“Imagine”

 

Daqui seis meses…

[CENA 01 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ AUDITÓRIO/ DIA]
(Liandra sobe para o auditório, fica ao lado de Elisa)
LIANDRA – (bate palmas) What chemistry is that between you! Perfect. I can perfectly see David and Sarah in the two of you. You are real boyfriends, are not?! (Pedro e Elisa envergonham-se)
ELISA – No, we are not.
PEDRO – We are just friends.
ELISA – That. I have boyfriend too.
LIANDRA – Gosh what a pity. Because I loved what you guys preseted. (comemora) I loved my protagonists! Thanks boys. (Elisa e Pedro descem do palco) So, who will be the next pair? (Samuka e a outra garota se olham)

[CENA 02 – APARTAMENTO DO ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ DIA]
(Arthur chega ao apartamento furioso. Joga sua mochila no sofá, o chuta e caminha pela sala)
ARTHUR – Merda! Merda! Que saco não poder fazer nada. Pior que daqui em diante, terei que aguentar aqueles dois juntinhos, por causa desse musical idiota. (senta-se) Que droga! (tenta ficar calmo) Relaxa, Arthur. Calma, você não é assim. O semestre está acabando, esse musical logo vai acabar. O próximo será seu e ninguém irá tirar.

[CENA 03 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Alice está na cadeira de rodas, com o celular nas mãos, ao lado da janela. Mais uma vez, lembra do programa de alguns dias atrás. Pega seu celular, observa um site)
ALICE – Fundação Frederico Werneck. (olha para janela, fica alguns segundos pensativa. Saí do navegador, disca um número de telefone, não coloca para chamar) Será? (olha para janela mais uma vez, volta para o celular, observa o número e por impulso, coloca para chamar. Rapidamente alguém atende)
ÁGATA (ao telefone) – Fundação Frederico Werneck, Ágata, bom dia! (Alice fica em silêncio do outro lado) Alô? Se ninguém vai falar nada, eu vou desligar. (Alice continua em silêncio)

Agora…

[CENA 04 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO/ DIA]
(os alunos estão indo embora, Alan e uma garota estão saindo juntinhos, em um papo bem agradável. Ana está logo atrás deles, enciumada. Manuela e suas amigas estão logo atrás de Ana)
ÉSTER – É, parece que dali você não conseguirá nada. O dançarino encontrou uma outra garota, Thalita.
THALITA – Problema dele, que perdeu a oportunidade de ficar comigo. (passam por Ana, que ouve a última parte. Saí do colégio de cabeça baixa)

Anoitecendo…

[CENA 05 – CASA DE ANA/ COZINHA/ NOITE]
(Ana está jantando com seu pai, e ele a percebe um pouco quieta demais)
JUNIOR – Tudo bem, filha? (Ana continua olhando para o prato) Filha?
ANA – (olha para seu pai) Senhor?
JUNIOR – Alguma coisa te incomodando?
ANA – (pensa em contar a verdade) Eu acho que não tem mais nada que me prende aqui. (Junior olha surpreso para a filha)
JUNIOR – Como assim? É claro que tem muitas coisas que te prendem aqui. Eu, seus amigos, o colégio.
ANA – Quando eu terminar o colégio, eu não sei se vou querer continuar morando no Rio, pai.
JUNIOR – (com medo da resposta, pergunta mesmo assim) E aonde você quer morar?
ANA – Meu tio disse que pagaria qualquer universidade que eu quisesse fazer em Madrid. (repara na reação dele) Eu ainda não decidi nada. (Junior desvia sua atenção para a mesa, pensativo) Eu disse que precisava conversar com o senhor. Isso não é uma decisão fácil.
JUNIOR – E não é mesmo. (volta olhar para a filha) E o que você quer fazer?
ANA – (fica em silêncio, olha para a mesa) Eu não decidi ainda.
JUNIOR – O Alan sabe?
ANA – Não. Eu e o Alan estamos um pouco afastados ultimamente.
JUNIOR – (triste) Eu realmente tinha receio disso. Seu tio leva uma vida bem melhor do que a nossa. O meu receio era de que você ficasse fascinada por está vida. (Ana o observa) Eu não posso te encher te presentes assim como ele fez, não posso te dar um celular novo…
ANA – Eu também não ligo pra isso, pai.
JUNIOR – Parece que sim. Quando você chegou, você passou um bom tempo falando das roupas e coisas que o Gustavo comprou para você. Não deixava esse celular de lado, parecia que havia voltado uma Ana diferente da que eu conheço. (Ana desvia sua atenção para a mesa) Eu não queria tocar nada, por medo de estar certo. (a observa) Hoje estou vendo que sim.
ANA – (olha para ele) Eu ainda não decidi nada.
JUNIOR – E nem precisa, eu vejo isso em seus olhos. (Junior perde o apetite, levanta-se, retirado seu prato. O coloca na pia, volta para mesa) Deixa que eu lavo as louças depois. (saí da cozinha, Ana fica sozinha, olha para seu prato)

[CENA 06 – CASA DE MANUELA/ Q. DE MANUELA/ NOITE]
(Tiago e Manuela estão se beijando em cima da cama, quase avançando para a próxima etapa)
MANUELA – (consegue o virar na cama, ficando em cima, encerra os beijos) Você sabe que a minha mãe está lá embaixo, né?
TIAGO – Sei. Só que você não a primeira garota que fico com os pais em casa.
MANUELA – Você e a Alice devem ter feito muito isso.
TIAGO – Pior que não. E não foi por falta de tentativas.
MANUELA – (sai de cima dele) Quer dizer que você e ela nunca…?
TIAGO – Não. (senta-se) Eu às vezes achava que ela nunca tinha ficado com alguém. (se aproxima dela, beijando-a no braço e subindo até o pescoço) Só que não foi para ficar falando da Alice que você me chamou até aqui. (a beija na boca)
MANUELA – (encerra o beijo, levanta-se da cama) E nem para isso. (sorri) Te chamei aqui para falarmos do nosso dueto.
TIAGO – (senta-se) Pensei que isso já tivesse definido?! Você não já escolheu a música que iremos cantar!
MANUELA – Já, só que eu fui egoísta. A música é um dueto. Ela tem que ser escolhida por nós dois.
TIAGO – Eu não ligo pra isso. (levanta-se, se aproxima dela, segura em sua cintura) A música que você escolheu tá ótimo pra mim. Agora, a única coisa que eu quero fazer é isso. (a beija, e aos poucos vai empurrando-a para cama. Os dois caem na cama, o clima esquenta de novo)

[CENA 07 – CASA DE ALICE/ ESTÚDIO/ NOITE]
(Alice e Marcelo estão se beijando, Felipe bate na porta, eles rapidamente se separam, focam-se no computador)
FELIPE – Atrapalho?
ALICE – Imagina, pai. Estávamos aqui vendo algumas músicas, antes da minha viagem de amanhã.
FELIPE – Eu vim justamente para falar com você sobre esse show.
ALICE – (vira-se para ele) O que foi?
FELIPE – Bem, conforme a sua agenda, você passará os próximos 04 dias fazendo shows… (pega o celular) …em algumas cidades no Norte. Retornando para o Rio, na Terça. Só que de acordo com seu calendário escolar, na Segunda você tem uma prova marcada no colégio, não?
ALICE – O senhor não precisa se preocupar com isso, que eu já conversei com o professor e ele irá aplicar a prova para mim um outro dia.
FELIPE – Você sabe que eu não gosto quando isso acontece. Meio que você fica incomodando o professor a passar uma prova exclusiva para você.
ALICE – Só que esse é o trabalho dele, pai. O que eu posso fazer?
FELIPE – Talvez remarcar uma data diferente desses shows.
ALICE – Isso o senhor tem que conversar com o meu empresário. Ele que fecha essas datas.
FELIPE – E eu vou falar mesmo. Já marquei com ele uma reunião amanhã na empresa.
ALICE – Qualquer alteração que fizerem, não esqueçam de me notificar.
FELIPE – (olha para Marcelo, que está focado no computador) Vocês vão demorar aí ainda?
ALICE – Não, já estamos finalizando tudo por aqui. (Marcelo olha para Felipe, um pouco envergonhado)
FELIPE – Ok. Já que acertamos tudo… vou lá para o escritório.
ALICE – Ok. (Felipe saí do estúdio, Marcelo se tranquiliza)
MARCELO – Quase o seu pai nos pega.
ALICE – Você ficou se tremendo de medo, hein.
MARCELO – Confesso que o seu pai me parece ser um cara bem sério. Estava vendo a qualquer momento ele dar uma bronca em você, comigo aqui. Por isso que eu fiquei aqui quietinho.
ALICE – Não seja bobo. Meu pai tem esse jeito de sério, mas por dentro é um amor de pessoa. (se aproxima dele) Agora relaxa, que estamos sozinhos novamente. (o beija)

[CENA 08 – LANCHONETE DO IVO/ NOITE]
(Andréa e Ramon estão lanchando, e ela não tira os olhos de Ivo, que está ocupado atendendo as mesas)
RAMON – (um pouco incomodado por ela não estar prestando atenção nele) Será que você pode parar de ficar encarando o Ivo e deixá-lo trabalhar?!
ANDRÉA – Estou esperando o momento para ele vim aqui falar comigo.
RAMON – Hoje a lanchonete está movimentada, Andréa. Duvido muito que ele venha conversar com a gente.
ANDRÉA – Quando ele passar por nós, vou chamá-lo.
RAMON – Ok. Enquanto isso, vou cantar com o pessoal. (levanta-se, se afasta da mesa, tem uma ideia, para de andar) E se… (vira-se para a mesa novamente) … E se você vier cantar com a gente?
ANDRÉA – Eu o que?
RAMON – É. Assim você se distrai desse clima todo aí, e se diverte um pouco, esquecendo o Ivo.
ANDRÉA – (sorri) Ok. (levanta-se, caminha até ele) Mas eu quem vou cantar.
RAMON – Fique à vontade. (os dois sobem para o palco, a banda começa a tocar)

[CENA DE MÚSICA – CONTRAMÃO (PITTY part. TÁSSIA REIS e EMMILY BARRETO)]

[ANDRÉA]
Existe outro lado do estrago que é feito 1
Quando o que é vendido como perfeito é comprado
Idolatrado de olhos vendados, sem sal nem fermento
Por fora bela viola, por dentro pão bolorento
Entra achando que vai ajudar a botar
Todas essas coisas no lugar
Insiste em acreditar que está jogando o jogo e quando vê
É o jogo que está jogando você

Tenta frequentar sem julgamento
Pra andar no meio de cobra passa a produzir veneno
O jogo é traiçoeiro, confundiu a minha crença
Já não sabia se eu era parte da cura ou da doença

[ÓRBITA TRÊS]
Onde estão? 2

[ANDRÉA]
Se a farsa é ser tão perfeito
Quero o que é meu inteiro

[ÓRBITA TRÊS]
Contramão

[ANDRÉA]
Renego essa esmola e espero
O mundo gira e passa aqui

[ANDRÉA E RAMON]
Gira, gira, gira 3
Geral se admira
Quem não é, conspira e pira
Tentando nos nivelar por baixo

Ira, ira, ira
Quem pode, atira
Mas se errar na mira se retira
Ou se prepara pro esculacho

Não que eu me ache, não acho
Não servirei de capacho
Não dou espaço pra macho querer me definir

Escrevo minhas linha e despacho
Pra uns até é escracho
Mas tô na minha e relaxo
O mundo gira e passa aqui

[ANDRÉA]
Concessões e escolhas pra sobreviver 4
Pode não parecer
Mas a vida aqui, amigo, muitas vezes se mostrou dura
Tempos em que só os ratos conhecem fartura

E se brilha algumas vezes, ofusca a vista
Cai nessa armadilha de que isso é ser artista
Deu uma reluzidinha logo pensa que é ouro
Mas Raul já dizia, isso é ouro de tolo

[ÓRBITA TRÊS]
Onde estão?

[ANDRÉA]
Se a farsa é ser tão perfeito
Quero o que é meu inteiro

[ÓRBITA TRÊS]
Contramão

[ANDRÉA}
Renego essa esmola e espero
O mundo gira e passa aqui

And I’m not even from here 5
I’m from all the ground
That embraces skin and soul
Lonely sailor
Cultural retreater of the drought from back there
Only laughs at war those who have never been there
Laughs better that one that teaches fire how to burn

Eu não sei lidar com restrição
Esse negócio de sujeição quebra a minha dinâmica
Sai de cima, não fode
O que salva é a botânica e comigo ninguém pode

[RAMON]
É da minha natureza ser equilibrista
Mas essa corda anda bamba demais
A trilha abri a facão, carne, osso e coração
Mãe Stella passou a visão e me disse
Minha filha, escute sua Oyá

[ÓRBITA TRÊS]
Onde estão? 6

[ANDRÉA}
Se a farsa é ser tão perfeito
Quero o que é meu inteiro

[ÓRBITA TRÊS]
Contramão

[ANDRÉA]
Renego esse mal e espero
O mundo gira e passa aqui

[ÓRBITA TRÊS]
Onde estão?

[ANDRÉA]
Se a farsa é ser tão perfeito
Quero o que é meu inteiro

[ÓRBITA TRÊS]
Contramão

[ANDRÉA]
Renego essa esmola e espero
O mundo gira e passa aqui

1. Andréa dança conforme o ritmo da música, começa a cantar de frente para os clientes. Ramon, que está na bateria, sorri ao vê-la animada.
2. Aos poucos todos começam a prestar atenção na apresentação. Ivo consegue um tempinho livre, caminha até o balcão, presta atenção no palco.
3. Andréa caminha pelo palco, indo até cada um dos garotos. O último é Ramon, que está cantando com ela.
4. Sentindo-se a vontade, Andréa volta eufórica para o centro do palco. Consegue animar alguns dos clientes. Ivo volta a atender algumas mesas, porém continuava prestando atenção em Andréa.
5. Dois dos garotos erguem as mãos para cima, batem palmas. Alguns dos clientes fazem o mesmo. Ivo volta para o balcão, aproveita esse tempinho livre, pega seu celular e filma este momento.
6. Andréa volta a caminhar pelo palco, canta de frente os garotos, com Ramon sendo o último. Volta para o centro do palco, encerra sua apresentação e agradece. Olha para Ivo ao lado do balcão, mexendo no celular.

[CENA 09 – CASA DE MANUELA/ Q. DE MANUELA/ NOITE]
(Manuela e Tiago continuam se pegando em cima da cama. O clima está quente e devagarinho ele vai subindo a blusa dela)
MANUELA – (segura as mãos dele, impedindo-o) Eu não vou ficar com você com a minha mãe lá embaixo.
TIAGO – O que é que tem? (ri) Se quiser a gente tranca a porta, assim não corremos nenhum risco dela entrar.
MANUELA – Mas nem pensar. Aí sim vai ficar estranho, nos dois aqui, sozinhos no quarto e com a porta trancada.
TIAGO – Convenhamos também que sua mãe não deve ser nenhuma boba. Ela deve imaginar muito bem o que dois adolescentes estão fazendo sozinhos.
MANUELA – (envergonha-se) Será?
TIAGO – (se agarra nela) O que você acha? (a beija, mais uma vez tenta tirar a blusa dela)
MANUELA – (o impede novamente) Não, Tiago. (consegue sair dos braços dele, levanta-se da cama) A gente veio aqui para cantarmos. É bom colocarmos uma música nesse quarto, para minha mãe não desconfiar.
TIAGO – (senta-se na cama) Opa, a ideia da música até que eu gostei. Assim não dará para ouvir os barulhos que iremos fazer na cama.
MANUELA – (envergonha-se, joga um objeto nele, que desvia) Seu safado! Claro que não.
TIAGO – (levanta-se, se aproxima dela) Qual é? (a puxa pela cintura) Vamos fazer só um pouquinho, vai? (tenta beijá-la, ele desvia)
MANUELA – Já disse que não, safado!
TIAGO – (se afasta, ainda com vontade) Ok, chefia. Estou vendo que se não cantarmos logo essa música, você não irá tirar essa armadura.
MANUELA – Pode ter certeza que sim.
TIAGO – (senta-se na cama) Solta o som, então. (Manuela procura a música, conecta no som, coloca para tocar)

[CENA DE MÚSICA – GARGANTA (ANA CAROLINA)]

[MANUELA]
Minha garganta estranha 1
Quando não te vejo
Me vem um desejo
Doido de gritar

Minha garganta arranha
A tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinha
Da sala de estar (2x)

[TIAGO]
Venho madrugada 2
Perturbar teu sono
Como um cão sem dono
Me ponho a ladrar

Atravesso o travesseiro
Te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço
Faço ela rodar (2x)

[MANUELA]
Sei que não sou santa 3
Às vezes vou na cara dura
Às vezes ajo com candura
Pra te conquistar

Mas não sou beata
Me criei na rua
E não mudo minha postura
Só pra te agradar (2x)

[TIAGO]
Vim parar nessa cidade
Por força da circunstância
Sou assim desde criança
Me criei meio sem lar

[MANUELA]
Aprendi a me virar sozinha 4
E se eu tô te dando linha
É pra depois te… Han!

Aprendi a me virar sozinha
E se eu tô te dando linha
É pra depois te abandonar…(4x)

[MANUELA E TIAGO]
Minha garganta estranha…

(Diz aí!)
Aprendi a me virar sozinha 5
E se eu tô te dando linha
É pra depois te abandonar
Eh! Eh!

Aprendi a me virar sozinha
E se eu tô te dando linha
É pra depois te abandonar…

1. Manuela começa a dançar de frente para o som. Vira-se para Tiago assim que começa a cantar. Caminha pelo quarto, com um jeito provocante. Tiago vê-la assim, aumenta sua vontade de puxá-la para cama.
2. Ele levanta-se, se aproxima dela. A empurra até a parede, canta bem pertinho do rosto dela.
3. Manuela consegue escapar dele, caminha até o outro lado do quarto, ainda provocando-o. Tiago caminha até ela. Os dois estão quase se devorando apenas com os olhos.
4. Tiago mais uma vez a prende na parede, beija o pescoço dela, que a faz ficar arrepiada em seus braços. Manuela escapa novamente, indo para o outro lado do quarto.
5. Tiago mais vez uma a segue e ao invés de levá-la até a parede, ele a segura nos ombros e a empurra até a cama. Fica em cima dela, cantam com rosto colado um do outro. Se beijam após encerramento da música.

Daqui seis meses…

[CENA 10 – CASA DA ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
ÁGATA (por telefone) – Não vai falar nada, né?! Vou desligar.
ALICE – Oi. Espera, sou eu a Alice.
ÁGATA (por telefone) – Alice? Oi, querida. Que surpresa você ligar.
ALICE – Pois, é. Eu dê uma olhada na fundação onde você trabalha na internet, achei bem interessante o que vocês fazem aí.
ÁGATA (por telefone) – Que bom. Mas tenho certeza de que não foi só para dizer isso que você ligou.
ALICE – Não… (ri) Na verdade, eu queria… (fica em silêncio por alguns segundos)
ÁGATA (por telefone) – Alice?
ALICE – Estou aqui. Eu queria saber, qual a possibilidade de alguém ir visitar a fundação?
ÁGATA (por telefone) – Se essa pessoa for você, pode ser a qualquer momento.
ALICE – Eu pensei no que vocês disseram no programa. Acho que custa nada tentar.
ÁGATA (por telefone) – Que tal você dar uma passadinha aqui amanhã à tarde? Algumas crianças irão praticar um pouco de música, acho que será bom para você.
ALICE – (pensativa) Amanhã?
ÁGATA (por telefone) – É. A não ser que você tenha algo mais importante para fazer do que ficar em casa.
ALICE – Ok. Vou comprar as passagens para São Paulo e viajo amanhã pela manhã.
ÁGATA (por telefone) – Combinado, então. Até amanhã, querida. (desliga. Alice coloca o celular em suas pernas, olha para janela, solta um leve sorriso)

Mais tarde…

[CENA 11 – APARTAMENTO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ TARDE]
(Arthur está sentado no sofá, Pedro e Samuka chegam agora)
ARTHUR – O primeiro encontro demorou, hein.
SAMUKA – (animado) Um pouco. É que além de definirmos os próximos encontros, a Lia também pediu que alguns alunos cantassem.
ARTHUR – (olha para Pedro) Você e a Elisa devem ter cantando uma música super romântica, hein.
PEDRO – Cantamos Need You Now. Até que não é tão romântica assim.
SAMUKA – Não é por nada não, Arthur, mas a química que os dois mostraram no palco foi nítida para todos. (Pedro fica sem jeito com o comentário, Arthur irrita-se)
ARTHUR – Tem que ter química. (levanta-se, fica de frente para Pedro, sério) Foi para isso que a Elizabeth os escolheu. (os dois se encaram, Pedro começa a estranhar o jeito que Arthur o observa)
SAMUKA – (não percebe o clima rolando ali) Bom, eu vou tomar banho, que combinei de sair com a Mônica. Até mais pessoal. (Samuka vai para os quartos, Pedro e Arthur continuam frente a frente)
ARTHUR – (sério) Que este seja o seu primeiro musical, de muitos que virão.
PEDRO – Valeu. (Arthur o encara por alguns segundos, se afasta e vai em direção ao seu quarto. Pedro sente um calafrio com a saída dele, senta-se no sofá)

No dia seguinte…

 

[CENA 12 – FUNDAÇÃO FREDERICO WERNECK (SÃO PAULO)/ PÁTIO – CORREDORES – SALA DE MÚSICA/ TARDE]
(Alice é recebida por Ágata, que está apresentando alguns pontos da fundação. As duas estão no pátio, onde tem algumas crianças brincando)
ALICE – (empurra a cadeira, junto com Ágata, observa as crianças) Quer dizer que todas essas crianças são crianças carentes?
ÁGATA – Sim. Minha tia tenta levar um pouco de conhecimento e cultura para todas elas. É um trabalho admirável.
ALICE – (observa algumas crianças se divertindo, isso a faz sorrir. As duas continuam em direção aos corredores) Vocês recebem muitas doações aqui?
ÁGATA – Olha… temos alguns parceiros que deixam doações boas pra gente. O problema às vezes é conseguir novos doadores.
ALICE – Eu vou conversar com o meu pai. Vou pedir para ele doar uma boa quantia para vocês.
ÁGATA – Sério?
ALICE – Sim. (Cristina saí de uma sala, encontra as duas)
ÁGATA – Olha só quem veio nos visitar, tia?
CRISTINA – Alice, querida. (a abraça) Que prazer vê-la de novo.
ALICE – Oi, Cristina.
ÁGATA – Adivinha? A Alice acabou de me dizer que irá conversar com o pai dela, para fazer uma doação para a fundação.
CRISTINA – Obrigada, querida.
ÁGATA – Os alunos estão prontos?
CRISTINA – Sim. Saí aqui fora, justamente para ir atrás de vocês.
ALICE – Prontos pra que?
CRISTINA – Como a Ágata me disse que você viria nos visitar, eu conversei com o nosso professor voluntário de música para combinar uma pequena apresentação com as crianças. E elas estão lá dentro esperando. Vamos?
ALICE – (envergonha-se) Não, gente. Vocês não precisavam ter esse trabalho todo só porque eu vim aqui.
CRISTINA – Não é trabalho nenhum, querida. As crianças gostam de música. Elas estão loucas para se apresentarem a alguém.
ÁGATA – Até porque, não é todo dia que alguém vem nos visitar. (Alice acaba se convencendo e entra junto com elas. Algumas crianças estão em pé ao fundo da sala, sorriem para Alice assim que entra. Um rapaz está no piano ao lado das crianças, começa a tocá-lo. Alice fica no centro da sala, junto com Ágata e Cristina, observam as crianças)

[CENA DE MÚSICA – IMAGINE (JOHN LENNON)]

[CRIANÇAS]
Imagine there’s no heaven 1
It’s easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

[MENINA]
Imagine there’s no countries 2
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too

[CRIANÇAS]
Imagine all the people
Living life in peace

[MENINA]
You may say I’m a dreamer 3
But I’m not the only one
I hope some day you’ll join us
And the world will be as one

[CRIANÇAS]
Imagine no possessions 4
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope someday you’ll join us
And the world will live as one

1. Um coral com 18 crianças começam a cantar, ambos olhando para frente. Os maiores estão atrás e os menores na frente. Na frente, também há 4 crianças de cadeira de rodas, cantando felizes. Alice se emociona ao vê-los cantar em sintonia. Gaspar aparece ao lado do professor tocando o piano, olha para as crianças.
2. Uma das crianças de cadeira de roda canta sozinha. A menina canta especificamente olhando para Alice.
3. Alice sente vontade de chorar, abaixa o rosto, tenta segurar o choro. Ágata percebe que ela está emocionada de verdade. Gaspar se aproxima dela, nesse momento Alice levanta a cabeça, com um sorriso no rosto, olha para a menina cantando sozinha.
4. Cristina e Ágata trocam olhares durantes os trechos finais da música. Gaspar continua ao lado de Alice, mesmo após o termino da música. As três batem palmas, ambas emocionadas. As crianças agradecem. A garotinha que estava cantando, empurra sua cadeira em direção a Alice, que a surpreende.

MENINA – (entrega um caderninho para ela) Eu sou muito sua fã! Poderia me dar um autografo?
ALICE – Claro. Qual é seu nome?
MENINA – Sabrina. (Alice autografa, com uma pequena dedicatória para a garota)
ALICE – Aqui está, Sabrina. (a garota recebe o caderninho, como se estivesse recebendo o melhor presente do mundo)
MENINA – Obrigada, Alice. Um dia quero ser uma grande cantora assim como você. (Alice se emociona, Cristina toca no ombro dela)
CRISTINA – Por que agora você não canta uma música para elas, Alice.
ALICE – Eu? Não, melhor não.
PROFESSOR – O piano está a sua disposição.
ÁGATA – Vai lá, Alice. Também estou louca para te ouvir cantar. (as crianças também começam a pedir para ela cantar)
CRIANÇAS – Canta, Alice. Canta! Canta! Canta! (Alice olha para a garotinha de cadeira de rodas, ver os olhinhos dela brilharem)
ALICE – Está bem. Vou cantar uma música. (sorri, empurra sua cadeira até o piano. Todos se aglomeram ao redor dela, a observam. Alice fica alguns segundos pensando em qual música cantar, começa a tocar)

[CENA DE MÚSICA – SOMEONE LIKE YOU (ADELE)]

I heard that you’re settled down 1
That you found a girl and you’re married now
I heard that your dreams came true
Guess she gave you things, I didn’t give to you

Old friend
Why are you so shy?
It ain’t like you to hold back
Or hide from the light

I hate to turn up out of the blue, uninvited
But I couldn’t stay away, I couldn’t fight it
I hoped you’d see my face and that you’d be reminded
That for me, it isn’t over

Never mind, I’ll find someone like you 2
I wish nothing but the best for you, too
Don’t forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah

You know how the time flies 3
Only yesterday was the time of our lives
We were born and raised in a summery haze
Bound by the surprise of our glory days

I hate to turn up out of the blue, uninvited
But I couldn’t stay away, I couldn’t fight it
I hoped you’d see my face and that you’d be reminded
That for me, it isn’t over

Never mind, I’ll find someone like you 4
I wish nothing but the best for you, too
Don’t forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah

Nothing compares, no worries or cares
Regrets and mistakes, they’re memories made
Who would have known how bittersweet this would taste

Never mind, I’ll find someone like you 5
I wish nothing but the best for you
Don’t forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

Never mind, I’ll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don’t forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead, yeah, yeah

1. Alice começa a tocar, dedicando sua atenção exclusivamente ao piano. As crianças ao redor a observam, admirando-a. Gaspar caminha lentamente até Alice, se posiciona ao lado dela. Embora ninguém estivesse vendo ele ali, nem ela… Alice olha para o lado, como se tivesse sentido a presença de alguém ali.
2. Ela olha para frente, diretamente para a garotinha para quem deu um autografo, sorri ao vê-la sorrindo. Gaspar também olha para a garotinha.
3. Alice chama a garotinha para tocar com ela. Com a ajuda do professor, a cadeira dela é posicionada ao lado da de Alice. Gaspar havia desaparecido. A garotinha observa as mãos dela nas teclas do piano, tenta fazer o mesmo em seu lado.
4. A garotinha começa a tocar, Alice a observa, se surpreende com a rapidez que ela aprendeu. A garotinha olha para ela, sorri. Sentindo-se feliz, Alice nem percebe seus dedos dos pé se movendo. Ágata que estava a sua frente, percebe e se surpreende.
5. Alice deixa a garotinha tocar por alguns segundos sozinha, enquanto a observa. Volta a posicionar suas mãos no piano, canta os trechos finais da música olhando para os demais. Encerra a canção, todos batem palmas. Alice olha para a garotinha e ao ver um brilho especial nos olhinhos dela, encontra dentro da garota uma vontade de querer continuar vivendo, para ir atrás do sonho (da garotinha) de se tornar uma cantora tão boa quanto ela. Era essa a vontade que Alice não conseguia encontrar dentro de si, e graças a garotinha, ela finalmente encontrou.

ALICE – (sorri) Obrigada. E não desista do seu sonho. Pois um dia, eu quero estar ouvindo uma música sua. (a garotinha sorri)

Contínua no capítulo 31…

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo