“Música Urbana”

 

[CENA 01 – SUPERMERCADO/ TARDE]
(Otávio récua um pouco ao ouvir a voz da esposa de seu pai)
OTÁVIO – (sério) Eu não quero falar com você.
ESPOSA – Eu só quero te conhecer melhor. Naquele dia a gente não começou bem. Talvez porque seu pai estava presente. Eu garanto a você que estou sozinha. Ele não veio comigo.
OTÁVIO – Eu não quero falar com você! (vira-se para sair de perto dela, acaba esbarrando em Eduardo) Desculpa!
EDUARDO – Sou eu, Otávio! Tudo bem por aqui?
OTÁVIO – Cansei de fazer compras. Será que podemos ir embora?
EDUARDO – Claro. Já peguei tudo que era necessário. (repara nos saquinhos na mão dele) Só essas frutas que você pegou?
OTÁVIO – Só. (olha em direção a esposa de seu pai, mesmo ela não falando nada, ele continua sentindo a presença dela) Será que podemos ir agora?
EDUARDO – Ok. Vamos então. (Otávio segura no ombro dele, e os dois vão em direção aos corredores. Eduardo não repara na esposa de Saulo e nem no clima que estava ali)

[CENA 02 – CASA DE ALICE/ ESTÚDIO/ TARDE]
(Pedro está mostrando uma playlist cheia de músicas brasileiras para Alice)
ALICE – Pula!
PEDRO – A música nem começou direito?!
ALICE – Mas eu não gostei. Pula. (Pedro pula a música, Alice escuta por alguns segundos) Pula.
PEDRO – Qual é Alice? Escuta uma música por inteiro ao menos. Todas que eu estou te mostrando, você está pulando nos segundos iniciais. Assim não tem como escolher um cantor favorito.
ALICE – Não adianta, Pedro. (retira os fones de ouvido) Posso ouvir todas as músicas brasileiras que existir, nunca vou gostar de uma.
PEDRO – Por que não?
ALICE – Sei lá. Não consigo me conectar com elas, como eu me conecto com uma música internacional. Os cantores brasileiros não conseguem me tocar profundamente como a Adele, Celine Dion…
PEDRO – Todas elas são cantoras.
ALICE – (levanta-se) Quando escuto uma música, vai bem mais além se ela é cantada por um homem ou por uma mulher. Eu gosto de sentir a melodia, sabe? De sentir aquele sentimento que a música transmite dentro da gente. Vai me dizer que você nunca sentiu uma sensação boa quando está cantando?
PEDRO – Sinto direto.
ALICE – Então. (volta a sentar-se novamente) É isso que estou falando. As músicas brasileiras não conseguem transmitir está mesma sensação para mim.
PEDRO – Para mim você só não encontrou a música certa ainda. (volta a mexer no computador, escolhe uma música) Eu tenho um desafio a você. Desafio você cantar está música.
ALICE – (olha para a música que Pedro escolheu) Nem morta. Eu não conheço a letra, muito menos a cantora.
PEDRO – (levanta-se) Para isso que temos a internet. (pesquisa a letra da música pelo celular e entrega para ela) Aqui está.
ALICE – Eu não vou cantar está música.
PEDRO – Então eu não vou compor a música com você.
ALICE – Sério que você fará isso? Isso é terrorismo musical, sabia?
PEDRO – Vai lá, canta. Algo me diz que essa música ficará perfeita na sua voz. (Alice olha para a música novamente, pensa em não cantar, mas algo a faz aceitar)
ALICE – Fique sabendo que se eu errar a letra a culpa não será minha.
PEDRO – (ri, Alice pega o celular da mão dele e caminha até a sala de som. Coloca o fone, olha para Pedro) Pronta?
ALICE – Vamos lá, né?! Vamos ver o estrago que isso vai ficar. (Pedro solta a música, Alice olha para a letra e começa a cantar um pouco sem jeito)

[CENA DE MÚSICA – O QUE FALTA EM VOCÊ SOU EU (MARÍLIA MENDONÇA)]

Falando em saudade 1
De novo eu acordei pensando em você
Já faz um mês que não te vejo
Trinta dias que eu acordo pensando em você

Não sei se você está bem
Se está gostando de outro alguém
O corte do cabelo tá do mesmo jeito
Aparentemente tudo igual

Vi uma foto sua com aquela roupa 2
Mas parecia que faltava alguma coisa
Nos traços do sorriso deu pra perceber
O que será que tá faltando em você?

O que falta em você sou eu!
Seu sorriso precisa do meu
Sei que tá morrendo de saudade
Vem buscar logo a sua metade

Ai, ai, ai, ai, ai, ai ai
Ai, ai, ai, ai, ai, ai ai

Falando em saudade 3
Vem buscar logo a sua metade
Falando em saudade
Vem buscar logo a sua metade

O que falta em você sou eu!
Seu sorriso precisa do meu
Sei que tá morrendo de saudade
Vem buscar logo a sua metade

Ai, ai, ai, ai, ai, ai ai
Ai, ai, ai, ai, ai, ai ai

Falando em saudade 4
Tá aqui comigo a sua metade

1. Alice começa a cantar, olhando a letra da música pelo celular. Pedro a observa, sorri. Alice acelera um pouco a letra ficando um pouco desigual com o ritmo da música.
2. Ao ver Pedro observando-a, e querendo mostrar para ele que também saberia cantar uma música brasileira, ela logo acompanha o ritmo certo da música. Começa a cantar algumas vezes sem olhar para o celular. Gaspar aparece no estúdio logo atrás de Pedro e os observa.
3. Com um domínio sobre a música, Alice se solta daqui em diante. Embora, continuasse a olhar a letra da música pelo celular.
4. Gaspar caminha pelo o estúdio, foca-se em Alice. Pedro continua vendo a apresentação da irmã, e assim que ela termina, Pedro levanta-se e bate palmas. Alice saí da sala de som.

PEDRO – Viu, não é tão difícil assim. Certo que você começou a acelerar a música no início, mas conseguiu se recuperar.
ALICE – Mesmo assim, achei essa música horrível!
PEDRO – (os dois se sentam-se) Qual é?! Pelo visto terei um longo trabalho com você. (Gaspar sorri e desaparece. Pedro continua procurando músicas brasileiras, Alice o observa)

[CENA 03 – CASA DELLE ROSE/ Q. DE LARISSA/ TARDE]
(Larissa entra em seu quarto apressada, caminha até seu espelho, observa-o séria. Nathaniel entra no quarto alguns segundos depois)
NATHANIEL – (se aproxima dela) No final das contas, continuamos com o mesmo mistério.
LARISSA – Espero que coloquemos um ponto final nessa história.
NATHANIEL – Mesmo assim, acredito que deve ter alguma explicação racional para vocês duas serem tão parecidas.
LARISSA – Eu não quero saber, Nathan. (caminha até sua cama) Pra mim essa história acabou.
NATHANIEL – (percebe que ela está estranha desde que saíram da lanchonete do Ivo) Ok. Prometo que não irei mais tocar nesse assunto. Afinal, a única explicação mais plausível que eu tinha, foi jogado no lixo.
LARISSA – Que bom. Agora volte a focar no seu musical, que a semana de estreia está chegando.
NATHANIEL – Verdade. (caminha até ela) Como você está? Estou te percebendo um pouco estranha, desde que saímos da lanchonete.
LARISSA – Só quero ficar sozinha. (senta-se em sua cama) Preciso descansar para hoje à noite.
NATHANIEL – Ok. Qualquer coisa, estou lá no salão. (Larissa solta um leve sorriso para Nathaniel, que saí do quarto em seguida. Ela deita-se na cama, abraça seu travesseiro, fica pensativa)

Anoitecendo…

[CENA 04 – CASA DE OTÁVIO/ COZINHA/ NOITE]
(Eduardo está cozinhando algo, enquanto Otávio está sentado, ainda sério depois do que ocorreu hoje à tarde)
EDUARDO – (apaga o fogo, caminha até a pia em seguida, lava algumas louças) Ainda bem que compramos o necessário. Sua despensa estava praticamente vazia. (repara Otávio olhando para o nada) Tudo bem, Otávio? (olha para Otávio, que continuava mergulhado em seus pensamentos. Enxuga suas mãos, caminha até) Otávio? (toca no ombro dele, isso o assusta de leve, também o traz a realidade)
OTÁVIO – Oi?
EDUARDO – Tudo bem?
OTÁVIO – Sim. Precisa de ajuda com alguma coisa?
EDUARDO – Não, obrigado. (volta para o fogão) Em alguns minutos o jantar estará pronto. Você que estava viajando por aí. Algum problema?
OTÁVIO – Nada demais.
EDUARDO – Pela a sua cara, não devia ser nada demais. Eu também percebi que você está assim desde que viemos do supermercado. Aconteceu alguma coisa lá?
OTÁVIO – (fica alguns segundos em silêncio, decide contar a verdade para seu amigo) A esposa do meu pai… quer dizer, do cara que diz ser meu pai. Afinal, ele seria meu pai se não tivesse me abandonado. Essa mulher, ela foi até mim lá no supermercado.
EDUARDO – Sério? Quando que isso aconteceu? (se aproxima dele) Você passou a maior parte do tempo comigo. Te deixei sozinho só na seção das frutas.
OTÁVIO – Foi nesse momento.
EDUARDO – E o que ela queria?
OTÁVIO – Queria se aproximar de mim. Eu não quero nenhuma aproximação dessa família. Nem dele, nem da esposa, nem de filho nenhum.
EDUARDO – Como era essa mulher?
OTÁVIO – Ela estava logo atrás de mim quando você apareceu, você não a viu?
EDUARDO – Confesso que não. (volta para o fogão) Tinha várias pessoas atrás de você, inclusive, várias mulheres também.
OTÁVIO – Não importa. Já que você irá morar aqui, você precisa saber que não quero ninguém dessa família na casa de minha mãe.
EDUARDO – Entendido. Ah, falando em morar aqui. Esqueci de te avisar. (apaga outro fogo, volta para perto de Otávio) Eu falei para meus pais que iria deixar a pensão e que iria morar com um amigo.
OTÁVIO – E o que eles falaram?
EDUARDO – Bom, a princípio eles gostaram. O fato deu dividir uma casa com outra pessoa, os deixaram menos preocupados. No entanto, depois que eu contei que você era cego, a preocupação deles voltou em dobro.
OTÁVIO – Certamente não aprovaram você morar aqui.
EDUARDO – Não, nem tanto. Contei sua história, do quanto você é independente e tudo mais. Contei de tudo que você e sua mãe já passaram. E eles te acharam um guerreiro.
OTÁVIO – Guerreiro?
EDUARDO – Tô falando sério. Tanto, que quero te levar para conhecê-los lá no Pará.
OTÁVIO – (rir) Quer que eu viaje com você?
EDUARDO – Sim. Eu irei passar algumas semanas na casa dos meus pais. E para você não ficar sozinho, achei melhor te convidar para ir comigo. Você vai adorar o Pará. As comidas típicas, o povo…
OTÁVIO – Eu nunca viajei para outro estado.
EDUARDO – Bem… (caminha até a pia) …aproveite então, que você viajará comigo. (a seriedade de Otávio logo desaparece, ao se imaginar conhecendo novos lugares)

[CENA 05 – LANCHONETE DO IVO/ NOITE]
(Ivo está atendendo uma mesa, Rita está no balcão mexendo no celular. Acaba encontrando uma notícia ruim, chama seu irmão assim que a ler)
RITA – Ivo, vem cá! Você precisa ler isso.
IVO ­– (finalizando o atendimento na mesa) É já que eu trago o pedido de vocês, está bem. (sorri simpaticamente, caminha até o balcão) O que foi, Rita? Eu estava atendendo uma mesa, não viu?
RITA ­– (entregando o celular para ele) Você precisa ler isso. (Ivo pega o celular e começa a ler) Este local que pegou fogo, não seria onde os garotos da sua banda iriam fazer um show?
IVO ­– (ler a notícia, surpreso) Isso é verdade?
RITA ­– É sim. Eu procurei em outros sites de notícias. Todos estão falando desse incidente.
IVO – (lembra do aviso que seus amigos fantasmas deram dias atrás, entrega o celular para Rita) Isso poderia ter acontecido com a gente lá.
RITA – Ainda bem que você cancelou o show de última hora, hein. Que anjo da guarda forte esse seu. (ri, porém Ivo continuava sério. Caminha direto para a cozinha, Rita continuava procurando mais notícias sobre o incêndio)

[CENA 06 – CASA DE ALICE/ ESTÚDIO – SALA/ NOITE]
(Pedro está sozinha no estúdio de Alice. Está ao telefone com sua tia)
PEDRO – Eu acabei perdendo a hora compondo a música com a Alice, e nem percebi que havia anoitecido. É, ela me convidou para jantar aqui com eles. Eu tive que aceitar. Não se preocupa, tia. Alice disse que qualquer coisa o motorista dela iria me levar de volta. Está bem, até mais tarde. (desliga, no momento que Alice entra no estúdio)
ALICE – Então? Falou com a Paula?
PEDRO – (levanta-se da cadeira, caminha até ela) Falei sim. Disse para ela que iria jantar aqui, e que chegaria só mais tarde em casa.
ALICE – Ótimo. Então vamos descer, que a nossa avó logo vai estar no chamando. (segura na mão dele, o puxa para fora do estúdio) Você precisa aprender algo com a dona Viviane. Ela prioriza as refeições em família. (os dois descem para a sala. Chegando na escada, Alice solta da mão de Pedro, os dois descem separados e caminham direto para o sofá, onde está Viviane)
VIVIANE – (levanta-se, caminha até eles) Fico feliz que tenha aceitado a jantar com a gente, Pedro.
PEDRO – Eu quem agradeço o convite.
ALICE – (indo até o sofá) O papai vai jantar com a gente?
VIVIANE – Ele disse que sim. Ainda mais depois que eu disse quem era o nosso convidado. (olha para Pedro, que fica um pouco sem jeito)
ALICE – Depois que jantarmos, a gente volta para o estúdio está bem? Precisamos finalizar aquela música.
PEDRO – (caminha até Alice, Viviane os observa com um leve sorriso no rosto) Ok, e eu preciso te convencer o quão boas as músicas brasileiras são. (senta-se ao lado dela, e os dois conversam animados. Viviane que estava atrás deles, os observa feliz)

[CENA 07 – LANCHONETE DO IVO/ BANHEIRO MASCULINO/ NOITE]
(Ivo entra no banheiro masculino, repara se realmente está sozinho, olhando em todas as cabines. Caminha até uma das pias, chama por seus amigos)
IVO – Eu quero conversar com vocês. (olha ao redor, ver se algum aparecia) Eu sei que vocês estão por aqui. Então apareçam logo. (Jorge aparece sozinho)
JORGE – Oi, Ivo.
IVO – (se aproxima dele) Vocês sabiam que aquele lugar iria pegar fogo, não sabiam? (Jorge o observa sério)

[CENA 08 – CASA DE ALICE/ SALA/ NOITE]
(Viviane foi até a cozinha, verificar se estava tudo pronto. Alice e Pedro continuam conversando no sofá. Felipe chega em casa)
FELIPE – (caminhando até eles, coloca sua pasta em cima do outro sofá, sorri ao ver Pedro) Boa noite!
ALICE – Boa noite, pai.
PEDRO – (levanta-se) Boa noite! (Felipe esperava ouvir um “pai” também, mas fica feliz com o boa noite que recebeu)
FELIPE – Onde está a avó de vocês?
ALICE – Na cozinha.
FELIPE – Ok. Bem, então vou tomar um banho rápido e já volto, para jantarmos. (pega sua pasta e sobe para o quarto, Pedro volta a sentar-se)
ALICE – Como eu ia dizendo, não tem condição nenhuma você encontrar uma cantora brasileira melhor que… (os dois voltam a conversar animados)

[CENA 09 – LANCHONETE DO IVO/ BANHEIRO MASCULINO/ NOITE]
(Ivo continua encarando Jorge, que continuava em silêncio)
IVO – Anda, Jorge?! Vocês sabiam que aquele lugar iria pegar fogo.
JORGE – (se afasta dele, caminha até uma das cabines) Sabíamos.
IVO – Então por isso vocês pediram que eu cancelasse o show dos garotos?
JORGE – Isso mesmo.
IVO – E por que vocês não me avisaram que seria por este motivo? Eu teria avisado ou alertado o pessoal que estava organizando o evento. Você sabe quantas pessoas se feriram neste incêndio? Pessoas morreram, Jorge!!!
JORGE – Eu sei. Só que não podíamos revelar a você o motivo.
IVO – Vocês deixaram com que pessoas se machucassem?
JORGE – Quando você está desse lado, você tem uma outra concepção do mundo físico. Esse incêndio foi necessário.
IVO – Necessário? Olha só o que você está falando? Pessoas morreram nesse incidente que poderia ter sido evitado se vocês tivessem me contado, droga! (chuta uma das pias) Vidas de inocentes poderiam ser salvas.
JORGE – As vidas de vocês foram salvas. Caso contrário, você e os garotos estaria neste plano agora. (Ivo fica alguns segundos em silêncio, Jorge se aproxima do amigo) Ivo, escuta… a nossa tarefa era impedir que vocês fossem para este show. E conseguimos isso. Agora, resta esperar.
IVO – Esperar? (assim que Ivo vira-se para ficar de frente com Jorge, o mesmo havia desaparecido) Ótimo. Planta a dúvida e vai embora. Que belo amigo você é, hein Jorge! (alguém entra no banheiro, caminha direto até um dos mictórios. Ivo saí do banheiro em seguida)

[CENA 10 – CASA DE ALICE/ COZINHA/ NOITE]
(todos estão reunidos na mesa, jantando. Alice está sentada ao lado de sua avó, Pedro está sentada na frente dela e Felipe bem no meio. Gaspar está logo atrás de Pedro, os observando)
PEDRO – Eu imagino que essa fascinação dela por músicas estrangeiras não tenha aprendido com você, Felipe. A gente cantou Legião Urbana naquele dia!
FELIPE – Confesso que também não sei para quem ela puxou isso, Pedro. Mas, independente de qual seja o ritmo, ela canta muito bem.
PEDRO – Sim, obvio. Só que nesse quesito eu esperava mais.
ALICE – Então tá, sabichão. Quero ver então. Qual música você irá cantar para a última etapa da seleção da universidade lá de Nova York?
PEDRO – Você sabe disso?
FELIPE – Sua tia meio que me contou. Eu comentei com a Alice.
PEDRO – Obvio. Minha tia está doida para eu passar logo e irmos morar lá.
FELIPE – Você anda praticando?
PEDRO – Eu escolhi uma música com a ajuda de um amigo. Preciso decorar a letra dela ainda, mas tenho um tempinho.
ALICE – E que música? É uma internacional, não?
PEDRO – É.
ALICE – Ué, já que você é um dos defensores da música brasileira, por que não escolheu uma para cantar?
PEDRO – Eu até iria escolher, mas infelizmente está no regulamento da universidade, que só é aceita músicas estrangeiras.
ALICE – Viu, só.
PEDRO – Isso não implica dizer que as músicas brasileiras não ganhariam de uma internacional.
ALICE – Mas se elas fossem tão boas assim, seriam aceitas como opções para os candidatos. (Viviane começa a ri, Felipe entende o motivo de sua mãe estar rindo, uma vez que ele também começa a ri)
PEDRO – Tudo bem com vocês?
VIVIANE – Estamos sim, querido. É que ver vocês assim brigando, como irmãos que já se conhecem faz tempo… (Pedro e Alice se entreolham) …é divertido. Me faz imaginar como seria se vocês tivessem sido criados juntos. (Gaspar sorri)
FELIPE – Provavelmente, teríamos uma eterna guerra entre músicas brasileiras e internacionais, mamãe. (ambos riem)
GASPAR – (embora ninguém ouvisse) Sem dúvida! (caminha até Felipe em seguida)
VIVIANE – É tão bom ter a família reunida assim. Sou grata por Deus ter me dado está família! (olha para todos, que voltam a comer, com um leve sorriso no rosto. Arael aparece ao lado de Gaspar, que o surpreende)
ARAEL – Precisamos conversar, Gaspar. (os dois desaparecem)

[CENA 11 – EM ALGUM LUGAR…]
(Gaspar repara que Arael está sério, e isso o preocupa)
GASPAR – Tudo bem?
ARAEL – Isso dependerá de você!
GASPAR – Como assim?
ARAEL – Você sabe o que acontecerá com Pedro daqui pra frente, não sabe?
GASPAR – Sei, sou o protegido dele. Minha função é saber de tudo
ARAEL – Mesmo que uma série de coisas boas aconteça com ele em breve, sabe que tudo isso faz parte de um proposito maior.
GASPAR – Eu sei! (fica sério)
ARAEL – É bom termos logo está conversa, porque preciso saber se você estará preparado para quando a hora chegar. (Gaspar abaixa um pouco a cabeça, sério) Você o observa direto, isso é bom por um lado. Porém, esse contato com os protegidos vai criando um laço que muitas vezes pode ser ruim para ambos. Você me entende, não entende? (Gaspar confirma com a cabeça) Veja Nathaniel com a protegida dele. Ele acabou criando um laço com ela, e quando chegou a hora dela partir, você viu a trabalho que ele teve para se despedir.
GASPAR – Pedro ainda tem tempo um tempo na terra. Estou proporcionado apenas momentos felizes para ele.
ARAEL – Eu não estou dizendo para você não proporcionar isso. Estou dizendo para você não se apegar muito com eles, para não ter que sofrer como Nathaniel sofreu. (se aproxima dele) Existe planos superiores a nós, Gaspar. E querendo ou não, eles precisam acontecer. (toca no ombro dele, Gaspar abaixa a cabeça novamente, apreensivo. Arael desaparece, Gaspar fica sozinho, sério)

[CENA 12 – CASA DE ALICE/ ESTÚDIO/ NOITE]
(após o jantar, Alice e Pedro voltaram para o estúdio. Os dois deixaram para compor a música outro dia, Pedro estava focado em convencer sua irmã a gostar de ao menos uma música brasileira)
ALICE – (ri) Você está apenas perdendo o seu tempo, Pedro.
PEDRO – Eu não vou desistir de você, está bem. Escuta essa. (Alice começa a escutar por alguns segundos, Felipe entra no estúdio em seguida)
FELIPE – Ainda compondo?
PEDRO – Não. Deixamos para terminar a música um outro dia. Por enquanto estou tentando colocar algumas músicas brasileiras na cabeça de sua filha.
FELIPE – (ri) Ih, Pedro. Eu já tentei isso quando ela era criança. Se naquela época que era mais fácil eu não consegui, agora que ela pensa por si só, será impossível.
ALICE – (retira os fones) É o que eu estou tentando dizer para ele, pai.
PEDRO – Digam o que quiser, mas eu não vou desistir. Deve existir uma música que conquiste você. O pior é que você não escuta a música completa, aí fica difícil.
FELIPE – Bom, já que ela não escuta uma pelo celular, acho que teremos que cantar uma ao vivo para ela. (Pedro olha para Felipe e o ver sorrindo)
PEDRO – Que boa ideia, pai. (vira-se para o computador, que nem se deu conta que acabou de chamar Felipe de “pai”. Porém, Felipe ouviu e isso o fez ficar feliz) Conhece?
FELIPE – (nem a olha a música, caminha direto para a sala de som) Conheço todas as músicas brasileiras, meu caro. (Pedro levanta-se e caminha até a sala também)
ALICE – (olhando a música que Pedro escolheu) Eu só vou ouvir está música, porque são vocês que irão cantar, hein. (espera os dois ficarem prontos, inicia a música em seguida)

[CENA DE MÚSICA – MÚSICA URBANA (CAPITAL INICIAL)]

[FELIPE]
Contra todos 1
E contra ninguém
O vento quase sempre
Nunca tanto diz
Estou só esperando
O que vai acontecer

Eu tenho pedras
Nos sapatos
Onde os carros
Estão estacionados
Andando por ruas
Quase escuras
Os carros passam

[PEDRO]
Contra todos 2
E contra ninguém
O vento quase sempre
Nunca tanto diz
Estou só esperando
O que vai acontecer

Eu tenho pedras
Nos sapatos
Onde os carros
Estão estacionados
Andando por ruas
Quase escuras
Os carros passam

[FELIPE]
As ruas têm cheiro 3
De gasolina e óleo diesel
Por toda a plataforma
Toda plataforma
toda a plataforma
Você não vê a torre

[PEDRO]
Tudo errado, mas tudo bem
Tudo quase sempre
Como eu sempre quis
Sai da minha frente
Que agora eu quero ver

Não me importam os seus atos
Eu não sou mais um desesperado
Se ando por ruas quase escuras
As ruas passam

[FELIPE]
Tudo errado, mas tudo bem 4
Tudo quase sempre
Como eu sempre quis
Sai da minha frente
Que agora eu quero ver

[PEDRO]
Não me importam os seus atos
Eu não sou mais um desesperado
Se ando por ruas quase escuras
As ruas passam

[FELIPE]
As ruas têm cheiro
De gasolina e óleo diesel
Por toda a plataforma
Toda plataforma
toda a plataforma
Você não vê a torre

[PEDRO]
Oh, oh, oh, oh, oh

1. Felipe e Pedro começam a fingir que estão tocando guitarra e bateria simultaneamente dentro da sala. Os dois estão um de frente para o outro. Felipe começa a cantar, enquanto Pedro dança seguindo o  ritmo da música. Alice começa a curtir a apresentação de seu pai. Gaspar aparece no estúdio e os observam sério.
2. Pedro para de dançar e começa a cantar. Felipe dessa vez o observa, sorrindo para ele. Os dois estão se divertindo, começam a dançar dentro da sala. Alice também começa começa a dançar sentada na cadeira.
3. Embora o pessoal estivessem se divertindo em família, Gaspar continua sério desde que apareceu. Na sala de som, Pedro e Felipe continuavam reversando os trechos da música, cantando e dançando. Alice pega seu celular, filma um story para suas redes sociais.
4. Os dois se aproximam um do outro no final da música, ambos felizes. Encerram a canção, se abraçam em seguida. Alice bate palmas fora da sala de som. Gaspar desaparece em seguida.

Contínua no Capítulo 72…

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