CENA 01: HOSPITAL, QUARTO DE PIETRA, INTERIOR, MANHÃ.
Os enfermeiros utilizam o desfibrilador para fazer o coração de Pietra voltar a bater, eles usam várias vezes, mas é inútil. Heloisa e Ricardo se abraçam e choram compulsivamente: Pietra faleceu. Os enfermeiros saem do quarto e os deixam a sós.
HELOISA: – Não pode ser verdade… Meu Deus, a nossa filha se foi!
RICARDO: – A vida da Pietra nunca foi fácil, mas eu não queria que ela nos deixasse agora, vou sentir muitas saudades dela.
HELOISA: – Eu não vou conseguir viver sem ela, Ricardo, eu não vou!
RICARDO: – A gente vai ter que ser forte, Heloisa, tão forte quanto a Pietra foi.
Heloisa e Ricardo seguem chorando, abraçados e olhando para Pietra falecida na maca. Vagarosamente, eles aproximam-se e acariciam o rosto da filha, enquanto lembra-se dos momentos felizes que viveram.
CENA 02: PENSÃO TITITI, QUARTO DE SHIRLEY, INTERIOR, MANHÃ.
Vera continua pálida, sem saber o que responder para Shirley, que flagrou ela roubando o cheque de 30 mil reais que Marina lhe deu.
SHIRLEY: – Vamos lá, sua mocreia, estou esperando uma explicação! O que o meu cheque tá fazendo no teu sutiã do brechó?
VERA: – Bom, eu vim te procurar no quarto e você não estava, aí quando eu fui sair, veio uma rajada de vento na janela e…
SHIRLEY: – E o cheque voou para o meio dos teus seios, não é?
VERA: – Nossa, como você adivinhou?
SHIRLEY: – Cínica! Eu vou acabar com você!
Shirley dá uma bofetada em Vera, que se apoia na parede. Em seguida, a idosa avança nos seios da amiga e tenta arrancar o cheque do sutiã. Vera tenta empurrar Shirley, mas a idosa é forte. Antonia ouve o escândalo de seu quarto e vai até o quarto da tia, se impressionando com a briga das duas. Shirley consegue tirar o cheque de Vera, afastando-se dela.
SHIRLEY: – O cheque é meu, sua ordinária! Não ouse encostar nele, muito menos roubar!
VERA: – A senhora me agrediu, eu posso processá-la!
ANTONIA: – Calem-se, isso aqui tá parecendo um galinheiro! Pensei que sua compulsão por roubos tinha passado, Vera, mas você continua hein.
VERA: – E sua compulsão por homens jovens já passou, Antonia?
SHIRLEY: – Como é que é? Minha sobrinha é tarada por garotões?
VERA: – Sim, Shirley! Havia um hóspede na pensão que tinha uns 20 anos, sabe como ele pagava o aluguel? Na cama com a Antonia!
ANTONIA: – Sua linguaruda! Sai da minha pensão agora, Vera!
SHIRLEY: – Antonia, estou chocada! Quer dizer que você possui “uma Shirley” no seu interior?
ANTONIA: – Eu não sou obrigada a ficar ouvindo o desaforo de vocês duas, com licença!
Antonia sai do quarto, furiosa, enquanto Shirley e Vera riem.
SHIRLEY: – O que você tá fazendo aqui, sua ladra? Fora do meu quarto!
Vera fica cabisbaixa e sai correndo do quarto. Shirley esconde o cheque na calcinha.
CENA 03: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, MANHÃ.
Luiza, Miguel e Dr. Samuel estão sentados à direita da mesa, enquanto Marina, Ivan e Dr. Bruno estão sentados à esquerda da mesa. A promotora de justiça, Dra. Laura, está sentada na ponta da mesa e começa a expor sua opinião.
LAURA: – Ao analisar os registros deste caso, eu me surpreendi com a possibilidade de irmãos gêmeos possuírem 20 anos de diferença. Realmente, a ciência é revolucionária, mas vejam o que esta revolução criou. Aqui estão duas famílias, disputando uma criança que veio ao mundo a partir desta revolução genética. Como promotora de justiça, eu observo os casos com um olhar imparcial, sem defender ou acusar ninguém. A disputa judicial pelo menor Davi é muito complexa e vai além dos conceitos teóricos do Direito ou da própria Medicina. O conforto entre genes e meio já ocorreu muitas vezes, mas eu ouso dizer que o confronto de hoje é inédito.
Luiza, Miguel, Marina e Ivan se olham, nervoso. Os advogados observam a promotora com atenção, assim como o juiz.
LAURA: – À primeira vista, creio que o menor deva ficar sob a guarda de Marina Amorim e Ivan Amorim. Os vínculos genéticos entre pais e filhos são importantes componentes no desenvolvimento de uma pessoa, visto que nós herdamos boa parte das características de nossos pais biológicos. Além disso, um fato primordial é que Davi é gêmeo de João Amorim; logo, se Davi é gêmeo de João e este é filho de Marina e Ivan, então, o Davi também é filho do casal.
Marina e Ivan apertam suas mãos, sorridentes e com os olhos lacrimejados. Luiza e Miguel soam frio e estão muito tensos.
LAURA: – Porém, observando por uma segunda vez o caso, creio que o menor deva ficar sob a guarda de Luiza Amaral e Miguel Amaral. A maneira como uma criança é criada é fundamental na formação da pessoa. Davi é o resultado da vivência na vila do subúrbio com Luiza e Miguel. Até hoje, a figura de mãe e pai para esta criança é este casal e o sentimento que os liga é inquebrável. Sendo o ser humano não apenas genética, mas também razão e emoção, acredito sim que o menor deva permanecer sob a guarda do casal Amaral.
Luiza e Miguel sorriem, enquanto Marina e Ivan ficam bravos com a declaração da promotora.
LAURA: – Meritíssimo, eu proponho a ambas as partes que pensem na possibilidade da guarda compartilhada. O Davi é importante para ambas famílias e a convivência com elas é importante ao menor também. Sendo assim, a guarda compartilhada é a melhor solução para essa disputa judicial. Todos foram vítimas de um erro do Dr. Vitor Vasconcellos e o Davi é um conjunto da genética e do meio, então, creio que a guarda compartilhada é de extrema necessidade.
Luiza, Miguel, Marina e Ivan se olham, intrigados. Dr. Samuel e Dr. Bruno ficam surpresos com a proposta de Dra. Laura.
CENA 04: PENSÃO TITITI, INTERIOR, MANHÃ.
Vanessa e Gean estão na sala, com o carrinho do bebê próximo a eles.
VANESSA: – Nós sempre tivemos um relacionamento de gato e rato né? Mas a gente era feliz assim… Eu curtia muito você, Gean. A gente ficou muitas vezes e… Bom, acho que olhando pra esse bebê você já deve imaginar o que eu tô querendo dizer né.
GEAN: – Ai, ai, ai… Esse filho é meu?
VANESSA: – É sim, Gean. Eu engravidei de você naquela nossa última transa, um dia antes de você ir embora pro Paraguai.
GEAN: – Porra! Não acredito nisso… Você não tomou pílula?
VANESSA: – Não. E você, usou camisinha?
GEAN: – Não… Esse filho é meu mesmo, Vanessa? Você era bem rodada nas baladas!
VANESSA: – Me respeita, Gean! Eu tinha meus ficantes sim, e daí? Você também ficava com várias garotas! Esse bebê é seu filho, eu tenho certeza, eu só transei contigo nas últimas semanas que você morou aqui na pensão.
Gean fica nervoso e olha para o bebê, que sorri e brinca com um chocalho colorido. Ele acaricia o rosto do bebê e ri.
GEAN: – E o machinho é a cara do pai hein… Garotão!
VANESSA: – Ah não, ele puxou a mãe!
GEAN: – Sabe Vanessa, eu senti sua falta no Paraguai. Conheci algumas mulheres lá, mas nenhuma foi como você.
VANESSA: – Nossa, você se declarando, vai chover…
GEAN: – Tô sendo sincero, eu gosto muito de você, garota.
VANESSA: – Eu também, Gean, eu não te esqueci nesses meses todos.
Gean e Vanessa sorriem e se abraçam, logo dando um beijo apaixonado e longo. Eles deitam no sofá e se beijam fogosamente sem parar, até que Antonia desce as escadas da pensão e se surpreende com a cena.
ANTONIA: – Gean, é você? eles se levantam do sofá. – Veio do Paraguai pra transformar minha pensão em motel outra vez?
Gean e Vanessa se assustam, enquanto Antonia os encara. Shirley e Vera descem as escadas ao ouvirem os gritos.
SHIRLEY: – Alguém falou em motel? Ai, que saudades! E esse garotão, quem é? Tem cara de ser um stripper, adoro!
VERA: – Shirley, esse daí é o antigo hóspede da pensão que pagava o aluguel pra Antonia com sexo!
SHIRLEY: – Ui! Minha sobrinha, você escolheu muito bem, sua gulosa!
ANTONIA: – Cala essa boca, sua desbocada!
VANESSA: – Que história é essa de pagar aluguel com sexo, Gean? Você e a Antonia tinham um caso?
GEAN: – Esqueça essas três doidas e me escuta: se eu sou o pai desse bebê mesmo, então eu assumo a paternidade e você vem morar comigo na Ciudad del Este.
VANESSA: – Morar com você no Paraguai? Mas não é mais fácil você voltar a morar no Brasil?
GEAN: – Minha vida tá toda no Paraguai, eu tenho emprego e casa lá. Se você gosta de mim e quer eu crie esse bebê, então vem comigo! Você tá sozinha mesmo, tua mãe te deixou, essa pensão tá falida, vai fazer o que no Brasil?
Vanessa fica receosa, enquanto Antonia, Shirley e Vera observam a conversa.
CENA 05: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, MANHÃ.
O juiz está na sala apenas com Dr. Samuel, Dr. Bruno e Dra. Laura, para colher o depoimento de Davi.
ARMANDO: – Davi, conte a nós como foi morar novamente com sua antiga família.
DAVI: – Foi muito bom, eu tava morrendo de saudades de morar com a mamãe Luiza e com o papai Miguel. Eu pude dormir no meu quarto de novo, pude rever meus amiguinhos da rua, foi bem legal.
BRUNO: – E você não sentia saudades da outra família?
DAVI: – Da mamãe Marina e do papai Ivan? Sentia, um pouquinho. Mas é que eu morei um tempão com eles, aí tinha mais saudades da mamãe Luiza e do papai Miguel.
SAMUEL: – Davi, você morou com duas famílias e foi feliz nelas, mas eu gostaria que você dissesse ao Meritíssimo qual das duas famílias você prefere morar para sempre.
DAVI: – Tá, mas quem é Meritíssimo?
ARMANDO: – Sou eu, Davi, o juiz.
DAVI: – Ah tá… Bom, eu gosto das duas famílias, mas eu prefiro a minha família de sempre, a que estou morando agora.
LAURA: – Mas você não gostaria de ver a Marina e o Ivan às vezes, de passar alguns dias na casa deles?
DAVI: – Sim, seria legal, eu gosto muito deles também. Eu adoro ficar olhando as fotos que tem lá, eu tenho um irmão gêmeo muito grande, é muito show!
LAURA: – Entendo… Se o juiz permitir que você more um pouco com Luiza e Miguel, e um pouco com Marina e Ivan, você gostaria?
DAVI: – Bom… É, seria legal sim, aí eu não ficaria longe de ninguém. Eu demorei pra aprender que eu tenho duas mães e dois pais, é diferente isso, então se eu tenho duas famílias, acho que tenho que ficar um pouquinho com cada uma.
O juiz, assim como os advogados, se surpreendem com a declaração de Davi, que mesmo na inocência de seus 6 anos, confirmou a hipótese da promotora.
CENA 06: CAPELA MORTUÁRIA, INTERIOR, MANHÃ/TARDE.
O velório de Pietra acontece no centro de Curitiba. Desolados, Heloisa e Ricardo estão ao lado do caixão, que está coberto por flores e somente com o rosto da menina aparecendo. A capela mortuária está lotada, pois Ricardo tinha muitos amigos e era muito conhecido pelo seu trabalho como petroquímico em Araucária. Inês, a governanta da mansão, chora pela morte de Pietra. Heloisa e Ricardo choram, se abraçam, se consolam, acariciam o rosto da filha no caixão e rezam.
CENA 07: CREMATÓRIO, EXTERIOR, TARDE.
O corpo de Pietra é levado para a cremação, a pedido da família. Enquanto os profissionais fazem realizam o processo, a família aguarda do lado de fora.
INÊS: – Tadinha do meu anjinho… Que descanse em paz!
HELOISA: – Ai meu Deus, que dor terrível, eu acho que nunca vai passar.
RICARDO: – Passar até pode, mas esquecer dessa dor é impossível. Como o mundo é injusto…
INÊS: – A Pietra era uma menina tão meiga, doce, querida, vou sentir muita falta dela na mansão.
HELOISA: – Sabe, Dona Inês, eu tenho até medo de ter outro filho. Eu não ia suportar a dor de perder novamente.
INÊS: – Mas querida, não pense assim! Não é porque vocês tiveram uma filha com câncer que todos os filhos que vocês possam ter, também tenham.
RICARDO: – Eu vi um caso, aqui no Brasil mesmo, de uma família em que 7 irmãos tinham o mesmo problema genético. Eu tenho medo que, se eu e a Heloisa tivermos outro filho, ele nasça com câncer. Eu não suportar ver essa história se repetir, Inês, é doloroso demais para um pai ver sua filha ir embora tão cedo!
Inês compreende e limpa as lágrimas, enquanto Heloisa e Ricardo se abraçam e choram. Alguns minutos depois, um profissional entrega aos pais uma urna com as cinzas de Pietra. Sob as lágrimas compulsivas de Heloisa, Ricardo e Inês, eles caminham pelo jardim do crematório com a urna da menina.
CENA 08: ESTADA, EXTERIOR, TARDE.
Paula está dentro de um ônibus, que saiu de Curitiba há algumas horas, com direção ao Rio de Janeiro. O sacolejo da estrada a deixa enjoada e furiosa, mas ela crê que o melhor é fugir para não pagar as dívidas. Irritada, ela pega seu celular e liga para Vanessa. Demora um pouco, até que ela atende.
PAULA: – Oi, sua ingrata!
VANESSA: – Mãe? O que a senhora quer hein?
PAULA: – Me despedir.
VANESSA: – Hã? Como assim?
PAULA: – Tô indo embora pra bem longe de Curitiba, não tenho condições pra pagar as dívidas.
VANESSA: – E fugir é a melhor solução, por acaso?
PAULA: – Quer que eu faça o quê, sua imbecil? Sou manicure, acha que fazendo as unhas eu vou conseguir pagar aquelas contas milionárias? Nem se eu vender meu fígado no mercado negro eu consigo pagar tudo!
VIVANE: – Seu fígado também não é dos melhores, vivia bebendo com o papai…
PAULA: – Mas que ordinária… Tudo isso não estaria acontecendo se o golpe do baú tivesse sido feito de forma correta!
VANESSA: – Mãe, por favor, não me amole! Tá fugindo pra onde?
PAULA: – Não te interessa! Só liguei pra me despedir. Apesar de tudo, eu te amo, você é minha filha. Tive uma grande decepção contigo sim, mas é minha filha. Não sei se volto um dia pra Curitiba, nem se vou te ver outra vez, então liguei por isso.
VANESSA: – Poxa, mãe… Eu também te amo, mesmo com seu jeito torto de ser.
PAULA: – Tchau, filha. Cuida bem do meu netinho.
Paula desliga o celular e olha para o horizonte na janela do ônibus, revoltada com sua vida. Logo, o motorista perde o controle do veículo após o pneu cair num buraco grande. O ônibus transita da direita para a esquerda na estrada, até que cai no acostamento e capota várias vezes, barranco abaixo.
CENA 09: FÓRUM, INTERIOR, TARDE.
Dr. Bruno conversa com Marina e Ivan, na recepção do fórum, no intervalo da audiência.
IVAN: – Guarda compartilhada? Como funciona isso, Dr. Bruno?
BRUNO: – A promotora propôs que o Davi fique sob a guarda das duas famílias, que irão compartilhar os cuidados e a convivência com ele.
MARINA: – É como se fosse um casal divorciado, em que a criança fica um pouco com a mãe e um pouco com o pai?
BRUNO: – É, mais ou menos isso, Dona Marina. Eu achei a proposta ousada, mas útil. Os senhores e a outra família não querem ficar longe do Davi e a convivência com todos é importante para a criança.
IVAN: – Mas compartilhar a guarda, Dr. Bruno? Sei lá, é estranho…
BRUNO: – Esse caso é estranho por completo, por acaso já se viu algum gêmeo com 20 anos de diferença?
MARINA: – Mas Dr. Bruno, como fica a questão do registro do Davi? Na certidão de nascimento, vai constar o nome de quem na parte de filiação?
Dr. Bruno segue explicando a Marina e Ivan a situação. Do outro lado da recepção do fórum, Dr. Samuel tem a mesma conversa com Luiza e Miguel.
LUIZA: – Vai constar na certidão que o Davi tem duas mães e dois pais?
SAMUEL: – Exatamente, assim todos terão direitos legais sobre a criança. Aí entra a guarda compartilhada, já que todos serão legalizados perante a filiação do Davi.
MIGUEL: – Mas isso é um absurdo! A justiça vai permitir uma criança ser registrada com quatro nomes na área de filiação?
SAMUEL: – A justiça evoluiu muito, hoje as novas configurações de família estão mais aceitas no meio jurídico. Por exemplo: um casal homossexual pode registrar uma criança com dois pais, não é necessário haver um nome feminino para compor a mãe.
LUIZA: – Mas o nosso caso não tem nada a ver com homossexualidade!
SAMUEL: – Eu sei, Dona Luiza, citei apenas como exemplo. O Davi pode ser registrado com duas mães e dois pais, o juiz foi permissível diante disso após a promotora sugerir a guarda compartilhada. Eu achei uma proposta interessante, afinal, ambas famílias não querem ficar longe da criança e ele gosta das duas famílias.
Luiza e Miguel se olham e pensam na proposta, enquanto Dr. Samuel os segue explicando.
CENA 10: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, TARDE.
Luiza, Miguel e Dr. Samuel estão sentados à direita da mesa, enquanto Marina, Ivan e Dr. Bruno estão sentados à esquerda da mesa. Armando, o juiz, já está sentado em sua cadeira. Laura, a promotora de justiça, está no fundo da sala, junto com Davi.
ARMANDO: – Retornamos à audiência após alguns minutos de recesso. Solicito que os senhores advogados se posicionem diante da proposta da senhora promotora sobre a guarda compartilhada.
Dr. Bruno e Dr. Samuel se olham fixos, com alguns papéis nas mãos.
BRUNO: – Meritíssimo, eu conversei com meus clientes sobre essa questão e nós chegamos a uma conclusão. Diante do fato de que nenhum de nós tem culpa por Davi ter sido gerado e criado por outra família, nós aceitamos a guarda compartilhada a fim de permitir que a criança solidifique seus vínculos com a família biológica sem quebrar vínculos com sua família de criação.
SAMUEL: – Meritíssimo, informo que também conversei com meus clientes sobre a guarda compartilhada e nós aceitamos a proposta, visto que é saudável para o crescimento do Davi a convivência com seus pais biológicos alternada com a convivência com seus pais de criação.
Luiza, Miguel, Marina e Ivan se olham fixamente. No fundo da sala, Davi não compreende o que estão conversando.
DAVI: – Eles falam umas palavras tão esquisitas, eu não entendo nada.
LAURA: – Você já vai entender, querido. Escute o juiz agora.
Davi compreende e Dra. Laura observa com atenção a sentença de Armando.
ARMANDO: A configuração de família sempre mudou com o passar do tempo. A família que temos hoje não se parece em nada com a família dos primórdios da humanidade. A família que temos hoje não se parece sequer com a família da década passada. As mudanças na sociedade provocam mudanças na base de todo ser humano: a família. E o que é um ser humano sem família? A justiça analisa as mudanças da sociedade para adequar suas leis. Hoje, é possível ver casos de crianças registradas por casais homoafetivos; criança com duas mães, um pai e seis avós no Rio Grande do Sul; criança com três mães na Bahia; criança registrada com o nome de mãe, pai e madrasta em Recife; entre outros casos.
Todos se surpreendem, pois não sabiam de existência de muitos desses casos.
ARMANDO: O nome disso é multiparentalidade. E porque não aplicar esse termo para o caso que estamos julgando hoje? O Davi possui duas famílias, é amado por todos e ele também ama a todos. E o amor não faz parte da família? Ambas as partes aceitaram a guarda compartilhada. Sendo assim, reconheço como legal a mudança na certidão de nascimento do menor. A partir de hoje, Davi passará a ter o sobrenome da família biológica e da família de criação, sendo então: Davi Amaral Amorim. E mais: na certidão, constará que a criança possui duas mães: Luiza Amaral e Marina Amorim; e dois pais: Miguel Amaral e Ivan Amorim. Menciono que o veredito de hoje é irrevogável. ele bate o martelo. – Está encerrada a seção.
Todos ficam em pé e se olham com os olhos marejados. Davi caminha até eles, juntamente com Dra. Laura.
DAVI: – Eu entendi bem? Agora eu vou mudar de nome de novo?
MARINA: – Pois é, meu amor, agora você vai ter o nosso sobrenome e o sobrenome da outra família.
MIGUEL: – E você vai passar um tempo morando com cada família, porque todos nós somos seus pais.
Davi estranha no início e desperta o medo da rejeição neles, mas logo ele abre um sorriso e sobe na mesa do fórum.
DAVI: – O papai do céu foi muito generoso comigo, me deu duas famílias! Que criança tem esse privilégio? Só eu! Eu amo todos vocês, amo muito!
Luiza, Miguel, Marina e Ivan sorriem e controlam-se para não chorar.
LAURA: – Eu desejo que as famílias entrem em acordo e se unam em prol da felicidade do Davi. Não procurem um culpado para essa situação, nenhum de vocês é culpado e merece punição. Que o amor pela criança destrua o muro que separa vocês.
Luiza, Miguel, Marina e Ivan ficam tocados com a mensagem de Dra. Laura, que sai da sala. Dr. Bruno e Dr. Samuel se cumprimentam, selando o fim da disputa.
BRUNO: – Foi uma disputa longa e cansativa, mas valeu a pena. Você é um ótimo profissional.
SAMUEL: – Obrigado! Você também é! Aprendi muito com esse caso, levarei essa experiência para a minha vida.
Dr. Bruno concorda e sai da sala conversando com Dr. Samuel.
CENA 11: FÓRUM, EXTERIOR, TARDE.
Enquanto Davi brinca no gramado em frente ao fórum, os casais tentam procurar as palavras certas para selarem a paz.
LUIZA: – Bom… Enfim, o caso foi solucionado né!
MARINA: – Pois é… Eu achei a solução justa.
MIGUEL: – Eu também, afinal, todos nós cumprimos um papel importante ao Davi.
IVAN: – Com certeza! Conviver com todos nós é essencial para ele.
LUIZA: – E agora, quem leva o Davi pra casa?
MARINA: – Pode ser vocês, ele tá morando com vocês no momento mesmo. Mas amanhã, eu gostaria de buscá-lo na escola e levá-lo pra minha casa.
MIGUEL: – Tudo bem, sem problemas.
IVAN: – Eu acho que nós estamos muito frios, vocês não acham?
MARINA: – Frios? Como assim, meu amor?
IVAN: – Frios no sentido de aproximação. Nós vamos conviver para sempre a partir de hoje. O Davi agora é reconhecido pela lei como Amaral e Amorim, não há motivos para ficarmos “pisando em ovos” entre nós. Quero dizer que vocês, Luiza e Miguel, podem ir lá à casa qualquer dia e qualquer hora, estará sempre aberta pra vocês.
LUIZA: – Muito obrigado, Ivan! Você e a Marina também podem aparecer na nossa modéstia casa sempre que quiserem.
MARINA: – Aproveitando o que o meu marido falou, eu gostaria de lembrar do pedido de perdão que eu fiz a vocês lá no hospital. Vocês pediram um tempo e já se passaram algumas semanas, eu não quero forçar nada, mas…
LUIZA: – Não precisa continuar, Marina, eu e o Miguel pensamos muito sobre isso e decidimos perdoar você e o Ivan sim. Fomos muito machucados, de verdade, mas o tempo vai cicatrizar isso.
MIGUEL: – A nossa convivência, a partir de hoje, vai cicatrizar nossas feridas. Nós vamos nos unir por amor ao Davi.
Naquele momento, Davi se aproxima e se põe entre os casais.
DAVI: – Tão conversando, tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas cadê um abraço? Eu nunca vi vocês se abraçando e se são minhas famílias, eu quero ver um abraço entre vocês né!
Luiza, Miguel, Marina e Ivan sorriem timidamente e se emocionam com Davi.
MARINA: – Vamos ouvir a voz sábia e inocente de uma criança. Vamos selar a paz!
Todos concordam. Marina e Luiza se aproximam e se abraçam, deixando uma lágrima escorrer, relembrando as discussões que tiveram. Miguel e Ivan se aproximam e se abraçam, deixando uma lágrima escorrer e relembrando os conflitos entre eles. Após, Miguel abraça Marina e Ivan abraça Luiza, selando a paz entre ambas as famílias. Davi vê a cena e comemora com pulinhos, sorridente e feliz. Após, os quatro levantam Davi do chão e dão um beijo coletivo nas bochechas da criança.
CENA 12: PENSÃO TITITI, INTERIOR, TARDE.
Antonia e Vera estão jogando baralho na mesa de jantar, enquanto Shirley desce as escadas com suas malas.
ANTONIA: – Que malas são essas, Shirley?
SHIRLEY: – Cansei de Curitiba, não tem mais nada pra fazer aqui. Essa pensão tá as moscas, uma monotonia e eu detesto monotonia. Tô com saudades de Florianópolis, oh cidade abençoada, tô com uma vontade imensa de pisar naquele calçadão outra vez.
VERA: – Misericórdia… A senhora não cansa de fazer programa, não? Nem ganhando um cheque de 30 mil?
SHIRLEY: – Pois é com esse dinheiro que eu vou realizar um sonho: vou abrir uma casa noturna! Terá muita música, bebida e pegação! Aliás, eu pensei nas duas aí pra me ajudar. Não querer vir comigo pra Floripa e serem minhas sócias?
ANTONIA: – Eu? Nem morta! Imagina se eu vou sair da minha pensão que eu lutei pra fundar. Não sou do teu nível, Shirley!
VERA: – Não conte comigo, eu não tenho vocação pra vagabunda. Imagina se eu vou fazer programa, que horror! Ainda mais, ter uma vovó como cafetina.
SHIRLEY: – Vovó é o teu espírito, sua abusada! Um dia lindo desse, com um Sol incrível, cheio de gente bonita na rua, e você aí jogando carta? Me poupe! Eu não vou abrir um cabaré, vou abrir uma casa noturna. Haverá prostituição sim, mas eu tô convidado vocês pra trabalharem comigo. A Antonia pode ser a contabilista, ela é ótima em cálculos! E a Vera pode ficar responsável pelo marketing da casa, conversando com fornecedores e músicos. Topam?
Antonia e Vera se olham, intrigadas, enquanto Shirley retoca seu batom vermelho.
ANTONIA: – Minha vida tá toda em Curitiba, não posso sair daqui.
VERA: – Eu também.
SHIRLEY: – Ai Cristo, como vocês são burras! Vão querer ficar em Curitiba e viver de brisa? Essa pensão tá falida, não tem mais nenhum hóspede. Você não tem mais lucro, Antonia, e a Vera não trabalha. Bom, se vocês preferem passar fome e sede, tudo bem, eu vou comprar minha passagem de avião direto pra Florianópolis. Aí, que luxo, sempre quis viajar de avião! Tchauzinho, suas fracassadas!
Shirley atira um beijo no ar para Antonia e Vera, irritando-as. Shirley gargalha e sai da pensão com suas malas. Logo, Antonia e Vera vão atrás dela.
ANTONIA: – Espera aí, tia!
SHIRLEY: – Tia? Me chamou de tia? Tá com febre, tá?
ANTONIA: – Acho que tá na hora da gente se entender. Eu tô na merda, admito! E você foi a única pessoa que me estendeu a mão. Eu aceito ir com você pra Florianópolis e ser contabilista da sua casa noturna.
SHIRLEY: – Ai, minha sobrinha, assim você me emociona!
Shirley abraça Antonia e dá um beijo no rosto da sobrinha, deixando uma marca de batom.
VERA: – Eu não tenho ninguém em Curitiba, sou sozinha no mundo. Aceito sua proposta também!
SHIRLEY: – Ótimo! Então, façam as malas e vamos pro aeroporto! Florianópolis vai tremer com o trio parada dura!
Shirley ri sem parar, enquanto Antonia e Vera riem timidamente.
CENA 13: CEMITÉRIO, EXTERIOR, TARDE.
Heloisa e Ricardo caminham pelo cemitério as cinzas de Pietra e uma urna biodegradável. Eles se ajoelham no gramado, abrem a urna e despejam as cinzas da filha, aos prantos.
HELOISA: – Eu nunca tinha ouvido falar em urna biodegradável. Tem certeza que isso é bom, Ricardo?
RICARDO: – Tenho sim, meu amor. A urna biodegradável foi criada na intenção de causar menos impacto ambiental que os túmulos de cemitérios. A urna é feita com casca de coco, celulosa e turfa, aí a gente põe a cinza nesse espaço interno e depois põe a semente de uma planta. Qual você escolheu?
HELOISA: – Girassol, é uma flor linda e a Pietra ficava encantada como uma planta podia se mover na direção do Sol.
Ricardo concorda e limpa as lágrimas. Em seguida, ele põe a semente de girassol dentro da urna biodegradável com as cinzas fúnebres de Pietra. Após, ele abre um pequeno buraco com uma pá e põe a urna dentro, cobrindo com terra. Heloisa pega o regador e molha o local, chorando.
RICARDO: – Pode parecer estranho, mas essa forma de sepultar um ente querido é muito comum no Reino Unido, Inglaterra, Estados Unidos e, recentemente, chegou ao Brasil.
HELOISA: – A Pietra vai voltar ao início do ciclo da vida. Ela nasceu, viveu, morreu e agora vai integrar o ciclo de novo, gerando a vida a uma semente.
RICARDO: – A Pietra era tão linda quanto um girassol, tão cheia de luz e vida como essa flor. Esse é o túmulo da nossa filha, Heloisa, não agride natureza e ainda produz vida. A Pietra era uma criança especial e merecia um sepultamento especial.
Heloisa chora e abraça Ricardo, que chora também. Vagarosamente, eles se afastam da sepultura, abraçados e tristes com a perda da filha.
CENA 14: MESES DEPOIS.
A imagem da sepultura biodegradável de Pietra é mostrada com o decorrer dos meses, com o girassol germinando aos poucos. Sol, chuva, ventos, insetos, fazem com que a planta nasça normalmente e sem haver poluição do ambiente pelas cinzas de Pietra. A imponência do girassol no cemitério atrai a atenção das pessoas que visitam o lugar, pois ainda é novidade a urna biodegradável.
CENA 15: CAMELÔ, EXTERIOR, MANHÃ. CIUDAD DEL ESTE, PARAGUAI.
Gean está fazendo propaganda em frente à sua loja, no Paraguai.
GEAN: – Atenção, meu povo! Loja com preço bom, é aqui! Produtos paraguaios e “made in Brasil” com o melhor preço da Ciudad del Este! Venham conferir, promoção para os primeiros 10 clientes do dia! gritando em espanhol.
Gean sorri e acena para clientes que caminham na rua cheia de lojas. Logo, Vanessa sai da loja com o bebê no colo e com a barriga grande, já grávida.
VANESSA: – Que história é essa de promoção, Gean?
GEAN: – É pra chamar clientela, minha lindinha, fica tranquila!
VANESSA: – Olha, Gean, você não se faz de sonso hein! Nós temos um bebê pra criar e já tem dois a caminho!
Gean sorri, se ajoelha e beija a barriga de Vanessa.
GEAN: – Esses gêmeos vão apavorar o Paraguai!
VANESSA: – Que não puxem a safadeza do pai…
GEAN: – E você é uma santinha né?
VANESSA: – Não era, agora sou! Casamos, esqueceu?
GEAN: – Claro que não esqueci, agora sou fiel a você. Na nossa vida louca, a gente se completa né?
Vanessa sorri e põe o filho sentado numa cadeira, se aproxima de Gean e o beija intensamente. E no Paraguai, com uma loja de camelô, vivendo numa casa simples, o casal segue suas vidas.
CENA 16: PRAIA DE COPACABANA, RIO DE JANEIRO, EXTERIOR, MANHÃ.
A praia está lotada de cariocas, turistas de vários lugares do Brasil e do mundo. Nela caminha Paula, com um isopor com sorvetes, picolés, sacolés e gelo pra vender. Ela foi a única sobrevivente do acidente de ônibus, mas ninguém sabe. Paula foi dada como morta, assim como todos os passageiros, mas ela conseguiu sobreviver sem sequelas e fugir do local do acidente. Paula pegou carona com um caminhoneiro e foi até o Rio de Janeiro, adquiriu a identidade falsa de Sheila Assunção e mora numa pensão no Complexo do Alemão, vivendo como vendedora na Praia de Copacabana. Paula/Sheila não gosta da vida que leva, mas foi sua única saída para não ser cobrada das dívidas, afinal de contas, para a lei, ela está morta.
CENA 17: LAS XERECAS, INTERIOR, NOITE. FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA, BRASIL.
Shirley abriu a casa noturna Las Xerecas com o dinheiro que ganhou de Marina por salvá-la de um afogamento. Antonia é a contabilista da casa, sendo tão rígida como era na Pensão Tititi. Para ajudar a tia, ela vendeu o imóvel em Curitiba e investiu na casa noturna. Vera faz o marketing da casa, tendo contato com os fornecedores de bebidas e petiscos, além de promover shows de DJs e cantores. A casa noturna também conta com algumas garotas de programa, amigas de Shirley da época do calçadão. Shirley e Antonia se acertaram e agora se tratam como tia e sobrinha, finalmente. E Vera ainda possui lapsos de cleptomania, mas recebe bofetadas de Shirley quando é descoberta e devolve tudo. Além disso, todo sábado à noite, elas apresentam uma performance de cover, imitando algum artista. Shirley adora imitar Gretchen, enquanto Antonia prefere imitar Madonna e Vera imita a Valesca Popozuda.
CENA 18: MANSÃO TRAJANO, INTERIOR, MANHÃ.
Ricardo está terminando de tomar o café da manhã, quando ele ouve gritos de Heloisa descendo as escadarias da mansão e correndo até ele. Inês também se assusta e sai da cozinha.
RICARDO: – O que foi, meu amor, que cara é essa?
HELOISA: – Ai meu Deus, você não vai acreditar! Eu tô grávida!
Ricardo e Inês sorriem. Ele levanta da mesa e abraça Heloisa, beijando-a.
INÊS: – Isso é Deus derramando a felicidade sob essa casa!
RICARDO: – Que notícia maravilhosa! Você não me disse que estava suspeitando de nada…
HELOISA: – Eu quis fazer surpresa! Sentia alguns enjoos e notei que a menstruação estava atrasada, mas não tinha certeza e quis manter suspense.
RICARDO: – Oh, meu amor, essa criança vai abençoar muito a nossa vida!
Heloisa beija Ricardo, com muito amor e felicidade, enquanto Inês vê a cena fazendo uma oração para agradecer a Deus.
CENA 19: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, EXTERIOR, TARDE.
Davi está brincando na piscina da mansão com Marina, Ivan, Luiza e Miguel, todos dentro da água, se divertindo numa tarde de domingo. Olga trás sucos e lanches para todos.
OLGA: – Pessoal, quando quiserem comer, estejam servidos! Fizemos tudo do jeito que o Davizinho pediu.
DAVI: – Oba, adoro os lanches da Tia Olga!
Davi sai da piscina e vai comer o lanche, enquanto Olga o serve um copo de suco de maçã. Luiza, Miguel, Marina e Ivan permanecem dentro da piscina.
MARINA: – Que bom que a gente conseguiu estabelecer uma relação de paz.
LUIZA: – É mesmo, Marina. Nesses meses, a gente conviveu tanto que já sinto você como uma irmã.
MARINA: – Ai, muito obrigada! Eu não sei como a gente pode brigar por tanto tempo.
IVAN: – Talvez porque Machado de Assis estivesse certo quando disse que: “O amor é o egoísmo duplicado”. Nós brigamos por muito tempo pelo Davi para provar que o nosso amor era maior do que o amor da outra família, quando na verdade, o mais sensato era unir esses amores.
MIGUEL: – É verdade… Somente depois que deixamos o orgulho de lado, que derrubamos o muro que nos separava, a gente conseguiu se unir pelo amor ao Davi e fomos menos egoístas. Acho que isso tem a ver com o sentimento de maternidade ou paternidade, são sentimentos muito primitivos ainda.
LUIZA: – O importante é que nós, hoje, formamos uma família inseparável. Aprendemos juntos a superar as diferenças, a lidar com os defeitos e conhecer as qualidades, mas principalmente, aprender a somar o amor. Machado de Assis não estava errado mesmo quando disse que o amor é egoísta, ele é mesmo! Quando a gente ama, a gente quer pra nós, somente pra nós.
MARINA: – Isso nos cegou por muito tempo, mas graças a Deus a gente conseguiu superar. Que nossa união se solidifique cada vez mais.
Todos concordam e Davi pula na piscina, caindo no meio deles. Luiza, Miguel, Marina e Ivan riem e fazem cócegas em Davi dentro da piscina, divertindo-se em família. O amor do laço genético e do laço sentimental se fortaleceram num laço só e uniram duas famílias em nome do filho.
FIM