CENA 01. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. NOITE.

Continuação da última cena do capítulo anterior. Sonoplastia: suspense. Fábio tira o laço. Ele segura a caixa, para Gioconda puxar lentamente a tampa pra cima. Sonoplastia: macabra. Fábio dá um grito apavorado e solta a caixa no chão. Os demais olham para baixo e se assustam. CLOSE em Fábio.

FÁBIO (grita apavorado)
Mas que merda é essa?

LEILA (chocada)
Como alguém tem coragem de mandar isso…?

ANA
Que macabro! (põe a mão na boca)

Enquanto Leila fala, CAM exibe o conteúdo da caixa: uma cama de casal de bonecas com um casal de pombos mortos e ensanguentados, um branco e um preto, com quatro velas pretas em volta da cama.

RUBENS
Alguém que te odeia, Fábio.

SANDRO
Concordo.

LENA
Mas, até onde sei, o Fábio não tem inimigos.

GIOCONDA
Mas eu tenho. Isso só pode ser coisa da Helena. Ela não suporta minha presença. Vai fazer de tudo pra me tirar daqui, nem que use meu marido.

BRUNO
Mas isso é muito cruel. Você está imaginando coisas, Gioconda.

FÁBIO
(grita) Imaginando coisas? Olha pra isso aqui! Você acha que é brincadeira? (chora) Essa mulher é capaz de até de me matar…

LENA
A partir de agora, temos que tomar muito cuidado com ela. Hoje foi isso, amanhã pode ser coisa pior.

LEILA
Minha mãe anda mesmo muito estranha. Tem dado uns telefonemas escondidos que não fazia antes.

Enquanto Leila fala, Fábio olha mais uma vez para o conteúdo da caixa. Ele se emociona, fica tonto e desmaia.

ANA
Gente, ele tá passando mal!

BRUNO
Fábio?!

Fábio cai para trás, mas é segurado por Sandro.

SANDRO
Me ajuda, Bruno!

GIOCONDA (desespero)
Coloquem no sofá. Vou chamar um médico. (pega o celular; lembra-se; desespero) Droga! Ele está em Londres!

LEILA
Posso chamar meu pai. Ele deve estar saindo do consultório agora.

LENA
Faz favor, Leila! (ora) Senhor, traz luz pro Fábio…

Leila pega o celular. Sandro e Gioconda se sentam, um de cada lado de Fábio.

CENA 02. PRÉDIO CONSULTÓRIO. GARAGEM. INT. NOITE.

Sonoplastia: suspense. Estêvão agitado ao celular; anda entre os carros.

ESTÊVÃO
O quê? Fala devagar, filha… Gioconda? Que Gioconda?… O marido?… Sei onde é. Estou correndo pra aí… Não sai daí. Me espera.

Desliga o celular. Corre para o carro, onde entra.

CENA 03. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. NOITE.

Lena fecha a caixa; sai para colocá-la no corredor e volta pra dentro. Gioconda e Bruno sentados no sofá. Leila e Ana de pé, perto deles.

LENA
Amanhã chamo minha amiga pra desfazer o trabalho. Ela é ótima nisso.

GIOCONDA (aflita)
A Helena passou de todos os limites. Amanhã mesmo…

LEILA
Por favor, não faz nada. Você mesma sabe que ela é capaz de qualquer coisa. E se ela descobre que eu e meu pai estivemos aqui…

LENA
Leila tem razão, Gioconda.

BRUNO
Mas ela não pode ficar impune.

LEILA
Sabia que minha mãe era louca. Mas mexer com sangue, com bicho morto? Não gosto nem de imaginar.

ANA
Sei de cada história. Deixa quieto.

CENA 04. CASA HELENA. SALA JANTAR. INT. NOITE.

Fim da sonoplastia. Helena, Armando, Zilda, Soraya, Carlos Eduardo, Amanda e Régis continuam jantando.

HELENA
Amanhã mesmo já começamos os preparativos. Amanda e Carlos, vocês vão comigo à igreja e ao cartório. Temos que marcar as cerimônias.

SORAYA
Vou com vocês.

HELENA
Melhor ainda. Assim nós duas nos certificamos de que não teremos problemas.

ZILDA
Helena, tenha modos! Isto já está ficando constrangedor pros meninos.

HELENA
É bom que eles saibam desde já o peso da responsabilidade.

ARMANDO
Penso exatamente o mesmo. O sucessor dos meus bens não pode viver sem uma grande parceira.

HELENA
E nem a sociedade permite.

RÉGIS
Este é o problema: a gente ter que agradar a todo mundo, mesmo que tenha que jogar a felicidade fora.

ARMANDO
O mundo é assim, meu jovem. Quem tem o poder manda; os demais obedecem.

HELENA
É assim desde que o mundo é o mundo.

CENA 05. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. NOITE.

Toca o interfone. Bruno, Leila, Ana e Gioconda veem Lena atendê-lo.

LENA
Sim… Pode mandar subir. Obrigada. (desliga) É ele.

GIOCONDA
Ai, que bom!

RUBENS (entra pelo corredor)
Está chorando até agora. Muito assustado.

LEILA (abraça Rubens)
Também não é pra menos. Se um homem fica nesse estado, imagina se fosse com uma mulher?

GIOCONDA
Não fala, Leila, que já estou toda arrepiada.

Toca a campainha. Lena atende. Estêvão entra. Gioconda se levanta e corre até ele, num misto de ansiedade e de saudade.

ESTÊVÃO
Boa noite! Como vai, minha amiga querida?

GIOCONDA (abraça-o)
Que bom que chegou, Estêvão. Senti muito sua falta. Estou aflita. Meu marido…

LEILA
Pai, ele está lá dentro. Corre lá.

Gioconda tem o ímpeto de segurá-lo, mas o deixa ir após um olhar de Leila. Bruno lança olhar de desagrado, mas disfarça em seguida. Estêvão segue pelo corredor. Gioconda tenta ir atrás, mas Bruno a segura.

BRUNO
Fica aqui, Gioconda. Não é bom seu marido ver você nesse estado.

LEILA
Também acho.

CENA 06. APARTAMENTO GIOCONDA. QUARTO GIOCONDA. INT. NOITE.

Fábio deitado na cama. Sandro e Estêvão sentados, um de cada lado do primeiro. Estêvão tira a pressão de Fábio, com expressão caída.

SANDRO
Foi horrível. Se você visse a caixa…

FÁBIO
Alguém queria me matar.

ESTÊVÃO
Para de pensar essas coisas. Não vai lhe fazer bem. (tira o aparelho de pressão) Está um pouco baixa. Vou passar um calmante. (a Sandro) Dá um pouco de sal pra ele pôr debaixo da língua. Recomendo que você ou outra pessoa que não seja a Gioconda fique com ele hoje.

SANDRO
Eu fico.

FÁBIO
Como é que ela está?

ESTÊVÃO
Um pouco assustada, mas bem. O Sandro fica com você hoje, pra que ela também fique mais tranquila. Tudo bem?

CENA 07. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. NOITE.

Estêvão conversa com Gioconda.

GIOCONDA
Está bem. Se é melhor assim, eu durmo no outro quarto hoje.

LENA
Ele se preocupa muito com você, Gioconda.

ESTÊVÃO
E assim ele vai dormir melhor. Qualquer alteração, me avisa.

BRUNO
Vamos avisar, sim.

ESTÊVÃO
Bem, não queria que nosso reencontro fosse dessa maneira, mas…

BRUNO
Vamos ter muito tempo pra colocarmos nossas histórias em dia.

GIOCONDA
Exatamente.

ESTÊVÃO
Amanhã eu volto pra ver como está você… e o Fábio.

LENA
Você quebrou um galhão e tanto, doutor.

ESTÊVÃO
Me chame só por Estêvão. (a Leila) Vamos, filha?

LEILA
É, vamos. Acho que não há mais clima pra festa.

RUBENS
A gente também vai. Não é, Ana?

ANA
Se me der uma carona, eu aceito.

GIOCONDA
Obrigada mesmo pela presença de vocês, gente! Fábio também ficou muito feliz por que vieram.

ANA
Quando tudo se acalmar, a gente marca um programinha, sei lá. Um beijo, gente! Nossa! Tô apavorada até agora.

GIOCONDA
Todos nós estamos.

RUBENS
Bruno, vou direto pra casa, tá?

BRUNO
Tá bem, amigo.

GIOCONDA
Tchau, gente!

ESTÊVÃO (olhar apaixonado)
Até mais ver… Gioconda.

Ana, Leila, Rubens e Estêvão saem. Lena fecha a porta.

LENA
Tem um quarto de hóspedes. Você pode se arrumar lá se quiser, Bruno.

BRUNO
Não, agradeço. Me viro aqui na sala mesmo. E vocês duas também precisam dormir.

GIOCONDA
Nada disso. Tem mais um quarto com duas camas. Lena fica comigo.

BRUNO
Se é assim, agradeço.

CENA 08. CASA HELENA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Helena e Armando conversam à mesa.

HELENA
Eu não vou descansar, enquanto não juntar nossos filhos. Ou eles casam, ou eu deserdo não só a Amanda, mas também o Régis e a Leila. E depois da Amanda, arrumamos um casamento pra Leila. Régis é homem, então pode esperar mais um pouco.

ARMANDO
O que acha de juntarmos sua filha com o Wilson? Ele acabou de se separar da esposa. Uma desclassificada. Melhor coisa que ele fez foi jogá-la na sarjeta.

HELENA
Tive o desprazer de conhecê-la. Também podemos juntar o Régis com a Jéssica. O que acha?

ARMANDO
Não sei. Jéssica não é mulher pro seu filho. Ela prefere homens mais velhos…

HELENA
(corta) Como você? (ele arregala os olhos) Com todo o respeito. Você não faz o meu tipo, mas continua muito bonito. Do jeito que ela gosta.

ARMANDO
Você acha mesmo, é?

HELENA
Só não sei o que ainda faz com a Soraya? Há mulheres muito melhores pra você. Gioconda Grimaldi, por exemplo.

ARMANDO
Você está ouvindo o que está dizendo, Helena? Gioconda Grimaldi é uma das jornalistas mais competentes do mundo todo, e é casada com um antigo conhecido meu.

HELENA
Você conhece Fábio Velázquez? (gargalha) Não acredito! Sério?

ARMANDO
O desgraçado que acabava com a minha popularidade lá na escola. Um tampinha da sétima série que tinha mais pontos no ranking de notas do que eu, um galalau à beira da faculdade. Mas até que era gente boa.

HELENA
Pois vamos ao que interessa. Você sabe que eu odeio a mulher dele mais do que tudo. Hoje é aniversário dele. Então encomendei um lindo presentinho, que é pra ver se matava o homem; ou quem sabe a pomba-gira da mulher dele.

ARMANDO
Você está me assustando.

HELENA
Nada de mais. Só uma cama de boneca com um casal de pombos mortos e cheios de sangue. A verdade é que preciso muito de sua ajuda pra dar cabo da Gioconda, mas não sem antes desmascará-la e jogá-la no abismo.

A conversa continua em FADE.

CENA 09. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Música: Original Sin – INXS. Amanhece. Imagens: bondinho subindo entre os morros da Urca e do Pão de Açúcar; VISTA AÉREA da praia de Copacabana; pessoas andando no calçadão; tráfego na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. A música para.

CENA 10. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.

Jô e Vicky sentadas às suas estações. Raul se aproxima delas.

JÔ (a Vicky)
Aquapaper investe milhões de reais na produção de papel reutilizável, blá, blá e mais blá. Lavagem de dinheiro, minha filha!

RAUL
Implicância pura, isso sim. Armando Alighieri é o santo que o Brasil pedia há muito tempo. Espera só quando ele for eleito governador, presidente ou qualquer coisa assim.


Não conta com meu voto.

VICKY
Eu nem sei mais em quem votar, a verdade é essa. Pela frente é um anjinho, mas por trás é um sanguessuga. Todo político é assim.

RAUL
Não concordo, dona Victória Arruda! Doutor Armando até vai casar o filho dele, Carlos Eduardo Alighieri, com uma moça bem criada.


Como se casamento arranjado ainda fosse solução. A Idade Média acabou, Raul.

RAUL
Infelizmente. Tudo era melhor na Idade Média, se quer saber.

Jô e Vicky gargalham.

VICKY
Então faz como aquela garota da série. Vai dar uma volta na praia e vê se alguma pedra te leva pro passado. Já procurou saber como eram os instrumentos de tortura e de execução? Você, que não segue nenhuma religião, seria o primeiro a ser morto, sabia?


Ou, quem sabe, teria que se matar pra sustentar o feudo do senhor suserano Armando Alighieri, em troca de sobras. Do jeito que ele é…

RAUL
Um dia ainda vou provar pra vocês quem ele é.

VICKY
Espero sentada.


Nós duas, em forma de caveira.

Ambas gargalham. Irritado, Raul sai pela porta.

CENA 11. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. DIA.

Fábio, Gioconda, Bruno e Sandro tomam café da manhã à mesa.

GIOCONDA
Como você está, meu amor?

FÁBIO (cabisbaixo)
Um pouco melhor. Mas aquela imagem não sai da minha cabeça.

BRUNO
Daqui a pouco o Estêvão vem te examinar de novo.

FÁBIO
Estêvão? Que Estêvão? O médico? (tempo) Nem o reconheci. Nossa! E olha que já vi várias fotos dele.

GIOCONDA
A Lena já sumiu com aquele troço daqui. Não aguentaria nem olhar de novo pra caixa. A Helena não suporta ver ninguém feliz.

BRUNO (vê Sandro distraído)
Pensando em alguma coisa, Sandro?

SANDRO (desperta)
Oi? Não. É só sobre aquele nosso assunto com a Jô. Até agora não conseguimos nada.

GIOCONDA
É algo em que podemos te ajudar?

BRUNO
Ele está procurando por…

SANDRO (corta)
Ninguém! Bruno, não quero trazer mais problemas. É assunto pessoal, Gioconda. Não se preocupe. Já estou resolvendo.

FÁBIO
É um assunto que mexe muito com você, Sandro. Estou sentindo daqui. Algo muito maior do que o que você me contou no carro naquele dia.

Toca a campainha. Gioconda se levanta para atender.

GIOCONDA
Acho que é o Estêvão.

FÁBIO
Quando achar que deve, divide seus sentimentos com a gente.

ESTÊVÃO (entra com Gioconda)
Bom dia! Vejo que você já parece um pouco melhor, Fábio.

FÁBIO
Bem que eu gostaria.

CENA 12. CASA HELENA. SALA. INT. DIA.

Zilda abana e limpa algumas almofadas. Ângela desce as escadas.

ZILDA
Ângela, que bom que você está por aqui.

ÂNGELA
Precisa de alguma coisa, dona Zilda?

ZILDA
E muito. Queria que você me acompanhasse ao supermercado para comprar umas coisinhas que estão faltando. Me ajuda?

ÂNGELA
Claro, senhora.

ZILDA
Vamos aproveitar que todo mundo saiu, pra bater perna também. Vem comigo à cozinha. Vamos fazer a lista.

Zilda pega Ângela pela mão, com a maior intimidade, e a leva pelo corredor.

CENA 13. ATELIÊ DE VESTIDOS DE NOIVA. INT. DIA.

Helena e Amanda entram.

AMANDA
Mas eu vou escolher o vestido, tá?

HELENA
Vai, uma ova. Se depender de você, vai ficar mais brega que dançarina de subúrbio. Exijo um vestido de nível.

LÍDIA (troca de beijos no rosto)
Olá, Helena! Há quanto tempo?

HELENA
Não é, menina? Sabe quem é essa aqui do meu lado?

LÍDIA
Não vai me dizer que é a mais nova modelo da Letícia Wurschmann?

HELENA
Até que poderia ser. Corpo e estilo, minha filha tem.

LÍDIA
Sua filha? Mas ela está enorme? Como se chama?

AMANDA
Amanda. Status: forçada a casar.

HELENA
Minha filha, se comporta.

LÍDIA
No começo é assim mesmo, Amanda. Mas logo você vai tomar gosto pela coisa. O casamento é o dia mais especial na vida de uma mulher. É o seu dia. As mães acham que são os dias delas, mas estão redondamente enganadas. Vem, que eu quero analisar seu lindo corpinho e procurar um vestido que seja à sua cara.

HELENA
Comportado e condizente com um grande evento nacional. Eu exijo, Lídia!

LÍDIA
Eu sei como unir o útil ao agradável. Não foi assim que fiz no seu casamento com o Estêvão? Confia em mim, amor.

Lídia leva Amanda para uma sala no fim do corredor. Helena se prepara para ir atrás, mas outra moça a chama.

RABECH
Helena?

HELENA (vira-se com falsidade)
Você por aqui, Rabech? Já sei. Veio atrás do décimo casamento.

RABECH
Não, chega! Cansei de ficar atrás de homem. Agora eu sou meu eu. É pra minha sobrinha. Primeira vez, acredita?

HELENA
A Talita? Mas ela só tem dezessete anos.

RABECH
E já vai se casar. Minha irmã já até assinou a emancipação. Talita arrumou um partidão e tanto. O homem tem o triplo da idade dela. Amicíssimo do Armando.

HELENA
Mesmo assim. Não é muito nova?

RABECH
Nova ela é, mas foi amor mútuo à primeira vista. (tempo) Aliás, acabei de ver o Estêvão.

HELENA
Viu? Espero que tenha sido bem longe daqui.

RABECH
Na verdade eu o vi entrando num prédio muito bonito ali na praia. É tão linda a amizade de vocês com a Gioconda…

Sonoplastia: suspense.

HELENA (com ódio)
Você quer dizer que meu marido entrou no prédio da Gioconda?

RABECH
Isso mesmo. Não tinha como errar. Era ele mesmo.

HELENA
Mas ele me paga.

RABECH
Falei demais? Ai, me desc…

HELENA (à recepcionista)
Por favor, quando a minha filha Amanda sair, fala com ela que tive que resolver um imprevisto e que é pra ela voltar direto pra casa.

RECEPCIONISTA
Mas senhora…

Helena sai apressada. Rabech e a recepcionista ficam sem entender.

CENA 14. RUA. CARRO HELENA. EXT. DIA.

A sonoplastia continua. Helena entra no carro e pega o celular. Telefona para alguém.

HELENA (irritada)
Alô… É claro que sou eu!… Quero que mate uma pessoa… Não, é uma vadia… Já te mando uma foto dela pelo zap… Me retorna assim que terminar o serviço…

Ela termina a ligação. CAM exibe uma foto de Gioconda selecionada e enviada por Helena. Esta guarda o celular, liga o carro e parte apressada. Fim da sonoplastia.

CENA 15. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. DIA.

Estêvão e Gioconda conversam de pé, perto do sofá.

ESTÊVÃO
Fábio é muito forte. Logo está pronto pra outra.

GIOCONDA
Ainda bem. Graças a você.

ESTÊVÃO
E à nossa amizade inabalável.

GIOCONDA (triste)
É, pelo menos você soube entender minhas motivações. Não sei o que seria de mim se você me virasse as costas.

ESTÊVÃO
Eu jamais faria isso. Eu sempre te amei e sempre te amarei. Lembre-se disso.

GIOCONDA
Você é um homem de ouro. E eu, uma covarde que fugiu e que te obrigou a se casar com ela.

ESTÊVÃO
Não foi você que me obrigou. Foi o pai dela, depois de um golpe da barriga. Graças a uma transa irresponsável de um jovem perdido com a ausência da mulher que ama.

GIOCONDA
Não diga isso. (pausa) Seus filhos são lindos, sabia?

ESTÊVÃO
Sabia. Mas agora eu preciso ir. Tenho paciente daqui a pouco.

GIOCONDA
Muito obrigada por tudo. Até mais.

Estêvão a beija no rosto e sai. Ela deixa a porta aberta e começa a arrumar os livros na estante, de costas. Sonoplastia: suspense. Ouvem-se passos do lado de fora. Gioconda distraída. Um homem mal encarado, com capacete e todo vestido de preto bate à porta e entra.

BANDIDO
Com licença. A senhora é a dona Gioconda Grimaldi?

Fábio se aproxima sorrateiramente, vindo do corredor.

GIOCONDA
Sim, sou eu mesma. E o senhor?

BANDIDO
Sou a sua morte encomendada.

Pega um revólver da cintura e aponta para Gioconda, que se vira de frente. Fábio dá um grito e se joga à frente dela. O bandido atira e acerta em cheio o peito de Fábio. Foge com o barulho do elevador. Gioconda tenta segurar Fábio, mas o peso dele derruba ambos.

GIOCONDA (grita desesperada)
Fábio!

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

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