“Chega de Mentiras”

 

Amanhecendo…

[CENA 01 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ Q. DA CARLA/ DIA]
(Paula vem vindo do banheiro, e encontra Carla deitada na cama pensativa olhando para o teto)
PAULA – Carla? Carla? Está me ouvindo?
CARLA – O que?
PAULA – Em que você estava pensando? Ou melhor, em quem?
CARLA – Eu acho que está na hora da minha madrinha saber da verdade.
PAULA – Você vai contar para ela?
CARLA – Claro, daqui uns dias já não vou conseguir mais esconder.
PAULA – É, bem que a Rosário com certeza vai nos ajudar.
CARLA – Mas está dando a minha hora. (se levanta da cama rapidamente) À noite, quando estiver todo mundo reunido, conto para ela.
PAULA – Espera, eu vou descer contigo.

[CENA 02 – CASA DA KARINA (SÃO PAULO)/ COZINHA/ DIA]
(Miguel vem entrando na cozinha)
MIGUEL – Bom dia.
KARINA – Bom dia irmão.
LUCAS – Bom dia.
KARINA – O Felipe já acordou?
MIGUEL – Já. Acabou de sair.
KARINA – Não esperou a gente?
MIGUEL – Ele disse que ia na frente, porque tinha muito o que ver ainda, e que quer pegar essa pessoa logo.
KARINA – Bem, então vamos amor. Realmente tem muita coisa para investigar.
LUCAS – Vamos.
KARINA – Talvez não venhamos almoçar.
MIGUEL – Não se preocupa, como qualquer coisa na faculdade.
KARINA – Então a gente vai indo, tenha um bom dia irmão.

[CENA 03 – APARTAMENTO DO SÉRGIO/ SALA/ DIA]
SÉRGIO – Eu não aguento mais.
ADRIANO – O que você está falando?
SÉRGIO – Eu não vou conseguir esquecer a Luana!
ADRIANO – Isso eu sei. Tá na cara que você está completamente apaixonado por ela.
SÉRGIO – Eu preciso ver ela. Preciso conversar com ela.
ADRIANO – Você está pensando em ir atrás dela? (antes que percebesse, Sérgio já tinha saído) É, ele está!

[CENA 04 – CASA DA VERÔNICA/ COZINHA/ DIA]
(Cláudio vem entrando na cozinha)
VERÔNICA – Bom dia.
CLÁUDIO – Bom dia. A senhora chegou que horas ontem?
VERÔNICA – Agora tenho que dizer os horários que eu chego na minha própria casa?
CLÁUDIO – A senhora pode pelo menos me contar onde estava?
VERÔNICA – Fui visitar uma amiga que tinha chegado na cidade, aí como a gente não se via há tanto tempo, ficamos até tarde matando a saudade.
CLÁUDIO – E eu conheço essa amiga?
VERÔNICA – Não filho. A gente não se ver deste a faculdade.
CLÁUDIO – Então a senhora podia trazer ela aqui em casa, pra gente conhecer?
VERÔNICA – Não vai dar. Ela vai voltar hoje.
CLÁUDIO – Mas ela não chegou ontem?
VERÔNICA – Chegou, e já vai ter que voltar. Agora, será que posso tomar meu café da manhã tranquila, ou você ainda vai continuar fazendo perguntas sobre a minha amiga?
CLÁUDIO – Não.
VERÔNICA – Então agora é minha vez. Você saiu com a sua amiga ontem?
CLÁUDIO – Quem? A Camila?
VERÔNICA – Aquela que você levou para feste do Felipe?
CLÁUDIO – Ela mesmo.
VERÔNICA – É.
CLÁUDIO – Ontem não. Ela estava ocupada arrumando o apartamento dela.
VERÔNICA – E ela mora sozinha?
CLÁUDIO – Mora. Ela morava com mais duas amigas, mas cada uma foi para um canto, e ela ficou sozinha.
VERÔNICA – E vocês vão sair hoje?
CLÁUDIO – Eu não sei. Mas porque esse interesse toda nela mamãe?
VERÔNICA – Ah, é que você nunca mostrou uma amiga pra gente, aí fiquei curiosa. Queria conhecer melhor essa moça.
CLÁUDIO – Talvez um dia traga ela para conhecer vocês.

[CENA 05 – CASA DO FELIPE/ Q. DO FELIPE – RUA/ DIA]
(Luana está em seu quarto falando com o Sérgio pelo telefone)
LUANA – Você está onde? Você é maluco?! Eu não posso ir agora. Também não é preciso fazer isso. Tá bom. Eu estou indo. Mas fica aí, vai que alguém te ver. (Luana sai do seu quarto, desce as escadas com calma, conferindo se não tinha ninguém observado. Vai para porta, e sai diretamente para rua. Um pouco à frente da casa, estava Sérgio detrás de um carro)
SÉRGIO – Eu não consigo… Eu te amo demais, Luana. (beija ela de surpresa)

[CENA 06 – CASA DA BEATRIZ/ COZINHA/ DIA]
BEATRIZ – Vem meu amor. (segurando a mão do menino, descendo as escadas devagar, e indo até a cozinha)
THOMAS – Bom dia. Então você ainda continua com essa história?
BEATRIZ – Não sei do que você está falando, Thomas. Senta aqui meu menino. (senta o menino e começa a servi-lo) Você quer comer o que meu filho? Um copo de suco, leite, alguma fruta?
THOMAS – Você quer levar em frente em adotar essa criança?
BEATRIZ – Sim.
THOMAS – E você vai cuidar desse menino sozinha?
BEATRIZ – Hoje em dia não precisa mais da presença de um pai para a educação de uma criança. O amor de uma mãe, já basta.
THOMAS – Não vai pensando que eu vou aceitar esse menino como meu sobrinho.
BEATRIZ – Eu não estou obrigando você a aceitar meu filho Thomas. Ele tem a mim.
THOMAS – Vou para empresa. Estou cheio de serviços por lá. (se retira da mesa chateado. Beatriz o ignora solenemente)

[CENA 07 – RUA EM FRENTE A CASA DO FELIPE/ DIA]
LUANA – (o empurra) Por que você fez isso?
SÉRGIO – Eu te amo, Luana. Eu tentei, juro que tentei, mas eu te amo. Mesmo que isso faça perder um amigo, eu quero ficar com você.
LUANA – Você bebeu? Ou definitivamente deve ter ficado louco?
SÉRGIO – Estou louco por você, Luana. Separa do Felipe, e fica comigo. Eu te amo. (a segura pelos braços)
LUANA – Me larga, alguém pode nós ver. (se afasta dele) Tivemos essa conversa já, pensei que já tínhamos resolvido tudo entre a gente.
SÉRGIO – Não é isso que você quer?
LUANA – Do que você tá falando?
SÉRGIO – Você também gosta de mim. Eu sei disso. (se aproxima dela novamente, devagarinho)
LUANA – Melhor você ir embora.
SÉRGIO – Não antes de você me dizer que quer que eu vá?
LUANA – Eu quero… (suspirando, com ele bem pertinho do pescoço dela)
SÉRGIO – Não quer. Porque você gosta do meu toque, do meu carinho, dos meus beijos… (beija ela novamente, mas Paulo flagra os dois se beijando)
PAULO – Luana? O que está acontecendo aqui?
LUANA – Paulo… (se afasta de Sérgio) …não é o que você está pensando. Eu e o Sérgio estávamos…
PAULO – Estavam se beijando. Eu sei o que eu vi, Luana.
LUANA – Não, você entendeu errado. Tinha cisco no meu olho e o Sérgio estava ajudando a tirar…
PAULO – Aí o cisco caiu para sua boca, e ele estava sobrando ver se saia? Não adianta me enganar Luana. Vocês estão tendo um caso? Como pode fazer isso com o meu irmão?
LUANA – Deixa explicar, Paulo.
PAULO – Você vai ter que explicar isso para o Felipe, quando ele chegar. (vai para dentro de casa, ela desesperada corre atrás dele)
SÉRGIO – Luana e a gente? Droga!

[CENA 08 – EMPRESA (SALA DE REUNIÃO/ SÃO PAULO)/ DIA]
FELIPE – Nada de errado nessas também.
LUCAS – Aqui também. Será que você não errou esses cálculos, Felipe?
KARINA – Não. Eu também conferi. Realmente está faltando dinheiro na nossa empresa.
FELIPE – Eu não sei. Mas eu não vou parar.
KARINA – E acabou. Já virmos os últimos cinco anos.
FELIPE – E tudo certo.
KARINA – Quem fez isso ou sabia que você viria para cá investigar, e deu um jeito de passar uma borracha em tudo, ou ele realmente sabe roubar muito bem.
FELIPE – E pretendo voltar amanhã e não encontrei nada.
LUCAS – Mas a gente olhou tudo. Todas as contas batem.
FELIPE – Inclusive a minha.
KARINA – Quem tanto sabia que você viria para cá Felipe?
FELIPE – Ninguém. Eu sai sem avisar ninguém, tanto que eles estavam organizando um aniversário surpresa para mim.
KARINA – Então, quem está fazendo isso, sabe fazer muito bem.
FELIPE – Pior que eu pensava que iria resolver tudo isso e voltaria pra Rio, já com isso resolvido.
KARINA – Não se preocupa Felipe, agora que você me avisou sobre o que está acontecendo, vou ficar de olho nas contas da empresa.
FELIPE – Quem ficava responsável pela administração da empresa não é você Lucas?
LUCAS – Sou eu sim, mas as contas sempre batiam. Não encontrava nada de errado.
FELIPE – De qualquer forma, vocês daqui pra frente prestem bem atenção, porque o responsável por isso pode ter se salvado agora, mas a gente ainda vai pegar ele.

[CENA 09 – CASA DO FLIPE/ SALA/ DIA]
LUANA – Paulo. Espera, precisamos conversar.
PAULO – Não adianta inventar historinha Luana, eu sei o que eu vi.
LUANA – Você está certo. Está bem, vou te contar tudo, mas é melhor lá no meu quarto. Alguém pode ouvir. (os dois sobem para quarto… tempo depois, a campainha toca)
FREDERICO – Bom dia. Viviane está?
EMPREGADA – Está sim. (ela o deixa entrar)
FREDERICO – Licença.
EMPREGADA – Vou chama-la, quem devo anunciar?
FREDERICO – Frederico.
EMPREGADA – Licença. (tempo depois, Viviane vem descendo as escadas)
FREDERICO – Oi.
VIVIANE – O que você está fazendo aqui?
FREDERICO – Vim te visitar. Saber como está?
VIVIANE – Bem.
FREDERICO – E o Felipe? Ele está em casa?
VIVIANE – Não. Ele foi para São Paulo, resolver um assunto por lá.
FREDERICO – E quando volta?
VIVIANE – Porque essa curiosidade toda?
FREDERICO – Só quero me aproximar dele.
VIVIANE – Eu já disse que isso não vai ser possível.
FREDERICO – Por que Viviane? Ele é meu filho. Eu tenho direito de me aproximar dele. E você pode dizer o que quiser. Eu vou me aproximar dele sim, com sua permissão ou não.
VIVIANE – Eu te pedi um tempo.
FREDERICO – Eu te dê esse tempo. Agora eu quero me aproximar do meu filho.
VIVIANE – Me dar só um pouco de tempo. Enquanto preparo ele para essa notícia.
FREDERICO – Eu vou te dar mais um tempo. Se não eu mesmo vou fazer as coisas do meu jeito. E eu conheço a saída. (quando ele sai, Viviane senta no sofá, e começa a passar mal)

Anoitecendo…

[CENA 10 – CASA DA ROSÁRIO (SÃO PAULO)/ SALA/ NOITE]
ROSÁRIO – Então, o que você queria falar comigo filha.
CARLA – Eu queria contar isso antes do jantar, porque a senhora estaria mais desocupada.
ROSÁRIO – Estou ficando curiosa. É alguma novidade sobre seu pai?
CARLA – Não. É um outro assunto.
ROSÁRIO – Então conta filha. É o que?
CARLA – Bem… nem sei como contar isso para senhora… (respira fundo) Vamos lá, é que… é… eu estou grávida madrinha.
ROSÁRIO – Eu já sabia!
CARLA – Sabia?
ROSÁRIO – Sim filha, ou você estava assaltando a geladeira à noite?!
CARLA – A senhora percebeu pela minha barriga.
ROSÁRIO – Ela apenas me deu um alerta, o que me confirmou de verdade, foi um teste de farmácia que eu encontrei no lixo.
CARLA – Então a senhora já sabia esse tempo todo?
ROSÁRIO – Sim, só estava esperando você me contar. O pai não sabe dessa criança né?
CARLA – Não. E eu nem sei onde o pai desta criança está.
ROSÁRIO – Não se preocupa minha filha. Eu criei duas crianças sozinhas. Terá problema nenhum em ajudar você a cuidar do seu filho.
CARLA – Bem, é que na verdade. Não é só uma criança.
ROSÁRIO – Como assim?
CARLA – São gêmeos. Estou esperando um casal.
ROSÁRIO – Bem, uma mais, uma menos, não importa filha. Você pode sempre contar comigo.
CARLA – Mesmo assim, eu não quero colocar mais esse problema com a senhora. Eu vou ter essas crianças, e vou cuidar delas sozinhas.
ROSÁRIO – Claro. Você é a mãe deles, mas do que precisar, só me avisar. Sua mãe não está aqui, mas ela estaria feliz, vendo você amadurecendo assim.

[CENA 11 – HOTEL DO FREDERICO/ Q. DE FREDERICO/ NOITE]
(Frederico chega em seu quarto de hotel e começa a andar de um lado para o outro. Ele senta na cama, e pensa na festa de casamento de Felipe, e lembra quando viu Carla entrando. Ele começa sentir falta da filha, e pensa em ir atrás dela)

[CENA 12 – APARTAMENTO DO SÉRGIO/ SALA/ NOITE]
(Sérgio chega ao apartamento e em silêncio se senta no sofá)
ROBERTO – Onde estava?
SÉRGIO – Dando uma volta. Organizado a bagunça aqui dentro.
ADRIANO – Você procurou a Luana?
SÉRGIO – Procurei. Tentei resolver isso que está acontecendo entre a gente, mas toda vez que tentamos nos acertar, sempre algo dar errado.
ROBERTO – O que foi que aconteceu agora?
SÉRGIO – Tudo. Tudo deu errado. Estou para ficar louco por essa mulher.
ADRIANO – Calma cara. Conta o que foi que houve?
SÉRGIO – Eu fui até a casa dela. Chamei ela para gente conversar em frete da casa, aí… não resisti, e acabei dando um beijo nela, só que nesse momento, o Paulo acabou flagrando a gente.
ADRIANO – Fala sério!
ROBERTO – E como acabou isso?
SÉRGIO – Eu não sei. Luana correu atrás dele, para tentar explicar, até agora eu não sei de nada.
ROBERTO – Acho melhor você contar para o Felipe isso logo, antes que ele descubra por outra pessoa.
SÉRGIO – Vocês estão certos. Eu já demorei tempo demais com isso. (se levanta e caminha até à porta)
ADRIANO – Você vai sai de novo?
SÉRGIO – Preciso resolver isso hoje. (sai)
ROBERTO – Sei não, mas no estado que ele tá, não vai dar certo.
ADRIANO – Você acha que devemos ir atrás dele?

[CENA 13 – CASA DO FELIPE/ SALA/ NOITE]
(Felipe chega em casa, e encontra a casa toda em silêncio… Ele achando que todos devem estar no quarto ou na cozinha, caminha direto para o sofá, para descansar um pouco)
FELIPE – Mãe? Paulo?  Alguém aí? (deita no sofá, alguns segundos depois campainha toca) Quem será essa hora? (se levanta e vai atender a porta) Sérgio, o que você está fazendo aqui?
SÉRGIO – Ainda bem que você está em casa Felipe. Temos que conversar, e o assunto é sério.

Continua no Capítulo 37…

-‘.’ ”>

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo