CENA 1. PENSÃO DE TAMIRES. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

INSTRUMENTAL – Tensão.

A policial puxa suas algemas, Benício recua.

BENÍCIO – Espera, eu não mandei matar ninguém, trata-se de um equívoco.

POLICIAL – O senhor terá que se explicar na delegacia, agora, preciso levá-lo. Não reaja.

TAMIRES – Benício, eu vou avisar a Célio para que vá até você, sei que você não faria uma coisa dessas.

BENÍCIO – Tudo bem. Só não quero sair algemado, eu prometo que não vou tentar fugir.

POLICIAL – Se tentar qualquer coisa, terei que ser truculenta com o senhor.

A policial assente e o acompanha para fora. Tamires corre até o telefone.

CORTA PARA:

CENA 2. RUA DESERTA. TÁXI. INTERIOR.

INSTRUMENTAL – Suspense.

O taxista pressiona o botão de travamento das portas e vira-se, indo na direção de Grazi no banco de trás. A jovem, desesperada, bate na janela e tenta abrir a porta, mas não consegue. O motorista senta-se no banco e começa a tocá-la, tentando envolver a jovem num abraço.

GRAZI (agoniada) – Me solta, me larga! Vou gritar, vou te denunciar, você vai preso se tocar em mim.

TAXISTA – No fim você vai gostar, se for pra gritar vai ser só de prazer. Vou te mostrar o que é bom.

Num impulso, Grazi acerta uma forte bofetada com sua bolsa na cabeça do motorista, o desnorteando. Ela rapidamente levanta-se e segue para a parte da frente do veículo e aperta o botão para destravar as portas, saindo pelo banco do motorista, deixando o taxista zonzo.

CORTA PARA:

CENA 3. COBERTURA SOLTEIRO DE PAULA. FACHADA. EXTERIOR.

Vladimir salta de sua moto e corre até Grazi, que está parada diante da fachada do prédio. Os dois se abraçam. Vemos a jovem muito nervosa e trêmula.

VLADIMIR – Vim o mais depressa que pude. Como você tá? Já ligou pra polícia?

GRAZI – Já, eu liguei e um policial já me disse que o acharam numa rua próxima. Eu tô bem, só tô muito assustada.

VLADIMIR – Sinto muito que isso tenha acontecido, nunca pensei que pudesse voltar a acontecer.

GRAZI – Preciso que você me leve num lugar, agora, urgente. Não me questiona, por favor, só me ouve e me leva.

O motoboy assente e os dois seguem até a moto dele.

CORTA PARA:

CENA 4. CLÍNICA PARTICULAR. LEITO DE JOEL. INTERIOR.

Pandora aproxima-se do leito de Joel, onde Galeno está do lado.

GALENO – Pandora, ele tá estranho, não me reconheceu. Parece que está com amnésia, não lembra de nada.

Com uma lanterna portátil, Pandora examina rapidamente os olhos de Joel.

PANDORA – Talvez ele tenha sofrido alguma lesão com a pancada na cabeça, preciso de um médico.

GALENO – Quer dizer que ele realmente pode estar com amnésia por causa do acidente?

PANDORA – Não sei dizer, vou ter que chamar um médico e alertar disso.

Pandora finaliza o exame e sai. Close em Galeno aflito.

CORTA PARA:

CENA 5. DELEGACIA DE POLÍCIA. CORREDOR DE CELAS. INTERIOR.

A policial leva Benício até sua cela e tranca, retirando-se logo em seguida. O mocinho encosta-se nas grades e depara-se com Fidel na cela adiante.

BENÍCIO – Você? (T) É por sua causa que eu tô aqui, não é? Rômulo mandou você me acusar de ter mandado matar Eugênia…

FIDEL – Não faço ideia do que você tá falando.

BENÍCIO – Só pode ser um plano dele, agora tudo faz sentido. Nunca imaginei que ele chegaria a tanto pra tentar me prejudicar.

FIDEL – Já viu a hora? Quase dez, tô com sono.

Fidel segue até sua cama e se deita. Furioso, Benício bate estrepitosamente nas grades.

CORTA PARA:

CENA 6. COBERTURA SOLTEIRO DE PAULA. QUARTO DE SUELI. INTERIOR.

SONOPLASTIA: Alice Caymmi ft. Cleo, U.GOT – Sozinha.

Apreensiva, Sueli caminha de um lado para o outro com o celular perante a orelha.

SUELI – Droga! (desliga) Grazi não atende o telefone nem dá notícias. Tenho certeza que aconteceu algo de errado, eu sinto isso.

Insuflada de preocupação, Sueli senta-se em sua cama com o celular nas mãos.

CORTA PARA:

CENA 7. IMAGENS GERAIS.

SONOPLASTIA: Drake – In my feelings.

A lua começa a descer e dá entrada para os primeiros raios solares que iluminam a belíssima capital de Pernambuco com a chegada do novo e radiante dia com poucas nuvens no céu recifense.

CORTA PARA:

CENA 8. POUSADA. QUARTO DE REBECA. INTERIOR. DIA.

Célio senta-se na cama ao lado de Rebeca.

CÉLIO – Benício foi preso, ele está sendo acusado de mandar matar Eugênia e Ítalo.

REBECA (pasma) – O quê? Isso não tem como ser possível, Benício seria incapaz…

CÉLIO (interrompe) – É, todo mundo sabe. Fidel está preso também, eu vi quando fui à delegacia hoje cedo. Benício acha que foi obra de Rômulo e ele o acusou pra se livrar da culpa e se vingar de Benício por atrapalhar seus planos.

REBECA – Rômulo é um miserável, (soca o colchão) um maldito! Ele só vai se esquecer da gente no dia em que meter a mão na fortuna de Ariana, mas eu não vou permitir isso. (levanta-se) Eu vou ver Benício, quero ir visitá-lo.

Close em Rebeca decidida.

CORTA PARA:

CENA 9. RESIDÊNCIA DE EUGÊNIA E ÍTALO. SALA DE ESTAR. INTERIOR.

Eugênia vem do hall e para na sala, onde se espreguiça. Vemos uma mala deixada no meio da sala, intrigando a vilã. Nesse momento, Ítalo entra em casa.

EUGÊNIA – Que mala é essa, Ítalo? O que é isso?

ÍTALO – Estive arrumando isso enquanto Ariana se vestia pro colégio, só fui levá-la para ir embora. Eu não vou mais ficar nessa casa e ser conivente com suas loucuras.

EUGÊNIA – Você ainda não tirou essa ideia de merda da sua cabeça? Porra, que mazela é essa? Você não pode desistir de tudo, eu não vou permitir que você vá…

ÍTALO (cortante) – Não vai permitir o quê? Você não é minha dona, não é minha esposa, não é nada além de cúmplice e amante, é só isso que você é.

Irritada, Eugênia desfere um tapa no rosto de Ítalo, virando-o. O clima pesa.

INSTRUMENTAL – Conflito.

EUGÊNIA – Já tem quase dez anos que estamos juntos, eu não vou deixar que você fale dessa maneira comigo, como se eu fosse uma prostituta qualquer.

ÍTALO (arrefecido) – Você só pode estar baratinada, não tem como você me obrigar a ficar do seu lado, correndo risco de vida.

EUGÊNIA – A gente já correu tantos riscos, você vai se cagar todo só porque ficamos um dia no hospital?

ÍTALO – Não tem como conversar com você. Eu vou sair daqui, sim, e se você tentar me impedir eu acabo conto todos os seus podres pra Rômulo. Se ele souber, em dois segundos te manda pra cadeia, você deve saber. (T) E então? O que me diz?

Eugênia o encara fixamente, contendo-se.

ÍTALO – Foi o que pensei. Vou bater um sarro antes de sair, espero que você não tenha feito aquele seu café amargo.

Ítalo segue para a cozinha, deixando Eugênia em parcimônia.

CORTA PARA:

CENA 10. BAR. CALÇADA. FACHADA. EXTERIOR.

Vando caminha pela calçada do bar e um amigo salta da mesa e segue até ele.

FIGURANTE – Amigo Vando, quanto tempo! Como andam as coisas?

VANDO – Ah, vai indo… ainda não consegui reconquistar a patroa, ela não me perdoou pelas nossas cachaças.

FIGURANTE – Amigo, cê tá mal. Bebe uma gelada com a gente, te garanto que vai animar o teu ânimo.

VANDO – Bem… acho que não é boa ideia, mas só uma gelada não tem problema. Eu emburaco.

Os dois seguem para o bar e vão diretamente até o balcão.

CORTA PARA:

CENA 11. LOJA DE DISCOS DE CÉLIO. FACHADA. EXTERIOR.

Célio já está abrindo a loja quando Galeno aparece, visivelmente fatigado.

GALENO – Pensei que a loja já estivesse aberta. Sinto muito pelo atraso.

CÉLIO – Tudo bem, também tenho meus problemas. Preciso que você cuide da loja enquanto eu vou resolver um assunto na delegacia.

GALENO – Não se preocupe, vou cuidar de tudo por aqui. Pode ir.

CÉLIO – Não esquece de ligar a música. No início da tarde eu venho pra você poder ir tirar seu almoço. Cuidado.

O dono da loja entrega a chave para Galeno e sai. O jovem termina de abrir as portas e segue para dentro. Dois clientes entram. Galeno liga o rádio da loja. O celular dele toca e ele rapidamente tira do bolso para atender.

SONOPLASTIA: Luísa Sonza – Devagarinho.

GALENO – Oi, mana. Você tem notícias de Joel?

PANDORA – Sim. Uma médica o examinou e viu que ele tá com um inchaço no cérebro, por isso ele está sem memória por enquanto. Vamos fazer uma pequena cirurgia e ver como ele se sai.

GALENO – Isso significa que ele ainda corre risco?

PANDORA – Risco ele não corre, mas essa cirurgia no cérebro é essencial para sabermos se ele terá amnésia ou é só efeito efêmero da pancada. Eu vou te manter informado conforme puder.

Close em Galeno aflito.

CORTA PARA:

CENA 12. COBERTURA SOLTEIRO DE PAULA. SALA DE JANTAR. INTERIOR.

Yasmin surge na sala de jantar, onde Sueli está sentada sozinha à mesa.

YASMIN – A senhora tá bem? Nem tocou na comida que botou no prato.

SUELI – Tentei falar com Grazi, só que ela ainda não deu sinal de vida. Não consegui dormir a noite inteira sentindo que algo de errado aconteceu.

A porta repentinamente é aberta e as duas seguem para o hall, Sueli apressada. As duas flagram Grazi, zonza, entrando em casa e apoiando-se na parede para não cair.

SUELI – Que isso, filha? Onde você estava?

GRAZI (afônica) – Aquele cara do táxi, ele tentou me violentar… aquele nojento! Eu não aguentava mais, mãe, não aguentava…

Grazi perde as forças e desmaia no chão. Desesperada, Sueli corre e ergue a cabeça da filha. Vemos sangue esvair-se de sua região genital, apavorando Yasmin.

CORTA PARA:

CENA 13. DELEGACIA DE POLÍCIA. CELA DE BENÍCIO. INTERIOR.

Escoltado por um policial, Célio aproxima-se da cela.

CÉLIO – Desculpa não ter te trazido nada, pensei que Rebeca iria te comprar comida.

BENÍCIO – Espero que ela traga quando vier, a comida aqui não é muito boa.

CÉLIO – Quando vier? Ela já devia ter vindo, faz tempo que ela saiu lá da pousada.

BENÍCIO – Rebeca não veio aqui, não. Cê tem certeza que ela vem pra cá?

CÉLIO – Foi ela mesma que disse. Ela mentiu, então, e foi pra algum outro lugar.

Encafifados, os dois trocam olhares, tensos.

CORTA PARA:

CENA 14. EMPRESA DE RÔMULO. SALA DELE. INTERIOR.

INSTRUMENTAL – Tensão.

A secretária de Rômulo abre a porta para a entrada de Rebeca, que rapidamente vai até ele.

RÔMULO – Que surpresa te ver, querida.

REBECA – Você realmente está disposto a me fazer vender minha alma pra você, não é? Sei que estarei negociando com o próprio capeta, mas vim te pedir que liberte Benício, ele não tem que pagar pelas suas maldades.

O vilão abre um cínico sorriso.

CORTA PARA:

CENA 15. PENSÃO DE TAMIRES. COZINHA. INTERIOR.

Tamires cozinha algo quando Vladimir surge correndo.

TAMIRES – O que foi, galãzinho? Tá fugindo de agiota?

VLADIMIR – Não, não, é o Vando, ele tá lá fora.

TAMIRES – E o que tem? Não sou nada daquele traste.

VLADIMIR – Dona Tamires, ele tá desfalecido, não responde ninguém. Um amigo disse que ele bebeu muito no bar e agora está caído na entrada da pensão.

A dona da pensão larga tudo e sai apressada acompanhada por Vladimir. Na fachada da pensão, ela toma um choque ao deparar com Vando desmaiado.

CORTA PARA:

CENA 16. RESIDÊNCIA DE EUGÊNIA E ÍTALO. COZINHA. INTERIOR.

SONOPLASTIA: Pitty ft. Tássia Reis e Emmily Barreto – Contramão.

CAM gira ao redor de Eugênia, que bagunça seus próprios cabelos.

EUGÊNIA (sussurrando) – Não posso deixar Ítalo ir embora, ele é meu eterno cúmplice, eu não posso viver sem ele.

Ítalo repentinamente imerge do hall com as suas malas em mãos.

ÍTALO – Eugênia, eu tô indo embora. Você pode vir comigo, a gente pode fugir juntos de toda essa história maluca.

EUGÊNIA – Eu não vou, não vou ser uma fracote como você e abdicar de tudo o que nós já conseguimos até agora.

ÍTALO – É uma escolha sua, mas eu não quero ir brigado com você, eu ainda te amo. Vamos manter o contato, tá?

O malandro larga as malas e segue até Eugênia, que recua até dar de costas na pia. A vilã tateia o granito até achar uma faca.

ÍTALO – Eu só quero te abraçar, um abraço de despedidas, só isso. Não fique ressentida comigo, deixa de queijo.

Eugênia cede e os dois se abraçam. Eis que ouvimos o som da facada e Ítalo arregala os olhos. O vilão tenta desvencilhar-se da amante e a empurra, permanecendo com a faca fincada em suas costas. O clima pesa. Closes alternados.

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