Estação Medicina
Capítulo 03
O Reencontro
CENA 01/SÃO PAULO/IMAGENS AÉREAS DAS RODOVIAS DE SÃO PAULO/ NOITE
É mostrada imagens das principais rodovias da capital, indicando o tráfego de automóveis, na Paulista, Ayrton Senna, Marginal Pinheiros, Rodoanel Mário Covas, indicando uma noção de passagem de tempo.
CENA 02/ INT. AEROPORTO DE GUARULHOS/ NOITE
Adelaide anda preocupada pelo saguão de espera junto com sua filha índigena, de 20 anos, Themise. Takes dela perguntando para seguranças do aeroporto e funcionários de lojas sobre o paradeiro do rapaz. Tudo em VOZ OFF. Desespero quando sentam no mesmo banco que Goram sentou no aeroporto.
ADELAIDE – Por Maíra e Macunaíma-íra! Onde que esse menino foi se meter? Iracema vai me matar!
CENA 03/SÃO PAULO/TATUAPÉ/ HOSPITAL ORLANDO MOÇA / SALA 1 DE PARTO/ NOITE
Caio(25 anos, branco, baixo, residente de obstetrícia) termina de falar com a namorada Meire. Ao passo que ele fala, câmera subjetiva, mostrar corredores do hospital.
CAIO(0.S)- Vou auxiliar agora na cirúrgia de Monalisa. Sim! Cesária por gemelaridade, paciente hígida, sem outras comorbidades, 30 anos. Sim! É a mamãe da Simone, que disse que daria esse nome por conta da Simone de Beauvoir, filósofa feminista. E mamãe do Lenin, sim o pai é comuna! (Ele ri). Beijo, te amo, depois me conta mais como está sendo a palestra aí na penitenciária masculina de Santo André.
Caio entra para fazer o trabalho de parto depois de se higienizar e estar paramentado cirurgicamente com vestimenta adequada. Doutor Liceu (55 anos, cabelos cinzas, narigudo) aguarda-o com outros colegas de equipe.
LICEU – Você está em horário de plantão e como R3 não pode usar esse período para falar com ninguém. Eu já avisei você sobre isso. Perderá um ponto na prova prática por esse atraso.
Caio se avermelha, alguns colegas riem discretamente. O jovem disfarça.
CAIO – Paciente parou de ter contrações Braxton Hicks?
LICEU – Há muito tempo! Já iríamos começar o parto sem você!
Caio disfarça.
CAIO – Vamos fazer Episiotomia?
Liceu se irrita.
LICEU(bravo) – Episiotomia num parto cesária? Alguém tira esse boçal da minha frente! Pedro traga fraldas, para caso a paciente evacue durante. Você assume junto comigo!
Caio se entristece.
CENA 04/SANTO ANDRÉ/PENITENCIÁRIA MASCULINA/SALÃO DOS PRESOS/ NOITE
Rita termina de explicar como funciona uma vasectomia, depois de ter falado sobre alguns métodos. Meire conclui.
MEIRE – É isso gente! Vamos ajudar as mulheres e evitar doenças sexualmente transmissíveis, abortos clandestinos e gravidez indesejadas.
Todos aplaudem.
Cortar para:
GABINETE DE FRANÇA
Goram senta enquanto André é levado para dentro.
ANDRÉ – ME LARGUEM, EU SOU INOCENTE, EU NÃO FIZ NADA!
Goram questiona.
GORAM – Telesé.Por que estão levando ahe? Ele não tem a chance de se explicar?
FRANÇA – Telê, o quê? Você é índio? Seu rosto tá pintado, mas é mais claro. Que explicar o quê? Só de olhar dá para perceber que ele é um bandidinho, meu faro de policial não se engana.
Goram consente.
GORAM(V.O) – Eu só estou aqui, porque sou homem branco. Polícia brasileira é racista. Tenho privilégios pela minha sa’y. Nossa! Que nojo desse delegado!
FRANÇA – Então, me conte melhor, onde você colocou o resto dos pacotes de cocaína?
GORAM – Eu não coloquei em mbovy algum. Já disse sou inocente, assim como aquele rapaz.
FRANÇA – Você pode até ser, mas ele não. Não se lembra de nada esquisito, alguém suspeito que tenha se aproximado de você?
Goram sente uma raiva dentro de si. Punhos fechados.
GORAM – Era para eu estar na casa de minha tia agora, fazendo ko’ero a minha matrícula na universidade Olímpius.
Rita que iria se despedir, para.
RITA – Você disse Olímpius, meu rapaz?
Ele se vira atordoado. Meire tenta dizer algo a Rita, mas não consegue. Hesita, mas fala.
GORAM – Hee…passei em medicina lá.
Rita sorri, ela nutria um carinho muito forte pelos seus alunos.
RITA – E o que um futuro estudante de medicina, meu aluno, está fazendo dentro de uma penitenciária este horário da noite?
Ele se alegra. De alguma forma, trocam olhares poéticos.
GORAM – Você é professora lá?
RITA – Você só passará comigo no quarto ano, mas sou sim. Chamo-me Rita. E então, você é indígena? O que faz aqui?
GORAM – Eu me mopumbyry Goram. Sou Guajajara sim!
França responde.
FRANÇA – Porque ele…
O Telefone toca e ele descobre que capturaram os responsáveis por isso, um deles confessou o implante das drogas.
FRANÇA – Obrigado Ariel.
Cansado. Ele deposita o telefone.
FRANÇA – Você tá livre, meu rapaz. Pegamos os verdadeiros responsáveis.
GORAM(enfrentativo) – Eu e o ava que vocês acabaram de levar para cela por ele simplesmente por ser negro! Dança de rato e sapateado de catita.
França o encara assustado por um minuto e depois liga para o departamento interno.
CORTAR PARA:
CENA 05/SÃO PAULO/IMAGENS AÉREAS DAS RODOVIAS DE SÃO PAULO/ NOITE
É mostrada imagens das principais rodovias da capital, indicando o tráfego de automóveis, na Paulista, Ayrton Senna, Marginal Pinheiros, Rodoanel Mário Covas, indicando uma noção de passagem de tempo.
CENA 06/SÃO PAULO/PENHA/ EXT.CASA SIMPLES DE ANDRÉ/NOITE
Goram termina de avisar a mãe pelo celular de Rita que estaciona seu carro em frente a residência de André.
RITA – Tá entregue, André.
O rapaz sorri.
ANDRÉ – Nem sei como te agradecer, professora Rita. Obrigado pela carona e Goram, parceiro, sinto muito pelo seu celular.
GORAM – Não se preocupa com isso, o importante é que você está eguahé e longe daquela penitenciária.
RITA – Sem sombra de dúvidas. Onde já se viu te levarem para cela daquele jeito sem nem direito a interrogatório? Por mais que a operação tenha sido em flagrante, eles precisavam te ouvir, é seu direito se defender. Racismo na lata. Se quiser depois, me procure, entramos com advogado contra França e sua equipe por danos morais e racismo.
ANDRÉ – Que isso, não precisa não. Está tudo bem agora. Boa noite para vocês, Goram, até amanhã na matrícula.
Goram o cumprimenta com aperto de mão.
GORAM – Até mano.
Assim que o rapaz entra. Rita parte com o carro.
RITA – Você viu, Meire? Uma casinha simples num bairro periférico da cidade e ainda existem aqueles que dizem que desigualdade social não está relacionada com raça neste país.
Pelo retrovisor, Rita percebe que Goram está sorrindo pela sua fala, concordando com a cabeça.
CENA 07/ SÃO PAULO/ PARAISÓPOLIS/CASA DOS PEREIRAS/ LAJE/NOITE
Fabiana, uma jovem negra, de 22 anos, procura pela mãe, até que a luz se acende de supetão. Sua mãe e amigos da comunidade a aguardavam com uma pequena comemoração.
FABIANA – Gente, mas o que está acontecendo aqui?
Ela fica boquiaberta.
CACAU – Você pensou que minha filha ia passar em medicina, superando todas as dificuldades que superou e eu não iria comemorar? Minha única filha!
FABIANA – Ah, que isso mãe. Mas eu tive muita ajuda dessa mulher aí.
Ela se dirige até uma mulher que foi sua professora de infância.
FABIANA – Foi graças a Cassandra, que desde que eu era pequena me incentivou ao hábito de leitura. Fico imaginando o que seria deste país se não fosse pelos professores. E hojeé uma das profissões mais desvalorizadas.
Uns instantes de silêncio de reflexão.
CACAU – Mas não falemos disso, hoje é sua noite, minha filha.
FABIANA – A noite que uma negra entre tantas outras, periférica, pobre, filha da empregada doméstica, conseguiu passar num dos cursos mais concorridos e brancos do país. Eu tenho muito orgulho de você, mãe.
CACAU – Eu é que tenho de você.
Elas se abraçaram sobre os aplausos de todos.
CENA 08/SÃO PAULO/ JD. AMÉRICA/ MANSÃO DOS MOÇA/SALA DE JANTAR/NOITE
Silêncio. Instrumental melodramático. Mostrar uma mesa vazia com dois pratos postos em cadeiras laterais, porém, frontais entre si sobre uma toalha vermelha. Há taças também. Uma mão puxa a cadeira, vemos que se trata de Mateus com um prato na mão.
MATEUS – Está gostando da comida, mãe? Fiz caponata, seu prato predileto.
Ele se vira para o outro lado. Close em seus olhos emocionados, adoecidos.
MATEUS- E você pai? Quer vinho para acompanhar?
Silêncio. Ninguém responde.
MATEUS – Por que vocês não falam comigo? Eu me importo com vocês. Fiz sem muito sal, sei que vocês preferem.
Continua o silêncio. Mateus maquinalmente faz algumas colheradas.Ele chora.
MATEUS – Esse silêncio de vocês é de muito mau gosto, eu só queria um obrigado filho. Obrigado por se importar comigo, por colocar Giovane para dormir. Sim, porque eu o coloquei. Até fechei a janela para ele não tomar vento frio, está uma noite bem fria. Mas vocês não está nem aí, nunca tiveram. EU ODEIO VOCÊS POR ISSO!
E se levanta derrubando os pratos. Bernardo que chegava escutando música do estacionamento da mansão o acode.
BERNARDO – Amor, você tá bem?
Mateus chorava alto.
MATEUS – Eles não olham para mim. Eles me odeiam, Bernardo. Odeiam. Eu me sinto tão sozinho. Abraça-me, abraça-me forte. Não me deixe aqui com eles, não me deixe.
Desligar instrumental.
Bernardo começa a cantar uma canção de ninar. Mateus sofria de transtorno de humor bipolar.
Ouve-se apenas os barulhos dos grilos no Jardim. Silêncio.
BERNARDO – Nana, neném, que a cuca vem pegar, papai foi na roça, mamãe foi trabalhar…
CORTAR PARA:
CENA 09/SÃO PAULO/VILA MADALENA/APARTAMENTO DE ADELAIDE/INT. SALA DE ESTAR/NOITE
Adelaide vibra com a notícia de Hugo sobre a melhora do quadro de Laurinha.
ADELAIDE – Não acredito, amor. Ela tá reagindo bem aos antibióticos de amplo espectro! Não está mais com pressão baixa, nem com febre. Que notícia, maravilhosa.
A campainha toca. Goram entra acompanhado de Meire e Rita.Ele arrastava sua mala.
ADELAIDE – GORAM!
GORAM – Pai d’egua! Tia Adelaide!
Ele vai a seu encontro. Themise aparece.
ADELAIDE – Como você cresceu. Da última vez que te vi era um gurizinho que batia no meu ombro. Agora tá essa maceta, moço feito! Bonitão!
O rapaz se avermelha.
THEMISE – Liga não! Ela adora paparicar os homens da família.
RITA – Quanto a sua filha mais nova, Adelaide, eu…
ADELAIDE – Sim, eu já sei,ela está reagindo bem.
RITA(sorri) – Isso. Amanhã passo lá para vê-la. Coincidência ter encontrado seu sobrinho na mesma penitenciária que eu estava palestrando.
GORAM – Esse mundo é muito pequeno, mesmo, mbo’ehara
Eles trocam olhares poéticos novamente. Ela cora.
RITA – Bom, preciso ir, ainda vou deixar Meire em seu apartamento. Foi bom te ver Adelaide e sua filha também. Goram, seja bem vindo a Olimpius.
GORAM(corado) – Obrigado por tudo, professora.
RITA – Magina. Eu que agradeço a companhia.
Ele a abraça e fica encantado com seu perfume,tanto que Meire se despede dele e ele nem nota.
MEIRE – Tchau, Goram. Até mais.
Adelaide as acompanha até a porta, depois a fecha.
ADELAIDE (se aproxima e o acaricia na gola) – Está com fome, querido? Fome de mulher? Viajou por horas, praticamente cruzou o país! Fiquei sabendo que terminou com a namoradinha, não deve estar sendo nada fácil suportar a solidão…
THEMISE – Mãe! A senhora não tem vergonha na cara? É uma mulher casada! Deveria se dar o respeito!
Adelaide a encara entediada
ADELAIDE – Ai, filha! Como você é chata! Foi uma brincadeirinha boba. Cadê seu senso de humor? É por isso que não arruma homem nenhum! É muito séria!
Themise rebate.
THEMISE – Antes estar só, do que mal acompanhada! Não tenho essa necessidade toda em me relacionar! Quando for a hora certa, irá acontecer. Minha vida não depende disso!
Goram gosta da determinação de sua prima. Adelaide dá de ombros.
ADELAIDE – Lá vem você com essas suas desculpinhas cheira peido! É muito sonhadora!. Acredita que se ficar plantada, o príncipe encantado irá aparecer com uma rosa vermelha na boca, montado no cavalo branco e irá te fazer feliz para sempre. Deixe estar! A vida ainda te mostrará como as coisas funcionam! Bom, vou esquentar o risoto de camarão que Hugo preparou mais cedo. É o melhor que comerá na sua vida!
CENA 10/SÃO PAULO/IMAGENS AÉREAS DAS RODOVIAS DE SÃO PAULO/ MANHÃ
É mostrada imagens da Estação da Sé, Lojas de conveniência na Liberdade. Padarias no bexiga, indicando que o dia começou.
CENA 11/SÃO PAULO/ TATUAPÉ/UNIVERSIDADE OLIMPIUS/ ÁREA EXTERNA/MANHÃ
Suzy, uma sul-asiática, carioca,24 anos, sai da estação de metrô em frente à universidade. Ela faz uma chamada de vídeo para os pais.
SUZY – Família! Olha só como é gigante essa universidade! Pelas indicações desse mapa-painel, aquele prédio a direita é a biblioteca, o da esquerda é o teatrão e esse de centro, com o posto do centauro Quíron será onde será ministrada as disciplinas!
Pela tela, sua mãe Sayuri, 46 anos,fisioterapeuta a responde.
SAYURI – Mas tu é malandra mesma né ? Olha só o gingado desse japa. Toda cheia de pompas ao falar. Enche a gente de orgulho! Só precisa cuidar de perder o sotaque carioca, começar a falar porta com o “r” bem puxado
SUZY – Se depender de mim não vou perder não, minha mãe. Sou muito mais a cidade maravilhosa! Sabe que por mim continuava na UFRJ, mas está muito violenta a cidade. Sem contar o fundão. Sem recursos. Sucateado.
SAYURI – Fica por aí mesmo, filha! Tá perigoso andar a pé de noite por aqui!
Suzy fica encantada ao ver um anúncio em outro painel de música popular brasileira feita por bandas de alunos.
SUZY – Quero participar! Quero cantar!
Goram passa por ela acompanhado de Themise.
THEMISE – Sempre quando entro aqui é uma mesma emoção! Não sei se te confidenciei, mas sonho em cursar medicina aqui também.
GORAM – Vigia o que tu tá fazendo! Por que não se matricula num cursinho preparatório, então? Fiz alguns anos até conseguir.
THEMISE – Estou tentando convencer papai! Mãe é um pouco difícil, ela acha que não tenho condições emocionais e intelectuais para passar.
Um veterano alto os aborda com uma camiseta da faculdade. Era Vitor, moreno, alto, com a camiseta da azul-esverdeada da atlética da faculdade.27 anos. Jogava vôlei.
VITOR – Calouros ?
Goram ri. Themise explica.
THEMISE – Só ele, por enquanto.
VITOR – Estão perdidos?
GORAM – Sim. Estamos procurando a secretaria para fazer a matrícula presencial!
VITOR – É lá embaixo no porão pela entrada aqui no prédio principal. Vem que eu te levo lá!
Ele puxa pelo ombro Goram, o mocinho olha para trás.
GORAM – Eita porra ! Ela não pode ir conosco?
Vitor para um instante. Faz sinal para ela acompanhá-los.
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CENA 12 /TARDE/SÃO PAULO/ TATUAPÉ/UNIVERSIDADE OLIMPIUS/ PORÃO/ SECRETARIA DA MEDICINA
Goram chega ao solo, outros estudantes estão assinando a matrícula acompanhado de familiares, é levado até um cabine, onde uma garota termina de assinar: Heloisa, 22 anos, branca sardenta.
HELOÍSA- Já terminei! Aqui está a caneta.
Ela sorri para ele ao entregar o objeto. Goram se encanta com o jeito dela meio Nerd. Themise se incomoda um pouco.
SECRETÁRIA BETH – Olá! Seja muito bem vindo! Como você se chama?
GORAM – Goram Alves Guajajara!
Vitor acha um barato.
VITOR – Que nome zoado cara. Parece indígena!
GORAM – Mas é! Fui adotado quando pitanga(criança) por uma família indígena.
Vitor observa Themise mais de perto e percebe o quanto ela é bonita.
SECRETÁRIA BETH – Achei! Assine aqui por favor!
Goram assina.
GORAM – Tudo certo ?
SECRETARIA BETH – Certinho! Matriculado oficialmente.
Goram se levanta e percebe que Gustavo (mauricinho malandro, cabelinho na régua, malhadinho, 26 anos)está na sucessão
GUTO – Valeu brother! Bora tocar o terror nessa faculdade moleque. Prazer mano!
Ele cumprimenta com um toque na mão Vitor. Quem o trouxera era Zeca, um outro veterano sextoanista de medicina,pardo,28 anos, barbudo. Goram cumprimenta Zeca, mas sente que seus santos não batem muito.
VITOR – Seguinte Goram! Você é oficialmente Bixo! Vou te entregar o Kit Bixo! Nele você terá todas as instruções dos próximos eventos que irá acontecer na universidade. Tem um mapa dos principais pontos da faculdade! Daqui alguns dias terá o pronunciamento do nosso reitor. Se você quiser, poderá participar do trote, iremos te pintar e irá para o sinal pedir dinheiro. Depois vamos tomar um corote no bar do Esteto, um bar famoso entre os estudantes de med! E a garota pode ir!
Goram trocou olhares com Themise.
GORAM – Égua! Só se for agora!
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CENA 13/SÃO PAULO/ TATUAPÉ/AVENIDAS E BAR DO ESTETO/TARDE E NOITE
Começa a tocar Vem andar Comigo de Jota Quest
Inicia-se com Goram risonho tomando um banho de tinta vermelha. Themise gargalhando junto com Vitor. Zeca fazendo cabo de guerra com Fabiana. Marcela ensinando as veteranas da medicina como desfilar entre os carros para fazê-los parar. Suzy perguntando para os motoristas se eles poderiam fazer uma contribuição. Heloísa correndo segurando seu vestido encharcada no temporal que começara. Eliane jogando bexigas d’águas em outras calouras e parando para contemplar o corpo sarado de Guto. Outros universitários chegando no Bar do Esteto, um bar famoso dos estudantes de medicina a algumas esquinas dali. Suzy tomando o microfone e cantando Ana Júlia. Marcela botando para quebrar na pista de dança e André aparecendo para aprender com ela. Fabiana controlando o corote e dando uns olhares de canto de olho para Guto que percebe a paquera e quando se aproxima, ela desaparece do local. Eliane entrando bêbada no carro de sua mãe que não para de falar brava em seu ouvido. Goram dando um beijaço em Heloísa num canto e Themise parando estacada enquanto conversava com Vitor num outro canto.
Fim da música.
CENA 14/ IMAGENS AÉREAS DE SÃO PAULO/MANHÃ
Imagens aéreas da cidade de São Paulo : Ponte Estaiada. Mercadão Municipal. Terminal Rodoviário Portuguesa-Tietê. Conveniências na Liberdade são mostrados.
Legenda : Alguns dias depois, chega o primeiro dia de aula.
CENA 15/SÃO PAULO/ TATUAPÉ/UNIVERSIDADE OLIMPIUS/ AUDITÓRIO ANCHIETA
Os calouros da turma de 2020 aguardam ansiosos para a fala de boas vindas do Reitor da Universidade. Goram acabou se atrasando ao sair da residência de Adelaide e no momento que se adentra no auditório, é surpreendido por uma fala que o levou de volta para o passado.
Fade in Instrumental Melodramático
REITOR – É com muita honra que salvo, vocês ! Futuros profissionais da área da saúde. Grandes doutores desses Brasis. Foi uma sábia escolha terem decido ingressarem aqui. Sem sombra de dúvida somos a melhor universidade de medicina do País! É o que atesta todos os indicadores internacionais! Mas saibam nem sempre foi assim. Desde que herdei o hospital-escola dos meus pais batalhei dia e noite para garantir o nome dessa instituição e junto com essa equipe maravilhosa que irão conhecer ao longo dos anos de formação, Olimpius ultrapassou todas as universidades exclusivamente públicas e provou que uma instituição de capital privado pode e muito chegar lá.
DIRETOR DA MEDICINA – Uma salva de palmas para este nosso reitor! Professor Doutor Mateus Pacheco Moça!
Close nos olhos em chamas de Goram. Estava diante de um demônio em pele de cordeiro. O Grande assassino de seus pais. Instrumental de encerramento.
CONTINUA…