“Monstros”


[CENA 01 – CASA DE ALICE/ Q. DE ALICE/ TARDE]

(Alice continua em pé em frente a Luana)
ALICE – Pensei que não veria você novamente, já que não sou sua filha.
LUANA – Eu quem contei para o seu pai a verdade.
ALICE – Então a senhora sabia?
LUANA – Eu sempre soube.
ALICE – Então por isso você não me dava tanto amor? Claro… por isso nunca você era próxima de mim. Nunca pude sentir você como mãe.
LUANA – Eu sinto muito, Alice. Mas depois que eu soube que a minha filha biológica havia falecido, eu não conseguia me aproximar de você. Todos os dias eu ficava imaginando onde a minha menina estava. Onde ele havia sido enterrada.
ALICE – Enquanto eu a senhora não dava a mínima.
LUANA – Eu sinto muito, mas eu não conseguia. No entanto, ao menos amor nunca faltou para você por parte do Felipe. Ele meio que amou por nos dois, e quem sabe até mais.
ALICE – Só que não é a mesma coisa. Amor de mãe é diferente. E não tive o seu. Eu não tive o seu amor.
LUANA – Eu sei que errei. De qualquer forma eu era sua mãe, precisa me aproximar de você. Mesmo que você não fosse minha filha de sangue.
ALICE – É, só que agora é meio tarde para se arrepender de seus atos. (caminha até a cama, joga as sacolas em cima, e começa a ignorar Luana visualmente)
LUANA – Eu sei que talvez não mereça seu perdão ou o do seu pai. Afinal, não devia ter guardado esse segredo por tanto tempo.
ALICE – (pensa em Pedro) Não devia mesmo.
LUANA – Mesmo assim, eu sinto muito. De verdade, espero que um dia você ou o seu pai me perdoem pelo o que eu fiz.
ALICE – Você não precisa me pedir desculpa em nada. Afinal, você nunca fez nada pra mim.
LUANA – (as duas ficam em silêncio por um tempo) Bem… preciso ir agora, antes que o seu pai chegue.
ALICE – Meu pai está viajando.
LUANA – Para onde?
ALICE – Parece que foi para São Paulo, não sei.
LUANA – Bom, eu tenho mesmo que fazer algumas coisas. Só vim conversar, saber se você estava bem…
ALICE – Agora você quer saber se eu estou bem!
LUANA – Espero que um dia você consiga me perdoar. (Alice continua em silêncio, Luana pega sua bolsa que estava na cama e caminha até a porta) Tchau, Alice. (Luana sai do quarto, Alice continua em pé, séria)

Anoitecendo…

[CENA 02 – CASA DE PEDRO/ SALA/ NOITE]
(Pedro chega em casa, e encontra sua tia sentada no sofá da sala vendo TV)
PAULA – Olha só, se divertiu muito?
PEDRO – Boa noite, tia.
PAULA – (desliga a TV) Eu sei que você tem essa prática de sair por aí, sem avisar a ninguém. Fazia muito isso no sítio do seu avô, não seria diferente aqui. Mas, eu gostaria que você ao menos começasse a me avisar dessas suas saídas diárias.
PEDRO – Desculpa ter saído cedo. Mas tinha ido pedir demissão da pizzaria onde eu trabalhava!
PAULA – Ué, mas por que?
PEDRO – Preciso encontrar o meu sonho, não é isso que a senhora me incentivou. (Paula sorri)
PAULA – Sim. Você me lembrou que eu também preciso recuperar meu emprego. Se é que a minha gerente já não colocou alguém no meu lugar. (voltando para o sofá)
PEDRO – Pode deixar que da próxima eu prometo avisar. Vou para o meu quarto, tomar banho. Daqui a pouco desço para jantarmos.
PAULA – Pode banhar com calma, que o jantar hoje será pizza.
PEDRO – A senhora não fez comida, né?!
PAULA – Não reclame, que ao menos a pizza não corre o risco de te intoxicar. (os dois riem, Paula liga a TV)
PEDRO – Estou indo para o meu quarto, então. (Pedro sobe para o quarto, Paula continua vendo TV)

[CENA 03 – CASA DE MANUELA/ Q. DE MANUELA/ NOITE]
(Manuela está sentada em sua cama, Thalita está em pé ao lado de Éster que está mexendo no computador de Manuela)
ÉSTER – E você dizendo pra gente que não estava afim do DJ.
MANUELA – E eu não estou. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo para fazer isso.
THALITA – Não se lamente, Manu. Entendemos você completamente. Deve ser muito difícil ficar ao lado daquele gato sem sentir vontade de beijar aquela boca. Eu mesmo já teria o beijado faz tempo.
ÉSTER – Isso e muito mais, né querida.
MANUELA – Acho que vou ter que parar com esses encontros com ele. Não tenho mais coragem para olhar na cara dele depois do que eu fiz.
ÉSTER – Eu fosse você não faria isso. Você quer ou não ganhar Sua Canção?
MANUELA – Quero. Quer dizer, não sei. Pretendo entrar numa faculdade antes. Fiz minha inscrição só para mostrar para Alice que ela não é a única. E mesmo assim, nem sei se vou entrar. Até agora não recebi a confirmação.
THALITA – Eles demoram mesmo, não se preocupa.
ÉSTER – Ele ficou incomodado por você tê-lo o beijado?
MANUELA – Ficou. Ele queria ir até embora, só ficou porque eu pedi e disse que era importante.
THALITA – Ele não gostou de te beijar?
MANUELA – Não sei. Talvez eu o tenha o surpreendido e o assustei.
THALITA – Ah, não gente. Será que ele gay?
ÉSTER – Ele não tem jeito de gay.
MANUELA – Não, meninas. Não pensem besteira, ele não é gay. Simplesmente eu o assustei, foi isso.
ÉSTER – Bom, acho melhor uma de nos duas tirar a prova dos nove. (olha para Thalita)
THALITA – Deixem comigo. Duvido ele resistir ao meu beijo.

[CENA 04 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ NOITE]
(Otávio está sentado na sala, Silvana entra e senta-se ao lado do filho)
OTÁVIO – Vamos jantar agora?
SILVANA – Ainda não. Estamos esperando alguém.
OTÁVIO – Quem?
SILVANA – Eu chamei seu amigo, o Eduardo.
OTÁVIO – (curioso) Por quê?
SILVANA – Eu ainda não o agradeci por ter me ajudado naquele dia. Então, pensei em chama-lo para jantar com a gente.
OTÁVIO – A senhora sabe que ele fica até tarde no trabalho.
SILVANA – Tudo bem se você esperar um pouco?
OTÁVIO – Sem problema. (solta um leve sorriso) Por enquanto… (levanta-se e caminha em direção ao piano) … vou tocando algumas músicas! (Silvana presta atenção no filho, que começa a tocar algumas notas no piano)

[CENA 05 – SHOW DE ALICE/ CAMARIM/ NOITE]
(Alice está terminando de se arrumar no camarim, Marcelo está junto com ela, sentado no sofá e a observa)
MARCELO – (sorri) Quantas pessoas tem lá fora! Você tem ideia de quantos?
ALICE – Não tenho ideia.
MARCELO – Daqui dá de ouvir o pessoal gritando seu nome.
ALICE – Fãs!
MARCELO – (levanta-se e se aproxima dela) Obrigado por ter me convidado para ver seu show. De camarote ainda mais.
ALICE – Não precisa me agradecer, Marcelo. Você me ajudou muito com algumas músicas, é o mínimo.
MARCELO – Mesmo assim, obrigado!
ALICE – (levanta-se, fica de frente para ele) Quero que no meu último show antes de iniciar minhas viagens pelo país, tenha pessoas importantes na minha vida comigo. (os dois se olham por alguns segundos, Alice se aproxima dele e o beija)

[CENA 06 – CASA DE RAMON/ Q. DE RAMON/ NOITE]
(Ramon está sentado em seu cama, com a letra modificada de sua música que Andréa deu para ele hoje à tarde. Continua analisando a letra um pouco sério)

[CENA 07 – CASA DE OTÁVIO/ SALA/ NOITE]
(Otávio continua tocando algumas nota no piano, campainha toca, ele para imediatamente)
OTÁVIO – Acho que seu convidado chegou! (sorri, Silvana levanta-se do sofá e vai atender)
EDUARDO – Oi! Boa noite. Espero não ter demorado muito. Trouxe pizza para compensar. (ri)
SILVANA – Não demorou, não se preocupa. Entra. (Eduardo entra e os dois vão para a sala)
EDUARDO – Estava praticando no piano, Otávio?
OTÁVIO – Nada, estava só tocando uma música enquanto esperávamos você. Esse cheiro é de pizza?
EDUARDO – É sim. Trouxe para vocês.
OTÁVIO – Oba. (levanta-se em direção ao cheiro da pizza) Pode deixar que eu cuido dela. (sorri, enquanto recebe a pizza de Eduardo)
SILVANA – Filho, você quer deixa-la lá na cozinha.
OTÁVIO – Deixo sim, mãe. (vai em direção a cozinha, com a pizza em uma mão sentindo o cheirinho dela)
SILVANA – (se aproxima de Otávio) Acredito que o Otávio vai demorar um tempo lá dentro, com o cheiro da pizza. Creio que teremos um tempo para poder conversarmos.
EDUARDO – (a percebe séria) Claro. Sobre o que você quer conversar?
SILVANA – Vou te fazer uma pergunta e quero que você seja bem sincero, pode ser?
EDUARDO – Tá. Pergunte.
SILVANA – O quanto você gosta do Otávio?
EDUARDO – (ri) Não entendi muito o objetivo dessa pergunta?!
SILVANA – Eu sei que você e ele viraram amigos em um curto espaço de tempo. E, não sei ao certo o quanto essa amizade por suportar.
EDUARDO – Confesso que não estou entendo o rumo dessa conversa.
SILVANA – Eu estou morrendo, Eduardo. Tenho apenas algumas semanas de vida, e preciso que alguém cuide do Otávio.
EDUARDO – (surpreso) E você acha que esse alguém sou eu?!

[CENA 08 – SHOW DE ALICE/ CAMARIM – PALCO/ NOITE]
(Alice e Marcelo continuam se beijando, ela quem encerra o beijo, sorri)
MARCELO – Por essa eu não esperava.
ALICE – Espero que esse seu beije me dê sorte!
MARCELO – Oh, vai dá sim!
ALICE – Tenho que ir, não posso deixar meus fãs esperando mais. (pisca para Marcelo, se olha no espelho novamente e sai do camarim em direção ao palco. No palco, assim que entra a multidão já vai a loucura. Marcelo fica em um canto, a observa feliz. Alice agradece ao público e começa a cantar)

[CENA DE MÚSICA – MÚSICA ORIGINAL]

Alice canta a música com um domínio total sobre o palco. É uma música animada, e conhecida pelo público que também canta junto com ela. Durante o show, ela olha para Marcelo e sorri.

[CENA 09 – CASA DE PEDRO/ Q. DE PEDRO/ NOITE]
(Pedro está pronta para descer e jantar com sua tia, mas ao ver seu violão ao lado de seu guarda roupa, o faz ficar alguns minutos no quarto)
PEDRO – (pega o violão e senta-se na cama, começa a tocar algumas notas) É velho amigo… acho que vamos ter que nos separar por um tempo. (continua tocando, um pouco cabisbaixo, começa a cantar)

[CENA DE MÚSICA – MONSTROS (JÃO)]

Sinto um nó na minha garganta 1
A voz treme ao sair
Debaixo da cama, os monstros
Me impedem de dormir

Me sinto só desde criança
Mesmo com gente ao meu redor
Sempre lutei por liberdade
Mas ser livre me fez só

Aah! Eu tenho fogo no olhar 2
Aah! De pés descalços vou à caça
Aah! Pra encontrar o meu lugar
Eu abraço a escuridão que sempre se fez o meu lar

Agora eu corro com meus lobos
Danço ao redor do fogo
Bem nos olhos vejo os monstros
Que insistem em me encarar

Sempre me acharam louco 3
Por querer ser mais um pouco
Sei que eu tenho os meus monstros
Mas continuo a caminhar

Uoh, uoh, uoh, uoh
Uoh, uoh, uoh
Uoh, uoh, uoh, uoh
Ah, ah!

Vou mostrar todas as coisas
Que vocês não deram valor
Que nunca esperaram ver
Desse menino do interior

Aah! Eu tenho fogo no olhar 4
Aah! De pés descalços vou à caça
Aah! Pra encontrar o meu lugar
Eu abraço a escuridão que sempre se fez o meu lar

Agora eu corro com meus lobos
Danço ao redor do fogo
Bem nos olhos vejo os monstros
Que insistem em me encarar

Sempre me acharam louco
Por querer ser mais um pouco
Sei que eu tenho os meus monstros
Mas continuo a caminhar

Uoh, uoh, uoh, uoh
Uoh, uoh, uoh
Uoh, uoh, uoh, uoh
Ah, ah!

É tão claro agora 5
Eu queria poder dizer
Pra aquela criança
Que ainda não vê

É tão claro agora
Eu sei que vai doer
Mas isso é necessário
Pra quem você vai ser

1. Pedro fecha os olhos assim que começa a cantar, algumas lembranças começam a se passar em sua cabeça.
2. Pedro lembra de alguns momentos com sua mãe no sítio de seu avô, a lembrança encerra e ele abre os olhos, focando-se no violão.
3. Em seguida lembra de alguns momentos que passou com Alice, principalmente na ilha.
4. Sua lembrança encerra, ele volta a fechar os olhos e lembra-se de Carol. Solta um leve sorriso ao abrir os olhos novamente.
5. Pedro encerra a música, segura seu violão, olhando para ele por alguns segundos. Levanta-se, o coloca em cima da cama, fica alguns segundos parado. Sai do quarto em seguida, sério.

* está versão de Pedro é somente acompanhada pelo violão.

[CENA 10 – CASA DE MANUELA/ SALA/ NOITE]
(Manuela está na sala com suas amigas, vendo filme e comendo pipoca)
THALITA – Anda, Manu… o Marcelo beija bem?
MANUELA – Eu não sei meninas. Beija, não sei. Não tenho tantas experiências em beijo na boca assim.
ÉSTER – De fato. Tanto, que seu primeiro namorado foi quem logo?! O Tiago! (Thalita e Éster riem)
THALITA – Sério gente, daria tudo para poder saber qual é o sabor dos lábios do Marcelo.
MANUELA – Beija ele na segunda-feira e descobre.
THALITA – Farei isso, vocês vão ver.
ÉSTER – Isso, daí você responde para Manu se o Marcelo beija bem ou não. (as duas voltam rir novamente, campainha toca)
MANUELA – Ué, quem será hora dessa? (levanta-se, coloca a bacia de pipoca ao lado)
ÉSTER – Tá esperando alguém?
MANUELA – Não. (caminha até a porta e abre)
THALITA – Talvez seja o Tiago, seu namorado ausente! (ri junto como Éster)
TIAGO – Oi!
THALITA – Ih, viu lá. Estava certa. (as duas se abaixam um pouco, e riem baixinho)
MANUELA – Oi. O que faz aqui? Não tínhamos combinado nada?!
TIAGO – Eu sei. Quis fazer um surpresa. Estava com saudade. (se aproxima dela)
MANUELA – Também estava… mas é que, você deveria ter avisado. (recua dele)
TIAGO – Cheguei em um mal momento? (repara na sala, e percebe as meninas)
MANUELA – É que eu chamei as meninas para assistirem um filme comigo. Não esperava que você fosse aparecer aqui de surpresa.
TIAGO – Entendi. (se afasta um pouco)
MANUELA – (o percebe decepcionado) Você pode ficar com a gente, se quiser é claro? (as meninas automaticamente sentam-se direito no sofá, e prestam atenção na porta, esperando Tiago responder, assim como Manuela que está ansiosa pela resposta)

[CENA 11 – SHOW DE ALICE/ CAMARIM/ NOITE]
(Alice deu um pequeno intervalo em seu show. Junto com Marcelo, ela voltou para o camarim para recuperar um pouco da energia)
ALICE – (em frente ao espelho, com uma outra roupa, terminando de se maquiar) Pensa em fazer o que depois daqui?
MARCELO – (sentado na poltrona, um pouco envergonhado de olhar para ela) Não sei, ir pra casa talvez.
ALICE – Quer se divertir depois?
MARCELO – Me divertir?
ALICE – É. Tá rolando uma festinha perto daqui, quiser podemos ir para lá.
MARCELO – Pode ser. Eu topo.
ALICE – (se aproxima dele) É assim que se fala. (Marcelo se levanta, um fica de frente para o outro bem próximos) Quer repetir? (no mesmo instante, Marcelo a puxa pela a cintura e a beija)

Continua no Capítulo 42…

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