“Tudo Que Vai”

 

Daqui seis meses…

[CENA 01 – APARTAMENTO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ NOITE]
(após passar a tarde com Maya, Pedro vai para o apartamento e encontra Samuka se preparando para sair)
PEDRO – (caminha até o sofá) Indo se encontrar com a Mônica?
SAMUKA – Estou. Hoje comemoramos 3 anos de namoro.
PEDRO – Olha, parabéns. Aproveitem.
SAMUKA – Pode deixar, que vamos muito. (caminha até a porta) Estava com a Maya até agora?
PEDRO – Estava. Ela me mostrou bastante coisa no blog da universidade. Conheci os candidatos que estão na fase final da seleção dos novos calouros. (levanta-se, caminha até o Samuka) Aquele tal Carlo canta muito.
SAMUKA – Eu vi alguns vídeos dele. O garoto tem até uma banda, tem até um canal no YouTube.
PEDRO – Sério?
SAMUKA – Ih, parece que a Maya não te ensinou muito bem não, né. Pesquisa aí… No Hables, que você encontrará. Valeu… (saí do apartamento) … e talvez eu não volte hoje! Então… o apartamento é todinho seu! (sorri, fecha a porta)
PEDRO – (sorri) O Sam é completamente maluco. (pega o celular e pesquisa pela a banda de Carlo)

[CENA 02 – APARTAMENTO NOVO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ NOITE]
(Arthur e Elisa estão vendo um filme juntinhos, apesar de ela estar gostando, ele ver o filme sério e pensativo)
ELISA – (fazendo carinho no braço dele) Eu gosto deste musical, Principalmente da atriz. Ela canta muito, não é à toa que foi indicada para um prêmio tony. (Arthur continua em silêncio) A Elizabeth bem que poderia convidá-la para ver o musical, né. (senta-se, olha para ele) Só que eu não sei, talvez eu travaria no meio do palco ao vê-la na plateia. (o percebe sério e pelo visto não ouviu nenhuma palavra que ela disse) Arthur? (o cutuca) Está me ouvindo, Arthur?
ARTHUR – (volta a realidade) Oi?
ELISA – Obrigada por me ouvir. É ótimo conversar com você. (se afasta dele, senta-se do outro lado do sofá)
ARTHUR – Desculpa… estava pensado algumas coisas aqui. O que você estava dizendo?
ELISA – Nada demais. Vamos terminar o filme, que está acabando já.
ARTHUR – (se aproxima dela, começa a beijá-la no pescoço) E se nós deixar esse final pra depois e aproveitarmos um pouco. (a beija na boca, a irritação dela logo desaparece, os dois se acomodam no sofá e esquecem completamente o filme)

[CENA 03 – APARTAMENTO DE ARTHUR (NOVA YORK)/ SALA/ NOITE]
(Pedro está sentado no sofá, com o notebook sobre uma almofada a sua frente. Está vendo alguns vídeos do canal da banda de Carlo, curte o som dele)
PEDRO – Carlo Martínez! (se interessa pelo o candidato, não ver a hora de conhecê-lo. Recebe uma chamada de vídeo nesse momento)
CAROL (por vídeo) – Oi!
PEDRO – (fecha o notebook, sorri) Oi, Carol!
CAROL (por vídeo) – Atrapalho?
PEDRO – Nada. Você nunca atrapalha.
CAROL (por vídeo) – O que estava fazendo?
PEDRO – Só vendo alguns vídeos na internet mesmo. Nada demais. E você?
CAROL (por vídeo) – (exibe alguns livros) Estudando!
PEDRO – (sorri) Como está indo na universidade?
CAROL (por vídeo) – Bem… digamos que para o primeiro semestre, já acumulei noites em sono mais do que na minha vida inteira. (ri)
PEDRO – Mais do que as noites que ficávamos acordado brincando quando éramos crianças lá em Minas?!
CAROL (por vídeo) – Bem mais, pode ter certeza. E seu musical?
PEDRO – Estamos no último mês de ensaios, montagem dos cenários, figurino…
CAROL (por vídeo) – Quando vai ser mesmo?
PEDRO – Dia 26 de Junho. Você virá, né?
CAROL (por vídeo) – Preciso ver o calendário da universidade. Se não me engano…. (procura o calendário em seu caderno) … vai ser na semana de avaliações finais. É, será a semana de avaliações. Desculpa, Pedro… mas acho que não poderei ir.
PEDRO – Vai perder um espetáculo e tanto. O musical tá incrível.
CAROL (por vídeo) – Eu sei o quanto é importante para você, por ser seu primeiro musical e tudo, mas não posso reprovar logo no primeiro semestre.
PEDRO – Sem problema, Carol. Eu entendo completamente. Não posso pedir que você deixe suas coisas de lado pra vim para Nova York.
CAROL (por vídeo) – Sei contar… que alguém aí tá ficando bem popular na universidade, não é mesmo. Então outros musicais virão.
PEDRO – Talvez, não sei… por enquanto, quando este acabar quero ficar longe de musicais. (Carol o observa em silêncio do outro lado) O que foi?
CAROL (por vídeo) – Nada. Só estou com saudades.
PEDRO – Também.
CAROL (por vídeo) – (tenta mudar o clima comovente que ficou) Tem falado com sua irmã?
PEDRO – Não. Desde que participamos daquele programa, não temos mais trocado mensagens.
CAROL (por vídeo) – Pelo que fiquei sabendo, ela parou com a fisioterapia.
PEDRO – Eu não sei mesmo o que está acontecendo com a Alice.
CAROL (por vídeo) – Se fossemos próximas, eu até que tentaria ir lá conversar com ela, mas…
PEDRO – Não, não precisa. Acho que só eu posso entender a Alice, e ajudá-la de verdade.
CAROL (por vídeo) – E posso saber como vai fazer isso estando a alguns quilômetros daqui?
PEDRO – Eu vou pensar em alguma coisa, não se preocupa.

Agora…

[CENA 04 – PRAIA/ DIA]
(Nathaniel e Gaspar após lancharem, decidiram caminhar um pouco pela praia)
NATHANIEL – Então… qual será o plano agora?
GASPAR – Até onde eu sei, sou fisioterapeuta, moro sozinho e irei ajudar a Alice na recuperação das pernas dela.
NATHANIEL – Sabe por quanto tempo?
GASPAR – Isso vai depender dela. Eu bem que gostaria de dar uma mãozinha, mas os superiores não deixaram.
NATHANIEL – Mas a protegida é sua, se você acha que precisa ajudá-la… não vejo problema nisso. Eu fiz isso com a Letícia e…
GASPAR – (o interrompe) Eu não quero interferir muito, sabe? A decisão tem que vir dela. Embora você tenha feito um bom trabalho com sua antiga protegida…
NATHANIEL – (lembra-se dela) Ela deve estar se divertindo com o pai uma hora dessa. (sorri) Mas, vida que segue… preciso cuidar da Larissa agora.
GASPAR – E como anda com ela?
NATHANIEL – Ela avançou na competição de música. E desde a sua última apresentação, percebo que o preconceito das pessoas em relação a ela tem diminuído.
GASPAR – Vitoria ganha então, hein?!
NATHANIEL – Não sei… Arael não me deixa ver isso. Mas que ela chega à final, isso chega. Vejo perfeitamente isso.
GASPAR – Arael só mostra aquilo que convém. Enquanto nós ficamos aqui na expectativa do que vai acontecer. Agora que sou metade humano, será que corro o risco de sofrer um ataque cardíaco? (para de andar, coloca a mão no peito) Estou sentindo meu coração bater mais forte, Nathaniel.
NATHANIEL – (ri) Não viaja, Gaspar. (continua andando, Gaspar está parado, como se tivesse sentindo realmente algo)
GASPAR – Eu tô falando a verdade. (caminha até ele) Vem cá, sente só como está batendo o meu peito.

[CENA 05 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Luana se aproxima da cama de Alice, que continua observando-a)
ALICE – O que você está fazendo aqui?
LUANA – Eu gostaria de ter vindo assim que soube do acidente. (olha para as pernas dela) Eu sinto muito, querida.
ALICE – (vira o rosto para o lado) Vá embora.
VIVIANE – A Luana veio de longe para te ver, filha.
ALICE – (irritada) Eu quero que ela vá embora!
LUANA – Será que poderia nós deixar um pouco sozinhas, Viviane.
VIVIANE – Claro, estarei lá embaixo. (Viviane saí do quarto, Luana senta-se na cama)
ALICE – Eu não quero conversar com ninguém.
LUANA – Eu imagino o quanto está sendo difícil para você.
ALICE – (sente vontade de chorar) Não, não imagina. Não é para você que as pessoas lançam um olhar de pena.
LUANA – Talvez sintam pena dessa Alice que está agora na minha frente. Mas não para a que eu vi crescer. (Alice olha para Luana) Eu sei que nunca tivemos uma boa relação… dessas de mãe e filha, aliás, hoje sabemos muito bem o porquê. Mas mesmo após saber que você não era minha filha, eu ainda sentia um carinho de mãe por você. Fui vendo você crescer, vi se tornar essa garota forte que não abaixa a cabeça para ninguém… acho que se minha filha estivesse viva, eu gostaria que ele fosse um pouco assim como você. (sorri, segura na mão dela)
ALICE – (ainda criando uma barreira à sua frente) Não acha que está um pouco tarde para bancar uma boa mãe agora?! (solta da mão dela)
LUANA – Realmente… mas, justamente por me preocupar com você… (levanta-se) …que estou aqui hoje. Anda, vamos sair dessa cama.
ALICE – Eu não vou sair daqui.
LUANA – Ah, vai sim… (caminha até a cadeira de rodas, a empurra para perto da cama)
ALICE – E nem morta que irei me sentar nisso aí.
LUANA – (sorri) Quer apostar quanto como vai?!

[CENA 06 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO/ DIA]
(Manuela entra no pátio junto com suas amigas, ambas caminham até o banco)
ÉSTER – Você faria isso pela a gente, Manu?
MANUELA – É claro que faria, meninas. Eu posso ter passado para a próxima etapa do vestibular, só que eu não vou fazer. Iremos juntas para a faculdade ano que vem.
THALITA – Só que você passou, Manu. Não acho legal te atrasarmos por causa da gente. (Éster soca forte o braço dela) Aii, por que você fez isso?
ÉSTER – Pra tu parar de confundir a Manu. Não ver que ela está decidida nisso.
MANUELA – E mesmo assim, Thalita… eu passei apenas na prova objetiva. A segunda etapa agora são questões discursivas e a redação. Quem garante que eu vou conseguir passar?
THALITA – Se você se esforçar um pouco, acho que consegue. (é socada novamente por Éster) Aii, de novo?
ÉSTER – Se você não calar essa boca, vou dar outro soco mais forte ainda. Se a Manu se dedicar para o vestibular, ela não vai ter tempo para o programa de música. E nesse caso, ela será eliminada.
MANUELA – Não se preocupa, meninas que já está decido. Eu não vou fazer a segunda etapa. (Éster fica feliz com a notícia, ao contrário de Thalita)

[CENA 07 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ DIA]
(Luana tentou tirar Alice da cama na base do diálogo, como não teve muito resultado, decidiu tentar a força)
LUANA – Desculpa, não queria chegar a isso. (rapidamente a segura forte, a puxa um pouco da cama. Alice esperneia, grita, Luana a segura mais forte, puxando-a mais um pouco) Você vai sair dessa cama e vai pegar um pouco de sol, menina. Você não ver que ficar aqui dentro vai acabar com você.
ALICE – Eu não quero sair daqui. Me deixa, me deixa. (esperneia cada vez mais, e por um descuido, Luana a deixa cair no chão, que a faz machucar o braço)
LUANA – (rapidamente se agacha para ajudá-la) Alice… desculpa, querida. Deixa eu te ajudar. (Viviane entra no quarto)
VIVIANE – (preocupada) O que está acontecendo aqui? Eu ouvi gritos… Alice! (vai até elas e ajuda Luana a levar Alice para a cama)
LUANA – Eu tentei tirar ela da cama, mas não tive muito resultado. Ela acabou caindo no chão.
VIVIANE – Você está bem, filha?
ALICE – (massageia o braço, grita e chora) Eu só quero que vocês me deixem em paz! Saiam daqui! (Luana recua, assustada com o estado dela)
VIVIANE – Deixa eu ver seu braço, filha. Você o machucou?
ALICE – Vão embora daqui, por favor. Me deixem em paz! (Viviane e Luana percebem que ela está muito estressada, decidem deixá-la sozinha)
VIVIANE – Estamos indo. (as duas saem do quarto, preocupadas com o estado de Alice. Sozinha, Alice massageia seu braço, chora)
ALICE – Eu só quero que isso acabe!

[CENA 08 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ SALA DE AULA – CORREDOR/ DIA]
(Pedro está no meio da aula, sente uma angústia enorme dentro de seu peito. Suas pernas não param de mexer embaixo da carteira, Dácio repara no amigo)
DÁCIO – (o cutuca com uma caneta, se aproxima dele) Tudo bem?
PEDRO – Eu não sei. Tô com um aperto no peito.
DÁCIO – Você parece bem angustiado.
PEDRO – Preciso da sua ajuda. (levanta a mão) Professor, licença… é que preciso ir urgente no banheiro.
ANDRÉA – (brinca) Pelo o jeito que suas pernas não param de mexer, deve estar mesmo.
PROFESSOR – Tudo bem, Pedro. Pode ir. (Pedro levanta-se e saí da sala rapidamente. Antes de sair, dar sinal para Dácio o seguir. Segundos depois Dácio ergue a mão)
DÁCIO – Licença, professor… posso ir tomar água?
PROFESSOR – Não demore. (Dácio se levanta calmamente e saí da sala, procura por Pedro pelos corredores)
[CORREDOR]
(Dácio está no corredor que vai para o banheiro masculino, Pedro saí de dentro dele neste momento)
PEDRO – Quanto tempo em média para um assunto ficar entre os mais comentados na internet?
DÁCIO – Bem… isso depende da quantidade de pessoas que estão comentando sobre o mesmo assunto. Pode ser questão de minutos, horas…
PEDRO – Beleza, vou precisar da sua ajuda para levantar um. Depois da aula vamos todos para a casa da Alice. Preciso de mais um favor seu.
DÁCIO – Diga.
PEDRO – Você pode levar minha mochila pra lá. Não vou acompanhar o final da aula. (se afasta dele) Não esquece, hein. Todos na casa da Alice! (saí correndo, direto para a saída. Dácio apenas o observa)

[CENA 09 – CASA DE ALICE/ SALA/ DIA]
(Viviane e Luana estão na sala, Felipe chega em casa, caminha até elas)
FELIPE – Eu vim o mais rápido que pude, mamãe. (olha para Luana, surpreso) Luana? O que está fazendo aqui?
LUANA – Oi, Felipe. (caminha até ele e o abraça) Eu cheguei ontem de viagem. Fiquei sabendo do que houve com a Alice, então vim visitá-la.
FELIPE – E o que houve?
VIVIANE – Bem, a Luana tentou tirar a Alice meio que a força da cama. Isso não deu muito certo e a fez cair no chão.
FELIPE – (preocupado) Como ela está? Ela se machucou?
VIVIANE – Parece que ela arranhou o braço, não sei. Queria ajudá-la, mas ela nos expulsou do quarto.
FELIPE – Eu vou lá, vou ver como ela está.
LUANA – Melhor não, Felipe. A Alice ficou muito estressada com isso…
FELIPE – (a encara, sério) Também… com o que você tentou fazer, feliz que ela não tinha de ficar.
LUANA – Eu só tentei ajudá-la.
FELIPE – Tirando-a a força do quarto não é exatamente um tipo de ajuda.
LUANA – É melhor do que deixar a filha se acabar em uma cama. (Felipe e Luana se encaram, campainha toca. A empregada atende a porta, Pedro entra e vai até Felipe)
FELIPE – Filho? O que você está fazendo aqui?
PEDRO – Que bom que o senhor está aqui, pai. Tive uma ideia de como vamos tirar a Alice daquela cama. (todos olham para ele, curiosos com a ideia)

Mais Tarde…

[CENA 10 – CASA DE ANA/ Q. DE ANA/ TARDE]
(Ana está deitada em sua cama, com o celular nas mãos. Está preocupada com o Alan que até agora não lhe enviou nenhuma mensagem. Chega uma mensagem em seu celular, que a surpreende e a faz sentar)
ALAN (por mensagem) – “Obrigado pelas mensagens de carinho.”
ANA (por mensagem) – (sorri) “Como foi?” (Alan visualiza, porém leva um tempo para responder)
ALAN (por mensagem) – “Acho que fui bem. O resultado deve sair na semana que vem”. (fica offline, Ana deita-se na cama novamente, com um leve sorriso no rosto)

[CENA 11 – CASA DE ALICE/ JARDIM – Q. DE ALICE/ TARDE]
(com ajuda de sua família e de seus amigos, Pedro conseguiu montar um pequeno palco improvisado no jardim, especificamente em frente a janela do quarto de Alice. A banda Órbita Três está ajustando os equipamentos, Dácio está em frente a um notebook, ao seu lado um projetor e um telão branco a sua frente)
PEDRO – (desce do palco, vai até Dácio) Tudo pronto?
DÁCIO – Sim. Assim que você quiser, vou iniciar a live.
PEDRO – E a hashtag?
DÁCIO – Pronta também.
PEDRO – Ótimo. Tu é o cara, Dácio. (o abraça, volta para o palco. Dácio sempre fica envergonhado quando Pedro faz isso. No palco, Pedro fica em frente ao microfone, dá sinal para Dácio, que pega o celular e inicia a live) Boa tarde, pessoal! Vocês devem me conhecer, assim como devem estar reconhecendo este jardim bonito. (Dácio mostra o jardim) Estou na casa da minha irmã cabeça dura, Alice, que insiste em querer por um fim a tudo que construiu até aqui, por simplesmente tropeçar na primeira pedra em seu caminho. (olha para janela do quarto dela, fala um pouco mais alto) Estamos ao vivo, Alice. Você não quer descer até aqui e dar um oi para seus seguidores?
[Q. DE ALICE]
ALICE – (deitada em sua cama, com o rosto ainda cheio de lagrimas, escuta a voz do irmão, olha para a janela) Pedro?
[JARDIM]
PEDRO – (olha para a janela, não recebe resposta alguma. Olha para o celular na mão de Dácio) Estão vendo só como ela é teimosa? Por isso, chamei esse pessoal bacana aqui para me ajudar com esse protesto musical. (fala alto para que Alice escutasse) Iremos cantar uma sequência de músicas embaixo de sua janela, Alice… até você cansar e sair desse quarto. E não iremos parar até isso acontecer, hein. (os garotos da banda se entreolham, um pouco receosos) Enquanto tocamos, quero pedir algo para vocês, seguidores da minha irmã. Que postem mensagens de incentivos para essa cabeça dura, com a #AliceSaíDaCama. As mensagens de vocês irão aparecer neste telão aqui ao meu lado e irão mostrar para aquela teimosa ali, que ela é importante para um monte de gente. (sorri) Conto com vocês, hein. (olha para Ramon) Vamos lá! (a banda começa a tocar)

[CENA DE MÚSICA – CASINO BOULEVARD (ROSA DE SARON)]

Se ganhou, suspire, se perdeu, aprenda 1
Porque é hora de ser, não demore ou
Vai perder sua aposta, agora é a hora
Escolha bem suas cartas, o seu jogo já vai começar

O lance está no ar, é só você gritar bem alto, alto
Mas se prepare, prepare
Porque nada no mundo é de graça
Você pode até ter medo
Mas ande, caminhe, e só não pare, não pare

Qual é o seu limite? Até onde aguenta? 2
Se tudo aqui tem prazo, qual é o seu?
Pois tudo aqui tem um porque
A vida é o casino e você, a ficha
Nunca permita que a sua felicidade dependa
De algo que possa perder
(O lance está no ar)

O lance está no ar, é só você gritar bem alto, alto 3
Mas se prepare, prepare
Porque nada no mundo é de graça
Você pode até ter medo
Mas ande, caminhe, e só não pare, não pare nunca!

Todos querem uma fatia da sua glória
Todos todos querem apostar a sua vida
Sua graça, sua culpa, sua calma, sua alma

O lance está no ar, é só você gritar bem alto, alto 4
Mas se prepare, prepare
Porque nada no mundo é de graça
Você pode até ter medo
Mas ande, caminhe, e só não pare, não pare

Nada no mundo é de graça

1. Os garotos começam a tocar, Pedro canta olhando para a janela de Alice. Dácio levanta-se de sua cadeira, se aproxima do palco. Felipe, Luana e Viviane o observam.
2. Alice escuta o irmão catando e mesmo criando uma barreira a sua frente, ela escuta atentamente a música. Gaspar aparece no quarto, porém ela não o vê. Ele caminha até a janela, observa Pedro lá embaixo.
3. Viviane se afasta de Felipe indo em direção a entrada da cozinha, ele e Luana continuam observando os garotos.

LUANA – (se aproxima do ouvido dele) Esse garoto se parece muito com você, quando era mais jovem. (Felipe sorri)
FELIPE – Eu sei!

4. Viviane entra no quarto de Alice, ao ver sua avó, ela logo fica com cara emburrada, como se  não tivesse gostando da música. Lá no jardim, os garotos encerram a música, todos olham para a janela a espera de alguma resposta.

VIVIANE – Seu irmão preparou algo incrível lá embaixo.
ALICE – O problema é dele, se pensa que eu vou sair daqui.
VIVIANE – Não faz isso, querida.
ALICE – Mandem todos embora. Eu quero ficar sozinha e em paz. (Viviane caminha até a janela, a abre e grita lá de cima. Gaspar foi para o outro lado, a observa)
VIVIANE – Ela pediu que todos fossem embora.
PEDRO – Nós não vamos até você sair daí, Alice.
ALICE – (irritada) O Pedro sabe muito bem que eu odeio músicas brasileiras. Eles podem cantar quantas quiserem, eu não vou sair daqui.
VIVIANE – Ela disse que você sabe muito bem que ela não gosta de músicas brasileiras e de que não vai sair da cama.
PEDRO – Eu sabia que você iria dizer isso, Alice. Bem, lamento mais para o seu conhecimento, isso não vai parar até você sair daí, dure o tempo que for. Gostando ou não de músicas brasileiras, é isso que você vai ouvir. (olha para os garotos, que começam a tocar outra)

[CENA DE MÚSICA – TUDO QUE VAI (CAPITAL INICIAL)]

Hoje é o dia 1
E eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro

Salas e quartos 2
Somem sem deixar vestígio
Seu rosto em pedaços
Misturado com o que não sobrou
Do que eu sentia
Eu lembro dos filmes que eu nunca vi
Passando sem parar em algum lugar

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais

Fica o gosto, ficam as fotos 3
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais

Quanto tempo
Eu já nem sei mais o que é meu
Nem quando, nem onde

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais

Fica o gosto, ficam as fotos 4
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais

Eu nem me lembro mais
Eu nem me lembro mais
Eu nem me lembro mais
Eu nem me lembro mais

1. Ao ouvir outra música, Alice imediatamente pega seu travesseiro e o coloca ao redor de sua cabeça, tampa seus ouvidos. Gaspar a observa, caminha até a cadeira de rodas, senta-se e a observa.

GASPAR – Seu irmão tá determinado, vamos ver quem vai ceder primeiro.

2. Dácio caminha pelo o jardim, transmite os garotos na live. Olha para o telão ao lado e os primeiros comentários começam a aparecer. Ele volta para a mesa de computador.
3. Pedro se aproxima de seus amigos, alguns cantam junto com ele, ambos parecem animados. Luana e Felipe estão curtindo a música dos garotos, e constantemente também olham para a janela de Alice.
4. Pedro volta para a sua posição inicial, olha para janela. Viviane não está com uma das melhores expressões lá em cima, já que Alice continua com o travesseiro tampando seus ouvidos.

Anoitecendo…

[CENA 12 – CASA DE ALICE/ JARDIM – Q. DE ALICE/ NOITE]
(de música em música o tempo foi passando e o cansaço foi chegando. Embora na live tenha várias pessoas acompanhando, comentando, elogiando Pedro e pedindo para Alice sair, os garotos da banda não aguentam mais)
RAMON – (se aproxima de Pedro, cansado) Cara… você pretende continuar com isso mesmo?
PEDRO – Pretendo. Até ela sair dali.
RAMON – (olha para seus companheiros de banda) Desculpa, mas… estamos tocando a quase 4 horas seguidas. O pessoal precisa de um descanso. (Pedro olha para os garotos, compreende)
PEDRO – Tranquilo. Podem ir, sem problema. Só o fato de terem me ajudado até aqui, já significa muito.
RAMON – Você também parece cansado. Por que não faz uma pausa?
PEDRO – Não posso agora. (olha para a janela)
RAMON – Nós vamos em casa, iremos tomar um banho, descansar um pouco. Mas vamos continuar torcendo para você conseguir isso.
PEDRO – Valeu. (abraça Ramon, vai até os garotos) Obrigado pessoal, por tudo. (os garotos saem do palco, Pedro fica sozinho, olha para a janela de Alice)
[Q. DE ALICE]
(após observa os garotos irem embora, Viviane se afasta da janela, se aproxima de Alice)
ALICE – Eles finalmente pararam?
VIVIANE – Não, quer dizer… pelo menos não o seu irmão.
ALICE – Mas a banda parou de tocar, eles não cansaram ainda?
VIVIANE – A banda talvez, mas o Pedro continua lá embaixo. E ele está decidido em continuar com isso.
ALICE – (olha para o teto) Como ele é teimoso. Se continuar cantando assim, pode acabar prejudicando sua voz.
VIVIANE – Sabe que ele tá fazendo tudo isso por você. (Alice observa sua vó, porém não quer dar o braço a torce, fica emburrada novamente)
ALICE – Que continue então. Daqui eu não saio. (Gaspar, que está ao lado dela, a observa sério)
GASPAR – Eita que você é teimosa, hein. (desaparece e em seguida, aparece ao lado de Pedro)
[JARDIM]
GASPAR – Aguenta firme, garoto. (pensa em tocá-lo e ajudá-lo com o cansaço de seu corpo, mas isso estaria interferindo no destino, então recua. Pedro caminha até o violão ao lado, o pega e volta para o microfone. Já usou completamente seu repertório de músicas nacionais, o jeito era apelar para as músicas favoritas de sua irmã)
PEDRO – (olha para a janela) Se você quer assim, então que seja! (olha para o violão, se prepara para tocá-lo)

Continua no capítulo 46…

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