Adalberto, sentado numa poltrona, na sala da pensão, lê um livro. Ele estica o corpo, como se sentisse mal.

Linda no balcão, percebe ¬— Ainda não melhorou o seu estomago?

Adalberto — Não! De repente sinto pontadas, como se uma faca estivesse cortando. E olha que eu nunca tive problema de saúde antes.

Miguel também ali, aponta em direção ao estômago do amigo e brinca: — Melhor se cuida doutor, isso pode ser sério. Não pensa que só pacientes ficam doente, e não é a primeira vez que o vejo reclamar. Eu até pensava antes que médico era feito de ferro. Eu mesmo já tive sarampo, catapora, febre amarela, caxumba.

Linda – Melhor parar, se não começo passar minha listinha de tudo que já tive até hoje, e ainda estou bem firme, com a graça de Deus.

Miguel – Era isso que eu ia dizer a ele, dona Lindalva. Que eu já tive tanta coisa e continuo de pé, mas o doutor parece que não vai aguentar muita coisa, está pálido, parece defunto, e, só estou pedindo a ele para se cuidar. Que não pense que é de aço que nunca vai ficar doente, porque se nada teve antes, e na primeira está assim, imagina quando aparecer a segunda, terceira…

Adalberto – Já estou medicado. Eu só preciso descobri o que ando comendo que acaba me fazendo mal.

Miguel – O que sai da boca faz mal mais do que entra.

Adalberto franze a testa, sem entender as palavras.

Dona Conceição também estranha — Que conversa boba é essa, Miguel?

Miguel – Desculpe, eu não soube falar direito. Deus não dá ao homem nenhum tipo de alimento que faz mal. O estomago do doutor que não aceita certo tipos de alimento porque está doente. E quanto eu dizer o mal que sai da boca, é falar algo que venha ofender totalmente outra pessoa, palavras ofensivas, ou mal interpretadas que pode causar até mesmo morte.

Adalberto — Certo! Agora concordo com você. Como estou com o estomago ruim, tenho que procurar comer coisas leves e saudáveis para não piorar, e sempre procuro não ficar falando bobagens.

Linda ¬— Vou mandar preparar alimentos bem leves para o seu almoço. – deu passos. Volta e acrescenta — Eu acho que você já nasceu com algum problema no estomago. Lembro-me de quando você nasceu e deu muito trabalho. Qualquer tipo de leite que tomava não parava no seu estomago. Só melhorou depois que começou comer alimento sólido. Lembro que seu pai ficou apavorado, porque sua mãe não estava viva para ajudar a cuidar de você.

Adalberto — Falando em meu pai a senhora acabou de me lembrar. Vou na casa do seu Moreira conversar com ele. Ontem à noite o Luiz me falou que o delegado soltou ele, mas numa condições que ele vá morar em outra cidade. Vou ver se ele aceita ser administrador da fazenda.

Miguel ¬— Posso ir com você doutor? Assim faço visitas para o Luiz, ele ia receber alta hoje. Já deve estar em casa. E vou só pegar as coisas dele, que me pediu pra levar, ele vai ficar na casa dos pais até se recuperar.

Miguel se afasta indo no quarto pegar a mala que Luiz havia deixado na pensão. Dona Linda separa dinheiro enquanto fala com Adalberto, esperando. — Pelo jeito o Luiz não vai voltar tão rápido para a pensão. Quanto tempo vai levar pra melhorar a lesão que teve no calcanhar?

Adalberto ¬— Ouve um rompimento no tendão e teve que passar por uma cirurgia. Creio que em dois meses ele vai estar andando normalmente.

Miguel volta e Linda lhe estende o dinheiro. – É o adiantamento que o Luiz pagou. Ele acabou dormindo só uma noite aqui na pensão.

Miguel — O Luiz me disse que vai voltar a morar aqui com a Maria, depois do casamento.

Linda — Ainda falta muito tempo, até lá deixou um quarto de casal pronto. E se meu sobrinho quiser, quando voltar ajudo mudar para o quarto de casal.

Adalberto — Não precisa, como vou ficar morando definitivo aqui em São Paulo estou querendo comprar uma casa.

Linda — De jeito nenhum. Você pode até comprar uma, mas, só vai morar nela depois de casado.

Adalberto sorri — O certo, então, é eu arrumar uma noiva primeiro.

Miguel — Moça bonita nessa cidade é o que não falta. O doutor pode escolher a dedo.

Não demora, Adalberto chega na casa de Moreira. Maria quem atende na porta. Ela estranha vendo-o ali. Ele explica o motivo da visita. Depois da conversa, Moreira na fábrica, recebe das mãos de Afonso documentos e dinheiro.

Afonso — Em consideração sua filha, resolvi lhe pagar todos seus direitos, e também tem uma carta de apresentação. Não posso negar que você sempre foi um excelente funcionário.

Moreira — Minha intriga sempre foi só como Geraldo.

Afonso — No que acabou resultando você atrás das grades e o Luiz e a Maria juntos.

Dudu, sentado ao lado de mesa, ouvindo a conversa, dá a sua opinião — E o delegado só exigiu que você vá morar em outra cidade, pra ficar longe do Luiz pela ameaça que fez.

Moreira — O pior disso tudo, a Maria não quer nem ouvir falar de ir embora daqui. Disse que não vai sair de perto do Luiz, e depois de tudo que aconteceu, nem posso obrigar ela fazer isso, ainda mais com apoio de tanta gente, principalmente de vocês dois, ela e contou.

Dudu — Não vou negar, Moreira, desde quando eu soube do namoro entre ela e o Luiz apoiei.

Afonso — Eu também. Fui o primeiro ver os dois juntos no dia do casamento do Custodio.

Moreira — No fundo do meu coração estou indo embora tranquilo, com a alma leve, sabendo que minha filha está bem protegida, morando debaixo de um teto que acabei de passar pra ela. E desta vez, não é implicância minha como o Geraldo não. Tanto que conversei com ele antes de ir no cartório passar os documentos pra Maria. Só quero dormir tranquilo sabendo que ela tem um teto seguro pra morar. E na fazenda, onde estou indo, tem uma excelente casa, e como disse o doutor Adalberto, posso morar lá o resto da minha vida, porque ele e o pai não tem intenção de vender. Uma herança que receberam. O doutor Adalberto chegou a me dizer que aquela fazenda tem muita história pra contar. Que ele recebeu o nome do avô que era membro do exército. E que na verdade, foi o bisavô que morou na fazenda, antes de se tornar soldado. Que cresceu entre brigas de família, e mesmo depois de conhecer o verdadeiro amor nos braços de outra moça, preferiu viver sozinho…

Dudu com emoção — Porque a outra morreu sem conhecer a verdade, de que era meia-irmã. — Vira-se para pai. Também boquiaberto — A vida é um Círculo onde se une sempre as mesmas pessoas. — Volta olhar Moreira — Enquanto o irmão estava na guerra, Glorinha esperava por ele na fazenda. Meu avô devolveu as terras para o sogro, um acordo entre eles para que ela se tornasse esposa dele. Mas ela acabou morrendo, no dia em que soube que a guerra da independência havia se acabado e que Neto estava voltando para a fazenda. — se coloca de pé. — Pai, estou indo conversar com o doutor Adalberto. — E retorna para Moreira — Desde quando conheci essa história tive vontade de conhecer a fazenda onde meu avô viveu mais de cinquenta anos, com a minha avô Francisca. Minha mãe nasceu naquela fazenda e outro dia mesmo, ela me disse que gostaria de voltar lá.

Afonso — Eu mesmo estive várias vezes na fazenda. Foi lá que pedi Noemi em casamento. Ela veio com a mãe para São Paulo, fazer compras de tecidos e eu a conheci, me apaixonei e fiz questão de ir lá, pessoalmente levar a encomenda.

Moreira rindo — O doutor Adalberto então não mentiu, quando disse que lá se esconde muitas histórias antigas.

Afonso — E assim que você estiver lá, pode ter certeza que vamos passar um final de semana na fazenda.

Dudu — Uma não. Todas as vezes que a Maria quiser ir visitar os pais, pelo menos eu vou junto, pra garantir que o Luiz volte vivo depois.

Todos gargalham.

Na casa de Moreira. Dora e Maria abraçam se despedindo.

Maria — Mãe, a senhora pode ir tranquila, eu vou ficar bem.

Dora — Você promete que vai se alimentar direitinho. Que vai tomar as vitaminas que o doutor Adalberto receitou?

Maria — Preciso prometer de novo!

Luiz, sentado na poltrona, com os pés para o alto, um enfaixado. — Dona Dora, pode ir tranquila eu fico atento na alimentação da Maria.

Mirtes — Me encarrego de todos os dias trazer gemadas pra ela tomar.

Maria faz caretas de nojo.

Dora — Mirtes, não fica assustada com as caretas dela, desde pequena ela faz assim. – todos riem.

Adalberto junto com eles — Precisamos ir, como choveu muito o certo é viajar enquanto é dia. Não sabemos como vamos encontrar a estrada.

Dudu e Noemi entram pela porta aberta. Ele vai dizendo: ¬— Doutor Adalberto, quando minha mãe soube que o senhor é um dos herdeira da fazenda Esperança, ela disse: quero ir até lá. Eu disse: eu também, e tem mais gente querendo ir junto. — mostra Francine e o filho de 4 anos. — O senhor não se importa de irmos juntos?

Adalberto — Claro que não, será um prazer.

Maria — Neste caso, eu também quero ir. Não falei nada antes para não voltar sozinha com o doutor Adalberto depois. O Luiz ia ficar com ciúmes.

Luiz — Com certeza eu ficaria mesmo. Ia pegar o doutor depois de soco.

Moreira — Melhor a gente mudar de assunto. Podemos ir agora se quiser, doutor.

Dudu — Maria, se quiser ir junto, cabe no meu carro.

Maria percebe Luiz mirar o chão, desapontado.

Adalberto também percebe, pega as muletas ao lado e estende para Luiz. — Cabe você no meu carro. Ficamos lá 3 dias e depois voltamos.

Luiz — Não. A Maria pode ir, eu só vou atrapalhar indo junto.

Adalberto para Moreira. — O senhor me ajuda carregá-lo até o carro.

Moreira já pegando Luiz — É pra já.

Mirtes se apressa em ir pegar trocas de roupas para o filho, enquanto Maria também faz a bagagem. Logo depois já estão na estrada.

Quando chegam na fazenda. Maria ao descer do carro, observa a fachada do casarão antigo. — Engraçado, esse lugar não é estranho, é como se eu conhecesse.

Um senhor(75) aparece. Empregados italianos também chegam e se apresentam. Depois das apresentações e muitas conversas.

Noemi — Esse casarão foi construído pelo coronel José Carlos. Lembro meu pai contando essa história. Lembro deste nome porque meu sobrinho recebeu o nome parecido com o dele. E o coronel veio morar aqui com a mãe. Ela era viúva.

Dudu — Quem garante que a Maria não era a mãe do coronel. Isso explicaria a reação que ela sentiu quando chegamos.

Pai de Adalberto. — Podemos tirar a conclusão agora. — Ele vai ao cofre, pega um pacote de escrituras e depois de separar uma — Creio ser essa a primeira.

Adalberto quem se encarrega de procurar os dados. — Sim! Aqui está. José Carlos Medeiros. Filho de Margaret Medeiros e de… — Ele se cala… Olha Luiz e depois para os outros esperando — Luiz de Paula Medeiros.

Luiz ri — Adivinhou Edu. Se a Maria foi Margaret, então, esse Luiz poderia ser eu? Bom, eu também tive um pequeno desconforto quando cheguei. Não foi como a Maria, mas senti uma leve sensação estranha. Na verdade, imaginei ser outro tipo de casa que encontraria aqui.

Dudu — Talvez você não morou aqui. Como minha mãe disse, Margaret era viúva quando veio morar neste lugar com o filho?

Adalberto – Essa conversa me deixou animado, eu acredito em vida após a morte. Luiz, você não gostaria de fazer uma regressão espiritual? Bom, antes vamos alojar todos, jantar, descansar e amanhã podemos fazer isso. O senhor concorda, pai?

Ricardo — Será um grande prazer. A cessão fica marcada para amanhã de manhã, se o rapaz concordar em querer saber se já esteve neste lugar ou não. Eu também fiquei curioso agora.

Na manhã seguinte, Luiz é preparada para a sessão. Deitado no divã, procura ficar confortável. Ele se vê em outra casa, em meio uma tempestade, sentado no chão. Ele olha a água desabar pelo telhado. — Preciso ir embora daqui. Preciso voltar pra casa. — Luiz começa a tossir. — Ele se vê saindo da casa, monta no cavalo e um raio cai atingindo uma arvore, o cavalo assusta e sai em disparada, entra floresta a dentro. Luiz cai batendo em um galho e fica desacordado.

Adalberto chama vendo-o ficar em silêncio, sem mais tossir. — Luiz, onde você está? Consegue me ouvir?

Luiz volta a respirar com dificuldade — Meu braço. Meu ombro está quebrado. — Ele se vê ficando de pé e com dificuldade caminha em meio a floresta. Chega na estrada e na margem do rio vê seu reflexo na água. Tinha o dobro de sua idade. Depois de beber água segue a pé, pela estrada. Vê Maria recebendo ele na porta de uma casa. Ela está gravida de quase nove meses, quando ele vai entrar, cai no chão desacordado. Ele vai perder novamente o folego. Luiz abre os olhos. Assustado ele olha ao redor. Maria e Dudu também estavam presentes.

Homem pergunta — Lembra-se de alguma coisa?

Luiz olha o teto. — Era mesmo outra casa que tinha aqui. Chovia muito e a água começou entrar pelo telhado. Ouve um raio e meu cavalo se assustou, cai e quebrou minha clavícula. Caminhei vários dias, perdido no meio da floresta e encontrei a estrada. Tinha um rio e… — Olha Maria — Eu tinha 45 anos, consegui voltar pra casa e você era a mesma de Hoje. Estava gravida. Depois não vi mais nada. — Faz um gesto negativo — Não! Isso não aconteceu. Edu, lembra que você me disse uma vez que sonhou comigo e a Maria se casando escondidos porque meu pai era contra eu me casar com ela?

Maria — E não ficamos juntos. Porque se sonhos relatam vidas passadas eu morri. Lembra que várias vezes eu contei a você que… — Maria levanta. — Não quero pensar nisso. Não quero pensar que tirei minha própria vida no passado.

Dudu — Por causa do meu irmão Custódio e o Roberto. — Maria o olha com espanto — Só estou me lembrado o que o Luiz me contou uma vez e não consegui esquecer. Resumi: você viveu na mesma época que eles.

Adalberto levanta da poltrona – Preciso tomar um pouco de leite, meu estomago parece ter um buraco.

Enquanto, na cozinha, ele ingere vagarosamente o leite, ele relembra o incidente com o vidro do mercúrio, na pensão. Examinando as pálpebras dela. — Já sentiu isso antes?

Maria — Sim! Mas não tão forte como agora.

Adalberto — Está sentindo enjoos?

Maria olha Luiz, depois Adalberto, e sorrindo pergunta — O doutor está achando que estou grávida?

Adalberto nada responde, olha Luiz, que ri — Não precisa me olhar assim, doutor, se a Maria estiver esperando um filho, com certeza não é meu.

Maria fica brava — Eu não estou grávida. Me senti mal vendo o mercúrio no chão, pensei que fosse sangue. Sei lá, me deu uma coisa ruim, não sei explicar! Foi como se eu visse uma pessoa morta, deitada de barriga para baixo, e o mercúrio representou sangue, escorrendo pelo chão.

Pai de Adalberto chega, despertando-o. — O que aconteceu? Vi que você ficou preocupado.

Adalberto — A Maria está com anemia profunda.

Pai — Percebi ela muito magra e pálida.

Adalberto — Ela ficou internada no hospital dois dias. Foi feito um exame e ainda não veio o resultado. O senhor acredita que isso possa estar relacionado a vidas passadas?

Pai — Pelo que entendi ela Morreu e voltou viver novamente. Se ela foi Margaret teve uma vida saudável depois.

Adalberto — E as consequências vieram nesta vida agora.

Pai — Você que está dizendo isso?

Adalberto — Eu creio que vivi na mesma época que eles, e por alguma razão estamos nesta novamente, e desde o dia em que vi Maria pela primeira vez, sinto como se tivesse a obrigação em cuidar dela. Cada vez que penso nisso, sinto arrepios.

Pai — Por você ser médico e saber que ela precisa de ajuda por estar doente.

Adalberto — É! Vou pensar por esse lado profissional. Assim não penso tanto nela.

Pai — Espere aí, você está apaixonado por ela? É isso que está acontecendo?

Adalberto nada responde. Dudu, Francine, Moreira e Dora chegam na cozinha.

Luiz, usando muletas caminha vagarosamente ao lado de Maria, no jardim de rosas.

Maria se encanta com o lugar. — É tão belo esse lugar que parece mesmo que já respirei esse perfume antes.

Luiz — Espero que você não resolva querer morar aqui com os seus pais.

Maria para na frente dele. O Olha nos olhos — Meu lugar é junto de você, sempre.

Luiz se apoia na muleta, segura o rosto dela entre as mãos. — Amo você com todo o meu coração. Conto os minutos a chegada do nosso casamento.

¬Os lábios se encontram em um beijo apaixonado.

Adalberto, saindo no jardim, vê os dois. Observa-os, alguns segundos, pega o casaco no carro e volta para o interior da casa. A Noite iniciava.

Na manhã seguinte. Maria na copa, ajuda Dora colocar a mesa para o desjejum. Adalberto chega e estranha vendo-a arrumar as xicaras. — Não vai me dizer que também madrugou?

Maria alegre — Bom dia, doutor. Só estou aproveitando ficar uma pouco mais perto da minha mãe, antes de voltar para São Paulo.

Dora — E eu estava tentando convencer ela ficar aqui, até o dia do casamento.

Adalberto — Se quiser será prazer em tê-la aqui. Não como ajudante da sua mãe. Como visita.

Maria solta um largo sorriso. Adalberto também sorri, fixo a ela, que nada percebe, colocando agora guardanapos ao redor dos pirex.

Maria — Agradeço, doutor mas… — ela também olha para Luiz, Moreira e pai de Adalberto que faz um leve sinal, com a garganta, disfarçadamente.

Dora que havia se afastado, volta na companhia de uma senhora italiana, trazendo pães, bolos e outras guloseimas. Dudu chega trazendo o filho. Francine e Noemi chegam com ele. Logo estão todos a redores da mesa. Depois todos saem para outra caminhada pela fazenda, menos Luiz que fica na varanda, com o pé enfaixado para o alto.

Moreira se aproxima de Luiz: — Como estou me adaptando aqui, posso pedir que arrumem um cavalo, assim, você também vai dar uma volta pela fazenda. Eu ajudo você montar.

Luiz — Não, prefiro não dá trabalho.

Moreira — Espero não mais vê-lo com essa tala, quando voltar aqui.

Luiz — Talvez eu volte só depois do meu casamento com a Maria.

Moreira ¬— Espere aí? Você não ficou com ciúmes vendo a Maria e o doutor Adalberto conversando logo de manhã?

Luiz — Na próxima vez que eu ver ele vibrado nela, vou dar um soco, nomeio da cara dele.

Moreira levanta – Chiii, isso já virou gozação. Olha que posso me arrepender e convencer a Maria fazer uma escolha.

Luiz — Entre eu e o doutor, escolheria ele como genro?

Moreira — Vou ser sincero, se fosse alguns meses atrás, eu escolheria o doutor, e a Maria ia ter que casar com ele, nem que fosse amarrada. Hoje, deixo ela escolher o futuro que deseja. Eu só quero a felicidade da minha filha. Já cometi algumas besteiras por causa disso, e já me arrependi. Bom, um dia quem sabe, eu lhe conto meus motivos. — Vê Maria vindo em direção a eles — Quer apostar que ela está vindo para lhe fazer companhia?

Os dois esperam Maria chegar. Ela senta ao lado de Luiz. — Eu vim te fazer companhia.

Moreira ri — Viu como conheço a filha que tenho.

Maria — Posso saber o que estavam conversando?

Moreira — Vou procurar o que fazer, não vão embora sem se despedir de mim. Ouvi o senhor Eduardo dizer para o doutor Adalberto que daqui a pouco vão pegar estrada.

Maria — Fiquei apaixonada por este lugar. Espero que a gente volte logo aqui. Já pensou, nossos filhos crescendo neste lugar.

Luiz — Vou ter que trabalhar duro pra juntar a grana que deve custar esta fazenda. Quem sabe daqui vinte anos já consegui o valor, guardando todos os meses o salário que ganho. Só tem um detalhe, vamos ter que viver de vento.

Rindo, trocam beijos.

Em São Paulo, Tião, 30 anos, mulato, alto e forte, vê um cartas na frente do restaurante de Raquel. Precisa-se de cozinheira. Ele pensa, enquanto observa a fachada e decide entrar. Logo depois está com Raquel.

Tião — O emprego seria pra mim, eu entendo bem de cozinha, mas se a madame preferir mesmo uma cozinheira, minha esposa pode vir aqui depois. Acabamos de chegar em São Paulo e precisamos do emprego. Estamos morando de favor em um cômodo, no fundo da casa do meu cunhado. Viemos tentar a sorte. Se a madame puder contratar nós dois será melhor ainda.

Raquel observa ele, que fica firme atento nela. Ela sorri — Gostei de você. Vamos fazer um teste?

Logo depois estão na cozinha, onde tem uma cozinheira. Raquel apresenta ele, e lhe entrega um avental e toca. — Você tem dez minutos para me apresentar um prato especial.

Tião — Dez minutos.

Raquel – Sim! Eu consigo fazer dois pratos diferentes em 20 minutos. — Mostra vários tipos de produtos. Você pode usar o que quiser.

Tião observa. Rapidamente pega ovos, creme de leite fresco, mostarda, presunto, queijo, espinafre, cogumelos, sal, pimenta e manteiga.

Quanto isso, Raquel vai receber alguns clientes. Quando volta para a cozinha uma deliciosa panqueca o aguarda. Tião aguarda ansioso. Ela experimenta e olha seriamente: — Você pegou a minha receita?

Tião franze o cenho, antes que diz alguma coisa.

Raquel o elogia: — Parabéns, você está contratado. Quanto a sua esposa, você disse que ela também quer um trabalho. Ela tem paciência com crianças?

Tião. — Sim! Ela é bem calma.

Raquel — Eu tenho um emprego a ela, e com um detalhe. O restaurante vai começar ficar aberto até tarde da noite. Será servido jantar e a sua mulher terá que dormir no emprego. E já que você moram em um quartinho, eu tenho um na minha casa, onde vocês podem ficar. Pode começar hoje à noite?

Tião — Com toda certeza, será um prazer trabalhar com a senhora.

Raquel — Estão, vá buscar a sua esposa e eu acompanho os dois até minha casa.

Não demoram estão na casa de Raquel. Ela apresenta Mafalda para a mãe. Assim que Tião e Raquel voltam para o restaurando Afonso chega. Laura atende a porta.

Afonso ¬— Vim dar um abraço nos meus netos.

As crianças que aparecem com Mafalda. Afonso entrega presentes a ajudas abrir os pacotes.

Laura ¬— O senhor está colocando essas crianças no mal caminho, trazendo presentes e presentes, todas as vezes que aparece aqui.

Afonso — O melhor presente eu que recebi. Eu só sinto Custódio perder esses momentos tão bom. Mas, como disse meu filho Eduardo, Custódio precisa de tempo pra se encontrar. Ele ainda está totalmente desorientado com a morte da esposa e da irmã. Não consegue ver além das decepções que a vida ofereceu a ele.

Laura — Confesso que fiquei com pena do doutor Custódio quando eu soube que a irmã dele também havia falecido.

Afonso — Ele acredita que nasceu para viver sozinho.

Laura — Eu já tentei convencer Raquel a procurar o doutor, mas ela tem medo dele fazer ela sofrer, e não quer passar para as crianças qualquer sinal de aborrecimento.

Naquele instante, Custódio para o carro na rua, próximo ao carro de Afonso. Ele reconhece o carro do pai e entra na casa, no momento em que Afonso sai na rua. Ele também vê o carro de Custódio, olha em direção a casa do filho, faz um sinal negativo com a cabeça, entra no carro e vai embora. Outra pessoa ocupa o espaço, colocando outro carro.

Dentro da casa, Custódio conversa com Ba. — O carro dele está estacionado lá na rua.

Ba — Aqui o senhor Afonso não aparece faz muito anos. Bom, o doutor não fica aqui, qual seria o motivo do seu pai aparecer?

Custódio — Será que me enganei. Eu vou lá confirmar.

Saindo na rua, vendo o outro carro no lugar, olha para o Céu e diz: — Será que vai querer me enlouquecer?

Ba fala com ele — Achei impossível o carro do senhor Afonso aqui na frente, sem ele chamar.

Custódio — Ba, eu ainda não enlouqueci, tenho certeza que era o carro do meu pai estacionado ali, no lugar daquele outro.

Ba — Não seria melhor o doutor tirar um tempo de afastamento daquele hospital?

Custódio a olha por um instante. Depois pergunta: — E faço o que da minha vida? Cavo meu próprio buraco e entro de vez dentro dele?

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