“O Retorno de Saturno”
Daqui seis meses…
[CENA 01 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ CORREDORES – REITORIA/ DIA]
(Arthur e Pedro continuam se encarando, e pela cara dele, parece que não gostou nada do resultado)
PEDRO – Esse resultado deve estar errado. Eu não me inscrevi para o papel do David. (Arthur não diz nada, olha mais uma vez para seu nome ao lado do personagem secundário, Apolo. Saí apressado entre os alunos, em direção a reitoria. Elisa o observa, junto com Maya)
ELISA – Não acredito que ele irá conversar com ela. Conhecendo o bem, é obvio que ele faria isso.
MAYA – Com a Elizabeth?
ELISA – Sim. Meu receio é de que ele talvez crie alguma encrenca desnecessária.
[REITORIA]
(Elizabeth está escrevendo alguma coisa em alguns papeis, quando Arthur bate na porta)
ARTHUR – (abrindo a porta) Licença! Elizabeth, será que eu poderia conversar com você por um momento.
ELIZABETH – Dependendo do assunto, sim.
ARTHUR – (fecha a porta, senta-se na poltrona, a observa finalizar suas anotações. Segundos depois, Elizabeth guarda os papeis em uma pasta, coloca dentro de sua gaveta, foca-se em Arthur)
ELIZABETH – Então? Sobre o que você quer conversar?
ARTHUR – Sobre o resultado do musical. Ele está errado.
ELIZABETH – (focando-se em seu computador, fica séria) O resultado não está errado.
ARTHUR – É claro que está. Trocaram o meu nome com o do Pedro. Eu quem vou fazer o papel do David. Pedro se inscreveu para o papel do Apolo. E nossos nomes estão trocados.
ELIZABETH – Os nomes estão corretos, Arthur!
ARTHUR – Elizabeth…
ELIZABETH – (foca-se nele) Arthur, você está me fazendo perder tempo. Não tem nada errado com a lista e se era só isso que você queria conversar, pode dar licença da minha sala agora. (foca-se no computador)
ARTHUR – (indignado) Como o Pedro pode ter conseguido o papel principal, sendo que ele se inscreveu para outro personagem?
ELIZABETH – Foi em comum acordo com os demais jurados, que o personagem que Pedro escolheu era pequeno, comparado com o talento que ele tem.
ARTHUR – Daí vocês acharam melhor tirar ele de mim?
ELIZABETH – Pensei que você já estivesse acostumado com isso. Afinal, não é a primeira vez que acontece. Ainda mais envolvendo você.
ARTHUR – Nesse caso é diferente. Estão tirando o papel de mim.
ELIZABETH – Veterano como você deveria saber que é assim no mercado artístico. Papeis podem ser dado e tirado as pessoas a qualquer momento, acostume-se.
ARTHUR – Pedro é calouro! Nenhum calouro conseguiu um protagonista nos musicais.
ELIZABETH – Você conseguiu. (foca-se nele novamente) Lembra do seu primeiro semestre? Onde eu dê o papel principal a você ao invés do veterano Charles. (foca-se no computador) Um outro artista que nossa universidade formou.
ARTHUR – É claro que eu lembro do Charles. Ele tem uma carreira brilhante nos palcos depois que se formou.
ELIZABETH – O mesmo que você terá após sair daqui.
ARTHUR – Mas para isso, eu preciso conquistar todos os papeis principais nos musicais. Preciso ter um currículo perfeito.
ELIZABETH – Me responda uma coisa, Arthur. Você acha que será um grande artista só por conseguir bons papéis nos musicais da universidade ou por acreditar que você tem talento para merecê-los?
ARTHUR – (pensativo, fica alguns segundos sem responder) Eu sou um ótimo cantor, isso é claro. Só que ter um histórico com ótimo papéis, é um abridor de portas para o meu futuro.
ELIZABETH – Se você pensa assim. É hora de ir para aula, Arthur.
ARTHUR – E a lista?
ELIZABETH – Continua a mesma. (Arthur levanta-se, irritado)
ARTHUR – Sendo assim, eu não vou querer este papel. Eu não irei fazer este musical.
ELIZABETH – Tem certeza de que é isso que você quer?
ARTHUR – (fica pensativo por alguns segundos, na espera de que isso a impactasse) Sim.
ELIZABETH – Sendo assim, colocaremos outro em seu lugar. (Arthur não diz mais nada, apenas a observa, sério. Caminha em direção a saída. Nos corredores, ele encosta-se na parede e sua ficha acaba de cair: ele não faz mais parte do musical!)
Agora…
[CENA 02 – CASA DE DÁCIO/ SALA/ TARDE]
(Dácio desliga a chamada de vídeo que estava tendo com o Daniel, guarda seu celular e observa Samuel a sua frente, um pouco apreensivo)
SAMUEL – Será que eu posso entrar?
DÁCIO – (fica sem saber o que fazer, mas o permite entrar) Claro. Entra! (Samuel entra, Dácio fecha a porta e os dois caminham até o sofá)
SAMUEL – Seu pai está em casa?
DÁCIO – Não. Ele está no trabalho.
SAMUEL – Você está sozinho?
DÁCIO – Sim. (começa a ficar nervoso)
SAMUEL – Relaxa, que eu só quero conversar com você. Eu assisti o programa de música ontem. Eu vi o meu filho.
DÁCIO – (fingindo de desentendido) Programa de música? De que programa você está falando?
SAMUEL – Não precisa fingir que não sabe do que eu estou falando, Dácio. Eu sei que você sabe que o Daniel está participando do programa Sua Canção.
DÁCIO – Ah, este programa?! Não sabia que ele estava participando. Ele voltou?
SAMUEL – É melhor sermos sinceros nesta conversa, Dácio. (se aproxima um pouco dele, Dácio récua) Não se preocupa, eu disse que eu só quero conversar.
DÁCIO – (se afasta um pouco do sofá) E estamos conversando, não?!
SAMUEL – Você e o Daniel tem conversado ultimamente?
DÁCIO – Não. Tem um bom tempo que a gente não se fala. Na verdade, desde que ele foi embora, que eu não tenho notícias dele.
SAMUEL – (senta-se no sofá) Eu também. Meus últimos dias tem sido uma tortura sem saber notícias do meu filho, Dácio. Não saber onde ele estar, se está se alimentando bem, se tem um teto para dormir, me atormenta. (finge se emocionar, isso comove Dácio) Vê-lo ontem no programa, cantando tão feliz, me deu uma esperança de que talvez ele tivesse voltado. (levanta-se, se aproxima de Dácio) Por favor, eu te imploro! Se você sabe de alguma notícia sobre o meu filho, por favor me diga, Dácio?! (Dácio o observa, e seu estado o comove)
[CENA 03 – CASA DE CAIO/ SALA/ TARDE]
(Camila se aproxima de Caio, o percebe um pouco nervoso)
CAMILA – Sobre o que você quer conversar?
CAIO – (se afasta de sua mãe, evitando um contato visual) Eu queria pedir… (não finaliza)
CAMILA – Pedir…
CAIO – (fica em silêncio por alguns segundos, acredita que sua mãe não irá permitir, porém ao lembrar de Pedro, uma pequena coragem cresce dentro dele) Eu queria pedir para ir em uma festa com o pessoal do colégio.
CAMILA – Festa?
CAIO – É. A irmã do Pedro vai dar uma festa de volta as aulas, e ele acabou me convidando.
CAMILA – Quando vai ser essa festa?
CAIO – Amanhã, às 19h da noite.
CAMILA – Amanhã? Você não vai. (se aproxima dele) Ou você esqueceu que amanhã tem um simulado do vestibular de Direito?
CAIO – Eu pensei que talvez, pudesse fazer este simulado um outro dia.
CAMILA – É claro que não. Você tem que aprender a cumprir os seus compromissos, Caio. Que tipo de advogado você pensa em se tornar tendo uma atitude dessas?! (Caio abaixa a cabeça, triste) Você já não é mais uma criança, filho. Está na hora de ser responsável e cumprir seus compromissos. (Caio se afasta de sua mãe, ainda de cabeça baixa) Você não vai para essa festa, ok?! (caminha em direção a cozinha) Além do mais, você devia estar estudando agora, não?!
CAIO – (caminha em direção ao seu quarto, de cabeça baixa) Eu estou indo.
[CENA 04 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ TARDE]
OTÁVIO – Não temos que conversar. (abrindo a porta novamente) Por que você não entende de uma vez que eu não quero você na minha vida.
SAULO – Eu sou o seu pai, Otávio. Querendo ou não, sem sua mãe aqui eu sou o único que você poderá contar.
OTÁVIO – Eu não preciso de você pra nada.
SAULO – É claro que precisa. Sinceramente não sei como você tem conseguido manter está casa por esse tempo todo.
OTÁVIO – Eu consegui um emprego.
SAULO – (surpreso) Sério?
OTÁVIO – Sim. E como você está vendo, estou muito bem sem sua ajuda. Agora se você não se importa. (aponta para a rua)
SAULO – Eu quero te ajudar, filho. Você precisa de alguém para te ajudar com o programa de música. (olha para o piano) Posso te mostrar algumas músicas.
OTÁVIO – E desde quando você se interessa por música?
SAULO – Não sei cantar, nem nada. Mas eu vi o quanto você mandou bem ontem, que pendei…
OTÁVIO – Eu não vou cair nessa história. (se aproxima dele) Você não está interessado em me ajudar. Você está interessado no prêmio em dinheiro que o programa dará para o ganhador.
SAULO – Você é minha família, filho. (segura no ombro dele, Otávio se esquiva e se aproxima até a porta)
OTÁVIO – Vai embora daqui! Ou será que terei que chamar a polícia para tirar você de vez da minha vida.
SAULO – Eu vou. (caminha até a porta, saí de casa) Eu vou ser sempre o seu pai e nada mudará isso. (Otávio fecha a porta com força, caminha em direção ao sofá sério)
[CENA 05 – CASA DE DÁCIO/ SALA/ TARDE]
(Dácio se afasta de Samuel, indo para o outro lado do sofá)
DÁCIO – Eu realmente não sei onde o Daniel está.
SAMUEL – Não mente pra mim, Dácio. Eu sei que vocês estavam tendo um… (não finaliza) Eu quero saber como o meu filho estar! Eu me arrependo das coisas que fiz. Me arrependo de tentar separar vocês dois. (Dácio começava a acreditar nas palavras dele, mesmo assim, sabia que precisava proteger Daniel)
DÁCIO – Eu realmente não sei onde ele está. Não o vejo tem um bom tempo.
SAMUEL – (caminha até o sofá, de cabeça baixa) Eu pensei que… Enfim, eu sei que ele está chateado comigo. E também, que filho não estaria. Eu exagerei com aquela ideia… Se ele voltar, tenho certeza de que não é mim que ele vai procurar (caminha em direção a Dácio) Eu quero te pedir um favor, Dácio.
DÁCIO – O que?
SAMUEL – Se meu filho o procurar ou entrar um contato, por favor, diga a ele que eu o amo e que estou com saudades. (finge se emocionar)
DÁCIO – Eu direi.
SAMUEL – Obrigado, Dácio. (segura no ombro dele) Talvez eu esteja enganado sobre você. (se afasta) Eu não vou mais tomar seu tempo. (caminha em direção a porta, Dácio o acompanha) Você tem certeza de que Daniel não entrou em contato com você?
DÁCIO – Tenho. Realmente, nunca mais conversei com ele. (abre a porta)
SAMUEL – Entendo. Bem, de qualquer forma, obrigado por me ouvir, Dácio. (saí de casa) Eu vou indo. (vai embora, Dácio o observa por alguns segundos. Fecha a porta, retorna para o sofá e retorna a chamada por vídeo com Daniel)
DANIEL (por vídeo) – Por que você desligou daquele jeito?
DÁCIO – Seu pai. Ele estava aqui.
DANIEL (por vídeo) – O que ele foi fazer aí?
DÁCIO – Ele viu sua participação no programa ontem e veio atrás da sua localização.
DANIEL (por vídeo) – Você não contou onde eu estava, contou?
DÁCIO – Não, não contei. Prometi que não contaria para ninguém.
DANIEL (por vídeo) – Eu sei, desculpa.
DÁCIO – Ele me pareceu bem arrependido. Acho que você devia dizer que está bem.
DANIEL (por vídeo) – Não. Não caí na história dele, Dácio. Ele pode estar fingindo, só para saber onde eu estou.
DÁCIO – Ele é o seu pai…
DANIEL (por vídeo) – Não. Ele deixou de ser meu pai, depois daquela loucura de me manter refém dentro da minha casa.
Amanhecendo…
[CENA 06 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Alice está ao telefone com Marcelo, os dois estão comentando sobre a festa de hoje à noite)
ALICE – Não, não precisa passar aqui. Eu vou com o motorista direto para o local.
MARCELO (por telefone) – Sendo assim eu vou antes, para ir organizando os equipamentos de som, iluminação.
ALICE – Ok. Você repassou as músicas com o Pedro?
MARCELO (por telefone) – Eu enviei a playlist para ele desde a primeira vez que a festa foi marcada.
ALICE – É, como não fiz nenhuma alteração nela, tudo bem.
MARCELO (por telefone) – Te encontro lá então.
ALICE – (sorri) Sim. (desliga, coloca o celular em cima da cama, caminha ate seu guarda roupa, animada)
[CENA 07 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Pedro está com Ramon e o pessoal da banda sentados em uma mesa. Chega uma mensagem de Caio em seu celular)
PEDRO – Ah não?!
RAMON – O que foi?
PEDRO – O Caio acabou de me dizer que a mãe dele não deixou ele ir para a festa. Parece que ele tem um simulado para fazer hoje.
RAMON – Um simulado no Sábado? Que tipo de mãe passa um simulado para o filho no Sábado?
PEDRO – A mãe do Caio, pelo visto. Vocês topam ir lá?
RAMON – Claro que sim. Vamos salvar ele desta tortura.
PEDRO – Beleza. (chega uma outra mensagem em seu celular) Droga.
RAMON – O que foi agora?
PEDRO – Ele não quer que a gente vá lá. Ele acha que se fizermos alguma coisa, pode prejudicá-lo ainda mais. (digita uma resposta)
RAMON – Mas nós vamos mesmo assim, né?!
PEDRO – Melhor não. Se ele pediu para gente não piorar a situação, melhor não irritar a mãe dele. (guarda o celular, um pouco decepcionado)
[CENA 08 – CASA DE MANUELA/ Q. DE MANUELA/ DIA]
(Manuela está sentada na cama, ouvindo algumas músicas na internet. Thalita está sentada ao lado dela, enquanto Éster está na mesa de trabalho)
THALITA – Alice está bem empolgadinha por causa da festa dela hoje. Já é o décimo storie que ela posta, indecisa com qual roupa usar.
ÉSTER – Isso tudo é para se exibir. Ela mesma nos contou, lembra não?
THALITA – Claro que lembro.
ÉSTER – Ela convidou todos lá da sala, menos a gente.
MANUELA – Na verdade, ela nos convidou. Quer dizer, o Pedro nos convidou.
ÉSTER – Como assim?
MANUELA – Ele me procurou na primeira vez que a festa foi marcada. Convidou a mim, e disse que vocês poderiam ir também.
ÉSTER – E por que só agora que está contando isso pra gente?
MANUELA – Porque mesmo que eu aceitasse, eu sei que vocês não iriam.
THALITA – É claro que iriamos. As festas da Alice são demais.
ÉSTER – (levanta-se, se aproxima delas) Não, não iriamos. A Alice não é mais nossa amiga. E eu não entendo essa mania de vocês duas continuarem acompanhando tudo que ela pública.
THALITA – Querendo ou não, os stories dela são bons. Alice é uma garota bem atualizada nas tendências atuais.
ÉSTER – (um pouco irritada) Eu não ligo mais para a Alice, desde o momento que ela nos baniu da vida dela. O que você respondeu ao Pedro?
MANUELA – Eu disse que iria pensar.
ÉSTER – Mesmo tendo sido convidada, nós não vamos para essa festa.
MANUELA – E não vamos. Esqueceram que vocês disseram que iriam me ajudar com a escolha da próxima música.
ÉSTER – Exatamente. É isso que iremos fazer. (volta para a mesa) E você, Thalita, trate de sair dessa rede social e procurar uma música boa para a Manu.
THALITA – Ok, dona mandona.
Anoitecendo…
[CENA 09 – CLUBE/ SALÃO/ NOITE]
(Marcelo está verificando os equipamentos de áudio, sua mesa de som e iluminação no palco. Alguns convidados já começaram a chegar, incluindo Pedro e seus amigos)
RAMON – Uau, sua irmã preparou tudo isso?
PEDRO – Para uma festa simples, até que tá bem produzida.
RAMON – Olha o Marcelo ali. Vamos até ele?
PEDRO – Sim. Só que eu acho melhor o pessoal subir ao palco e ir organizando os equipamentos.
RAMON – Verdade. (vira-se para seus colegas de banda) Pessoal, vamos lá nos preparar. (enquanto eles caminham até o palco, Pedro vai até Marcelo)
PEDRO – Precisando de alguma coisa, Marcelo?
MARCELO – Por enquanto não. Na verdade, está tudo pronto já. Estou só esperando a Alice.
PEDRO – Ela me mandou uma mensagem dizendo que já estava chegando.
MARCELO – (um pouco incomodado) É, pra mim também. (foca-se em sua mesa de som, coloca uma música animada, os convidados começam a dançar. Pedro continua parado ao lado dele)
[CENA 10 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ NOITE]
(Otávio e Eduardo estão comendo pizza, sentados no chão da sala. Ele ainda está incomodado com a insistência do seu pai em querer entrar para sua vida)
EDUARDO – Francamente, com um pai desse até eu queria distância.
OTÁVIO – Minha vontade é de sair dessa cidade, sumir da vida de todos.
EDUARDO – Só que você não pode. Lembre-se do programa.
OTÁVIO – Eu sei. Quando eu ganhar Sua Canção, vou pegar o prêmio e sumir desse país.
EDUARDO – (ri) E para onde você vai?
OTÁVIO – Sei lá. Acabei de ter essa ideia.
EDUARDO – E a casa de sua mãe? Vai deixá-la abandonada?
OTÁVIO – Não. Você ficará tomando de conta dela.
EDUARDO – Eu?
OTÁVIO – Sim. Quando eu ganhar e for embora, quero você tome conta da casa de minha mãe. Você aceita, Edu? (Eduardo o observa, sem saber o que dizer)
[CENA 11 – CLUBE/ SALÃO/ NOITE]
(Marcelo continua tocando algumas músicas, para entreter os convidados. Alice está um pouco atrasada. Ele deixa uma música tocando, se afasta da mesa e pega seu celular)
MARCELO – (digitando uma mensagem para ela) “Onde você está, Alice?” “Os convidados estão aqui já” (Pedro se aproxima dele)
PEDRO – Marcelo, a Alice me enviou uma mensagem dizendo que vai chegar alguns minutinhos atrasada. O carro do motorista dela, ficou preso em um congestionamento.
MARCELO – E porque ela não me avisou também? (Pedro dar de ombros)
PEDRO – Eu andei pensando, já que os garotos estão aí com a Órbita Três, bem que eles poderiam tocar algumas músicas quando ela não chega. Eu já dê essa ideia para ela, e ela topou. O que acha?
MARCELO – Pode ser. (volta para sua mesa, um pouco irritado. Pedro se afasta dele, em direção aos garotos no palco)
PEDRO – Ramon! Ramon! (acena para Ramon, que saí da bateria e se aproxima dele) A Alice vai se atrasar um pouquinho, mesmo assim ela autorizou que vocês tocassem antes dela.
RAMON – Beleza. (Ramon volta para o pessoal, pedindo para eles se preparam que irão começar. Marcelo encerra a música que estava tocando, os convidados se aglomeram ao redor do palco, vibram quando os garotos se anunciam) Boa noite, pessoal. Enquanto a anfitriã não chega, vamos tocar um pouco para animar vocês. (olha para seus amigos que começam a tocar)
[CENA DE MÚSICA – O RETORNO DE SATURNO (DETONAUTAS)]
Visão do espaço estamos tão distantes 1
se acelero os passos sigo a voz do meu coração.
Ontem eu fui dormir mais tarde um pouco.
E tudo vai indo bem… 2
Venço o cansaço e o medo do futuro.
No teu abraço é que encontro a cura do mal
Hoje eu acordei te quis por perto.
E você não sai do meu pensamento 3
E eu me questiono aqui se isso é normal.
Não precisa ser de novo assim tudo igual.
Entre o retorno de Saturno e o seu, 4
Busco uma resposta que acalme o meu coração
Do amanhã não sei o que posso esperar.
E você não sai do meu pensamento 5
E eu me questiono aqui se isso é normal.
Você não sai do meu pensamento
E eu me pergunto aqui, se o natural
Vai dizer que o amor chegou no final.
Não precisa ser de novo assim tudo igual.
1. Ramon toca seu violão, caminha pelo palco. Pedro continua em frente ao palco, se diverte. Marcelo está na mesa, trocando mensagens com Alice.
2. Os convidados começam a bater palmas e cantam junto com a banda. Ramon caminha pelo palco, volta para seus amigos.
3. Pedro está cantando juntos com o pessoal, que começaram a pular e cantar mais alto. Alice não está respondendo as mensagens de Marcelo, e isso o deixa irritado.
4. Ramon volta para o centro do palco, deixa de tocar o violão por alguns segundos, bate palmas junto com a galera. Volta a tocar, deixando o pessoal cantar o refrão sozinhos.
5. Canta o final da música junto com o pessoal, se aproxima da borda do palco, ver todos animados. Encerram a música, agradecem, todos batem palmas.
Daqui seis meses…
[CENA 12 – APARTAMENTO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ NOITE]
(Pedro e Samuka estão comendo pizza e vendo TV. A conversa ainda é sobre a lista do musical)
SAMUKA – Eu não tenho problema de não ter conseguido o papel secundário, pelo contrário, fico feliz que meus amigos tenham conseguido.
PEDRO – É, só que eu acho que o Arthur não gostou muito disso.
SAMUKA – Relaxa, tenho certeza de que ele vai conversar com a Elizabeth, vai fazer algum drama e ela dará o papel para ele.
PEDRO – Tomara. (Arthur chega no apartamento)
SAMUKA – Falando nele, olha aí! Compramos pizza, Arthur. Quer? (Arthur se aproxima deles, sério)
PEDRO – Conseguiu conversar com a Elizabeth?
ARTHUR – (irritado) Consegui sim. Parabéns, o papel é todo seu. Eu saí do musical. (caminha apressado direto para o seu quarto)
SAMUKA – (surpreso) Saiu do musical? Como assim, Arthur? (Arthur já tinha saído da sala)
PEDRO – Isso tudo é minha culpa.
SAMUKA – Relaxa, Pedro! Lembra do que eu te falei. Isso deve ser parte do drama que ele está fazendo. Você vai ver, amanhã terá uma nova lista no mural.
Amanhecendo…
[CENA 13 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ CORREDORES – REITORIA/ DIA]
(Pedro caminha até o mural da universidade, escuta alguns múrmuros de que foi colocado uma nova lista. Esperançoso, ele passa entre os alunos, até conseguir enxergar a listagem nova)
PEDRO – (decepcionado) Essa não! (na nova lista, o nome de Arthur foi removido, agora quem aparece é o nome de Samuka, para interpretar o papel do Apolo. Pedro continua no papel principal) Preciso fazer alguma coisa. (saí do meio dos alunos, dar de cara com Arthur, que continua sério e pelo visto o ignorando) Preciso fazer algo e urgente. (caminha em direção a reitoria)
[REITORIA]
(Pedro bate na porta, encontra Elizabeth conversando com seu assistente)
PEDRO – Excuse. Good morning.
ELIZABETH – (dar sinal de que ele esperasse) Check this candidate here for me, please.
ASSISTENTE – Ok. Excuse. (se afasta dela, passa por Pedro, saí da sala)
PEDRO – I need to talk to you.
ELIZABETH – Você pode conversar comigo no seu idioma, Pedro.
PEDRO – Sério? (se aproxima até a mesa) Que bom. Por que seriamente, estava pensando nas palavras certas para ter está conversa.
ELIZABETH – O que você quer? (foca-se em seu computador) Já vou logo avisando que se for sobre a lista, ela está correta.
PEDRO – É sobre a lista mesmo. O papel que deram para mim está errado. Eu me inscrevi para o personagem secundário, Apolo. Quem deve fazer o principal é o Arthur.
ELIZABETH – Ele pediu para você vim aqui falar isso?
PEDRO – Não. Eu estou vindo por escolha própria.
ELIZABETH – Desculpa, Pedro… mas os papeis estão certos. Você ganhou o papel principal por seu talento e competência. (Pedro lembra da conversa de drama, que Samuka contou ontem, pensa em aplicar o mesmo)
PEDRO – Se não tem outro jeito, então eu também quero sair do musical. Vocês terão que achar um outro protagonista. (Elizabeth foca-se nele, com uma expressão nada boa no rosto)
Continua no Capítulo 25…