Juca retira o capacete da cabeça quando encosta a moto perto da rodoviária de São Roque. Avista Lúcia com uma mala de rodinhas se aproximar dele.

Juca: Você estava desesperada na ligação, o que é? O que deseja falar comigo de tão urgente?

Lúcia: Estou indo pra São Paulo, quero que vá comigo, por favor, Juca!

Juca: Não posso Lúcia, acabei de matar dois policiais, preciso ficar fora de vista por uns dias até as coisas esfriarem.

Lúcia: Você o quê? Fala na maior tranquilidade? Ai Juca, eu não acredito! O que deu em você, hein?

Juca: Estava de cabeça quente com aqueles fardados! O que já foi, já foi! É passado, não dá pra voltar atrás. Não se preocupe, eu saí rápido do local e tô bem vivo como pode ver!

Lúcia: Por quê? Por que você se meteu nesse rolo? E se a polícia te pegar? Você nem deveria tá aqui, está correndo risco!

Juca: Ei, ei! Fala baixo! Sei me cuidar. Não entendi ainda porque você está indo pra São Paulo de uma hora pra outra, que história é essa?

Lúcia: O Rodrigo, o maldito do meu marido descobriu nosso caso e me colocou na rua, ele sabe da gente Juca! O pior, sabe dos negócios com drogas! Entendeu o perigo? Ele localizou o seu esconderijo, precisa fugir urgente!

Juca: Que merda! Eu vou matar aquele miserável, eu vou matar!

Lúcia: Depois pensamos nisso, o mais importante agora é você encontrar um novo canto pra se esconder, não sei do que o Rodrigo é capaz!

Juca: Tá bom. De boa. Eu tenho um lugar pra ficar, tô ligado! Mas como o corno conseguiu as  informações? Ele te seguiu?

Lúcia: Sim. Ele contratou um detetive que me investigou, tirou fotos… Só promete que tomará cuidado? – ao dizer as últimas palavras lhe dá um beijo rápido. Juca retira dinheiro da jaqueta e entrega um maço nas mãos dela.

Juca: Acho que dá pra você se virar por um tempo, me liga e passa o número da sua conta que deposito um valor maior.

Lúcia: Quando você vai?

Juca: Me dá uns dias pra resolver as coisas, tá? Eu te ligo quando tiver a caminho, beleza?

Lúcia: Te aguardo. Vou pegar o ônibus. – solta das mãos dele. Arrasta a bagagem e chega na rodoviária. Ao olhar pra trás recebe uma piscada de Juca que põe o capacete e some com a motocicleta.


De volta ao laticínio, Rodrigo entra no escritório de Carlos com uma pilha de documentos e joga na sua mesa. Nesse momento Carlos que estava dormindo com as pernas escoradas pra cima, acaba acordando com o barulho dos papéis.

Rodrigo: Vamos trabalhar vagabundo?

Carlos: Ei, tá louco? Não sou vagabundo não, estava tirando um cochilo, olha como você fala comigo!

Rodrigo: Vagabundo sim, dá mais raiva saber que minha filha está tendo um caso com um lixo como você! Assina logo os papéis!

Carlos: A Laura me ama e eu a amo também, em breve vamos ficar juntos quando ela tirar uma boa grana do casamento com o trouxa do Roberto!

Rodrigo: Termina de assinar que não tenho tempo a perder com você! Preciso das assinaturas para autorizar as retiradas.

Carlos: O golpe, você quer dizer? Tem certeza que o Roberto não desconfiará de nada? Os valores são muito altos!

Rodrigo: Você não quer a metade da grana?

Carlos: Claro que eu quero, mas…

Rodrigo: Então assina! O idiota do Roberto nunca se importou com o orçamento do laticínio, ele confia cegamente na sua administração. Será a desculpa perfeita, temos que aproveitar a oportunidade!

Roberto: Oportunidade? De que oportunidade vocês estão falando? – chega de repente no final da conversa para a surpresa de todos.

Rodrigo: Oi Roberto, boa tarde! Não sabia que passaria no laticínio hoje, mas que bom vê-lo meu genro, posso te chamar assim? Falta pouco para o casamento, hein?

Roberto: É. Falta mesmo, boa tarde pra vocês! Eu realmente não ia passar, mas sobrou um tempinho. Queria ver como estão antes de viajar pra lua de mel. Vão precisar de algo? – diz enquanto aperta a mão de Rodrigo e Carlos.

Carlos: Está tudo em ordem amigão! Estava terminando de assinar a compra de maquinário e embalagens.

Rodrigo: Correto, eu e o Carlos estávamos comentando da oportunidade que temos para aumentar os lucros do laticínio, as encomendas estão crescendo, portanto temos que investir na fabricação!

Roberto: Claro. Preciso da ajuda de vocês durante a viagem, por favor, façam o melhor para o laticínio.

Carlos: Pode contar conosco, amigo! Você tem que relaxar e se preparar para curtir o seu casamento.

Rodrigo: Pena que não vai ter festa!

Roberto: Eu prefiro sem festa Rodrigo, quero algo simples e discreto. Vamos pegar a certidão de casamento no cartório e partir pra viagem, a Laura também concordou desse jeito.

Rodrigo: Tá certo. Após vários anos de namoro, tá na hora de casar, me dá um abraço, meu genro! – dando um sorriso e abraçando Roberto enquanto Carlos faz uma cara de nojo sem que eles percebam.

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Música de encerramento: Harry Styles – Sign of the Times Tema: Livre

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