Custódio chega na sala, e fica bravo com Ba. Ela balança uma criança. — Faça essa criança ficar quieta.

Ba em desespero. — Eu não consigo fazê-lo parar de chorar.

Custódio tapa os ouvidos. — Não aguento mais ouvir o choro dele.

Ba – Não sei o que faço, acho que ele está sentindo a falta da mãe.

Raquel aparece na entrada da porta – Leve-o de volta para a mãe, não faça isso com o seu filho.

Custódio pega a criança. — Dê-me o menino, vou levá-lo de volta para a mãe. — O menino para de chorar. Ele olha Ba — Você quem não sabe cuidar dele, isso sim.

Custódio se mexe na cama. Ele se vê entrando pela porta da cozinha, rapidamente olha para uma mulher pálida, usando roupa preta, com olheiras roxas, e olhos avermelhados.

Mulher — Estou à sua espera. Venha para os meus braços.

Custódio escuta novamente o choro da criança, pula na cama, acordando assustado. Fica aliviado ao ouvir o choro que vinha da casa vizinha. Ele arruma o travesseiro, se mexe na cama, sem conseguir dormir, vai na janela, olha em direção de onde vem o choro do bebê.

Na enfermaria do hospital. Custódio conversa com Dr Pedro. — Fiquei tanto tempo longe da minha casa, morando aqui no Hospital com a Giza, que nem sei mais quem são os meus vizinhos. Pior que, enquanto a criança chorava eu sonhava brigando com a Ba, dizendo que ela não sabia cuidar do menino. Ainda bem que o choro me acordou quando comecei a ter pesadelos. E a criança chorou o resto da noite, parou quando amanheceu. Por pouco, não fui saber o que acontecia com a criança. Na verdade, não fui lá para que os pais não pensassem que o choro estava me incomodando.

Dr Pedro – Você disse que a criança parou de chorar quando amanheceu?

Custódio — Sim!

Dr Pedro ri. — Acho que sei quem é o seu novo vizinho chorão. A avó veio trazer ele aqui no hospital quando o sol começou sair. Disse que o menino chorou a noite inteira. Não encontrei nada de errado com ele. Está se alimentando bem, apenas chora, mandei levá-lo de volta para casa. Eles vieram de outra cidade, faz poucos dias, o menino deve estar estranhando a mudança. A mãe tem dois bebês, são gêmeos. A avó disse que a menina é calma, mas o menino dá trabalho pelos dois.

Enfermeira chega na porta – Dr Pedro, o bebê chorão voltou. A avó disse que ele não para de chorar. Que está quase deixando ela e a mãe malucas.

Dr Pedro para Custódio. — Vá, dar boas-vindas para o seu novo vizinho, no meu lugar?

Custódio — Vou fazer um acordo com ele. Chorar só quando eu tiver pesadelos, assim me acorda.

Na sala de atendimento Custódio examina o bebê que chora. Estela, entra e se aproxima: — Precisa de ajuda, doutor, com o garotão? – olha para a avó também ali na sala – Como ele se chama?

Laura — Roberto.

Custódio e Estela entreolham tensos. Ela sorri. — Roberto que vai. Roberto que vêm. Assim é a vida!

Custódio atento ao menino coloca a mão no peitinho dele. — Seja bem-vindo Roberto, e será que pode me dizer o que está acontece com você?

O menino para de chorar.

Estela pega o pezinho dele, olha seriamente.

Custódio também olha.

Avó explica: — Uma mancha de nascença que ele tem no pé.

Estela — Engraçado! Eu tenho uma mancha de nascença quase igual, no meu pé. Isso é normal doutor?

Custódio — Sim! Lembro que meu pai também tinha uma. Bom, não sei direito, lembro disso vagamente. Nem mesmo sei como era. – se refere a avó – O certo é deixá-lo em observação no hospital, pelo menos até amanhã. A mãe terá que vir alimentá-lo nas horas das mamadas já que tem outro bebê.

O bebê sorri, quando Estela brinca com ele.

Avó se alegre – Ele gostou de você, é a primeira vez que eu o vejo alegre. Ele só chora o tempo todo.

Estela com o bebe nos braços. — Já que você gostou de mim Roberto, acho que não vou deixar a sua avó levá-lo embora. Vou pegar você pra mim. – sorri – Ele é tão lindo!

Custódio brinca, se referindo a mulher. — Contrate os serviços da Estela, nas horas que ela não estiver trabalhando no hospital. Estela é uma boa pajem. Até de mim cuida, de vez em quando, então, não vou abrir mão dos serviços dela. – os três riem.

O bebê dorme.

Custódio — Não falei! Estela é especialista em calmar as pessoas. E ele está bem. Não teria dormindo tão rápido se tivesse dor.

Laura — Minha filha está apavorada, pensando que o menino está doente. Tanto que viemos morar perto do hospital.

Custódio — Acho que sei onde moram. Somos vizinhos. Ouvi o choro do seu neto quase a noite inteira. Por pouco não fui lá saber o que acontecia. Quando ele começar a chorar, sem parar, traga-o aqui para Estela cuidar.

Estela — Vai ver ele já ouviu falar de mim, e isso me alegra, não estou sozinha no mundo.

Custódio olha-a sério. Laura pega a criança, agradece e vai embora.

Custódio fala com Estela — Você não conseguiu encontrar pista do seu pai?

Estela aponta para o alto: — Acho que tem alguém lá encima, brincando comigo.

Custódio — Como assim?

Estela — O doutor promete não brigar comigo?

Custódio — Por que eu brigaria com você?

Estela — Eu menti quando falei que…

Enfermeira chega na porta ¬— Doutor, uma emergência.

Rapidamente ele acompanha a enfermeira.

Laura em casa, fica brava com Raquel. — Agora entendi porque você ofereceu uma fortuna na compra desta casa. Tive que ir no hospital para descobri. Você não devia ter escondido isso de mim, Raquel, sou a sua mãe.

Raquel — Eu não queria que a senhora pensasse que eu comprava a casa, só para me aproximar do doutor. Fiz isso pelo seu neto.

Laura — Deve ter sido mesmo, foi através da boca do pai dele, que descobri que somos vizinhos.

Raquel — A senhora não falou meu nome?

Laura — Claro que não. Você me pediu para não dizer.

Raquel observa o filho recém-nascido dormindo tranquilo. — Ele parece tão tranquilo agora.

Laura — Os dois médicos falaram a mesma coisa. Que não tem nada de errado. Pelo menos nada encontraram.

Raquel — Eu não iria me perdoar nunca, se meu filho estivesse doente, sabendo que o pai pode cuidar dele muito bem.

Laura — Força do sangue! Do espirito! Você sabe o que é isso, Raquel? São duas forças muito fortes que passam energias positivas, e meu neto parou de chorar quando o pai conversou com ele. Tocou no peitinho dele, que sentiu a voz do sangue, então, não é certo você separar pai e filho.

Raquel — Mãe, eu jamais quero que doutor pense que estou perto dele por não saber cuidar direto do meu filho. E não estou separando os dois. Como a senhora disse, eu paguei o dobro do valor desta casa para que o dono pudesse me vender. Fiz isso para que o doutor cuide dos filhos dele, quando eles precisarem do seus cuidados como médico. O doutor não vai poder me culpa depois, em manter as crianças longe dele.

Laura — Já sabemos que o doutor ficou viúvo, quem sabe foi a vida que deu a oportunidade de vocês dois…

Raquel interferi — Mãe, por favor, não insiste. Não vou fazer além do que acho certo, pelas crianças e não por mim.

Laura — Dê uma explicação melhor.

Raquel se lembra do último episódio na casa de Roberto. Ela deitada na cama, se assusta com a porta se abrindo de vez. — Doutor?

Custódio balança o saco, e joga as joias e diamantes, em cima dela. — É isso que você quer? Pois, pode ficar com uma parte da herança que meu pai me deixou. Pegue tudo e desapareça do meu caminho. — aponta ela, e bufa com ira. — Nunca mais, quero vê-la na minha frente.

Raquel, paralisada, fica sem entender o gesto dele.

Custódio começa jogar tudo pelo chão, procurando algo.

Raquel se coloca de pé, e segura ele: — Pare com isso, o que está fazendo? O que está procurando?

Custódio empurra-a com força para trás. — Solte-me demônio. Afasta-se de mim.

Raquel, sem esperar, cai bruscamente para trás, ele ainda grita: — Não vou deixar que faça da minha vida um inferno. E que maldita droga você colocou na minha bebida?

Raquel, no chão, em prantos, nada responde. Ele a segura bruscamente: — Responda a minha pergunta. O que foi que você colocou na minha bebida?

Raquel, quase sem voz — Não bebemos nada.

Custódio se afasta, ao se lembrar ter entregue a garrafa de vinho para Beto. — Meu Deus, o que fiz?! — E pega nela para ajudar a se levantar.

Raquel se encolhe, em pânico: — Não toque em mim! Pegue suas joias e vá embora daqui. Eu que não quero vê-lo nunca mais.

Custódio vê Estela, e outra mocinha, de pé na soleira. Elas assista a cena. Envergonhado ele saiu quase correndo, passando pelas duas, que lhe dão passagem.

Raquel deixa as lembranças e fala com a mãe. — Eu também pedi ao doutor que fosse embora. Que não queria vê-lo nunca mais, então, como posso voltar atrás agora e dizer: Olha doutor, mudei de ideia, eu o quero fazendo parte da minha vida, porque temos dois filhos e preciso da sua ajuda para cuidar deles. Nunca vou fazer isso, mãe, sabe por que? Tudo que tenho dentro desta casa veio do doutor. Não quero que ele pense que não tenho capacidade para cuidar das crianças.

Laura — E se eu não tivesse aqui, o que você iria fazer para levar o menino no hospital, como fiz, sem o risco de se encontrar com o pai dele lá, como aconteceu?

Raquel — Iria contratar uma pessoa de confiança para fazer isso no meu lugar.

Laura — Dinheiro acaba, Raquel. Você já pensou nisso? Sei que já vendeu quase todas as joias que o doutor lhe deu, e daqui a pouco, não vai ter mais nada, nem mesmo para tratar das crianças. Tenho medo que o seu orgulho nos leve de volta para o lugar onde a gente morava, antes de você conhecer o doutor.

Raquel — Não quero ficar pensando no pior. Muito menos ainda no passado. Meu futuro é quem está chorando de novo, espero que seja de fome. Se o doutor disse que ele não tem nada, então não tem. Se eu me cansar do choro dele, coloco-o numa cestinha e faço questão de ir pessoalmente deixá-lo na porta da casa do pai.

Laura ri — Que tola que sou. Bem provável você fazer isso mesmo.

Raquel observa o filho se alimentado, lhe faz um chamego. — Isso nunca vai acontecer, mãe, já estou me acostumando com o choro dele. Eu quanto ao nosso dinheiro, já venho pensando nisso. Preciso fazer alguma coisa antes que ficamos sem. Ainda não sei o que fazer.

No bercinho o outro bebê reclama. Raquel se alegra — Já sei o que fazer. Acabei de ter uma ideia. Mãe, a senhora se lembra o dia em que o Roberto chegou em casa?

Laura senta ao lado da filha. — Sabe que eu ainda não consigo acreditar que ele está morto.

Raquel — No fundo, creio ser o Beto responsável de voltarmos para São Paulo, depois que meu pai nos deixou. Se Roberto tivesse voltado, para Goiás, como prometeu a mim que voltaria, depois de ver, falar com os pais, hoje estaríamos casados e… — entrega o menino para a mãe. — Não quero pensar e muito menos lamentar o que de ruim aconteceu. A vida continua e nisso que quero pensar.

Indo até um baú, em um canto no quarto, pega um pequeno cofre. Abre, olha as joias restantes e um quantia em dinheiro. Entrega o dinheiro para a mãe.

Raquel — A senhora fica com isso. Não me lembre que entreguei a senhora para guardar, é uma reserva de emergência. O resto vou usar para fazer o que estou pensando.

Laura — E o que você está pensando em fazer?

Raquel — A senhora vai saber. Agora cuide das crianças, vou sair, fazer uma pesquisa. Saber se vou ter sucesso ou não, em abrir meu próprio negócio. — Fixa a mãe nos olhos — Vou provar ao doutor, que o dinheiro dele não é importante a mim. — Olha para as crianças — E que a maior riqueza que ele tem, eu tenho.

Laura — Raquel, você não está querendo ir longe demais? O orgulho é uma arma que também mata.

Raquel — Então vai me matar. Se o doutor quiser me procurar, vai me encontrar, morando do lado da casa dele. E depois, começo acreditar que nada acontece por acaso. Com tudo que aconteceu descobri que posso ser forte… Preciso abraçar as aprovações que a vida me oferece, se quero ser feliz de verdade. Viver é um jogo onde vamos ganhar ou perder.

No hospital.

Custódio, na enfermaria, sentado ao lado da mesa, olha alguns exames.

Estela aparece na porta. — Já posso ir para casa, doutor?

Custodio — Voltamos a nos ver amanhã.

Dudu, cumprimenta Estela, que se despede e vai embora. – Vim convidar você pra jantar em casa hoje. Não aceito não como resposta.

Custódio — Estou exausto. Dr Pedro foi viajar e estou dobrando meu horário.

Dudu — Você está fugindo da nossa família? Sempre dá uma desculpa para não ir na minha casa, e do nosso pai não preciso nem falar. Bom, o convite está feito. Se não puder ir, prometo que vou entender.

Custódio — Se não surgir nenhuma emergência, dou um pulinho lá.

Dudu – Até mais, então. Tchau.

Custódio fica com os olhos inquietos. Levanta, pega água e toma um gole, e lembra os gritos de Beto, batendo na porta, e ele deitado de bruços na cama, pega a garrafa e toma no bico.

Beto grita ¬— Eu encontrei, Raquel. Vou trazê-la de volta para o doutor. Juro que vou.

Custódio volta a si, e lembra as palavras de Dudu lhe dizendo: — Nosso irmão Roberto não mais existe entre nós.

Esfregando o rosto com as mãos, Custódio fica pensativo.

Dr Pedro chega – Se quiser ir para casa, já estou de volta.

Custódio — Pensei que fosse demorar mais tempo.

Dr Pedro — Falei que seria três dias de viagem.

Custódio — Ainda bem que o tempo passa rápido. Pensei que chegaria amanhã… Devia ter deixado para vir amanhã, assim, eu teria motivos para não jantar em família.

Dr Pedro — Você está fugindo da sua família. Isso que entendi?

Custódio suspira, pega outro copo de água. — Cada dia que passa consigo encarar menos o meu pai, meu irmão e minhas irmãs. Tenho a impressão de que qualquer hora não vou conseguir nem mesmo ficar perto deles.

Dr Pedro — E qual a razão disso? Poderia me dizer?

Custódio volta a suspirar. — Com a morte da minha mulher, já estou me acostumando, talvez, por não ter ninguém da parte dela perto de mim. Quanto ao Beto, não consigo esquecer a morte dele, cada vez que tenho que olhar, principalmente para o meu pai.

Dr Pedro — A morte do seu irmão foi um tragédia da Natural. Que culpa tem você disso?

Custódio — Beto bateu várias vezes na porta da minha casa… Eu não abri para ele, mesmo ouvindo o tempo ruim que chegava, naquele dia.

Dr Pedro — Agora explica o motivo ele ter morrido aqui perto. Provavelmente saiu da sua casa e veio para cá, o lugar mais perto para se proteger do mau tempo.

Custódio — Dudu acabou de sair daqui, me convidou para jantar na casa dele, não vou encontrar nenhuma desculpa pra não ir. Vou pra casa tomar um bom banho e procurar me relaxar um pouco antes de ir pra casa dele.

Parando o carro na frente da casa, Custódio vê Raquel abrindo a porta, pelo lado da rua e entrando na casa dela. Raquel não vê Custódio, que balança a cabeça.

Custódio — Não! Claro que não é Raquel. Foi uma miragem que vi. O que Raquel estaria fazendo aqui, do lado da minha casa?

Ameaça sair do carro, volta no automóvel e coloca-o em movimento.

Na casa de Dudu, mãe de Francine abre a porta. — Como vai, doutor? Seu irmão pensou que o senhor não ia vir. Ele Francine estão lá em cima, se arrumando, já devem estar descendo. ¬Acabamos de chegar também.

Custódio cumprimenta o pai e irmão de Francine. E fala com Taina. – Você está lida, com essa barriga enorme.

Taina — Pensei que você não ia me ver gravida.

Dudu e Francine de mãos dadas aparecem no alto da escada. Assim que começam a descer, Francine volta rápido para traz. – Vou pegar o meu ca…

Dudu tenta segurá-la, Francine cai rolando a escada. Ele chega primeiro perto do corpo da mulher — Meu Deus, Francine.

Custódio impede-o. — Não toque nela. Tem uma maleta de primeiros socorros no banco do meu carro, alguém corre buscar.

Pai de Francine corre. Tainá é amparada pelo esposo. Afonso e Noemi chegam na sala.

Noemi – O que aconteceu?

Dudu em prantos — Eu não consegui segurá-la.

Custódio chama-a pelo nome. Francine não se mexe.

Ela volta o tempo e se vê de joelhos diante de Eduardo Lacerda, ambos ao lado da sepultura de Glorinha.

Eduardo Lacerda, em transe — Ela estava presa em minha mãos e eu a deixei cair.

Francisca — Não foi culpa sua. — Pega na mãos dele — Sinhazinha morreu para nos salvar.

Eduardo Lacerda — Não fale besteira.

Francisca olha dois homens um pouco distante e volta a falar. — Graças a minha sinhazinha, eu, minha mãe, todos que estão aqui na fazenda vai continuar a viver. Agora não tem motivos para nos matar.

Eduardo Lacerda, pega ela pelo queixo. Estava fora de si ¬— Vá embora daqui. Não fale besteiras nos meus ouvidos. Se eu não tivesse voltado, ela e meu filho estariam vivos agora.

Francisca apoia as mãos no abdômen. — Graças a ela meu bebê vai nascer. — Coloca a mãe dele também em seu ventre — Nosso bebê vai nascer. Tem aqui dentro de mim um filho que também é seu, e ele vai viver.

Eduardo Lacerda em prantos — Era o meu filho com ela que eu queria.

Francisca também chora — O que posso fazer para arrancar de dentro do seu peito a dor que está sentindo?

Eduardo Lacerda — Trazer Glorinha de volta pra mim.

Francisca — Juro por Deus, que se eu pudesse fazia isso. Serei grata eternamente por ela, me dar a chance de continuar vivendo e meu filho nascer.

Eduardo Lacerda — Por quê continua insistindo nisso?

Francisca olha novamente os capangas. — Está vendo aqueles homens? Ouvi a conversa do seu pai com eles, que receberam ordem para matar todos nós aqui da fazenda, principalmente a sinhazinha, depois que a criança dela nascesse. Graças a ela, agora não vou mais morrer.

No leito hospitalar, dos olhos de Francine brotam lágrimas.

Custódio chama: — Francine, está me ouvindo?

Francine abre os olhos — Onde estou? O que aconteceu?

Custodio — Não está se lembrando?

Francine — Voltei pra pegar o meu casaco e pisei em falso na escada.

Custodio — Como está?

Francine — Meu pescoço. Está doendo muito. Eduardo, onde ele está?

Na sala de espera, todos aguardam. Dudu, olhos parados em transe — Francine está morta. Ela e meu filho morreram.

Noemi o abraça. — Seu irmão disse que ela estava viva, por isso a trouxe para o hospital. Se ela estivesse morta, ele já teria nos avisado.

Afonso estende para o filho um copo. — Tome um pouco de água, vai se sentir melhor.

Antes de pegar o copo, Dudu vê Custódio chegar: — Quem é Eduardo Lacerda Neto, tem alguém querendo falar com ele.

Dudu sorri. Logo depois está com Francine. — Que susto você me deu. Pensei que não ia conseguir.

Francine — Me perguntaram, lá do outro lado, se eu queria ficar viúva. Falei que não. Então, me mandaram de volta. — Vai rir também e geme, sentindo dores.

Uma luz surgi do alto e envolve a barriga de Francine.

Na sala de espera, a tensão volta invadir todos.

Dudu — A felicidade são apenas alguns momentos de alegria que podemos viver.

Noemi — Você falou igualzinho ao seu avô Eduardo.

Dudu — Vou ver o que está acontecendo?

Afonso — Melhor não. Seu irmão mandou esperar aqui, vamos esperar.

Dudu — Está demorando muito.

Custódio chega, todos, tenso olham ele, com avental sujo de sangue. Esperam ele dizer. — Seu filho acabou de nascer. É um lindo garotinho.

Todos se alegram. Dudu, ainda tenso. — Francine, como está?

Custódio sem conseguir olhar o irmão, fixa o chão.

Dudu — Não!

Custódio – Sim! — força um sorriso. — Vá lá conhecer o seu filho. Apesar do que aconteceu, ele e Francine estão bem.

Dudu se alegra.

Quando passa por Custódio. — Parabéns pelo filho, papai!

Dudu pega-o pelo ombro. — Obrigado, por essa alegria, meu irmão. Obrigado, por existir no meio de nós e estar na minha casa, quando Francine caiu. Fiquei tão desesperado que não ia saber fazer o certo, como você fez para salvar a vida dela e do meu filho.

Custódio — Não acredito em milagres, então, não vou lhe dizer que foi isso que aconteceu. O que posso lhe dizer: você sempre foi tão correto, e a vida seria injusta se fizesse você sofrer. Agora vá lá conhecer o seu filho. É um lindo garoto. Forte como o pai. – e o abraça com carinho. – Parabéns!

Dudu — Obrigado! É tudo que posso lhe dizer.

Custódio — Eu que agradeço, por você fazer parte da minha vida como irmão. — olha os pais — Parabéns aos dois também pelo neto. Bom, vou trocar de uniforme. – e sai em direção o corredor.

Dudu chama — Custódio? Eu queria que você escolhesse o nome do meu filho.

Custódio olha Afonso. — Por que não deixa nosso pai fazer isso?

Afonso — Ro… — dá um segundo, e completa — Robson.

Custódio — E porque não Roberto?

Dudu gosta dos nomes. — Robson Roberto. Esse vai ser o nome do meu filho.

No quarto, Eduardo fala com Francine, com o filho nos braços. — Vocês dois quase me mataram de susto. — e sorrindo — Nosso filho é lindo!

Francine também alegre. — Desculpa, amor. Não o assustei de propósito. Acho que o nosso filho também não.

Noemi — E falando em filhos, e a Tainá? Ela começou a passar mal, quando você caiu da escada, e os seus pais a levaram para casa, estranho eles não aparecerem aqui ainda para saber como você está? ¬— E se dirige ao esposo — Já que tudo acabou bem por aqui, vamos embora e passamos para ver como nossa filha está.

Dudu vê o esposo de Taina entrar no quarto. — Veio ver a sua irmã, ou trouxe a minha para o hospital?

Esposo de Taina — Saber da minha irmã e avisar que Taina entrou em trabalho de parto assim que chegamos em casa. Não deu tempo de trazê-la para o hospital. Minha mãe quem fez o parto. Nasceram duas meninas prematuras de sete meses.

Noemi – Meninas?

Esposo de Taina — Sim! — Todos se olham boquiabertos.

Afonso — Nunca me passou pela cabeça que a sua irmã teria gêmeos.

Dudu — A vida é mesmo surpreendente!

Esposo de Tainá atento ao recém-nascido – Falei com o doutor Custódio antes de vir conhecer o meu sobrinho. Ele disse que o menino nasceu dando trabalho. Que teve que tirá-lo a força, porque a bolsa havia se rompido.

Dudu – Graças a Deus tudo acabou bem. E se daqui alguns anos meu filho querer uma das minhas sobrinhas, não se esqueça que ele nasceu dando trabalho, e desde já, lavo minhas mãos, muito mais ainda se ele apreciar as duas, que resolveram nascer no mesmo dia que ele

Esposo de Taina — São primos! E primos não podem se casar. Os filhos podem nascer com problemas.

Dudu — Como você explica minha prima Glória Maria, sobrinha da minha mãe que mora no Rio de Janeiro, ter um filho totalmente deficiente e ela e o marido não são parentes?

Esposo de Taina — Um caso de se pensar!

Noemi — Como dizia meu pai, quando era vivo. Cada um escolhe o caminho que quer seguir. E se as escolhas forem erradas, as consequências são cobradas depois, aqui na terra, não, em outro lugar. A Terra pode ser o Céu, mas também o inferno!

Todos olham Custódio parado entre a soleira, cabisbaixo ouvindo a conversa.

Custódio — Estou indo visitar as meninas! Ver como elas e a mãe estão. Alguém vai comigo?

Francine fala com Dudu. — Se quiser ir também conhecer suas sobrinhas pode ir. – olha para o filho. — Estamos bem! Vamos ficar bem aqui esperando o papai!

Dudu para o irmão — Você volta para o hospital depois?

Custódio — Vou para casa fazer o quê?

Dudu beija a esposa — Vou e volto com Custódio.

Noemi e Afonso se prontificam, irem juntos também.

Eduardo e Custódio retornam horas depois.

Custódio — Fico feliz em fazer parte desta família que cresce a cada dia que passa.

Eduardo para, pensativo.

Custódio — Falei algo errado?

Estela aparece no corredor, saindo de um dos quartos e ouve a conversa.

Dudu — Faz mais de um ano que você ficou viúvo. Não pensa em procurar a outra? Todo mundo tem o direito de ser feliz, recomeçar a vida quando ela para, por alguma razão! Você tem o direito de ser feliz com Raquel ou com outra mulher que seja.

Custódio pensa e depois responde: — Não sei se Raquel me perdoaria. Fui muito estúpido com ela, que também me pediu para não mais procurá-la.

Dudu — Quem ama perdoa.

Custódio — Prefiro viver na dúvida.

Dudu — Engravidei minha mulher na primeira vez que dormimos juntos, e isso também aconteceu com a nossa irmã Tainá! Em nenhum momento você pensou nisso, que Raquel pode ter um filho seu?

Custódio — Dormi, várias vezes com a minha mulher e ela se foi sem esperar um. Quem garante que o problema não está comigo? Então, não acredito que ficou um filho meu com Raquel. E depois, não sei por que, mas, acredito que ela me procuraria, e colocaria em meus braços esse filho.

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