfany tenta fingir simpatia e depois sussurra no ouvido de Zacke.

— Se essa menina vier pra cá, eu juro que me dou um tiro.

— Deixa de ser idiota.

Helga conclui.

— Bom, não vou incomodá-los, mas quero que saiba que estaremos à disposição pra qualquer coisa.

— Muito obrigada pela hospitalidade.

Vivian fecha a porta e volta à mesa.

— São os nossos vizinhos.

— Devo me preocupar?

— Estéfany? Não seja tão antiquada, eles parecem ser bem legais.

— Hitler parecia um homem legal, tia. Eu vou pra cima, não me enche o saco, Zacke. E se eu pegar você me espiando tomar banho eu acabo contigo.

— Você anda espionando a Estéfany tomar banho?

— Nem que me pagassem.

3 dias depois…

O Natal de 2019 se aproxima e Estéfany decidiu sair pelas ruas até ficar frente a frente com a sua antiga casa. Ela fica parada do outro lado da rua a observando e imagens brotam da sua mente do dia em que seus pais foram assassinados por aquele homem. Pela primeira vez depois de muito tempo, uma lágrima escorreu de seus olhos.

— Ai puta que pariu! Eu estou chorando.

24 de Dezembro, 19h33.

Ambos estão jantando, Estéfany decide quebrar o silêncio.

— Obrigada, tia Vivian.

— O que houve, filha?

— Por não fazer nenhum enfeite de natal, todas as casas ao lado estão empanturradas de enfeites e você não fez mesmo sabendo que poderia.

— Se não te faz feliz, eu não tenho porque fazer isso, querida.

— Eu fui até a minha casa.

— Como você sabia onde era?

— Ah com GPS a gente chega em qualquer lugar.

Zacke pergunta.

— E aí? O que viu lá?

— Pra dizer a verdade nada, mas lembrei de… Bom, vocês sabem.

— É melhor não lembrarmos disso hoje, queridos. Teremos uma noite comum como todos os outros dias e é melhor usar fones de ouvido essa noite por causa dos festejos.

— Nossa! Eu vou é me trancar no banheiro pra não ouvir nenhum “Feliz Natal”.

Já é madrugada, os festejos de natal passaram, já são aproximadamente 3 da manhã. Todas as casas já se encontram com suas luzes apagadas, exceto pelos piscas-piscas do lado de fora. Estéfany se encontra em seu quarto e não está conseguindo dormir. Ela ouve uns barulhos estranhos vindo de lá de fora, ela se levanta da cama e vai até a janela.

Quando ela chega lá, ela vê pela janela da casa do lado algo bastante familiar. Um homem vestido de roupa vermelha como o papai noel. Até aí tudo bem se não fosse pelo fato que ele também usava uma máscara de ovelha, Estéfany arregala os olhos, uma sensação de “Dejavú” veio à tona. Ela vê o homem erguendo algum objeto pra cima e em seguida acertando em algo (ou alguém).

Estéfany põe as mãos na boca e se afasta da janela. Ela sabe que aquilo não é uma alucinação. Imediatamente ela se dirige ao quarto de Zacke e tenta acordá-lo.

— Zacke, Zacke, acorda, por favor!

Zacke sonolento responde.

— Que foi?

— Você precisa vir comigo, tem alguém na casa ao lado.

— Ah não enche o saco, você deve ter tido um pesadelo.

— Não, não era um pesadelo, eu vi… Estava vestido de vermelho.

— Era o papai noel, agora não enche o saco e me deixa dormir.

— Não, Zacke! Zacke! Droga!

Estéfany vê que não vai poder contar com seu primo naquela hora, então ela decide ir até seu quarto e pega um canivete na mochila e coloca no bolso do casaco, depois ela pega uma lanterna que está na gaveta e sai do quarto. Ela desce as escadas a passos lentos para não acordar a sua tia. Destranca a porta, fecha devagar e sai de lá em direção à casa ao lado, parecia estar tudo tranquilo, mas o que Estéfany viu não poderia ser uma miragem.

Ela chega perto da casa, está em frente, ela pensa em bater e vê que a porta está semiaberta, a jovem empurra devagar, coloca a cabeça pra dentro observando o local, em seguida ela entra completamente e encosta a porta devagar. Assim como era sua casa antiga, aquela também está com a sala cheia de presentes, enfeites de natal e uma lareira enorme. Enquanto anda pela casa, ela ouve uns barulhos vindo de lá de cima.

— Oi? Senhora Helga, a senhora está bem? Sou eu, a Estéfany! Eu ouvi um barulho e…

Os barulhos cessaram, ela começa a pisar nos primeiros degraus da escada, até que ela olha para o vão da escada, algo caindo em sua direção, ela desvia, cai no beco da escada e quando vê, se trata do corpo de Helga.

— Ai meu Deus!

O homem a olha pelo vão da escada, Estéfany se levanta, seu olhar está paralisado, será a mesma pessoa que assassinou os seus pais anos atrás?

— Vo… Você.

O homem vem devagar em direção à escada encarando Estéfany, até que Stuart chega do lado dele tentando acertá-lo com uma cadeira.

— Seu desgraçado! Deixa minha família em paz!

Stuart e o homem ficam forcejando um com o outro até se desequilibrarem e caírem rolando pelas escadas, Estéfany vai para trás da escada e fica olhando o forcejo dos dois sem saber o que fazer. Até que ela ouve um grito de lá de cima.

— Papai!

— Kayla, se esconda!

O homem acerta vários socos na cara de Stuart, Estéfany se levanta se sustentando pelo corrimão pra ir até lá em cima.

— Kayla! Kayla!

O homem percebe que Estéfany está subindo as escadas e decide finalizar logo com Stuart com um pequeno punhal.

Ele se levanta, olha pra Stuart morto e em seguida pega o facão que está amarrado em sua perna na parte de dentro da calça.

Ele vai subindo as escadas. Lá em cima, Estéfany procura por Kayla.

— Kayla, cadê você? Aparece!

Estéfany procura por todos os lugares e não a encontra, enfim o homem chega lá em cima, Estéfany vai para o corredor e dá de cara com ele do outro lado.

— Você… Você não vai fazer a mesma coisa que fez comigo com à essa família!

O homem fica por alguns segundos parado, em seguida ele corre atrás de Estéfany, ela corre para o outro corredor, quando está prestes a entrar em um dos quartos ele a alcança, a puxa pelos cabelos e a arremessa pra trás, ela puxa seu canivete, acerta na perna dele, ele urra de dor e empurra Estéfany com um chute.

O homem vai até ela e tenta enforcá-la.

— Me… Me solta!

Tudo parecia perdido pra ela até que…

— Estéfany! Estéfany, você tá aqui?

— Zacke!!!! Socorro!

Zacke imediatamente sobe as escadas.

— Estéfany!

O homem para de tentar enforcar Estéfany e corre em direção a Zacke.

— Zacke! Toma cuidado!

— Mas que merda é essa?

O homem ergue o facão pra tentar acertar em Zacke, Estéfany se levanta, corre até ele e o chuta fazendo com que ele derrube o facão, ele acerta uma cotovelada no nariz de Estéfany. Zacke corre até ele e tenta pegar o facão, o homem pisa em sua mão e dá uma joelhada no queixo dele.

Zacke se afasta urrando de dor, o homem tenta mais uma vez acertá-lo com o facão, Zacke agarra seu braço e ambos ficam forcejando um com o outro, Estéfany vê onde foi parar o seu canivete, corre até ele, o apanha e vai até o homem apunhalando-o nas costas. O homem urra de dor, chuta Zacke pra parede e em seguida agarra Estéfany pelo pescoço até ela sair do chão. Ele deixa ela se debater um pouco e depois a arremessa pelo vão da escada.

Estéfany cai no meio da sala e está totalmente inconsciente, é possível apenas ouvir de longe a voz de Zacke gritando.

— ESTÉFANY!

Cerca de 1 hora se passou, os olhos de Estéfany lentamente começam a se abrir, ela percebe que está amarrada em uma cadeira com uma mordaça na boca e próxima à lareira.

O homem se aproxima, ela começa a querer se reprimir dele. Ele puxa a fita que a amordaçava e pega outra cadeira e se senta bem na frente dela.

— Quem é você?

— Esperava encontrar qualquer pessoa nesse natal… Menos você, Estéfany.

O homem tira a máscara bizarra de ovelha, ele não é ninguém que conhecemos, mas é um homem de aparentemente mais de 40 anos, tem uma cicatriz pequena no rosto e seus cabelos são pretos com algumas mechas grisalhas.

Estéfany estranha o motivo dele ter tirado a máscara e questiona a ele.

— Mas… Quem é você afinal?

— O meu nome é John Ray, querida Estéfany. E receio que… Já nos conhecemos ou estou enganado?

— Foi você que matou meus pais há 12 anos!

— Então… Realmente é você! Você é aquela pobre garotinha frágil que eu deixei viver naquela noite para que você possa seguir os padrões da fé, mas e quanto ao seu colar, onde está? Eu não a reconheceria senão tivesse dito o teu nome e nem…

— … Cala a boca! Você matou meus pais, meus avós e agora matou essa família, o que diabos você tem na tua cabeça?

— Ora, ora, ora…  Você se lembra naquela noite que eu disse que iria te deixar viver e depois teria o meu descanso merecido? Pois é, meu descanso era na verdade 12 anos, querida Estéfany. Era 12 anos que eu necessitava para retomar minhas energias… Então chegou o natal de 2019 e eu precisava escolher uma dessas casas. Quando caiu a noite eu achei estranho que todas as casas estivessem com enfeites de natal, menos a casa ao lado, aquilo me chamou a atenção, confesso, mas se eu entrasse lá iria contradizer com aquilo que eu prego, pois estou aqui é para aniquilar a todos aqueles que praticam esta festa pagã.

— De que diabos está falando? Cadê o meu primo?

— Oh aquele é teu primo?

— O que você fez com ele?

— Calma, ele tá vivo. Só o deixei em seu devido lugar para poder ter essa conversa contigo. Então, Estéfany… Como andam as tuas devocionais? Creio que deves ter seguido firmemente os passos da igreja, não?

— Filho de uma tremenda e bastarda puta é o que você é.

— Mas que boca suja! Isso não é vocabulário pra uma autêntica cristã.

— Eu não sou cristã, tá legal? Não sou!

— Ah não? Que peninha. Sabia que o principal motivo de eu ter poupado você naquela noite era justamente pela sua fé?

— O quê?

— Você tinha algo de especial, Estéfany. Mas é claro que a tua idade também foi o que te salvou, eu não mato ninguém abaixo de 12 anos, porque com essa idade as crianças não tem noção do que é pecado e nem do que é certo e errado. Por conta disso eu deixei você ir naquele dia, mas os teus pais e avós pecadores tiveram o que mereciam, eles precisavam pagar por estarem profanando uma data que era pra ser sagrada.

— De que porra você tá falando?

— Você quer saber quem de fato eu sou, Estéfany? Eu sou aquele que veio purificar o mundo de todos os pecadores que transformaram o nascimento de Jesus em uma festa pagã onde o objetivo são apenas vendas, marketing e a droga de um papai noel gordo e feio. Sabe por que eu não mato ninguém com menos de 12 anos? Porque com 12 anos o menino Jesus pregava na sinagoga, por isso que eu sabia que precisava esperar mais 12 anos pra retornar aqui e dar prosseguimento aquilo que o Messias designou.

— Você tá maluco!

— Eu, maluco? Sabe o que é, Estéfany, ver uma data sendo profanada e blasfemada de uma forma tão cruel como as pessoas fazem? Você sabia que em alguns países o natal é comemorado de maneira diferente? Na Áustria se comemora o aniversário de um demônio, seu nome é Krampus, que puniria todas as criancinhas desobedientes daquele ano. As crianças saiam nas ruas se vestindo desse demônio… E sabe o pior? Que em outros países como aqui, o Brasil e outros… Se comemora o natal em 25 de Dezembro… Os malditos alegam que essa é a data do aniversário de Jesus, mas eu te digo… NÃO! NÃO É!

John se levanta e fica próximo à Estéfany.

— Inventaram essa data idiota para dizer que Jesus nasceu nesse dia, até aí tudo bem, mas o natal deixou de ser a comemoração do nascimento de Jesus e virou um ritual de presentes idiotas vindas de um porco gordo e desgraçado. Sabe como eu sei disso, Estéfany? Sabe? Porque quando Jesus nasceu só existia 10 meses naquela época! 10 malditos meses! Como que o Messias iria nascer dia 25 de Dezembro sendo que sequer esse mês existia na época dos reis magos?

— E o que isso tem a ver comigo? Me deixa em paz!

— E sabe qual seja o mais provável dia do nascimento de Jesus… Sabe? Ham! Essa vai te deixar bem bolada, minha cara, vai querer fumar um baseado depois disso. Sabe qual seria a data mais provável de seu nascimento? 1º DE ABRIL! ISSO MESMO! 1º DE ABRIL! O DIA DA MENTIRA! PALMAS!!!

Ele começa a bater palmas feito um louco, Estéfany fica observando seu desiquilíbrio.

— Você é doente.

— Não, Estéfany. As pessoas são doentes, eu estou aqui apenas para salvá-las, para livrá-las de todo o pecado, por isso que eu uso aquela máscara de ovelha. Porque uma boa ovelha sempre obedece ao seu pastor.

— Você acha que Deus iria querer que fizesse isso?

— Claro que sim! Foi ele quem me enviou! Ele me trouxe a este lugar para purificar essa imundícia, Sodoma e Gomorra!

— Não, ele nunca iria querer que você fizesse tudo isso.

— Eu ouvi a voz dele! Ele falou comigo!

— Não! Você só ouvia a voz de seu próprio ego!

— Não, era Deus quem falava comigo!

— Para de colocar Ele em vontades que eram só suas!

— Como ousa dizer essa blasfêmia?

— Você é uma blasfêmia! Está matando pessoas, como achas isso certo?

— Caim matou Abel desde os princípios, sim, foi um erro, mas hoje ele está pagando, eu acho. Davi traiu o próprio amigo e arquitetou a sua própria morte, e ele foi perdoado e se tornou o homem segundo o coração de Deus. Então eu creio que eu serei aquele que fará jus ao que Davi fez outrora, não permitirei que adorem bezerros de ouro, antes disso jogarei todos em uma fornalha e aquecerei 7 vezes, mas esse mundo será purificado de todas as impurezas, eu sou o novo Messias, Estéfany!

— VOCÊ NÃO É PORRA NENHUMA!

— CALA A BOCA SUA ADÚLTERA!

John acerta um soco no rosto de Estéfany.

— Isso! Me bata! Me bata quantas vezes for necessário, você vai direto pro inferno por causa de seus pecados!

— AAAAH! CALA A BOCA!

— Vai arder juntamente com Lúcifer e quem sabe vocês não tomam uns drinques juntos?

— SUA PROSTITUTA! JEZABEL!

A ira de John explode, ele acerta outro soco em Estéfany derrubando-a da cadeira.

— Eu vou fazer você se ajoelhar e pedir perdão por todos os teus pecados.

Quando John está prestes a acertar outro golpe em Estéfany, Kayla aparece por trás acertando um vaso na cabeça dele.

— AAAAHHHHH! Maldita pirralha!

— Kayla, corre!

Kayla sai correndo pela casa, John vai atrás dela, com o impacto da queda da cadeira, Estéfany consegue se desprender das cordas, ela pega um objeto pontudo que está próximo à lareira e vai atrás dele.

— John! Deixa ela em paz!

Estéfany vai até o andar de cima. Kayla tenta se esconder em um dos quartos, até que John arromba a porta, Kayla cai no chão e fica próxima à cama.

— Ahhh!

— Você tem sido uma menina muito má, Kayla.

— Estéfany, socorro!

John avança pra cima da menina e puxa ela pelas pernas pra fora do quarto.

— Aaaaahhh me solta! Socorro!

Estéfany chega na mesma hora e acerta o objeto nas costas dele.

— Seu maldito!

— Ahhhhh! Sua vaca desgraçada!

John avança pra cima de Estéfany e ambos ficam forcejando pelo corredor.

— Kayla! Foge! Vai pra longe daqui! Agora!

— Mas e você?

— Me esquece e fuja logo!

Kayla sai correndo e desce as escadas, quando está prestes a sair, alguém puxa o braço dela.

— Aaaaaahhh!!

É Zacke que conseguiu escapar de onde John o havia prendido.

— Calma, sou eu. Vamos dar uma surpresinha pra aquele maldito.

Zacke pega um objeto na sala, amarra uns papéis de presente e outras coisas nele e coloca na lareira, quando a “tocha improvisada” está pronta, ele vai até a escada.

— Estéfany, sai da frente!

Ele joga a “tocha” na direção de John e acaba o acertando dando tempo de Estéfany se desvencilhar dele e vim para as escadas, mas ele é osso duro de roer e consegue sair do perigo do fogo e alcança Estéfany nos degraus da escada. Ela dá um soco nele, ele revida, os dois caem, Zacke corre até eles e agarra John pelas costas, John fica sacudindo-o para próximo da lareira.

— Zacke, cuidado!

Kayla fica testemunhando sem reação nenhuma. Estéfany se levanta, John arremessa Zacke no chão, Estéfany pula em cima dele e ele a derruba , e depois chuta várias vezes em seu estômago, Zacke se levanta e agarra os pés de John.

— Insetos, vou matar todos vocês!

No meio do forcejo, o facão de John estava ali jogado no tapete da sala. John acerta um chute em Zacke, Estéfany percebe o facão e olha para Kayla que está mais adiante.

— Kayla!

John olha pra Kayla, a garota olha pra ele, ele olha pro facão e em seguida ela corre imediatamente em direção ao objeto e consegue jogá-lo em direção a Estéfany. Estéfany pega o facão, se levanta, John olha pra ela assustado.

— Eu espero do fundo do meu coração… QUE VOCÊ TENHA UM PÉSSIMO NATAL!

Com toda a fúria, Estéfany decapita a cabeça de John e assim como aconteceu com seu pai há 12 anos, a cabeça dele sai rolando pelo chão ficando próxima à lareira. Kayla grita tapando os seus olhos e se ajoelha.

— Kayla, tá tudo bem, querida. Tá tudo bem.

Kayla não parava de chorar, Estéfany fazia de tudo para consolá-la. Zacke todo machucado se aproxima delas.

— Estéfany.

— Zacke. Eu sinto muito, primo! Sinto muito por fazer vocês correrem perigo.

— Me desculpa por não acreditar em você, prima.

Os três se abraçam chorando. Um trauma que foi vivido há 12 anos atrás se repetiu, mas dessa vez Estéfany estava mais preparada do que nunca.

Vemos os três saindo da casa e a polícia chegando, Vivian está de camisola em frente à casa e vai até os garotos.

— Ahhh meu Deus! Meus filhos!

Não foi um natal fácil, Kayla perdeu os seus pais, mas teve uma Estéfany forte e valente que pudesse defendê-la até a última gota. Agora suas vidas tomarão um novo rumo, quem sabe futuramente eles não possam de fato comemorar o natal do modo certo?

E você? Tome cuidado no que anda acreditando, talvez você possa estar sendo esse tempo todo enganado. Então busque, pesquise, mas não fique nunca desinformado, não dizem que o sábio edifica a sua casa e o tolo a destrói?

QUAL É A TUA VERDADE?  EM QUE VOCÊ ACREDITA?

Responda pra si mesmo, não precisa ter pressa.

Até lá…

FELIZ NATAL (OU NÃO)!

                                                                                            FIM                                                                                                                      

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