Rodrigo e Laura se aproximam do túmulo de Carlos no cemitério. Localizam Melissa que consola Moisés desesperado em cima do caixão, bebendo uma garrafa de pinga. Moisés repara na presença dos visitantes e reage furioso.
Moisés: O que vocês estão fazendo aqui? O que fazem aqui? – se altera com a voz embriagada.
Rodrigo: Moisés…
Moisés: Assassinos! Vocês mataram o Carlos! Vocês mataram… — Melissa tenta conter Moisés que avança indignado.
Laura: Eu o amava…
Moisés: Mentira!
Rodrigo: Moisés… Viemos nos despedir!
Moisés: Fora urubus! Arruinaram a vida dele… Cai fora malditos! Fora! – grita agarrado por Melissa.
Rodrigo: Vamos Laura.
Laura: Preciso encontrar o Roberto. Você dirige o carro que eu pego um táxi.
Rodrigo: Temos que acelerar os planos.
Laura: Esperou tanto tempo, custa esperar um pouco?
Rodrigo: Termine de uma vez o que começou ou eu mesmo terei que agir. — observa Laura partir e se assusta ao sentir alguém encostando no ombro.
Moisés: Coragem de usar a própria filha pra enfrentar uma briga que é sua?
Rodrigo: Ao contrário de você Moisés, eu sempre tive apoio dela. A Laura entende a minha dor. A justiça será feita.
Moisés: Não é assim que se faz justiça Rodrigo, por mais doloroso o que tenha passado. Ninguém compreende melhor o seu sofrimento quanto eu que te ajudei naquela época. Só vai sangrar o coração mexer na ferida!
Rodrigo: Enquanto a família Corais não tiver o que merece, continua sangrando. — larga Moisés sozinho.
Algumas horas voam, Roberto aguarda ansioso notícias de Jorge após tomar vários copos de café e rodear o corredor da emergência. Ergue a cabeça ao escutar o barulho do salto alto da esposa.
Laura: Amor… Não vim antes porque odeio hospitais, jamais ia te abandonar nessa situação. – abraça Roberto ao notar o rapaz com o cabelo bagunçado, abatido e cheio de olheiras.
Roberto não consegue dizer nenhuma palavra e se afasta de Laura para controlar a tristeza.
Roberto: Laura… Tô com medo de perdê-lo…
Laura: Como ele tá?
Roberto: Muito mal, muito mal…
Laura: Indo ali trazer algo pra você comer, já venho!
Roberto: Não quero.
Laura: Quer sim, necessário se alimentar.
Ela sai apressada e corre pra lanchonete que fica perto. Senta ao lado do médico que viu anteriormente.
Doutor Joel: Demorou!
Laura: O Rodrigo te contou tudo, né?
Doutor Joel: Ele informou o mínimo, porém não importa. Me avisou que você entregaria o pagamento.
Laura: Confere. – fornece um pacote que tira da bolsa.
Doutor Joel: Aceitando pela amizade do Rodrigo.
Laura: kkkkk! Não me engana doutor Joel, sei que é por dinheiro. Ciente que solicitou a transferência urgente de onde trabalhava na capital ao descobrir o que ganharia.
Doutor Joel: Confesso que a grana me motiva, mas nem arriscaria a profissão caso não conhecesse o Rodrigo.
Laura: Pode confiar Joel.
Doutor Joel: Presta atenção Laura. Terá que ser esperta. Te explicarei os detalhes do esquema!
Maria, Carolina e Catarina visitam o túmulo de Eduardo na zona leste de São Paulo.
Carolina: Apesar do que aconteceu, descanse em paz Edu.
Lúcia: Carolina! – chega de repente na frente de Carolina.
Catarina: Sacanagem procurar a Carol depois do que provocou!
Lúcia: Vim apenas conversar…
Maria: Ela não tem nada pra falar com você.
Carolina: Ei!
Lúcia: Me perdoa Carolina? Me perdoa? — escorre uma lágrima.
Carolina: Difícil engolir a decepção! Você Lúcia, o Zeca e o Eduardo traficavam animais da reserva ambiental, justo eu que defendia a preservação da mata… Te considerava uma amiga… – olha fixamente pra Lúcia.
Lúcia: Bastante arrependida. Não imaginava as consequências do que fiz. Eu juro…
Carolina: O rancor somente piora a situação, portanto eu te perdoo Lúcia. – estende as mãos e Lúcia chora nos braços de Carolina.
Lúcia: Obrigada Carol. Obrigada de verdade. Me sinto péssima pela tragédia.
Maria: Um final triste, o Eduardo pagou com a vida.
Carolina: A cidade traz recordações ruins. O que desejo agora é retornar pra São Roque.
Lúcia: Vou junto com vocês!
Carolina: Claro.
Lúcia: Voltarei disposta a resolver pendências que ficaram lá.
Melissa arrasta Moisés jogado diante da cova de Carlos.
Melissa: Pra casa! Anoitecendo!
Moisés: Me solta Mel…
Melissa: Infelizmente o Carlos morreu…
Moisés: Não irei abandoná-lo…
Melissa: Pai…
Moisés: O Carlos tava certo. Sou culpado pela morte da Isabela, sua mãe! Ela tinha anemia e teve complicações durante a gravidez. Eu trabalhava no laticínio e ao invés de comprar os remédios dela… Disperdiçava na cachaça…
Melissa: Pare de lembrar isso!
Moisés: O seu irmão era uma criança… Implorava pra que Isabela não morresse… Tarde demais… Ela ficou um período sem tomar os medicamentos e não resistiu no parto logo que você nasceu… Não suporto o remorso Mel… Eu não presto!
Melissa: Vem, anda! – se esforça pra retirar Moisés do lugar que dá início a uma chuva.
Em seguida, Laura prossegue em direção de onde Carlos foi enterrado. Ela permanece refletindo na tempestade e se refresca nos pingos de água que molham o corpo.
…
Música de encerramento: Alan Walker – Faded Tema: Livre