CENA 01. IGREJA. SACRISTIA. INT. DIA.

Padre Urbano pega a carta de Chico das mãos de Mercedes. Aos prantos, Sandro segura o bilhete de sua mãe com as mãos.

MERCEDES (a Ruth)
Há quanto tempo você sabia dessa história?

RUTH
Franco nunca me deixou ler a carta. Só estou sabendo junto com vocês, agora.

MERCEDES
Ele nunca contou que haviam deixado o Sandro num cesto na casa dele?

RUTH
Não. Cheguei a desconfiar uma vez, mas jamais toquei no assunto.

SANDRO
E agora? O que é que eu faço? Da noite pro dia, minha vida se torna um vazio. Não sei mais quem eu sou.

MERCEDES
Não diga uma coisa dessa, Sandro. Você tem a nós.

PADRE URBANO
Pense que seu pai poupou sua vida, no instante em que te pegou no relento pra criar como se fosse o próprio filho. Que outro homem faria um gesto tão nobre? Ele só não contou a verdade, não foi nem por medo; foi por amor. O Chico será sempre seu pai.

SANDRO
Um pai que tira tudo do filho da forma mais covarde, assim que morre.

MERCEDES
Você está transtornado com razão. Quando passar o luto, você vai perdoar seu pai. Sei disso, porque seu coração é puro como água.

SANDRO
Mas agora ele está cheio de sangue, de rancor. Padre, tem um lugar onde eu possa ficar sozinho?

PADRE URBANO
Tem sim, meu filho. Vá pelo corredor. Última porta à esquerda. É uma sala discreta. Fique à vontade.

SANDRO
Com licença. (sai)

RUTH
Pobre rapaz! (pausa) Bem, acho que já vou indo. Peço que me perdoem pela situação. Eu não imaginava…

MERCEDES
Não precisa se desculpar. Você só cumpriu com a vontade do seu Chico. Vá com a consciência limpa.

RUTH
Muito obrigada, moça. Adeus!

Ruth sai. Mercedes pensativa. O padre volta a ler a carta de Chico.

CENA 02. MANSÃO ARMANDO. FRENTE. EXT. NOITE.

Música: Body Rock – Maria Vidal. Anoitece. Imagem da fachada.

CENA 03. MANSÃO ARMANDO. SALA. INT. DIA.

Soraya e Helena conversam no sofá.

SORAYA
Eles voltam na semana que vem. Não vejo a hora de ter meu filho de volta.

HELENA
O importante é que eles estão muito bem em Paris. Amanda e Carlos Eduardo estão tendo uma viagem de noivado melhor do que a minha lua-de-mel, e isso já me deixa realizada.

SORAYA
Você quis aquela coisa chinfrim com o Estêvão, não foi? Deu no que deu.

HELENA
Tive meus motivos.

SORAYA
A gente sabe muito bem esses motivos. Você sempre teve inveja da Gioconda, que eu sei.

HELENA
Inveja, não! Ódio! Raiva! Nunca suportei a presença daquela mulherzinha. Ela fazia questão de mostrar que era melhor do que nós. Até que fez a maior burrada da vida dela e foi-se embora pra sempre. Pra nossa sorte.

SORAYA
E sem opção, o Estêvão teve que ficar com você. Como conseguem suportar um ao outro até hoje? Ele nunca te amou. Nunca pensou em se separar? Sabia que a Amanda já falou mais de mil vezes que preferia vocês separados?

HELENA
E perder o status de mulher de cirurgião plástico famoso? Nunca, meu amor! Prefiro que ele morra antes. Além do mais, o seu casamento com o Armando também não é essa maravilha toda.

SORAYA
Você é que pensa. Temos nossas discussões, nossas diferenças, mas nos amamos muito. Ele sabe reconhecer que ainda sou linda. E não tem Gioconda no nosso caminho.

HELENA
Armando é tão cafajeste, que coleciona milhares de piriguetes de rua.

SORAYA
Se você está falando daquela mulher linda e loira com quem ele anda pelos corredores da Aquapaper, ela é uma pessoa da mais alta confiança.

HELENA
Aham, sei. Continua se iludindo.

CENA 04. AQUAPAPER. SALA ARMANDO. INT. NOITE.

Armando está com a camisa aberta no peito. Fecha o zíper da calça e ajeita o cinto. Jéssica está ao fundo, vestida só com lingerie.

ARMANDO
Cumpriu novamente com perfeição. Penso até em te dar um aumento. Agora põe a roupa. (ela obedece) Tenho que ir pra casa. Minha mulher está me esperando.

JÉSSICA
Você nunca vai largar daquela mulher fútil, não é mesmo?

ARMANDO
Nunca. Ela não me serve mais como mulher. Mas ainda tem suas utilidades como bibelô na minha estante. Você sabe que a sociedade é tradicional nessas coisas de imagem.

JÉSSICA
E eu? Fala pra mim. Eu seria uma boa esposa de empresário?

ARMANDO
Seria sim. Você tem todas as qualidades. Mas fica muito melhor como secretária e amante.

Sonoplastia: sensual. Jéssica se aproxima dele. Prepara-se para fechar o primeiro dos botões abertos da camisa dele, mas Armando a puxa para um beijo quente e demorado. Ambos se agarram.

CENA 05. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. NOITE.

Música: Blue Eyes – Elton John. Gioconda está sentada no chão. Abre uma caixa que está sobre a mesinha de centro. Tira de lá várias fotos de sua juventude, uma de cada vez, para as quais olha com nostalgia. Repara com mais atenção naquela em que ela está cercada por Bruno e Estêvão. Fábio entra e cantarola sem reparar em Gioconda. Fecha a porta. Leva os pacotes para a cozinha, saindo rapidamente de cena. Quando volta, repara em Gioconda com a foto na mão.

FÁBIO
Gioconda!? Já voltei, meu amor.

GIOCONDA
Nem reparei. Deixei essa caixa de fotos aqui no Brasil, e agora estou matando a saudade. Quer ver?

FÁBIO
Estava pensando em um programa melhor. Vai passar nosso filme favorito na televisão. Mas acho que dá tempo de ver um pouco mais do passado da minha musa. (ri)

GIOCONDA
Vem, senta aqui.

Fábio senta ao lado dela e vê a primeira foto.

FÁBIO
Você está radiante. Quem são esses dois?

GIOCONDA
O da esquerda é o Bruno.

FÁBIO (sorri)
O famoso Bruno!

GIOCONDA
E o outro é Estêvão. Chegamos a namorar por um tempo. Ele era um bom rapaz, mas tinha um encosto amarrado no pé dele.

FÁBIO
Como assim?

GIOCONDA
A Helena. Já te falei dela, lembra? Tinha uma louca obsessão por ele. Depois que fui para a Itália e deixei o caminho livre, não demorou muito para ela fisgá-lo. Ela era capaz das maiores atrocidades pra conseguir o que queria.

FÁBIO
Você sabe se eles continuam juntos? Tem alguma notícia deles?

GIOCONDA
Pelo que sei, continuam sim. Juntos e infelizes.

CAM foca em Estêvão sorridente na foto.

CENA 06. CASA HELENA. SALA. INT. NOITE.

Zilda ao telefone com Estêvão.

ZILDA
Como vai, meu genro querido?… Ela foi jantar com a Soraya. Não sei que horas ela volta… Do jeito de sempre, não é?… Congresso na Romênia? Meus parabéns!… Volta quando?… Pode deixar, que eu falo pra ela. Se bem que é melhor não falar nada. Prefiro que você volte de surpresa. (ri) Amanda? Volta na semana que vem, no mais tardar na outra… Está radiante… Quando puder, liga pra cá… Tchau!

Ela desliga o telefone, enquanto Leila entra.

LEILA
Boa noite, vó! Papai ligou?

ZILDA
Sim, minha linda. Ligou pra avisar que, de Moscou, partiu pra Bucareste. Deve voltar depois da Amanda. E você? Como foi na faculdade?

LEILA
Melhor, impossível. Hoje teve uma palestra muito boa com os jornalistas do Correio Carioca.

HELENA (entra)
Boa noite, mamãe! Nem um piu! Estou morta de sono e é pros braços do Morfeu que vou agora mesmo. Boa noite, filha!

Helena sobe as escadas e sai de cena.

ZILDA
O que deu na sua mãe, Leila?

LEILA
Provavelmente a Soraya e o Armando jogaram o casamento dela com papai na cara, de novo. Quando eles fazem isso, você sabe que ela fica assim. E quando citam a tal da Gioconda…

ZILDA
Sua mãe tem uma perseguição inexplicável a essa mulher. A moça se mudou daqui faz tempo, mas sua mãe ainda encara como se fosse um problema atual. Seu pai já a amou, sim. Mas, desde aquele tempo, ele jamais falou o nome dela. É sempre sua mãe que coloca a Gioconda nas brigas deles. O casamento poderia ser bem mais feliz, se não fosse isso.

LEILA
Tem algo que a gente possa fazer, vó?

ZILDA
Não, minha filha. Sua mãe, sim. Ela precisa acordar pra realidade, antes que ela mesma termine de se envenenar.

CENA 07. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Música: Girls Just Want To Have Fun – Cyndi Lauper. Amanhece. Imagens do Pão de Açúcar, da Quinta da Boa Vista, do Corcovado, da Praia do Leme.

CENA 08. BOATE NOÊMIA. SALÃO. INT. DIA.

Noêmia e Zoraide conversam perto do balcão. Entram três homens mal encarados. Noêmia o atende.

NOÊMIA
Bom dia, senhor. A boate já fechou.

COBRADOR
A senhora é dona Noêmia?

NOÊMIA
Sim, sou eu mesma.

COBRADOR
Vim a mando do doutor Serrano. Ele quer que a senhora pague a dívida com ele agora mesmo.

NOÊMIA (aflita)
Infelizmente não tenho como pagar agora. Se ele puder esperar mais alguns dias…

COBRADOR
(tom) Ah, não vai pagar? (aos outros homens) Façam o que ele mandou.

NOÊMIA
Só preciso que me deem mais uns dias…

Sonoplastia: suspense. Os três homens começam a derrubar as mesas com chutes. Zoraide puxa Noêmia para um canto, a fim de não serem atingidas por eles. Noêmia chora.

ZORAIDE
Vocês estão destruindo tudo! Vou chamar a polícia!

COBRADOR
Chama, e a gente prova quem são as ladras caloteiras aqui!

Os homens destroem tudo o que está em cima do balcão. Depois saem como se nada tivesse acontecido.

NOÊMIA
E agora, Zoraide? E agora? Está tudo destruído.

ZORAIDE
Vou chamar sua filha. Fica lá dentro e me espera.

Alice entra e fica chocada com o estado do salão.

ALICE
O que foi isso? Vi três homens saindo daqui.

ZORAIDE
Eles vieram cobrar a dívida da sua mãe.

ALICE
Meu Deus! Não pode ser. (abraça Noêmia) Como é que vamos arrumar dinheiro pra pagar, Zoraide?

Closes alternados entre Alice, Noêmia e Zoraide. Fim da sonoplastia.

CENA 09. GOIÂNIA. IGREJA. SACRISTIA. INT. DIA.

Padre Urbano anota algo em seu caderno. Sandro entra muito abalado.

PADRE URBANO
Bom dia, Sandro! Que bom que acordou. Conseguiu dormir bem?

SANDRO
Dormir bem é algo muito além do possível para a minha realidade, não acha? Não preguei os olhos. Fiquei pensando nas palavras do meu pai… do seu Chico na carta. A única pista do meu passado é que nasci no Rio de Janeiro. Mais nada.

PADRE URBANO
Não pense nisso, meu filho. Você tem muito o que resolver daqui por diante.

SANDRO
Eu vou pro Rio de Janeiro amanhã mesmo.

PADRE URBANO
O que você está dizendo não tem pé nem cabeça.

SANDRO
Agora vou até o fim pra descobrir minha identidade. De onde vim, quem são ou quem foram meus pais. Não vou descansar enquanto não descobrir. É muito importante pra mim.

PADRE URBANO
Só Deus pode preencher o vazio que você diz sentir. O resto não compensa.

SANDRO
Mesmo assim, preciso tentar. E já está decidido. Nada do que disser vai me convencer do contrário. Meu destino agora é lá.

PADRE URBANO (após uma pausa)
Já que insiste, só me resta desejar que Deus siga com você por todos os caminhos. Sempre que quiser ou precisar, conte comigo.

SANDRO
Algo me diz que eu vou conseguir encontrar as respostas.

CENA 10. ESCOLA DE MÚSICA. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Bruno entra. Vê Alice e Noêmia sentadas à mesa.

BRUNO
O Rubens me disse que você queria falar comigo, Alice.

ALICE
Sim, Bruno. Eu trouxe minha mãe, pois o assunto diz respeito a nós três.

BRUNO
Como vai, Noêmia?

NOÊMIA
Como pode ver, não estou nada bem. E só você pode nos ajudar.

ALICE
Um sujeito passou na boate pra cobrar a mamãe. Como ela não tinha o dinheiro, ele e dois capangas colocaram a boate abaixo. Não sobrou uma mesa intacta.

BRUNO
Chamaram a polícia?

ALICE
Não. Eles ameaçaram denunciar a mamãe por roubo.

BRUNO
Calhordas! Eles fazem isso pra intimidar as vítimas.

NOÊMIA
É por isso que, muito a contragosto, vim pessoalmente pedir que nos ajude e que faça a festa de aniversário lá no salão.

BRUNO
Sério mesmo, Noêmia?

ALICE
Não há outra opção, Bruno.

CENA 11. GOIÂNIA. EXT. DIA.

Música: Glory Of Love – Peter Cetera. Letreiro: “No dia seguinte”. Imagens do trânsito das principais ruas da capital goiana.

CENA 12. IGREJA. SACRISTIA. INT. DIA.

Sandro termina de colocar as malas num canto. Mercedes entra.

MERCEDES
O padre disse que você vai pro Rio de Janeiro. Não vai me dizer que…

SANDRO (corta)
Vou atrás do meu destino. Minha vida agora é lá.

MERCEDES
Preferia que você não fosse e que continuasse tudo como era antes.

SANDRO
Nada será como antes, Mercedes. As coisas mudaram. (pausa) Parto à tarde.

MERCEDES
Então me dá pelo menos um abraço. Vou sentir muito a sua falta. Liga sempre que puder. Você tem meu número. (eles se abraçam) Você sempre será como um filho pra mim. Jamais se esqueça disso. Seja muito feliz no Rio de Janeiro. (termina o abraço) Você já sabe onde vai ficar?

SANDRO
Consegui o endereço de uma pensão mais barata. Vou ficar lá enquanto o dinheiro der. Enquanto isso, procuro um emprego.

MERCEDES
Se precisar de alguma coisa, não deixe de ligar pra mim ou pro padre. Não quero que você passe fome ou coisa pior.

SANDRO
Deixa comigo, Mercedes. (beija-a na testa) Ligo assim que chegar lá.

CENA 13. MANSÃO ARMANDO. SALA. INT. DIA.

Os empregados carregam as malas de Armando para fora. Soraya estranha a situação.

SORAYA
Você vai viajar, Armando?

ARMANDO
Sim, Soraya. Vou tomar posse da fazenda de Goiânia, antes que o povinho apareça pra retomar as terras. Sabe como é essa gente. Vou passar uma semana, e olhe lá. Só vou com a secretária. O Wilson toma conta de tudo por aqui. Qualquer coisa, fala com ele.

SORAYA
Meu amor, eu sou casada é com você, e não com seu secretário. Poderia pelo menos me falar um pouco antes, assim eu iria com você.

ARMANDO
Não quero te dar trabalho. Continue aqui com suas futilidades. Au revoir.

Armando sai. Soraya o segue.

CENA 14. GÁVEA. PRAÇA. CARRO ARMANDO. EXT. DIA.

Letreiro: “Uma hora depois”. Armando dirige até parar na praça. Jéssica entra. Ele volta a dirigir.

JÉSSICA
Nossa, amor! Você demorou.

ARMANDO
A Soraya ficou me segurando em casa. Me fez mais de mil perguntas. O que importa é que agora estamos juntos, não acha?

JÉSSICA
Juntos e sozinhos. Mas sua mulher não desconfia de eu ir com você?

ARMANDO
A Soraya não passa de uma toupeira. Pra ela, você não passa de uma secretariazinha robótica e descerebrada. Ela avalia todas com base nela.

CENA 15. BOATE NOÊMIA. SALÃO. INT. DIA.

Salão vazio, sem nenhum objeto. Noêmia e Zoraide conversam animadas.

ZORAIDE
O entulho já foi recolhido, amiga. (pausa) Bruno é mesmo um anjo. Não só vai investir o dinheiro na festa, como também pagou a sua dívida com o doutor Serrano. Até mesas novas ele comprou.

NOÊMIA
Sem me cobrar um tostão. E eu cega até agora pelo meu orgulho. Cheguei a dizer que ele estava dando em cima da Alice. Que vergonha!

ZORAIDE
Você acordou e agora está se mexendo pra levantar a boate de novo. É essa Noêmia que gosto de ver.

NOÊMIA
Se não fosse você como amiga, eu já estava perdida. Como é que está a pensão?

ZORAIDE
Bem, dentro do possível. Perdi alguns moradores por causa da crise, mas ainda consigo faturar o bastante pra manter e ainda sobrar um pouco.

CENA 16. PENSÃO ZORAIDE. FRENTE. EXT. DIA.

Música: Garota Vulgar – Neusinha Brizola. Imagem da fachada da pensão, um imóvel de dois andares. Há uma pequena varanda com alguns degraus e algumas plantas à volta.

CENA 17. PENSÃO ZORAIDE. SALA JANTAR. INT. DIA.

Carly, Vicky e Germano tomam café da manhã à mesa.

VICKY
A Zoraide tá aí, gente?

GERMANO
Ela deu uma saída. Se não me engano, foi lá na Noêmia.

VICKY
Vocês souberam que botaram abaixo a boate dela ontem?

GERMANO
Uma coisa horrível. Ainda bem que o Bruno conseguiu resolver a situação.

VICKY
Bruno?

CARLY
O gatão lá da escola de música. Não conhece?

VICKY
Por incrível que pareça, não.

CARLY
Se ele quisesse, eu fazia toda toda.

Jô entra e se senta ao lado de Vicky. Fala, enquanto se serve.


Já começou com as saliências a essa hora da manhã, Carly? Sossega tua periquita, garota.

VICKY
A gente falava da boate da Noêmia. O Bruno deu um jeito lá.


A mulher lá se mata de trabalhar pra conseguir o dinheiro suado. Aí vem um sujeitinho com olho grande e destrói tudo que tem lá. As pessoas não se endividam por querem, não. É porque o Brasil está como está. Ainda há pouco li na internet um caso de Goiânia. Um sujeito lá perdeu a fazenda no jogo e foi enxotado junto com a família inteira. Ele não aguentou e acabou metendo uma bala na cabeça. Dizem que o filho está revoltado com isso. E vocês ainda não sabem da pior: há suspeita de que o Armando Alighieri está envolvido nisso.

VICKY
O Armando? O que ele iria querer com uma fazendinha de Goiás? Isso é piração da sua cabeça.


Fazendinha, uma ova. A produção estava em ótima fase. Do jeito que o Armando tem olho grande e quer ser o homem mais poderoso do país, não duvido nada de ele ter usado de golpes contra o coitado. Vou investigar direitinho essa história.

CARLY
O que você vai fazer, eu não sei. Já eu tenho que desfilar minha beleza pela Zona Sul. Fui! (sai)

Jô faz uma careta e aponta o dedo para a boca, numa expressão de nojo.

CENA 18. GOIÂNIA. RODOVIÁRIA. INT. DIA.

Música: Longer – Dan Fogelberg. Sandro carrega duas malas. Anda em busca do ônibus para o Rio de Janeiro. Após dez segundos, close na placa do ônibus com o escrito “Rio de Janeiro”. Sandro fica em frente a ele. Coloca as malas no chão. Um homem de barba corre de longe até chegar a Sandro. A música para.

FÚLVIO
Por pouco não conseguia te alcançar. Você é Sandro Novak?

SANDRO
Sim, sou eu mesmo. Mas eu não te conheço.

FÚLVIO
Sou o doutor Fúlvio. Fui médico do seu pai por um tempo, quando você ainda era pequeno. Soube que a Ruth entregou uma carta dele a você. Como você está de partida, achei que deveria contá-lo algo que pode ajudar.

SANDRO
Por favor, não tenho mais cabeça nenhuma pra revelações. Já estou muito abalado…

FÚLVIO (corta)
Há alguns anos, apareceu um homem procurando por seu pai lá no meu consultório. O assunto era o bebê que ele trouxe pra cá. No caso, você. Chico não quis conversa, mas eu resolvi ouvir o que o rapaz tinha a dizer. Ele não me deu muitos detalhes, mas dizia conhecer sua verdadeira mãe. Ele se chamava Augusto Vermont.

SANDRO
Você está me dizendo que… Esse Augusto ainda vive? Tenho que procurá-lo.

FÚLVIO
Infelizmente, ele faleceu faz uns quinze anos. (pausa; Sandro triste) Você deve procurar pelo filho dele, Bruno Vermont.

CENA 19. ESCOLA DE MÚSICA. FRENTE. EXT. DIA.

Fábio e Gioconda caminham abraçados, até ouvirem sons de piano vindos de dentro.

GIOCONDA
Está ouvindo? Me bateu uma saudade de tocar.

FÁBIO
Você está me devendo uma sessão de piano desde que nos casamos.

GIOCONDA
Fábio, eu não pratico há anos.

FÁBIO
Boa oportunidade pra você retomar sua paixão pela música. Se quiser, a gente se matricula agora mesmo. Você nas aulas de piano, e eu escolho qualquer coisa pra mim. Sempre quis aprender a tocar alguma coisa.

Bruno aparece por trás de Gioconda e ouve a conversa do casal.

GIOCONDA
Você podia tentar aulas de canto.

FÁBIO
Do jeito que sou desafinado, por que não? (sorri)

BRUNO
Com licença. Vejo que procuram por aulas de música. Fazemos preços especiais para casais.

Gioconda se vira para Bruno. A princípio eles não se reconhecem.

FÁBIO
Por mim, a gente se matricula agora mesmo. Não é, Gioconda?

BRUNO
Gioconda! Que nome bonito! Me lembra uma grande amiga… (se dá conta) Gioconda Grimaldi, é você?

GIOCONDA (surpresa; sorri)
Bruno? Não acredito!

Closes alternados entre Bruno e Gioconda.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

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  • Nossa, mas que confusão essa na boate da Zoraide, coitada dela! Pobre do Sandro, é uma bomba atrás da outra gente, esse cara não vai parar de sofrer nunca kkkk. E agora esse reencontro aí do Bruno com a Gioconda, vamos ver no que vai dar hehe.

    • Noêmia também é orgulhosa, né? Prefere ficar endividada a receber ajuda de quem tanto torce por ela. Mas agora ela vai acordar. E Sandro ainda vai passar por poucas e boas, por enquanto. A volta da Gioconda reacendeu as esperanças do Bruno, mas ele vai ter que lidar com o Fábio. Obrigado pela leitura, Melqui!

  • Nossa, mas que confusão essa na boate da Zoraide, coitada dela! Pobre do Sandro, é uma bomba atrás da outra gente, esse cara não vai parar de sofrer nunca kkkk. E agora esse reencontro aí do Bruno com a Gioconda, vamos ver no que vai dar hehe.

    • Noêmia também é orgulhosa, né? Prefere ficar endividada a receber ajuda de quem tanto torce por ela. Mas agora ela vai acordar. E Sandro ainda vai passar por poucas e boas, por enquanto. A volta da Gioconda reacendeu as esperanças do Bruno, mas ele vai ter que lidar com o Fábio. Obrigado pela leitura, Melqui!

  • Tô amando a cada capítulo, Marcelo. Sandro é nosso héroi. Amei o reencontro da Gioconda e do Bruno.

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