“Bastidores”

 

Daqui seis meses…

[CENA 01 – CASA DE AYLA (NOVA YORK)/ Q. DE AYLA/ TARDE]
(Ayla tenta se acalmar, já que seu foco era seduzir Pedro. Volta se aproximar dele)
AYLA – (provocante) Are you sure you want to talk? There is something much better that we can do.
PEDRO – (se afasta dela) Please, Ayla. I really just came to talk.
AYLA – (irrita-se, caminha até sua cama) Ok.
PEDRO – I don’t remember anything that happened between us that night.
AYLA – I remember very well.
PEDRO – (senta-se ao lado dela) So tell me, please. Maybe if you tell me, I can remember something.
AYLA – (se aproxima provocante, passando a mão na perna dele) How about instead of talking, I can show you what we did. (tenta beijá-lo, Pedro levanta-se rapidamente)
PEDRO – Ayla, please, no! (começa a ficar irritado) I don’t want to have sex with you. In fact, if we did anything that night, it may have been the drink’s fault. I was completely drunk, I didn’t control my actions.
AYLA – (irritada) Are you saying you only stayed with me because you were drunck? You mean I’m not attractive?
PEDRO – No, you are attractive, yes. I just don’t feel attracted to you.
AYLA – (caminha até a porta, a abre) Get out of here, Pedro.
PEDRO – I needed to make things clear between us. (caminha em direção a porta) I want you to understand that it’s nothing to do with you, okay? I just don’t want any relationships right now. I came here to study, do you understand?
AYLA – Do not worry. Everything was clear already. Now get out of here.
PEDRO – I hope we can still be friends. (Ayla o ignora, Pedro saí do quarto de cabeça baixa. Ayla fecha a porta com força, se joga na sua cama, irritada)

[CENA 02 – APARTAMENTO DE SAMUKA/ SALA/ TARDE]
(Pedro chega no apartamento e encontra Arthur sozinho na sala)
ARTHUR – (levanta-se, caminha até ele) O Sam me contou que você foi para a casa da Ayla depois da universidade. Vocês dois ficaram novamente?
PEDRO – (sentando-se no sofá) Não. Eu fui lá para resolver qualquer má impressão que possa ter ficado.
ARTHUR – Como assim? (senta-se ao lado dele)
PEDRO – Eu temia que a Ayla quisesse algo mais depois da gente ter ficado. E assim que eu cheguei na casa dela, ela ficou se jogando em cima de mim.
ARTHUR – Eu não me surpreendo com isso.
PEDRO – Só que eu deixei bem claro para ela, que não pretendo ter nada sério agora. Eu a acho bonita, ela é atraente e tudo mais, só que não faz muito meu tipo.
ARTHUR – Ela deve ter pirado com esse fora.
PEDRO – Pior que ficou. (levanta-se) Só que ela vai ter que aceitar. O que aconteceu naquela noite, mesmo que eu não me lembre, foi naquela noite. Não irá se repetir. (caminha em direção ao seu quarto, Arthur continua sentado no sofá, com um leve sorriso no rosto)

[CENA 03 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ TARDE]
(Alice foi para seu quarto, nem percebeu que havia movimentado os dedos dos pés)
ALICE – (empurra sua cadeira de rodas até seu espelho, se observa por alguns segundos. Uma ilusão dela aparece em pé ao lado do reflexo de cadeira de rodas. Ela observa essa ilusão em pé, bonita e feliz. Olha para seu reflexo atual, se imagina feia e infeliz. Empurra a cadeira até sua cama, pega seu celular e faz uma chamada por vídeo) Oi!
PEDRO (por vídeo) – Oi, Alice. Como você estar?
ALICE – Estou bem. Quer dizer, tirando ainda estar nesta cadeira.
PEDRO (por vídeo) – Tem indo para a fisioterapia direitinho?
ALICE – Tenho sim. Só que não tem dito efeito, Pedro. Estou começando a desistir disso tudo.
PEDRO (por vídeo) – Qual é? Você de novo com essa ideia?
ALICE – Mas e como andam as coisas por aí? Já ganhou algum papel importante em algum musical?
PEDRO (por vídeo) – (ri) Não. Na verdade, aconteceram umas coisas aqui, que não vale a pena contar por telefone.
ALICE – Pela sua cara, não deve ter sido boas. O que houve?
PEDRO (por vídeo) – É só um problema com uma garota aí. Não é nada demais, relaxa.
ALICE – Garota é? Chegou aí já abalando os corações das meninas?
PEDRO (por vídeo) – (ri) Também não é assim. É só uma garota que quer ficar comigo e eu não quero.
ALICE – Olha só… não sabia que tinha um irmão pegador assim.
PEDRO (por vídeo) – (envergonha-se) Não exagera, Alice. Vamos mudar de assunto, por favor.
ALICE – Olha só, ficou vermelho. Anda, como é essa garota?! Quero saber de tudo?
PEDRO (por vídeo) – Que isso, Alice. Eu não quero falar desse assunto, está bem. E suas músicas? Compôs alguma nova?
ALICE – Não. Meu bloqueio parece que voltou de vez.
PEDRO (por vídeo) – Acho que você está precisando de mim aí.
ALICE – Pior que estou. Quando você vai voltar pra cá?
PEDRO (por vídeo) – Só nas férias, no final do semestre.
ALICE – Nossa, vai demorar muito ainda.
PEDRO (por vídeo) – Sim. Mas, lembra-se da promessa que você fez pra mim, hein. Que assim que eu voltasse para o Rio de Janeiro, eu te encontraria andando novamente. Você não desistiu dessa promessa não, né?!
ALICE – (fica alguns segundos em silêncio) Claro que não. Eu vou voltar andar.
PEDRO (por vídeo) – É assim que se fala. (os dois ficam em silêncio por alguns segundos, Pedro ainda tem a leve sensação de que algo a incomodava) Sabe… (levanta-se de sua cama) Eu estava ouvindo uma música dias atrás e acabei me lembrando de você.
ALICE – De mim?
PEDRO (por vídeo) – Sim. (liga seu notebook, pesquisa uma música) Nem preciso dizer que ela internacional, né.
ALICE – Claro.
PEDRO (por vídeo) – Mas não foi isso que me fez lembrar de você. (solta a música, sorri para ela)
ALICE – (sorrindo) A minha música favorita.
PEDRO (por vídeo) – Exatamente. E será um prazer cantá-la com você. (aumenta o volume, começa a cantar)

[CENA DE MÚSICA – DON’T STOP BELIEVIN (JOURNEY)]

[PEDRO]
Just a small town girl 1
Livin’ in a lonely world
She took the midnight train going anywhere
Just a city boy
Born and raised in South Detroit
He took the midnight train going anywhere

A singer in a smoky room
The smell of wine and cheap perfume

[ALICE E PEDRO]
For a smile, they can share the night 2
It goes on and on and on and on

Strangers waiting

[ALICE]
Up and down the boulevard

[ALICE E PEDRO]
Their shadows searching in the night
Streetlights, people

[ALICE]
Living just to find emotion 3
Hiding somewhere in the night

Working hard to get my fill
Everybody wants a thrill
Payin’ anything to roll the dice
Just one more time

Some will win, some will lose
Some were born to sing the blues

[ALICE E PEDRO]
Oh, the movie never ends 4
It goes on and on and on and on

Strangers waiting

[PEDRO}
Up and down the boulevard

[ALICE E PEDRO]
Their shadows searching in the night
Streetlights, people

[PEDRO]
Living just to find emotion
Hiding somewhere in the night

[ALICE E PEDRO]
Don’t stop believin’ 5
Hold on to the feelin’
Streetlights, people

Don’t stop believin’
Hold on to the feelin’
Streetlights, people

Don’t stop believin’
Hold on to the feelin’
Streetlights, people

1. Alice solta um leve sorriso assim que Pedro começa a cantar, foca-se nele. Ele, do outro lado do vídeo, também cantar olhando para ela.
2. Empolgados e sentados, os dois cantam e dançam seguindo o ritmo da música. Pedro fica em pé na sua cama, mantém o foco em Alice.
3. Alice empurra a cadeira pelo quarto, sentindo vontade de levantar dali e sair dançando. Pedro senta-se na cama e presta atenção nela cantando, sorri.
4. Alice para sua cadeira em frente ao espelho, se imagina em pé dançando junto com Pedro. Olha para o celular e o ver se divertindo do outro lado do vídeo.
5. Empolgados, Alice volta a mexer os dedos dos pés, dessa vez ela percebe e isso lhe dar esperanças. Pedro não percebe que Alice não estava mais no enquadro do vídeo, já que ela estava tentando mexer sua perna e havia colocar o celular no colo. Os dois encerram a música, com Alice olhando para seus pés, esperançosa.

Amanhecendo…

[CENA 04 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ CORREDORES/ DIA]
(Pedro e Samuka chegam à universidade, e assim que entram reparam em alguns alunos apontando e zombando deles)
SAMUKA – O que tá acontecendo aqui?
PEDRO – Eu que sei. (Maya aparece na frente dele)
MAYA – Gente, vocês não vão acreditar o que está na internet!
SAMUKA – Seja o que for, talvez seja por isso que todos estão rindo da gente desde que chegamos.
MAYA – Relaxa que não estão rindo de vocês em si. Estão rindo especificamente de você, Pedro.
PEDRO – De mim?
MAYA – Olha só isso? (exibe uma notícia em celular, Pedro começa a ler, fica sério)

Agora…

[CENA 05 – CASA DELLE ROSE/ Q. DE LARISSA – SALÃO/ NOITE]
(Larissa está sentada em sua cama, agarrada com seu travesseiro chorando)
SALETE – (batendo na porta do quarto, entrando) Licença, querida.
LARISSA – (limpando suas lágrimas) Oi, Salete. Desculpa eu ter saído daquele jeito. É que eu não estava me sentindo bem.
SALETE – (senta-se ao lado dela) Não precisa explicar nada. (Larissa coloca o travesseiro nas pernas de Salete, coloca sua cabeça em seguida nele, chora) O que está angustiando esse coraçãozinho?
LARISSA – Eu nunca vou conseguir encontrar alguém que me ame de verdade.
SALETE – Do que você tá falando, querida? É claro que vai. Você é linda, uma garota super do bem, é claro que vai encontrar alguém que te ame.
LARISSA – Não, não vou. Por que ninguém vai se apaixonar por uma garota que trabalha em um cabaré. Que homem vai gostar de dividir sua namorada com outros caras.
SALETE – Olha pra mim, querida. (Larissa levanta-se, senta-se de frente para ela) O cara que gostar de você de verdade, irá te amar independente do que você faz da vida. Ele vai amar a pessoa que você é, e não a profissão que você decidiu seguir.
LARISSA – Mas e se ele pedir que eu deixe meu trabalho para viver com ele?
SALETE – (confusa) O Eduardo te pediu que você deixe o cabaré?
LARISSA – Não. (se afasta um pouco dela) E eu também nem disse que era o Eduardo.
SALETE – Seja quem for, homem nenhum deve decidir o que você deve fazer.
LARISSA – Se o Horácio pedisse para a senhora deixar o cabaré, por ser o único jeito de vocês voltarem, a senhora deixaria?
SALETE – É claro que não. Eu não deixarei essa casa por nada. Horácio sabe muito bem disso.
LARISSA – (pensativa) Mesmo que isso te separe do amor da sua vida?
SALETE – (segura nas mãos dela) Querida, presta atenção no que vou te dizer agora. Por mais que um amor seja algo desejável para a maioria, se sentir autorrealizada fazendo aquilo que gosta é o que torna importante nossas vidas.
LARISSA – Eu realmente gosto de estar aqui. Gosto das meninas, de cantar naquele palco. Da senhora, do Nathan. Eu me sinto feliz aqui.
SALETE – Pois então não deixe ninguém tirar isso de você. (limpa o rosto dela) Agora trate de limpar estas lagrimas, coloque um grande sorriso nesse rosto e que tal subir naquele palco e alegrar a nossa noite.
LARISSA – Obrigada, Salete. (a abraça) A senhora é uma mãezona mesmo! (as duas sorriem, Larissa levanta-se, caminha até o espelho e arruma sua maquiagem. Volta para próximo de Salete) Então como estou?
SALETE – Linda. (as duas saem do quarto, Salete volta para o salão, enquanto Larissa sobe para o palco)

[CENA DE MÚSICA – BASTIDORES (CAUBY PEIXOTO)]

Chorei, chorei, até ficar com dó de mim 1
E me tranquei no camarim
Tomei um calmante
Um excitante e um bocado de gim

Amaldiçoei o dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei, me pintei, me pintei

Cantei, cantei 2
Como é cruel cantar assim
E num instante de ilusão,
Te vi pelo salão
A caçoar de mim

Não me troquei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar

Cantei, cantei 3
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo cabaré
Me aplaudiu de pé quando cheguei ao fim.

Mas não bisei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar

Cantei, cantei 4
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bebâdos e febris à se rasgar por mim

Chorei, chorei até ficar com dó de mim.

1. Larissa está no centro do palco sozinha. Salete caminha pelo salão, dar sinal para algumas meninas subirem para o palco. Assim que Larissa começa a cantar, todos os clientes começam a reparar nela.
2. Algumas meninas sobem no palco e começam a dançar logo atrás de Larissa. Salete caminha até o bar, fica ao lado de Nathaniel, ambos vendo a apresentação dela.
3. Larissa continua no centro do palco, cantando animada e chamando a atenção de todos os clientes. Empolgada, ela se aproxima das demais garotas dançando.
4. Volta para o centro do palco, olha para Salete e Nathaniel, termina a música sorrindo. Todos a aplaudem, Larissa agradece e desce do palco em seguida, indo em direção a um cliente.

Amanhecendo…

[CENA 06 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO/ DIA]
(Pedro está reunido com seus amigos, quando Marcelo aparece ao lado dele)
MARCELO – Opa, Pedro, né!
PEDRO – Sim.
MARCELO – A Alice pediu que eu falasse com você sobre a festa dela. Ela disse que você canta, e queria que passasse algumas músicas com você.
PEDRO – Tá, pode ser.
MARCELO – Pode ser no estúdio da casa dela depois da aula?
PEDRO – Pode sim.
MARCELO – Ok. Então até mais. (se afasta deles, Pedro o observa, curioso)

[CENA 07 – CASA DELLE ROSE/ SALÃO/ DIA]
(Nathaniel está limpando algumas mesas, quando Larissa entra no salão)
NATHANIEL – Bom dia, querida.
LARISSA – Bom dia, Nathan.
NATHANIEL – (se aproxima dela) A conversa que você teve ontem com a Salete te ajudou, hein. Voltou para o salão e cantou aquela música maravilhosamente.
LARISSA – Pois é. (ri) E acordei hoje com uma decisão.
NATHANIEL – Que decisão?
LARISSA – Eu vou me acertar de vez com o Eduardo. (caminha em direção a saída confiante, Nathaniel a observa, com um leve sorriso no rosto. Volta a arrumar as mesas)

[CENA 08 – CONCESSIONÁRIA DE MOTOCICLETAS/ SETOR DE TELEMARKETING/ DIA]
(Otávio está falando com um cliente animado. Seu superior o observa por alguns segundos. Caminha pelo o setor, observa os demais funcionários. Passa pela a mesa de Otávio, escuta um pouco o que ele está conversando, depois continua caminhando)
OTÁVIO – …entendo. Nos quem agradecemos. Eu posso lhe ajudar em mais alguma coisa?

[CENA 09 – PIZZARIA/ DIA]
(Eduardo coloca a mochila de entrega nas costas e caminha em direção à saída da pizzaria, dar de cara com Larissa bem na entrada)
EDUARDO – Larissa! Você por aqui?
LARISSA – (se aproxima dele, séria) Precisamos conversar! E tem que ser agora.

Daqui seis meses…

[CENA 10 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Alice termina de se arrumar em frente ao seu espelho, lembra-se da música que cantou ontem com Pedro. Uma autoestima cresce dentro dela, e sua vontade de melhorar cresce)
ALICE – Obrigada, Pedro. (olha para suas pernas) Eu vou voltar a andar por você. (empurra sua cadeira em direção a porta)

[CENA 11 – CLÍNICA DE FISIOTERAPIA/ SALA DE EXERCÍCIOS/ DIA]
(Alice está sentada na cadeira de rodas, a espera de seu médico. Ela tenta mover seus dedos, porém não consegue)
GASPAR – (entra na sala) Vamos lá, mais um dia de batalha.
ALICE – Vamos. Dessa vez acredito que vamos ter bons resultados.
GASPAR – (surpreso, a percebe disposta) Olha só, parece que alguém finalmente decidiu lutar aqui. (se aproxima dela) Agora sim, acredito que você conseguirá ter suas pernas de volta. (sorri para ela, que a deixa mais confiante)

[CENA 12 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ CORREDORES/ DIA]
(Pedro e Samuka terminam de ler a notícia, Maya os observa, atenta a reação de Pedro)
SAMUKA – Não acredito que a Ayla foi capaz de postar isso. (Pedro olha ao redor, alguns alunos continuam rindo e cochichando dele)
MAYA – Aqui as notícias parecem que se espalham rápido. (Ayla aparece no corredor, caminhando diretamente até Pedro)
AYLA – (na frente dele, com um sorriso no rosto) Have you see the news of the day, Pedro? I believe I have one about you. (Pedro a encara, sério)

Continua no Capítulo 19…

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