Eduardo, Carolina e Catarina chegam à zona leste de São Paulo.
Carolina: É a residência que alugou? – olha curiosa.
Eduardo: Bonitinha, né Carol? – retira as bagagens do porta-malas.
Carolina: Adorei, tô vendo que tem bastante espaço!
Eduardo: Feliz que você gostou.
Carolina: Preocupada… Não me sinto bem com você nos sustentando.
Eduardo: Ei! Há quanto tempo nos conhecemos? Te ajudarei no que for preciso. Aliás, toma o endereço de uma amiga que está contratando. O salário é baixo, se tiver afim… – entrega o planfeto com informações.
Carolina: Claro Edu.
Eduardo: E você Cacá? O que tá achando da cidade grande? Amanhã sua tia te leva pra matrícula na escola. Se quiser, pode trabalhar meio período no pet shop.
Catarina: Eu topo!
Amanhece, Roberto e Laura assinam a certidão de casamento no cartório para a surpresa de todos.
Após o evento, Roberto abraça Jorge, assim como Laura se despede de Rodrigo que os seguiram até o aeroporto de Guarulhos.
Roberto: Pai, ficarei alguns dias fora, portanto de olho no laticínio, por favor?
Jorge: Ok.
Laura e o marido vão para o embarque rumo a Buenos Aires.
Jorge: Por fim, a Laura conseguiu se casar com meu filho. Bem vindo a nossa família Rodrigo! – os dois trocam olhares e ele responde apenas com um sorriso discreto.
Minutos depois de se afastar do fazendeiro, Rodrigo resmunga sozinho.
Rodrigo: Você nem imagina o que te aguarda, velho maldito.
Eduardo buzina em frente ao estabelecimento de Lúcia e ela abre a garagem.
Lúcia: Quando disse no celular que se mudou, quase não acreditei!
Eduardo: Como perdi o cargo na fazenda, não tinha motivos pra continuar em São Roque. Aliás, pensei no que você falou, será melhor para a venda dos animais.
Lúcia: Certeza querido, você só terá que se deslocar às vezes pra buscar os bichinhos que o Zeca capturar da mata.
Eduardo: Enquanto o caipira faz o trabalho difícil, nós ficamos com a parte fácil que é oferecer aos compradores.
Lúcia: Avisa o Zeca pra arranjar outros, principalmente saguis e répteis. Tenho vários contatos pedindo, principalmente do exterior.
Eduardo: Levarei eles para o depósito da loja pet, o esconderijo perfeito. – carrega as gaiolas para o carro dele.
Lúcia: Ótimo que está levando! Muitos morrem, é um sacrifício se livrar das carcaças.
Eduardo: A Carolina que comentei com você na semana passada, vem pra ver a vaga de emprego! Tô indo, me liga Lúcia.
Lúcia: Beleza.
O automóvel de Eduardo sai e Juca agarra Lúcia por trás.
Juca: Quem estava aí?
Lúcia: Que susto Juca! Era o meu sócio dos negócios… – fala ao levar beijos no pescoço.
Juca: Negocia comigo na cama, hein lindona…
Lúcia: Agora não amor, mais tarde, tá?
Juca: Eu espero. Não aguento ficar trancado, doido pra curtir o sol e passear no bairro!
Lúcia: Cuidado Juca, não se esqueça de que você está sendo procurado pela polícia.
Juca: Tô esperto. – coloca os óculos escuros e boné.
Gustavo encosta a bicicleta no bar de Maria e encontra Isadora alimentando a irmã Ana na companhia da avó que prepara o almoço.
Gustavo: Ué mãe, não trabalhou hoje?
Isadora: Não filho, folga finalmente. Aproveitei e fui à delegacia de manhã pra vê se tinha notícias do seu irmão, mas nada.
Maria: E você Gustavo? Não ouviu falar do Guilherme?
Gustavo: Não vó. Esqueçam o Guilherme! Tantos dias sumido… Deve estar morto.
Maria: Nem brinca menino! É seu irmão! – grita alto derrubando uma panela que lavava na pia.
Gustavo: O que gostaria de escutar?
Maria: Ainda tenho esperança que ele está perdido pelas redondezas ou com o miserável do Juca!
Isadora: Aposto que o Guilherme se meteu nos crimes do Juca!
Maria: Esse assunto me faz mal.
Isadora: Gustavo, guarde a mochila pra comer.
Gustavo: Tá.
Isadora: Vamos visitar a casa nova que o Zeca está pintando! – pega Ana no colo.
Maria: Também quero Isa!
Moisés se aproxima do barraco com dificuldade segurando uma garrafa de pinga pela metade. Ele se lembra do que Carlos disse da última vez que o viu e bebe um gole. Melissa o socorre.
Melissa: Caramba! Tava bebendo? Me dá a garrafa! – arranca das mãos dele.
Moisés: Não Mel! Não joga a pinga fora! – reclama embriagado.
Melissa: Tomar um banho gelado e um café pra se recuperar da ressaca…
Moisés: Não! Devolve a cachaça, devolve…
Melissa: Bebeu demais! Precisa descansar… – ela arrasta Moisés.
Moisés: Mereço morrer! Por que não morri no lugar da sua mãe? Por que Mel?
Melissa: Pare de dizer asneiras, se levanta!
Moisés: Me desculpa Mel, me desculpa! O Carlos tem razão, arruinei a vida das pessoas…
Melissa: Anda pai!
Carolina caminha na calçada de uma rua movimentada da metrópole observando comércios ao redor e localiza o local que Eduardo indicou. Ela entra na lanchonete que tinha poucas mesas ocupadas e se depara com Lúcia no balcão.
Carolina: Boa tarde.
Lúcia: Boa tarde, pois não?
Carolina: Meu nome é Carolina, o Edu me disse que precisava de ajudante…
Lúcia: Ah, o Edu! Ele avisou que você vinha! Sou a Lúcia, prazer! Necessitando de alguém pra limpar as mesas, servir os clientes, porém a remuneração não é grande coisa…
Carolina: Qualquer valor que puder auxiliar nas despesas serve!
Lúcia: Ótimo, vou tirar o cartaz que colei na parede.
Carolina: Então, quando começo?
Lúcia: Agora mesmo querida! Irei rapidinho no Banco e você fica aqui pra mim? – volta ao balcão, fornece um avental, toca e luvas descartáveis para Carolina.
Carolina: Claro.
Lúcia: Te mostrar primeiro a cozinha e a tabela de preços…
O laticínio funciona em ritmo acelerado, produção de manteigas, queijos e fermentação do leite. Rodrigo acorda Carlos que dormia no escritório.
Carlos: A Laura e o Roberto se casaram realmente?
Rodrigo: Não te interessa.
Carlos: Sabe que me interessa! Você gostando ou não Rodrigo, eu e a Laura nos amamos! Deveria se acostumar.
Rodrigo: É convencido, hein rapazinho? Respondendo a sua pergunta, sim. A Laura se casou com o Roberto, fui testemunha no cartório e acompanhei o casal no aeroporto onde partiram pra lua de mel.
Carlos: Obrigado por responder. Complicado compartilhar a minha amada com aquele otário! O importante é que ela conseguiu o que desejava, planejou por tantos anos…
Rodrigo: Nós planejamos. Laura fez exatamente o que eu mandei, pensando no nosso futuro! A única merda que não pude evitar foi que ela tivesse um brinquedinho como você.
Carlos: Brinquedinho? Está enganado Rodrigo, eu e a Laura somos mais que isso.
Rodrigo: Eu não vim falar sobre você. Somente comunicar que farei uma breve viagem.
Carlos: Viagem? Pra onde?
…
Música de encerramento: Iron Sky – Paolo Nutini Tema: Livre