NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ELISA
GABRIELA
JOSIAS
LAURA
MAURÍCIO
REINALDO
RODRIGO
SEVERO
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
HOMEM, MÉDICO LEGISTA, PADRE, POLICIAL 1 e 2.
CENA 01. AVENIDA BRASIL. EXT. DIA.
Continuação não imediata da última cena do capítulo anterior.
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.
Uma equipe dos bombeiros a apagar as chamas do carro. Um dos funcionários do canteiro de obra falando com o Policial e explicando como tudo ocorreu fora de áudio. Alguns curiosos à volta. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 02. FLORESTA. TRILHAS. EXT. DIA.
Severo e Maurício andando pelas trilhas.
MAURÍCIO — Chega, cara! Eu não aguento mais. Estamos andando há horas e nada do tal casal.
SEVERO — Horas… Deixa de ser exagerado! Estamos andando há vinte minutos e você já tá reclamando?
Atenção Sonoplastia: ouvem-se risadas.
MAURÍCIO — Você ouviu isso também, ou eu tô ouvindo coisas?
SEVERO — Não, eu ouvi.
Eles se embrenham no mato. Corta para uma área aberta da floresta: Reinaldo ali sem camisa com a pele do peitoral: ressecada, com fissura e com feridas. Gabriela passando em sua barriga, uma solução química cremosa da cor vermelha.
REINALDO — (Satisfeito) Ai… Aí sim, meu amor.
GABRIELA — Tá sentindo se tá dando uma melhora?
REINALDO — Tá. Parece que a sua solução caseira tá resolvendo meu caso.
GABRIELA — Também, né, meu amor… Foram anos de estudo.
REINALDO — Nem acredito que agora vou poder ser uma pessoa normal.
GABRIELA — Não se apresse, meu bem. Ainda temos um longo caminho pela frente.
Corta para o mato: Maurício e Severo ali escondidos a espionar o casal.
MAURÍCIO — Olha a pele daquele cara!
SEVERO — (Faz sinal da cruz) Credo! Deve ser alguma doença ruim.
MAURÍCIO — Vamos sair daqui, Severo. Vai que isso é contagioso?
SEVERO — Você é meio exagerado, Maurício. Mas desta vez, acho que você tem razão. Vamos.
Eles se afastam, mas fazem barulho no mato, que se move. Corta para o casal:
GABRIELA — O que foi isso?
REINALDO — Será que alguém nos seguiu?
GABRIELA — Por isso que eu queria fazer isso em casa, e não aqui!
REINALDO — Mas você tinha que colocar a seiva da árvore fresca na solução.
GABRIELA — Tá, Reinaldo. Agora fica quietinho e deixa eu terminar de passar isso antes que nos vejam aqui.
Ela continua a passar a solução cremosa vermelha no amado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 03. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.
Takes do anoitecer. Lagoa Rodrigo de Freitas toda iluminada, orla de Copacabana. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. CASA LETÍCIA. SALA. INT. NOITE.
Rodrigo ali assistindo TV. Josias chega da rua. Rodrigo olha para o tio e desvia o olhar para a TV novamente.
JOSIAS — Com raiva do seu tio?
RODRIGO — Não.
JOSIAS — Ah, bem. E sua mãe, já chegou?
RODRIGO — Ainda não.
JOSIAS — Como: ainda não? Ela saiu à tarde.
RODRIGO — O senhor sabe que única via de acesso ao Ceasa pra quem vai daqui, é a Avenida Brasil. Só vive com lentidão.
JOSIAS — É você tem razão. (Olha p/relógio) Se bem que desta vez, deve ter acontecido alguma coisa na via. Minha sobrinha nunca demorou tanto assim.
CORTA PARA:
CENA 05. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.
Severo e Maurício ali estarrecidos.
SEVERO — Até agora estou sem palavras para aquelas imagens.
MAURÍCIO — E eu então? Não deveria ter ido.
SEVERO — O que será que aquele cara tem? A pele dele é terrível.
MAURÍCIO — (Nojo) Toda escamosa. Parece que se ralou no asfalto.
SEVERO — Aquilo deve ser algo muito sério, cara.
MAURÍCIO — Verdade. Mas tu reparou na mulher dele passando uma coisa vermelha na barriga dele?
SEVERO — Eu vi. Mas o que será que era?
MAURÍCIO — Sei lá, meu amigo. Curiosidades que nunca vamos saber.
CAM mostra uma viatura da polícia se aproximando da casa dos Garcias.
MAURÍCIO — (Aponta) Uma viatura da polícia indo pra casa dos Garcias.
SEVERO — Deveriam prender aquele prego do Jô! Não vou com a cara daquele sujeito!
MAURÍCIO — (Debocha) Sua vozinha também não brincava em serviço, hein!
Severo sério.
MAURÍCIO — (Recua) Desculpa, cara. Também não precisa ficar desse jeito.
CORTA PARA:
CENA 06. CASA LETÍCIA. SALA. INT. NOITE.
Rodrigo e Josias ali sentados a assistir TV. Josias aflito. Alguém bate na porta.
JOSIAS — Deve ser a Letícia.
Jô vai abrir a porta e são dois Policiais.
POLICIAL1 — Boa noite.
JOSIAS — Boa noite, policial.
POLICIAL1 — A senhora Letícia Garcia.
JOSIAS — Ah, sim. É minha sobrinha, mas ela não está.
POLICIAL1 — É justamente sobre a ausência dela que queremos falar.
JOSIAS — Como assim? Aconteceu alguma coisa com a minha sobrinha?
CAM mostra Rodrigo, que desliga a TV e se aproxima da porta.
RODRIGO — O que tá acontecendo, tio?
JOSIAS — Os policiais disseram estar aqui pra falar da Letícia.
RODRIGO — (P/Policial) Minha mãe tá presa?
POLICIAL1 — Não, pois infelizmente ela não está mais entre nós.
RODRIGO — Minha mãe… Morreu?
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Triste.
Rodrigo tem uma crise profunda de choro.
JOSIAS — Mas como aconteceu uma coisa dessas?
POLICIAL1 — Segundo testemunhas, ela perdeu o controle do carro, invadiu um canteiro de obras e capotou diversas vezes.
JOSIAS — (Transtornado) Meu deus… Por que justo com a Letícia que era tão certinha?
POLICIAL1 — Olha, eu sei que é um momento delicado, mas precisamos que um dos dois nos acompanhe para fazer o reconhecimento do corpo.
JOSIAS — Tudo bem, eu vou.
RODRIGO — Eu também vou.
CORTA PARA:
CENA 07. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Elisa vem do quarto e se senta no sofá. Laura entra com correspondências em mãos.
LAURA — Contas, contas e mais contas… É um ciclo vicioso que nunca tem fim!
ELISA — Muito altas?
LAURA — Vou ver agora.
Laura se senta ao lado da filha e abre a conta de telefone.
LAURA — Mas o que é isso?
ELISA — O que, mãe?
LAURA — Olha esse valor! Espera aí… Esse número aqui… Ficaram conversando por mais de uma hora.
CAM mostra reação de Elisa que arregala os olhos, aflita.
LAURA — Que número é esse que você fica ligando quando não tem ninguém em casa, Elisa?
Fecha em Elisa séria. Instantes. Suspense.
CORTA PARA:
CENA 08. INSTITUTO MÉDICO LEGAL. NECROTÉRIO. INT. NOITE.
Rodrigo e Josias entram acompanhados de um médico legista. O doutor levanta o lençol de um dos corpos.
JOSIAS — É ela!
RODRIGO — É minha mãe, tio!
Josias abraça o sobrinho.
MÉDICO LEG. — Só conseguimos identificá-la graças a um documento que deve ter vazado do carro no ato da capotagem.
JOSIAS — Mas como que pode? Minha sobrinha sempre foi certinha. O que poderia ter causado a morte dela?
MÉDICO LEG. — Bom, ela pode ter perdido o controle do carro.
RODRIGO — (Chorando profundamente) Eu não entendo…
Josias abraça o sobrinho novamente. Instantes. Tristeza.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Continuação da cena 07.
LAURA — Vambora, Elisa! Eu te fiz uma pergunta e quero que ela seja respondida.
ELISA — Como que é que eu vou saber que número é esse, mãe?
LAURA — Não quer falar? Então vou ligar agora pra saber de onde é.
Laura pega o tel. fixo e liga.
LAURA — Tá chamando. (Pausa) Estranho… Ninguém atendeu.
ELISA — Não… Fica aí desconfiando de mim!
LAURA — Apenas te fiz uma pergunta, Elisa.
Severo chega da rua.
LAURA — Oi, meu amor. Como é que foi o dia hoje?
SEVERO — Uma porcaria! Não entendo essa crise que estamos passando.
LAURA — Ôh, meu amor. Não fica assim não. Breve, breve as coisas vão melhorar.
Laura tenta cortejar o marido, mas ele a recusa.
SEVERO — Dá licença, Laura. Não tô a fim de conversa, não.
Ele vai pro quarto.
ELISA — Ih… Seu Severinho chegou com a macaca hoje.
LAURA — Liga não, filha. Seu pai tem os dias dele.
CORTA PARA:
CENA 10. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. AMANHECER.
Takes do nascer dos sol na Pedra do Arpoador. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. DIA.
Elisa (uniformizada) e Laura sentadas à mesa a tomar café da manhã. Severo chega com um bolo de padaria.
LAURA — Demorou com o bolo, hein, meu amor!
SEVERO — No bairro não se fala outra coisa hoje.
LAURA — Como assim, meu bem? O que aconteceu?
SEVERO — A Letícia, sobrinha do tal do Jô sofreu um acidente de carro e morreu carbonizada.
LAURA — (Horrorizada) Meu Deus!
ELISA — (Perplexa, entredentes) Ela ia dar um jeito…
SEVERO — Do que você tá falando, minha filha?
ELISA — (Saindo apressada) Dá licença.
SEVERO — Eu, hein! Entendeu alguma coisa, Laura?
Ela meneia a cabeça que não.
CORTA PARA:
CENA 12. CANARINHO. PRAÇA. EXT. DIA.
Rodrigo ali chorando sentado aos pés (patas) da escultura enorme do canarinho dourado. Elisa, uniformizada, de mochila, se aproxima.
ELISA — Rodrigo. (Dá um abraço apertado no amado) Fiquei sabendo agora do que aconteceu. Eu sinto muito.
RODRIGO — (Chorando) Porque tinha que ser justo ela, Elisa?
ELISA — (O abraça) Oh, Rodrigo… Olha, eu nem sei o que te dizer.
Eles ficam ali abraçados. CAM mostra o mesmo Homem dos capítulos anteriores a observar dos dois. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. CASA LETÍCIA. SALA. INT. DIA.
Josias ali ao tel. fixo.
JOSIAS — (Ao tel.) É, foi ontem. (Pausa) Obrigado pelas condolências. Ainda estou tentando entender o que teria acontecido. Você mais do que ninguém sabe que a Letícia era muito certinha quanto a isto. Ela não gostava de andar sem o cinto de segurança. (Pausa) É verdade. Bom saber que você pensa isso. (Pausa) Não, não me meteria na sua decisão. Então compre uma passagem pra hoje se possível. Aguardo seu retorno.
Ele desliga e fica ali sério, pensativo. Instantes. Suspense.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA DO CASAL MISTÉRIO. SALA. INT. DIA.
Gabriela a fazer algumas anotações.
GABRIELA — (P/si) Mas como pode a solução falhar sem a seiva fresca? Tem alguma coisa de errado.
Reinaldo chega, com uma sacola de pães.
REINALDO — Estão comentando que tem uma mulher aqui no bairro, que sofreu um acidente de carro e morreu queimada.
GABRIELA — Essa é a lei da vida, meu caro. Nascemos para morrer um dia mesmo.
REINALDO — Nossa, Gabi. Também não tem necessidade de ser insensível.
GABRIELA — Você não entenderia. Mas quando se vive para a ciência, não perdemos tempo com o que já sabemos que irá acontecer.
REINALDO — Sem sentimento nenhum, você.
GABRIELA — Meu amor, eu estou estudando há anos pra ajudar a melhorar a sua qualidade de vida, e eu sou sem sentimentos? Estudei, pesquisei descobrir que na floresta deste bairro há uma árvore que pode ser a salvação para muitas pessoas que passam pela mesma situação que você… E eu sou insensível? (Firme) Ictiose! Não me chame de insensível!
REINALDO — Desculpa, meu amor. Falei sem pensar.
GABRIELA — Isso aqui não é só pela vida do meu marido, mas pela de muitos pelo mundo.
CORTA PARA:
CENA 15. CEMITÉRIO. EXT. DIA.
Cortejo do caixão seguindo até o local do sepultamento. Josias e Rodrigo arrasados choram muito. Poucos figurantes participam do sepultamento.
CAM mostra Elisa entre os túmulos a olhar. Laura chega perto da filha.
LAURA — Imaginei que você estaria aqui.
ELISA — (Assustada) Mãe? Eu só estava/
LAURA — (Corta) Não precisa se explicar. Me contaram tudo já. Eu sei que você ama esse rapaz. Vem?
ELISA — Pra onde?
LAURA — Vamos prestar as nossas condolências. Num momento como este, não há rivalidade que prevaleça!
As duas se aproximam do local do sepultamento.
PADRE — Assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Nossa amiga, irmã em Cristo, Letícia. Uma mulher muito religiosa, devota de nossa senhora, com fé.
Laura e Elisa se aproximam.
JOSIAS — Mas o que essas duas fazem aqui?
RODRIGO — Pelo amor de Deus, tio! Não começa!
JOSIAS — (Aponta p/Elisa) Essa menina é a responsável por tudo isso.
LAURA — Como ousa dizer que minha filha é a responsável pela morte da sua sobrinha?!
JOSIAS — Ela com certeza ficou desolada, quando soube que essa daí tava arrastando meu sobrinho pro mal caminho!
LAURA — Fala como se seu sobrinho não soubesse o que estava fazendo!
JOSIAS — Aposto que usou da sensualidade pra abocanhar meu sobrinho!
LAURA — Não tenho que ficar ouvindo esses absurdos desrespeitosos com minha filha! Vamos embora daqui, filha. Foi um erro termos vindo.
JOSIAS — Foi mesmo! Fora daqui vocês duas!
Elisa olha Rodrigo por um instante, ele quer se impor, mas não consegue.
LAURA — (Chama) Vamos, Elisa!
Elisa corre até a mãe.
JOSIAS — Desculpe por isso, Padre. Pode prosseguir.
O Padre volta a falar fora de áudio. Close em Rodrigo a olhar a amada se distanciar com a mãe. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Elisa e Laura entram.
LAURA — Um dos maiores erros da minha vida foi ter pisado naquele cemitério!
ELISA — Ele estava de cabeça quente.
LAURA — Não. Ele é um cabeça dura, isso sim! Aonde já se viu tratar duas pessoas que estavam ali para dar um apoio daquele jeito?
ELISA — O Rodrigo quase nem falou nada também.
LAURA — O Rodrigo é um dos que mais está sofrendo com tudo isso, minha filha. É mãe dele. Mãe que ele nunca mais verá.
ELISA — Verdade, mãe. Ele agora precisa do meu apoio.
LAURA — É isso aí, filha.
Severo vem do quarto sério.
SEVERO — (Bate palmas) Parabéns para as duas! Não pensaram duas vezes antes de ir àquele cemitério.
LAURA — Como você soube?
ELISA — Aquele fofoqueiro do Maurício deve ter ligado pra ele, mãe!
LAURA — Bem que eu pensei em não ir de táxi.
SEVERO — (Dá um tapa na cara de Elisa, Firme) E essa sem vergonha ainda está de futriquinho com um Garcia!
LAURA — Não encosta um dedo na menina, Severo!
SEVERO — Por que não? Ela também é minha filha, e se você não dá a devida correção, eu dou! (Solta o cinto da calça)
LAURA — Você não vai encostar um dedo na minha filha!
SEVERO — Filha que cometeu um erro terrível como este, merece ser punida sim!
LAURA — Você vai machucar ela, Severo. Deixa que eu corrijo ela!
SEVERO — Você? (Sorrir debochado) Foi a primeira a se aboletar num táxi e correr pro cemitério apoiar eles.
LAURA — Mas é claro. Eu já perdi um irmão e sei como é esta dor! Se pra você uma rivalidade ridícula da década de 70 vale mais que uma vida, então me casei com o homem errado! (P/Elisa) Vamos filha.
As duas vão para o quarto. Severo fica ali sério. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 17. CASA LETÍCIA. SALA. INT. DIA.
Josias atende o tel. Fixo que está a tocar.
JOSIAS — (Ao tel.) Conseguiu? Mas que ótima notícia! Pode deixar que hoje mesmo essa palhaçada acaba! Au revoir.
Ele desliga e vai para o quarto. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 18. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.
CAM aérea dinâmica. Avião pousando no aeroporto Santos Dumont, Cristo Redentor iluminado de verde. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 19. CANARINHO. PRAÇA. EXT. NOITE.
Elisa e Rodrigo escondidos em uma das asas do canarinho dourado.
ELISA — Meu pai descobriu tudo e ficou uma fera. Se não fosse minha mãe, ele teria me espancado.
RODRIGO — Eu sinto muito por tudo isso, Elisa.
ELISA — Ei. Não fale como se a culpa fosse só sua ou nossa. Nós temos o direito de seguir o nosso coração nos amar sim!
RODRIGO — Eu sei… Mas sei lá! Depois de tudo isso eu estou aéreo.
ELISA — Eu sei, Rodrigo. Não é fácil lidar com uma perda como esta. Mãe é mãe. Amor de mãe é sem igual. E o nosso amor por elas também é sem igual.
RODRIGO — Pois é. E antes dela ir para a morte, me disse que daríamos um jeito no nosso namoro, Elisa. Mas não deu tempo. (chora)
ELISA — (Abraça ele) É. Você me ligou dizendo. Mas vamos manter viva esta vontade dela. Se ela disse que daríamos um jeito, vamos dar um jeito! Tá bom?
RODRIGO — (Chorando) Tá.
ELISA — (Tira do bolso um papelzinho) Finalmente comprei um chip pro meu celular. Este é o meu número. Pode me ligar a hora que você quiser.
RODRIGO — Obrigado, Elisa. Eu sinceramente não sei o que seria de mim sem você agora. Sem o seu apoio eu desmoronaria.
ELISA — (Encantada) Ah… Fofo e trágico ao mesmo tempo. Mas eu tô aqui pra te apoiar.
RODRIGO — Obrigado.
Eles se beijam. Instantes.
ELISA — Como vocês vão fazer agora?
RODRIGO — Eu não sei. Agora é viver um minuto de cada vez. Depois que uma coisa dessas, não tenho pique pra fazer planos.
ELISA — Te entendo. O seu tio foi super grosseiro com a gente lá no cemitério, mas eu entendo o lado dele. Estava transtornado com tudo isso que estava acontecendo.
RODRIGO — Pode até ser. Mas nada justifica o ato dele em tratar você e sua mãe daquele jeito. A propósito… (Tira do bolso um pingente) Toma.
ELISA — Que isso, Rodrigo?
RODRIGO — Era o pingente que minha mãe mais gostava. Estou dando para uma das pessoas mais importantes da minha vida.
ELISA — Nossa, Rodrigo! É lindo!
Atenção Sonoplastia: Quando um Grande Amor se Faz.
Elisa dá um selinho nele.
ELISA — Agora vamos curtir nosso momento aqui juntinhos.. (Abraça ele) Bem romântico conversar com o meu amor debaixo da asa do canarinho!
Eles dão um beijinho. Instantes. Romance.
CORTA PARA:
CENA 20. CASA LETÍCIA. SALA. INT. NOITE.
Josias ali sentado, sério. Uma mala perto dele. Rodrigo chega da rua.
RODRIGO — Ah. Oi, tio. Nem vi o senhor aí. (Ver a mala) De quem é essa mala?
JOSIAS — Sua! Você embarca hoje mesmo para a França.
Fecha em Rodrigo sério, assustado com a notícia. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO TERCEIRO CAPÍTULO