NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ELISA
GABRIELA
JOSIAS
LAURA
LETÍCIA
MAURÍCIO
REINALDO
RODRIGO
SEVERO
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
CLIENTE, HOMEM e PROFESSOR DE ED. FÍSICA.
CENA 01. PRAIA DE COPACABANA. CALÇADÃO. EXT. DIA.
LETREIRO: COPACABANA, 2005.
CAM de longe, aproxima-se de um jovem casal caminhando de mãos dadas, a moça parece embasbacada com tudo que o rapaz mostra fora de áudio.
ELISA — (OFF, Narrando) Dizem que o amor é capaz de ultrapassar qualquer obstáculo… Mas até que ponto esse amor é capaz de suportar? Pois como dizia Sêneca: “o amor não se define, sente-se”. Então podemos dizer que o amor que eu sinto por ele é capaz de tudo.
CORTA PARA:
CENA 02. PRAIA DE COPACABANA. QUIOSQUE. EXT. DIA.
Rodrigo e Elisa ali a tomar água de coco.
RODRIGO — Espero que você não tenha ficado chateada comigo.
ELISA — E por que eu ficaria chateada contigo, seu bobo?
RODRIGO — Eu sei que prometi algo diferente, mas foi o que deu pra fazer dessa vez.
ELISA — Eu tô adorando tudo. (Brinca) Você até que se sai como um bom guia turístico.
RODRIGO — Engraçadinha… Mas agora falando sério. Tô meio preocupado.
ELISA — Com o quê?
RODRIGO — As nossas famílias vivem em pé de guerra. Como que podemos progredir no nosso namoro desse jeito? Eu te amo, Elisa! Quero formar com você uma família algum dia.
ELISA — Eu sei, Rodrigo. Eu também te amo. Mas você sabe que o universo está conspirando contra a gente. Melhor continuarmos assim por enquanto. Depois vemos o que podemos fazer.
RODRIGO — Isso é errado! Eu não posso esconder o amor que sinto por você por causa de uma rixa familiar antiga!
CORTA PARA:
CENA 03. CANARINHO AMARELO. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.
Takes do bairro. Em praça pública, no centro do bairro, temos uma escultura enorme de um Canarinho Dourado. Ponto de táxi ali com três carros parados, os motoristas a conversar e sorrir fora de áudio. Bar do Tio Jô cheio de clientes. Fachada da casa de Laura e Severo.
CORTA PARA:
CENA 04. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Laura a olhar pela janela.
LAURA — (P/si) Movimentação hoje no território inimigo está até calma.
Severo chega da rua.
SEVERO — Nossa! Mas será possível que toda vez que eu entro nesta casa, você está bisbilhotando os Garcias?
LAURA — Alto lá, meu amor! Eu apenas estou dando uma conferida pra ver se tudo está nos conformes.
SEVERO — Ah, sim. E você sabe muito bem como isso se chama. Linguão! Fofoqueira!
LAURA — Falou o senhor “certinho” que fica no ponto de táxi só de olho na vida alheia!
SEVERO — Cadê a Elisa?
LAURA — Não muda de assunto. Toquei na ferida e logo muda de papo.
SEVERO — É sério, Laura. Cadê a Elisa?
LAURA — Ela disse que ia à casa de uma amiguinha.
SEVERO — Que amiga?
LAURA — Não sei. Mas por que todas essas perguntas?
SEVERO — Nada não. Só tô suspeitando de algo.
LAURA — Suspeitando de que, homem?
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 05. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. INT./ EXT. DIA.
Flashback: Severo ali dentro de seu táxi, quando vê Elisa passando pela praça. A moça parece estar fugindo, olhando para trás todo instante.
SEVERO — (P/si) Pra onde ela tá indo?
Corta para fora do táxi: Severo sai e fica a olhar a filha se distanciar, até que ela vira por uma, e ele a perde de vista.
SEVERO — (P/si) Eu, hein! Essa garota pra esses lados do bairro. Ela não frequenta aquela área. Pra onde você está indo, hein, Elisa?
CAM mostra Rodrigo saindo do bar do tio e seguindo o mesmo trajeto que Elisa.
SEVERO — (P/si) Lá vai mais um primogénito dos mal caráter dos Garcias!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 06. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Continuação da cena 04.
LAURA — Espera aí. Você não está insinuando que a nossa filha está com esse garoto, está?
SEVERO — Não estou insinuando nada, Laura. Apenas trouxe os fatos. Reflita!
LAURA — Nossa filha nunca se envolveria com um Garcia! Ela sabe da rixa histórica de vocês.
CORTA PARA:
CENA 07. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Letícia a servir uma mesa.
LETÍCIA — (Simpática) Aqui está o seu pedido, senhor. Prato do dia hoje é uma feijoada que está divina. Caprichamos!
CLIENTE — Vou provar então. O jeito como você fala do prato, tá me deixando com água na boca.
LETÍCIA — Bom apetite, querido.
Ela se afasta com a bandeja. Josias entra no bar apressado.
JOSIAS — (Esbaforido) Minha sobrinha! Minha sobrinha!
LETÍCIA — Calma, tio. Desse jeito o senhor vai ter um troço. Aconteceu alguma coisa?
JOSIAS — Você não vai acreditar no que eu fiquei sabendo…
Atenção Sonoplastia: Entra aqui cuíca de grilo.
LETÍCIA — Estou esperando o senhor falar.
JOSIAS — Um dos ambulantes da praia de Copacabana, que mora aqui no bairro, disse ter visto o Rodrigo na paria acompanhado de uma menina.
LETÍCIA — (Feliz) Não acredito. Meu filho tá namorando e não falou comigo?!
JOSIAS — Pois é, minha sobrinha. Parece que aqui somos os últimos, a saber, das coisas.
CORTA PARA:
CENA 08. CANARINHO AMARELO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.
Takes do anoitecer no bairro. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. BAR DO TIO JÔ. COZINHA. INT. NOITE.
Letícia a lavar louça. Josias trazendo mais.
JOSIAS — O dia hoje foi uma loucura!
LETÍCIA — Foi mesmo, tio. Mas graças a Deus, né? Assim nós podemos ir vivendo dos bons frutos do bar.
JOSIAS — Verdade, minha sobrinha. Só de pensar que não precisamos somente do dinheiro do Pierre, já é motivo de alegria.
LETÍCIA — Nunca quis esse dinheiro. Mas a necessidade falou mais alto e fui obrigada a aceitar.
JOSIAS — Mas você sabe, né, minha sobrinha? O Pierre pode estar em qualquer lugar do mundo que ele ainda tem obrigação com o filho.
LETÍCIA — Filho que ele nunca quis saber!
JOSIAS — Mas você também escondeu dele quando engravidou!
LETÍCIA — O senhor está do lado de quem, tio?
JOSIAS — Deixa pra lá, minha sobrinha. Não quero brigar com você por causa disso.
CORTA PARA:
CENA 10. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Laura ali sentada séria, pensativa. Elisa chega da rua.
ELISA — (Feliz) Boa noite, mãe.
LAURA — Boa noite, minha filha. Pelo visto o dia todo na casa da amiga foi muito bom.
ELISA — Nem tanto, né, mãe? Fui na minha amiga fazer o planejamento do nosso trabalho de fim de ano.
LAURA — Ah, sim. E o que decidiram sobre o trabalho?
ELISA — A senhora interessada em saber sobre o trabalho de escola?
LAURA — Ué, filha. Não posso saber com anda a sua vida escolar?
ELISA — Pode. Só estranhei. Mas a gente decidiu que vai apresentar algo relacionado ao natal. Ainda não decidimos tudo detalhadamente.
LAURA — Legal.
ELISA — Cadê o seu Severinho do meu coração?
LAURA — Tá rodando ainda.
ELISA — Bom, agora vou tomar um banho. (Dá um beijo no rosto da mãe) Te amo!
LAURA — Também te amo, filha!
CORTA PARA:
CENA 11. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.
Táxi de Severo se aproxima do ponto. Ele salta do carro.
SEVERO — (P/si) É, o dia hoje tá fraco de clientes.
Táxi de Maurício se aproxima, ele buzina.
MAURÍCIO — Ainda aí, cara? O movimento hoje tá fraco demais. Vou pra casa curtir minha patroa e meus filhos.
SEVERO — Eu vou ficar mais um pouco. Depois vou pra casa.
MAURÍCIO — Então tá, chefe. Boa noite e fica atento aí.
SEVERO — Pode deixar.
Severo fica a olhar táxi de Maurício se afastar. Severo volta para dentro do táxi e liga o rádio na narração do futebol.
SEVERO — (P/si) Vamos lá Vascão! Temos que ganhar essa partida!
CORTA PARA:
CENA 12. CASA LETÍCIA. SALA. INT. NOITE.
Letícia e Josias entram.
LETÍCIA — Que dia, tio. Estou cansada!
JOSIAS — Eu também. Vou é tomar um banho.
LETÍCIA — Sorte sua que pode tomar banho agora. Eu tenho que encarar fogão mais uma vez.
JOSIAS — Então vamos fazer o seguinte: como o dia hoje foi maçante, acho que merecemos uma pizza. Que tal?
LETÍCIA — Ótima ideia! Só assim eu descanso.
JOSIAS — Vou tomar um banho primeiro, depois eu ligo.
LETÍCIA — Tá bom, tio.
Josias vai para o banheiro. Letícia liga a TV e fica ali pensativa. Insert do áudio da cena 09.
LETÍCIA — (OFF) Filho que ele nunca quis saber!
JOSIAS — (OFF) Mas você também escondeu dele quando engravidou!
LETÍCIA — (P/si) Pierre nunca foi pai! Na primeira oportunidade, não pensou duas vezes e voltou pra França!
CORTA PARA:
CENA 13. CASA LETÍCIA. QUARTO RODRIGO. INT. NOITE.
Rodrigo na escrivaninha a estudar. Letícia entra.
LETÍCIA — Licença, filho.
RODRIGO — Oi, mãe.
LETÍCIA — Como é que foi o seu dia?
RODRIGO — Bom.
LETÍCIA — Mas só ‘bom’?
RODRIGO — E por que seria diferente?
LETÍCIA — Ah, sei lá. Vai que você não quer me contar alguma coisa, não sei.
RODRIGO — Fica tranquila, mãe. Meu dia foi ótimo, mas não teve nada de diferente.
LETÍCIA — Hum… Então tá, né?! Logo que é assim, então tá bom.
Letícia sai do quarto, deixando Rodrigo desconfiado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA LAURA E SEVERO. QUARTO ELISA. INT. NOITE.
Elisa deitada abraçada ao travesseiro, sorrindo, pensativa.
INSERT-FLASH da imagem de Rodrigo sorrindo.
ELISA — (P/si, apaixonada) Meu amor… Não posso deixar de amar o Rodrigo por causa de uma guerra familiar do tempo dos Dinossauros. Nosso amor é mais forte que tudo isso.
CORTA PARA:
CENA 15. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.
Bairro deserto. Severo olha pra o relógio.
SEVERO — (P/si) Chega. Já passou da hora de ir embora!
Severo entra no carro e dá a partida. CAM mostra um casal todo de preto, dos pés a cabeça saindo da floresta e passando pela praça do canarinho de mãos dadas. Eles andam totalmente tensos.
SEVERO — (P/si) E lá vai o casal misterioso de preto… O que será que dá na cabeça desses pra andar de preto a todo instante? Ainda mais quando se mora no Rio de Janeiro. Rio 40 graus. Deixa eu ir pra casa que eu ganho mais.
CAM abre o plano no carro se afastando e o casal chegando a sua casa.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA LETÍCIA. SALA. INT. NOITE.
Letícia sentada intrigada, distante. A TV ligada. Josias vem do banheiro após o banho.
JOSIAS — Me sinto até renovado! Depois de um dia de trabalho, um banho é tudo que a gente quer. Tirar todo o peso do dia. (Percebe Letícia longe) Letícia, eu tô falando com você!
LETÍCIA — Ah! Oi, tio. O que o senhor tava falando?
JOSIAS — Ih… Quando tá assim é porque aconteceu alguma coisa.
LETÍCIA — Eu acho que o Rodrigo não é meu amigo, sabe?
JOSIAS — Como assim, minha sobrinha?
LETÍCIA — Acho que ele não confia em mim pra conversar sobre certos assuntos.
JOSIAS — Mas você sabe que o Rodrigo é meio fechadão mesmo. Até comigo ele não conversa sobre tudo.
LETÍCIA — Fui lá ao quarto dele pra conversar, ver se ele falava algo relacionado a tal garota, mas ele não falou nada.
JOSIAS — O Rodrigo é um adolescente meio tímido. Talvez seja isso.
LETÍCIA — Sei lá, tio. Como eu sou mãe e pai. Bate uma preocupação de não estar fazendo certo, sabe?
JOSIAS — Mas você é uma ótima mãe, Letícia! E é isso que importa!
Josias abraça a sobrinha. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 17. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. AMANHECER.
Takes do amanhecer, com ênfase no bairro de Copacabana. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. COLÉGIO ESTADUAL. FRENTE. EXT. MANHÃ.
CAM mostra Rodrigo escondido com uma rosa nas mãos. Elisa se aproxima e fica a procurar por alguém.
ELISA — (P/si) Será que ele me enganou?
Rodrigo vem por de trás de Elisa de mansinho e grita.
RODRIGO — (Grita) Aqui estou!
ELISA — (Assustada) Ai, Rodrigo! Que ridículo! Você quase me mata do coração!
RODRIGO — Que isso, Elisa? Tá andando muito assustadinha.
ELISA — Claro, você me vem e grita no meu ouvido, quer o quê?!
RODRIGO — (Entrega a rosa) Toma. Uma rosa para outra rosa mais linda.
ELISA — (Encantada) Ai, Rodrigo. Só você mesmo pra me fazer sentir raiva e te amar ao mesmo tempo.
Os dois se beijam apaixonados. Instantes. Romance.
CORTA PARA:
CENA 19. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. MANHÃ.
Laura e Severo sentados a tomar café da manhã. Severo pensativo, brincando com a colher na xícara de café.
LAURA — O que você tem homem?
SEVERO — Nada. Só estava pensando numa coisa aqui.
LAURA — E eu posso saber do que se trata?
SEVERO — Ontem eu estava prestes a vir pra casa, quando vi um casal todo de preto passando pela praça.
LAURA — Já sei. Está falando do casal mistério. Não vejo problema nenhum neles usarem preto.
SEVERO — É que eles estavam andando estranho. Pareciam tensos.
LAURA — (Sorrir) Tensos? Mas por quê?
SEVERO — Eles andavam com o corpo ereto e meio que roboticamente.
LAURA — Tá achando que o casal da casa 556 são robôs, é isso?
SEVERO — Não necessariamente. Apenas estou comentando. E a Elisa, chegou que horas ontem?
LAURA — Acho que era por volta de umas sete e pouca.
SEVERO — Tava na casa da tal amiga mesmo?
LAURA — Ela disse que estavam planejando sobre a apresentação de fim de ano no colégio.
SEVERO — Até que as peças de teatro que eles fazem ficam boas.
LAURA — Ficam sim. Agora eu preciso ir, meu bem. Se Deus quiser hoje esse exame sai. Bom dia lá no ponto.
SEVERO — Obrigado. E boa sorte.
LAURA — (Dá um selinho no amado) Obrigada!
Laura sai.
SEVERO — (P/si) Certeza que aquele casal não é muito certo.
Severo permanece ali pensativo.
CORTA PARA:
CENA 20. COLÉGIO ESTADUAL. QUADRA. INT. DIA.
Vários alunos ali se alongando, incluindo Rodrigo. Um professor perto dando as coordenadas fora de áudio. CAM vai buscar Elisa chegando à quadra, ainda com a rosa que ganhou. Ao ver Rodrigo, ela acena para ele e se senta na arquibancada.
PROFESSOR — Muito bem rapaziada. Descansem por alguns minutos e depois continuamos.
Os alunos se dispersam. Rodrigo vai até a amada e dá um beijinho nela.
ELISA — Você tá louco, Rodrigo? Não podemos ficar se beijando aqui dentro do colégio!
RODRIGO — Por que não? Não posso mostrar para todos que te amo?
ELISA — Poder até pode, mas de outra forma, né!
RODRIGO — Você não tinha aula de química agora?
ELISA — Professora Eliane teve um contratempo e não pôde vir.
RODRIGO — Entendi. Aí você decidiu vim ver seu namorado.
ELISA — Claro.
RODRIGO — Só pela sua visita vou marcar um gol pra você!
ELISA — Só quero ver!
RODRIGO — Então sinta-se homenageada daí!
PROFESSOR — (Apita) Muito bem, rapaziada. Vamos começar.
Todos se juntam perto do professor. E a partida começa. Rodrigo meio perdido em meio de campo. Elisa sorrir do amado. Ele consegue a posse de bola, mas não consegue marcar. Elisa fica frustrada com o amado. Corte descontínuo: Rodrigo com tudo na posse de bola. Ele dribla um, outro e marca um gol para a alegria do time e de Elisa.
ELISA — (Comemora) É isso aí!
Rodrigo do meio campo aponta para Elisa e joga um beijo, ela retribui. O jogo continua. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 21. RUA. ÔNIBUS. INT. DIA.
Ônibus vazio. Elisa e Rodrigo sentados.
RODRIGO — Viu o golaço?
ELISA — Vi. Me senti lisonjeada com a homenagem.
RODRIGO — Você merece.
Eles se beijam.
ELISA — Rodrigo, no ônibus não! Não deveríamos nem estar sentados um ao lado do outro. Vai que tem alguém lá do bairro no ônibus?!
RODRIGO — Desencana, Elisa.
ELISA — Desencana… Se descobrem que estamos juntos, eu nem sei o que pode acontecer.
RODRIGO — Vou descer um ponto antes então.
ELISA — Tá bom.
Rodrigo puxa a cigarra. Antes de descer, ele joga um beijinho pra ela que sorrir encantada. Elisa se levanta e puxa a cigarra em seguida.
CORTA PARA:
CENA 22. CANARINHO. RUA. EXT. DIA.
Ônibus se aproxima e Elisa salta. CAM mostra um homem mais a frente entrando no bar do Tio Jô.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 23. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Josias ali na porta com o Homem.
JOSIAS — Não foi ralar hoje, cara?
HOMEM — Hoje não. Depois do fim de semana todo trabalhando, mereço um diazinho de descanso.
JOSIAS — Verdade. Até porque ninguém é de ferro.
CAM mostra Elisa passando em frente ao bar e parando no portão de casa. Ela fica a procurar algo na mochila.
HOMEM — (Aponta) Tá vendo aquela garota ali?
JOSIAS — Sim, o que tem ela?
HOMEM — Ela que estava na praia com o Rodrigo.
JOSIAS — Como é que é? (Grita) Letícia!
Letícia vem da cozinha rapidamente.
LETÍCIA — O que, tio? Aconteceu alguma coisa?
JOSIAS — Aconteceu uma tragédia!
LETÍCIA — Como assim, tio? O senhor está me deixando preocupada!
JOSIAS — É de se preocupar mesmo! Ele é o ambulante que eu te disse ontem ter visto o Rodrigo na praia com uma garota.
LETÍCIA — Ah, sim. Muito prazer.
HOMEM — O prazer é todo meu.
JOSIAS — Ele estava na praia com a filha do Severo!
LETÍCIA — Como é que é? Ele está namorando a filha do Severo (desdém) Borges?
JOSIAS — Ao que tudo indica sim, minha sobrinha.
CAM de dentro do bar dá close em Elisa.
ELISA — (P/si, olha p/ bar) Eu, hein! Bando de abutres que não param de me olhar! (Acha a chave) Finalmente!
Ela entra em sua casa. CAM mostra os Garcias indignados. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO PRIMEIRO CAPÍTULO