“Depois de Nós”

 

Daqui seis meses…

[CENA 01 – UNIVERSIDADE DE MÚSICA (NOVA YORK)/ CORREDOR/ DIA]
(Pedro e Samuka caminham em direção ao mural de notícias)
SAMUKA – (observa a lista dos melhores cantores do semestre) Olha só… Você subiu mais uma posição. Está em segundo lugar agora. (brinca) Será que você irá terminar o semestre empatado com o Arthur?
PEDRO – (ri) Eu sinceramente gostaria que meu nome não estivesse nessa lista boba. (Maya aparece atrás dele)
MAYA – Pode ser boba para você. (fica de frente para a lista) Mas essa lista para alguns, serve como termômetro de melhoria individual. Subir ou descer nessa lista, mostra para os alunos, o que eles devem fazer para melhorar.
PEDRO – Oi, Maya.
MAYA – Olá, meninos.
SAMUKA – Ela tem razão.
MAYA – Veja só você, Pedro… começou o semestre na posição 18. E poderá agora, chegar a primeira posição.
SAMUKA – Ela tem razão… querendo ou não, você evoluiu muito desde que chegou aqui.
MAYA – Acredito até que antes do musical ser exibido, você estará em primeiro. Lastima para o Arthur… (Pedro olha para a lista, por algum motivo algo o irrita)
PEDRO – Será que vocês podem parar de fazer isso uma competição entre eu e ele?! Isso tá chato, já. (caminha, Maya e Samuka o seguem)
SAMUKA – Melhor parar, Maya.
MAYA – Eu não disse nada demais. Apenas comentei como é a realidade. Mas está bem, vamos mudar de assunto… e como anda a competição meninas versus meninos?
SAMUKA – O nosso número está pronto. Estamos esperando apenas as garotas marcarem o dia.
MAYA – E vocês podem dizer qual a música escolheram?
SAMUKA – Pra que estragar a surpresa não é mesmo? Mas garanto a você, que vai deixar todos eufóricos.
MAYA – (a Pedro) Depois dessa aproximação com o Arthur, vocês voltaram a ser amigos, Pedro? (ele não responde, caminha apressado até uma sala, entra e a ignora) Ué?
SAMUKA – Os dois nunca deixaram de ser amigos está bem. E acho melhor você começar a fazer aquilo que ele falou… esquecer essa história! (entra na sala que Pedro entrou, Maya fica parada no meio do corredor, confusa)
MAYA – Eu só perguntei, gente. (caminha)

Mais tarde…

[CENA 02 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ TARDE]
(Alice está em frente ao espelho, olha para seu reflexo na cadeira de rodas, especificamente para suas pernas. Já tem algumas semanas que ela deixou a fisioterapia de lado e aceitou a sua nova condição, mesmo assim, acredita que um dia voltará a ficar em pé e andar novamente)
ALICE – (celular toca, empurra a cadeira até a cama, verifica quem está ligando e atende) Alô?
PRODUTOR (pelo telefone) – Oi. Alice Almeida?
ALICE – Sim, é ela. Quem fala?
PRODUTOR (pelo telefone) – Me chamo Evandro Siqueira, sou produtor musical. Você ainda está vendendo a música “Hearts in Two”?
ALICE – Sim, estou. Mas eu não me lembro de ter enviada para nenhum Evandro.
PRODUTOR (pelo telefone) – (ri) Pois, é. Você não enviou pra mim. Na verdade, eu recebi do Flávio Cardoso.
ALICE – Você conhece o Flávio?
PRODUTOR (pelo telefone) – Sim, é um grande amigo meu. Eu achei a letra da música linda e conheço uma cantora que ficará ótima na voz dela.
ALICE – Ficar melhor do que a minha, acho difícil.
PRODUTOR (pelo telefone) – (ri) Verdade, eu já te ouvi cantar, e você é uma excelente cantora. Mas, por que está vendendo ela então?
ALICE – Eu dê uma pausa na carreira. Preciso de um tempo comigo mesma.
PRODUTOR (por telefone) – Bem, espero que essa pausa seja breve e que você volte logo para os palcos. Então, você me venderia a letra da música?
ALICE – Dependendo de sua proposta, sim.
PRODUTOR (por telefone) – Acho melhor tratarmos isso pessoalmente, que tal?
ALICE – Tá. Esse é o seu número?
PRODUTOR (por telefone) – É sim. É meu whatsapp também.
ALICE – Ok. Então vou salvar aqui e te mando meu endereço. Tenho um estúdio em casa, podemos conversar lá.
PRODUTOR (por telefone) – Beleza. (Alice desliga, salva o contato do produtor, entra no aplicativo de mensagem e envia seu endereço)

[CENA 03 – APARTAMENTO NOVO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ TARDE]
(os pais de Arthur compraram alguns móveis para ele e sua sala já não está tão vazia assim)
SAMUKA – (dando uma volta pelo o apartamento) Uau, hein… queria ter uma família rica assim também. Moveis tudo novinho…
ARTHUR – Mas a sua família é rica, Sam.
SAMUKA – (caminha até o sofá, senta-se) Sim, mas não tanto quanto a sua. Mas então, pretende ficar aqui de vez mesmo?
ARTHUR – Acho que sim. Eu tava pensando em morar sozinho mesmo, Sam. A formatura é ano que vem, então… tinha que começar a me planejar.
SAMUKA – Entendo. Bem, ao menos o Pedro está comigo. Não estou sozinho.
ARTHUR – Ele não veio com você?
SAMUKA – Não, não. Ele estava um pouco chateado por umas coisas aí.
ARTHUR – Aconteceu alguma coisa?
SAMUKA – Ele só tá cansado dessa história de que vocês dois são rivais, só porque ele ocupou hoje o segundo lugar da lista. (chega uma mensagem em seu celular, assim como no de Arthur) Olha só… a Mônica me enviou uma mensagem dizendo que amanhã ela vai acabar com a gente. (ri)
ARTHUR – A Elisa também me mandou mensagem. Pelo visto, elas estão prontas.
SAMUKA – A gente também. (levanta-se) Desculpa meninas, mas essa competição tá no papo.

[CENA 04 – CASA DE ALICE/ SALA/ TARDE]
(Alice acompanha o produtor até a porta, os dois fecharam negócio e ela vendeu sua música)
PRODUTOR – Adorei o seu estúdio. Imagino o tanto de música que foram criadas lá.
ALICE – Pode ter certeza de que foram várias. (abre a porta, dá de cara com seu pai) Pai?! Chegou cedo hoje.
FELIPE – (repara no produtor) Tinha nenhum compromisso importante, portanto, decide me liberar mais cedo. Quem é este?
ALICE – Esse é o Evandro, ele é produtor. Evandro, este é o meu pai, Felipe.
PRODUTOR – (estende a mão para cumprimentá-lo) Prazer! Sua filha é ótima, sabia?!
FELIPE – (o cumprimenta, um pouco sério) É, seu sei.
PRODUTOR – Bem, eu tenho que ir agora. Vou mostrar a música para a cantora que eu falei. Foi bom fazer negócio com você, Alice. (sorri para ela, se despede de Felipe e vai embora)
FELIPE – (fecha a porta, sério) Vendeu outra música?
ALICE – (empurra a cadeira até o sofá, Felipe a acompanha) Vendi, e dessa vez por um bom preço.
FELIPE – Sabe que eu não gosto muito disso, filha.
ALICE – Já conversarmos. As músicas são minhas e…
FELIPE – (a interrompe) …você faz o que quiser, eu sei. Eu só acho que…
ALICE – (empurra sua cadeira até a escada) Eu não quero ter essa conversa novamente, pai. (sobe para o quarto, Felipe fica ao lado do sofá, apreensivo)

Agora…

[CENA 05 – SUBCONSCIENTE DE ALICE]
(Alice continua em seu estúdio de música, ela e o irmão já cantaram 8 músicas juntas)
ALICE – (cansada) Chega, Pedro… cantar é bom, mais 9 em seguida ninguém aguenta. (levanta-se, caminha até a porta, fica ao lado de Gaspar, volta ouvir a voz de seu pai)
FELIPE (apenas a voz) – “Volta para sua família, filha…”
ALICE – Você ouviu isso?
PEDRO – (levanta-se) Eu não ouvi nada. (segura a mão dela) A única coisa que eu quero ouvir é a gente cantando juntos. (Gaspar o observa)
ALICE – Não, chega… (se afasta dele, volta para o painel de som) Cansei de cantar. E você tá ficando muito chato com essa insistência.
PEDRO – (muda de atitude) Tá, certo. (segura a mão dela novamente) Então vamos sair daqui. (a puxa para fora do estúdio. Assim que saem da porta, os dois vão parar diretamente na mesa de jantar)
ALICE – (confusa) Ué… como…? (Gaspar está atrás de Felipe)
FELIPE – Vocês já arrumaram suas malas?
PEDRO – As minhas estão prontas. Não sei as da Alice.
ALICE – Malas?
FELIPE – Sim. Nós vamos nos mudar para Nova York amanhã. Você mais do que ninguém está ansiosa por isso.
ALICE – Nova York?
FELIPE – Está tudo bem, filha?
PEDRO – (antes que Alice respondesse, Pedro levanta-se, segura na mão dela e a puxa para a fora da cozinha) Depois vocês conversam, agora precisamos se despedir do pessoal. (assim que saem da porta de casa, os dois aparecem imediatamente na lanchonete do Ivo. Pedro está em cima do palco, Alice está sentada em uma mesa junto com o pessoal)
ALICE – (confusa) Como viemos parar aqui? (olha para o lado e ver Manuela, Thalita e Éster)
PEDRO – Queria agradecer a todos que vieram para essa pequena festa de despedida. (a Alice) Vamos sentir muita falta de todos. (Gaspar está ao lado do balcão, observa todos felizes naquele ambiente) E, nada melhor que se despedir com música. Eu sei que minha irmãzinha não gosta muito de músicas nacionais, mas essa ela vai ter que ouvir. (sorri, os garotos da banda sobem ao palco, começam a cantar)

[CENA DE MÚSICA – DEPOIS DE NÓS (ENGENHEIROS DO HAWAII)]

Hoje os ventos do destino 1
Começaram a soprar
Nosso tempo de menino
Foi ficando para trás
Com a força de um moinho
Que trabalha devagar
Vai buscar o teu caminho
Nunca olha para trás

Hoje o tempo voa nas asas de um avião 2
Sobrevoa os campos da destruição
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós

Hoje o céu está pesado 3
Vem chegando temporal
Nuvens negras do passado
Delirante flor do mal
Cometemos o pecado
De não saber perdoar
Sempre olhando para o mesmo lado
Feito estátuas de sal

Hoje o tempo escorre dos dedos da nossa mão
Ele não devolve o tempo perdido em vão
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós

Meninos na beira da estrada 4
Escrevem mensagens com lápis de luz
Serão mensageiros divinos
Com suas espadas douradas, azuis
Na terra, no alto dos montes
Florestas do Norte, cidades do Sul
Meninos avistam ao longe
A estrela do menino Jesus

1. Assim que a banda começa a tocar, o pessoal vai a loucura. Pedro retira o microfone do suporte e canta próximo ao pessoal da banda. Gaspar observa todos alegres, batendo palmas.
2. Alice repara como todos animados, no fundo até acha estranho aquela empolgação toda. Bate palma junto com eles, finge estar animada. Ela estava confusa sem entender o que está acontecendo. Desde quando ela e Manuela ficaram amigas? Olha para o lado, repara Manuela, Thalita e Éster se divertindo.
3. Nathaniel aparece ao lado de Gaspar, os dois se entreolham, em seguida, prestam atenção nos garotos. No palco, Pedro se diverte com a banda. Caminha até a beira do palco, anima o pessoal que começam a cantar com ele.
4. Gaspar observa Alice, sabe que apesar da euforia dos demais, ela não está se sentindo a vontade ali. Pedro e os garotos encerram a música, todos ficam em pé, batem palmas.

NATHANIEL – O que está acontecendo?
GASPAR – O cérebro da Alice está criando este ambiente na cabeça dela, consequentemente, está a mantendo aqui.
NATHANIEL – Descobriu como tirá-la daqui?
GASPAR – Estou tentando.
NATHANIEL – Saiba que se precisar de mim, só chamar.
GASPAR – Eu sei. Não se preocupa, eu vou encontrar uma forma de tirar ela dessa invenção.
NATHANIEL – Vou voltar para o cabaré, então! (desaparece, Gaspar continua observando o pessoal)
THALITA – (abraça Alice) Não vá esquecer da gente, hein. Nos mantenha informada com as últimas tendências de New York.
ALICE – Tá, pode deixar.
ÉSTER – (a abraça) Faça uma boa viagem, amiga. E eu adorei este sapato que você deixou pra mim. (as duas olham para o sapato)
ALICE – Ficaram ótimos em você.
MANUELA – (a abraça) Faça sucesso por lá, querida.
ALICE – Desculpa pelo as coisas que eu fiz com você no passado.
MANUELA – Não se preocupa com isso, está bem. Somos melhores amigas agora e isso tudo ficou no passado. (a abraça novamente) Agora aproveita a viagem, com o seu irmão gato. (sorri, se afasta dela. Alice presta atenção em Pedro, que se despede de seus amigos de banda. Embora esteja sorrindo, algo dentro dela dizia que tinha alguma coisa errada)

Anoitecendo…

[CENA 06 – CASA DE PEDRO/ SALA/ NOITE]
(Pedro vem descendo as escadas, encontra sua tia vindo da cozinha, falando ao celular)
PAULA – Está bem, Viviane. Qualquer coisa, nos avise. (desliga, Pedro se aproxima dela)
PEDRO – A Alice acordou?
PAULA – Ainda não.
PEDRO – Eu queria passar a noite lá, junto com o Felipe.
PAULA – Seu pai está cuidando dela, não se preocupa. Vamos comer?
PEDRO – (de cabeça baixa, apreensivo) Vamos. (os dois vão para a cozinha)

[CENA 07 – CASA DELLE ROSE/ QUARTO – SALÃO/ NOITE]
(Dácio e Daniel estão sentados na cama, de mãos dadas)
DANIEL – Poxa, triste isso que aconteceu com a irmã do Pedro.
DÁCIO – Ao menos ela está fora de perigo, né. Ao contrário de dois que são da equipe dela.
DANIEL – É, vamos torcer para que estes se recuperem e voltar para suas famílias.
DÁCIO – (solta da mão dele, deita-se com a cabeça nas pernas de Daniel) Tem coisas que acontecem com a gente, que nem imaginamos.
DANIEL – O que você quer dizer com isso?
DÁCIO – Ah, sei lá… ontem estava todo mundo se divertindo e hoje estamos tentando superar está tragédia. É por essas e outras que eu pergunto, onde está esse Deus que as pessoas tão clamam por ele?
DANIEL – (sorri, faz carinho na cabeça dele) Deus tem o próprio jeito de agir. O que acontece, é que muitas vezes a gente não entende.
DÁCIO – Pois eu não entendo esse jeito de agir, onde pessoas boas tem que se machucar.
DANIEL – (tenta mudar de assunto, ao vê-lo baixo astral) Que tal irmos lá no salão? A Larissa deve estar cantando a música de abertura da casa. (Dácio senta-se)
DÁCIO – Eu não sei…
DANIEL – Qual é… vamos lá. (levanta-se, o puxa da cama) Vamos nos divertir um pouco. (o puxa para fora do quarto. Ao chegarem no salão, Larissa se prepara para cantar)

[CENA DE MÚSICA – ESPUMAS AO VENTO (FAGNER versão de ELZA SOARES]

Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim 1
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento
Não é coisa de momento, raiva passageira
Mania que dá e passa, feito brincadeira
O amor deixa marcas que não dá pra apagar

Sei que errei, tô aqui pra te pedir perdão 2
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra só pra te dizer
Ai, se eu fosse você eu voltava pra mim de novo

E de uma coisa fique certa, amor 3
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar
E de uma coisa fique certa, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar

Sei que errei, tô aqui pra te pedir perdão 4
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra só pra te dizer
Ah! se eu fosse você eu voltava pra mim de novo

1. Larissa está no centro do palco, algumas garotas estão ao fundo, dançam. Daniel e Dácio caminham de mãos dadas, até uma mesa em frente ao palco.
2. Nathaniel atende um cliente no bar, em seguida presta atenção em Larissa. Salete caminha pelo o salão, cumprimenta os clientes.
3. Larissa caminha pelo palco, se aproxima de algumas garotas. Dácio e Daniel estão curtindo a música no salão. Salete passa pela a mesa deles, sorri e continua andando pelo salão.
4. Larissa volta para o centro do palco, canta os trechos finais da música ali. Encerra a canção, sendo aplaudida por todos. Agradece, sorri e desce do palco.

[CENA 08 – SUBCONSCIENTE DE ALICE]
(Alice está em seu quarto, guarda algumas coisas na mala. Ela está um pouco confusa com o que está acontecendo. Ela ser amiga de Manuela, de sua família está se mudando para Nova York, de Pedro está agindo diferente… tudo estava confuso. Fecha a mala, senta-se na cama, observa seu quarto. Mais uma vez escuta a voz de seu pai)
FELIPE (apenas a voz) – “…sua família está aqui te esperando. Desperta logo desse sono e volta pra gente.”
ALICE – (levanta-se assustada, Gaspar a observa) Sono? (Pedro entra no quarto nesse momento)
PEDRO – Terminou sua mala?
ALICE – Você ouviu?
PEDRO – O que?
ALICE – (olha para cima) A voz do papai…
PEDRO – Eu não ouvi nada. Sério, você tá começando a me assustar com isso. (segura a mão dela) Vem, vamos para o estúdio.
ALICE – (puxa sua mão, se afasta dele) Não, eu não quero ir para o estúdio. Eu não quero cantar. Eu só quero entender o que está acontecendo. (flashes de momentos antes do acidente aparecem em sua mente, sua cabeça doí. Gaspar se aproxima rapidamente dela)
GASPAR – Isso, Alice… lembra-se do acidente. Sua família de verdade está lá fora te esperando.
PEDRO – (preocupado) Alice… você está bem?
ALICE – (flashes do ônibus virando aparecem dessa vez) O acidente… eu sofri um acidente…
PEDRO – (toca no ombro dela) Que acidente? Do que você está falando? (memórias falsas começam a aparecer no lugar, que vai tranquilizando-a. Ela se divertindo com Pedro na praia, ela e o pai brincando no jardim) Você está bem?
ALICE – (olha para irmão, tranquila) Estou. (olha ao redor) O que aconteceu?
PEDRO – (sorri) Nada. (segura a mão dela) Vamos, o papai está nos esperando para jantar. (a puxa para fora do quarto, Gaspar fica chateado)
GASPAR – Droga! (desaparece)

[CENA 09 – HOSPITAL/ QUARTO/ NOITE]
(Gaspar se afasta da cama de Alice, chateado por ter perdido a oportunidade)
GASPAR – Eu não vou te deixar aí. (desaparece do quarto, no momento que uma enfermeira entra para examiná-la)

[CENA 10 – CASA DE PEDRO/ Q. DE PEDRO/ NOITE]
(Pedro está deitado na cama, lendo as mensagens de solidariedade de alguns amigos e fãs de Alice. Gaspar aparece no quarto, caminha até ele. O observa e os olhos de Pedro vão ficando pesados. Em segundos, Pedro agarra no sono, o celular cai em seu peito. Gaspar toca na cabeça dele, fecha os olhos e se concentra)

Amanhecendo…

[CENA 11 – CASA DE ANA/ COZINHA/ DIA]
(Ana está tomando café da manhã, pensativa. Junior entra na cozinha)
JUNIOR – (senta-se a mesa) Soube notícias da irmã do Pedro?
ANA – Não, não conversei com ele hoje.
JUNIOR – Pra quem passa o dia com o celular nas mãos, pensei que vocês trocassem mensagens direto.
ANA – Também não é assim, pai. (olha para seu pai, decidida) Eu tomei a minha decisão, pai!
JUNIOR – (a observa, preocupa-se) Que bom. Confesso que já não aguentava mais tanta demora. Então… você vai continuar morando aqui comigo ou você irá para Madrid, morar com seu tio? (Ana o observa em silêncio, Junior fica ansioso, na espera da resposta)

[CENA 12 – CASA DE PEDRO/ SALA/ DIA]
(Pedro vem descendo as escadas rapidamente, com seu violão nas costas, caminha direto até a porta. Paula entra na sala, o chama)
PAULA – Para onde você vai assim tão apressado, rapazinho?
PEDRO – Bom dia, tia. Eu tenho que ver a Alice.
PAULA – Sim, nos vamos lá vê-la. Mas antes, você precisa tomar café.
PEDRO – Depois, tia… a Alice precisa de mim.
PAULA – Querido… eu sei que você está preocupado com ela, mas…
PEDRO – (a interrompe) Não posso conversar agora, tia. (abre a porta e saí de casa)
PAULA – Esse menino quando coloca algo na cabeça. (pega sua bolsa em cima do sofá, o acompanha) Só minha irmã mesmo para saber lidar com isso. Espera, Pedro… eu vou com você. (fecha a porta)

[CENA 13 – HOSPITAL/ SALA DE ESPERA/ DIA]
(Felipe dorme na cadeira do hospital, Viviane chega e o encontra dormindo de mal jeito)
VIVIANE – (o acorda) Filho… você vai doer suas costas desse jeito.
FELIPE – (sonolento, senta-se normal) Mamãe?! A Alice acordou?
VIVIANE – Eu não sei. Acabei de chegar. Esperava que você tivesse alguma notícia.
FELIPE – (levanta-se) Não, o médico ainda não disse nada.
VIVIANE – Eu trouxe uma muda de roupa para você. Já que você decidiu ficar aqui, até quando a Alice acordar.
FELIPE – (pega a muda de roupa) Só vou embora com a minha filha, mamãe. (Paula e Pedro chegam ao hospital) Filho?
PEDRO – Oi, pai.
PAULA – Bom dia, gente. Desculpem chegarmos desse jeito. É que esse aí, acordou hoje atordoado querendo vir para cá.
FELIPE – Aconteceu alguma coisa, filho?
PEDRO – Eu tive um sonho ontem. Eu ouvi uma música… e eu tenho que cantar essa música para a Alice. (esperançoso) Ela vai acordar quando ouvir, tenho certeza! (os demais se entreolham)

Continua no capítulo 41…

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