NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
AMANDA
BEATRIZ
BELINHA
CAMILA
EDILEUSA
ELISA
JOSIAS
KLÉBER
LAURA
MARCELO
MARCOS
MAURÍCIO
MOREIRA
NANDÃO
RAMIRO
REGINA
RICK
RODRIGO
SÉRGIO
SEVERO
VIVIANE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
HOMEM 1, 2 e 3 e SECRETÁRIA
CENA 01. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE E RODRIGO. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Mesmo climão no ar.
ELISA — Eu não mexi em nada!
VIVIANE — Ah, não? Então o que a foto do meu marido que fica dentro do guarda roupa guardada, estava na sua mão?
ELISA — Ela estava caída aqui debaixo da cama.
VIVIANE — Você acha que está lidando com otária. Eu já falei pra você ficar em alerta se quiser manter esse seu empreguinho medíocre, não foi?
ELISA — A foto já estava no chão! Agora, você acredita se quiser. Não vou perder meu tempo com quem acha que é a dona da razão!
Elisa sai do quarto, com Viviane arrematando.
VIVIANE — Uma serviçal, subalterna e metida desse jeito! Pode anotar. Pode anotar que seus dias nesta casa estão contados! (P/si) Não entendo a obsessão dessa mulher pelo meu marido. (Olha p/ foto) Nossa! Essa Letícia, mãe do Rodrigo, era breguíssima! Olha que roupa mais antiquada e ridícula.
CORTA PARA:
CENA 02. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RODRIGO. INT. DIA.
Na sala nova, Rodrigo e Marcelo sentados.
MARCELO — Finalmente alguém que não seja um workaholic.
RODRIGO — Seu pai é?
MARCELO — Ele é um pouco. Talvez até pela pressão que a tia Beatriz coloca sobre ele.
RODRIGO — Já você parece não se importar muito com a empresa, né?
MARCELO — Não é nem uma questão de eu não me importar. É mais porque esse lance de administração não é comigo.
RODRIGO — Como não? Seu pai mesmo me disse que você está cursando administração de empresas.
MARCELO — A parte em que estou cursando administração porque ele quer, duvido que ele fala!
RODRIGO — Mas então o que você quer da vida?
MARCELO — O que eu quero é viver de música.
RODRIGO — Não acredito! Temos um artista na família e nunca me falaram nada!
MARCELO — Todos são contra! Mas o meu momento ainda vai chegar, Rodrigo. Ultimamente eu tenho vivido a vida que meu pai quer. Mas ainda vou fazer as minhas próprias vontades.
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO VIEIRA. JARDIM. EXT. DIA.
Elisa caminhando pensativa, ela para e mexe com as flores no jardim. Rick se aproxima.
RICK — Elisa?
ELISA — Oi, Rick.
RICK — Você tá bem?
ELISA — Sim, por que a pergunta?
RICK — Eu te vi por aqui andando e pensando na morte da bezerra. Pensei que você não tava bem.
ELISA — Mas está sim.
RICK — Você mora no bairro do Canarinho também?
ELISA — Sim, no mesmo bairro que a Edileusa.
RICK — Ah, sim. Você é casada?
ELISA — (Estranha) Como assim, Rick?
RICK — Nada. Só estou conhecendo mais um pouco da minha nova colega de trabalho.
ELISA — Olha, Rick. Eu agradeço o seu interesse, mas, sim. Eu sou casada.
Elisa segue caminhando e Rick arremata.
RICK — (P/si, frustrado) Droga! Por que todas têm que ser casadas?!
CORTA PARA:
CENA 04. FÁBRICA FABRISTILO. PÁTIO. EXT. DIA.
Moreira ali armado a analisar a movimentação. Kléber sai da fábrica e se aproxima.
KLÉBER — Tudo na ordem por aqui, Moreira?
MOREIRA — Tudo na maior santa paz.
KLÉBER — Ótimo. Assim que tem que ser! Eu preciso dar uma saída aí, mas você dá conta de tudo por aqui, né?
MOREIRA — Sim, sim. Mas você vai aonde?
KLÉBER — Vou resolver umas paradas no centro da cidade. Mas atenção… Se Regina perguntar pra onde eu fui, você diz que não sabe, beleza?
MOREIRA — Beleza.
Kléber vai até seu carro, que ali está estacionado, dá a partida e sai.
MOREIRA — (P/si) Kléber deve tá fazendo alguma coisa contra a Regina. E agora? Se ela pergunta, eu devo mesmo acobertar ele?
Moreira fica ali indeciso, aflito. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 05. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Jô a tirar teia de aranha com uma vassoura das paredes do bar. Marcos invocado, sentado a uma mesa.
JOSIAS — (Irônico) Nossa! Essas teias de aranha já mostram que o bar anda mais vazio que a fila do SUS. (Olha Marcos invocado) Iiiih… Já sei. Mais uma vez a Elisa. Acertei, não? (Marcos não responde nada) E ainda vai me deixar aqui sem resposta! Tá petulante você, hein, Marcos!
MARCOS — (Cai na real) Ah, o quê? Falou comigo, Jô?
JOSIAS — O que aconteceu?
MARCOS — É a Elisa de novo, Jô.
JOSIAS — Será que só eu que acho que isso tá insuportável, já?
MARCOS — Ela não falou nada com a dona Laura sobre o nosso acordo.
JOSIAS — Por que será, né, Marcos? Por que será?!
MARCOS — Como assim?
JOSIAS — Você melhor do que ninguém sabe que o (desdém) Severo Borges te odeia. Você acha mesmo que a Elisa iria contar pros pais dela que entrou em acordo com você?
MARCOS — Não quero nem saber, Jô! A Elisa deu a palavra dela e agora isso? Quando ela chegar mais tarde, eu vou cercar ela na rua e querer explicações!
JOSIAS — Vê e lá o que você vai fazer, hein, Marcos! Ao invés de correr atrás de um direito que é seu, você pode acabar piorando tudo como sempre!
Fecha em Marcos ali indignado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.
Elisa limpando o armário de parede. Edileusa ao fogão impaciente.
ELISA — O que você tem Edileusa? Parece nervosa com alguma coisa.
EDILEUSA — Dei graças a Deus quando você foi contratada pra me desafogar um pouco, mas a verdade é que eu tô sentindo falta de fazer outras coisas fora da cozinha.
ELISA — Tem certeza disso, Edileusa? Mesmo com seu Ramiro exigindo a cama forrada sem nenhuma irregularidade?
EDILEUSA — Eu já até acostumei com essas manias do seu Ramiro. Esses dias ele chegou pra mim, e disse que você não está forrando do jeito perfeito, mas que dava pra tolerar.
ELISA — Sério? Eu passo quase meia hora todo dia pra deixar aquela bendita cama forrada do jeito certo.
EDILEUSA — Então trate de melhorar, Elisinha. Seu Ramiro é chato com as coisas dele.
ELISA — Vou me dedicar mais. Bom, deixa eu trocar essa água que esse armário tá imundo.
EDILEUSA — Vai lá, querida.
Elisa vai para a área de serviço com um balde e um pano. Edileusa se certifica de que ela não está vendo, pega a lata de pó de café, abre a porta do armário e joga dentro do mesmo. Coloca a lata de pó no lugar e fica a sorrir debochadamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 07. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Laura sentada a mexer no cel.
LAURA — (P/si) Por que você não responde minhas mensagens, Elisa?
Severo, sério vem do quarto.
SEVERO — (Sempre sério) Laura.
LAURA — Oi, meu bem. Indo para o ponto de táxi?
SEVERO — Daqui a pouco. Mas antes precisamos conversar!
LAURA — Nossa! Do jeito que você tá falando até parece que eu estava fazendo alguma coisa de errado.
SEVERO — E não estava?
LAURA — Como assim, Severo? O que você está insinuando?
SEVERO — Não estou insinuando nada! Não insinuo nada sobre o que vi com os meus olhos.
LAURA — Mas afinal, do que é que você está falando, homem?!
SEVERO — De você conversando com o Marcos na praça. Eu vi tudo da janela do quarto. O que tanto conversava com aquele canalha, hein, Laura?!
Fecha em Laura. Instantes. Suspense.
CORTA PARA:
CENA 08. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE E RODRIGO. INT. DIA.
As sacolas de roupas ainda ali sobre a cama. Viviane ali pensativa, com a foto em mãos. Beatriz entra.
BEATRIZ — Subiu atrás da Elisa e não desceu mais. O que aconteceu?
VIVIANE — A empregadinha que a senhora faz questão de proteger, estava mexendo nas coisas do Rodrigo.
BEATRIZ — Como assim?
VIVIANE — Peguei ela em flagrante com essa fotografia na mão.
BEATRIZ — (Pega a foto e olha) Quem é essa mulher mal vestida aqui?
VIVIANE — É a mãe do Rodrigo.
BEATRIZ — Graças a Deus que você está na vida do Rodrigo, filha. Assim você pode vestir seu marido bem. Olha que roupa mais ridícula.
VIVIANE — Eu sei. Mas o que a senhora vai fazer com a serviçal enxerida?
BEATRIZ — Ela estava mesmo mexendo nas coisas do Rodrigo? Você viu?
VIVIANE — A senhora tá me chamando de louca?
BEATRIZ — Claro que não, Viviane! Só quero saber tudo pra não cometer uma injustiça com a moça!
VIVIANE — É impressionante como a senhora não perde uma oportunidade de defender essa mulher! Desde que chegamos que eu sinto que ela não é boa coisa!
BEATRIZ — Isso é coisa da sua cabeça, Viviane. A foto poderia muito bem está em qualquer outro lugar! Pegar ela com a foto na mão, não significa necessariamente que ela estava mexendo nas coisas do Rodrigo!
VIVIANE — (Surta) Chega! Pra mim, basta! Cansei!
Viviane sai do quarto, com Beatriz arrematando.
BEATRIZ — Aonde você tá indo, Viviane?
Beatriz meneia a cabeça negativamente e sorrir com o surto da filha. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 07.
LAURA — Tinha mesmo necessidade disso tudo só por que eu falei com o rapaz?
SEVERO — Mas que raio de pergunta é essa, Laura?! Você sabe o quanto esse canalha faz mal pra nossa filha, e fica de conversinha fiada com ele!
LAURA — O Marcos apenas queria me perguntar uma coisa. Eu não poderia deixar de responder ele.
SEVERO — O que ele queria?
LAURA — Você não acha que tá perguntador demais, não?
SEVERO — Não! Principalmente quando se trata do meu neto e da minha filha!
LAURA — Ele só queria me perguntar se podia ver o Gustavinho.
SEVERO — Nunca! Aquele desgraçado nunca mais chega perto do meu neto!
LAURA — Que isso, Severo?! O Marcos pode ter todos os defeitos dele, mas é o pai do Gustavinho.
SEVERO — Não interessa! Não quero aquele desgraçado perto do meu neto! Enquanto eu puder, não vou medir esforços pra afastar meu neto dele!
Closes alternados, Severo determinado e Laura aflita com a situação. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.
Todas na produção em massa. CAM vem passando por todas as mulheres trabalhando em ritmo acelerado. Amanda preocupada para de costurar. Camila estranha o jeito de Amanda.
CAMILA — Que cara é esse, amiga?
AMANDA — Tô preocupada com a Belinha. Ela não apareceu hoje.
CAMILA — Verdade. Será que o Sérgio não viu ela por aí?
AMANDA — Acho que não. Ele teria me falado.
Belinha entra na área de produção.
CAMILA — Olha quem tá vindo ali.
AMANDA — (Abraça a filha) Graças a Deus você apareceu, filha!
BELINHA — Calma, mãe. Eu só estava andando por aí.
AMANDA — Como assim?
BELINHA — Regina disse que hoje era um dia cheio no escritório e que eu não poderia ficar lá. Então eu fiquei brincando no pátio.
AMANDA — Filha, quando for assim você vem pra cá ficar junto com a mamãe. Tem muitas pessoas aqui que não conhecemos. Uma menina brincando sozinha é alvo fácil. Por favor, não faça mais isso!
CAMILA — Sua mãe tem razão, Belinha. É perigoso uma menina ficar sozinha por aí.
BELINHA — Tá bom, gente.
Amanda dá outro abraço na filha. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. PRÉDIO FABRISTILO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Secretária ali trabalhando. Ramiro e Rodrigo saem da sala de reunião.
RAMIRO — Rodrigo, olha, eu estou muito feliz com o seu engajamento e entusiasmo.
RODRIGO — É sempre bom ter novos desafios, Ramiro.
RAMIRO — Do jeito que já estamos agora é só uma questão de tempo até a Fabristilo dominar o mercado internacional.
RODRIGO — Trabalhemos duro para que isso aconteça o quanto antes!
Kléber entra.
KLÉBER — Licença. Boa tarde a todos!
RODRIGO — Boa tarde.
RAMIRO — O que você faz por aqui? Não esperava sua visita.
KLÉBER — Precisamos conversar sobre aquele assunto.
RAMIRO — Ah, sim. Venha até minha sala. (P/Rodrigo) Depois continuamos.
RODRIGO — Tudo bem.
Kléber e Ramiro entram para a sala. Rodrigo fica desconfiado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 12. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.
Ramiro e Kléber sentados frente a frente.
RAMIRO — Já imagino o motivo de sua vinda até aqui.
KLÉBER — Justamente sobre isso que quero conversar.
RAMIRO — Então comece me explicando o que aconteceu e porque só agora você resolveu me procurar?
KLÉBER — Bom, Ramiro. Eu vou ser bem sincero com você. Eu fiquei com medo de que depois do meu erro, eu fosse ser demitido. Por isso não vim antes.
RAMIRO — Realmente isso dá demissão por justa causa. Mas eu acho que você e Regina trabalhando juntos são uma dupla imbatível!
KLÉBER — Na verdade, não mais.
RAMIRO — Como assim?
KLÉBER — Regina ultimamente parece que perdeu o controle da situação, Ramiro. Até a filha de um dos empregados ela pegou para morar com a gente. Tá parecendo que a menina é filha dela.
RAMIRO — No meu ponto de vista, isso não demonstra fragilidade na gestão da Regina.
Kléber continua a falar fora de áudio. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 13. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.
Regina sentada a digitar no notebook. Moreira entra.
MOREIRA — Licença, dona Regina.
REGINA — Fecha a porta e sente-se.
MOREIRA — (Faz o que foi mandado) O que a senhora queria falar comigo?
REGINA — Moreira, como você já deve ter notado, o Kléber e eu estamos meio que não nos entendendo mais.
MOREIRA — Sim, até os empregados já notaram isso.
REGINA — (Firme) Eu falo, você ouve, ok?!
MOREIRA — Desculpe.
REGINA — Eu vi o exato momento em que o Kléber falou algo com você e saiu. O que ele disse?
MOREIRA — (Nervoso, hesita) Olha, dona Regina/
REGINA — (Corta) Sugiro que você pense muito bem antes de me responder! Se você ousar mentir pra mim, pode ter certeza que será um inimigo a partir de agora.
Fecha em Moreira super nervoso. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 14. FÁBRICA FABRISTILO. ARMAZENAGEM. INT. DIA.
Sérgio e mais dois homens ali a armazenar os tecidos com o auxílio de um transpa-pales elétrico.
SÉRGIO — (Olhando p/ nota fiscal) Agora só faltam os tecidos de algodão.
HOMEM 2 — Vocês perceberam que tudo tá estranho?
HOMEM 3 — Como assim, cara?
HOMEM2 — Desde que esse novo ‘carregamento’, como eles falam, de mão de obra chegou, que nada tá como antes.
SÉRGIO — Você quer dizer que tudo parece estar mais calmo, não é isso?
HOMEM 2 — Isso aí. Até Regina parou de ficar no nosso pé por causa de produção.
HOMEM 3 — Verdade, cara. Deve ter alguma coisa acontecendo aí.
HOMEM 2 — Pra vocês verem… Kléber não costuma sair durante o dia e saiu hoje. Tava lá no recebimento, quando vi ele falando com o Moreira e saindo de carro.
SÉRGIO — E o Moreira acabou de ser chamado na sala da Regina…
HOMEM 3 — Tá mais fácil escapar então!
HOMEM 2 — Mano, nem pensa em fazer isso. Eles vão te matar, cara. Ou sumir com você. Aquele cara mesmo que chegou junto com o carregamento novo, nunca mais foi visto.
HOMEM 3 — É mesmo. O que será que fizeram com o cara?
Fecha em Sérgio ali encafifado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 13. Moreira ainda hesita em falar.
REGINA — Vamos lá, Moreira. Eu sei que você quer estar do lado certo!
MOREIRA — Dona Regina, eu juro pra senhora que o Kléber não falou pra onde estava indo.
REGINA — Ele não deu nenhuma pista de onde pode ter ido?
MOREIRA — Só disse que tinha que ir resolver algumas coisas no centro.
REGINA — Não sei se devo confiar em você, Moreira.
MOREIRA — Dona Regina, por tudo que é mais sagrado, eu juro que ele só me falou isso.
REGINA — Tudo bem, Moreira. Só lhe aviso o seguinte: digas com andas, ok?!
MOREIRA — Sim, senhora.
REGINA — Agora pode sair.
Moreira sai e Regina fica ali séria, intrigada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 16. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.
Nandão, Maurício e Severo ali.
SEVERO — Maurício hoje está em seu estado normal?
MAURÍCIO — Estou. Nandão me falou que vocês me ajudaram e até me levaram pra casa. Obrigado mesmo.
SEVERO — Mas agora a pergunta que não quer calar: por quê?
NANDÃO — Severão, tu vai ficar surpreso com a história!
MAURÍCIO — Eu comi um bolo que pelo jeito tinha um pouquinho de maconha.
NANDÃO — Um pouquinho não, né, Maurício? Do jeito que tu ficou, o bolo tava era carregado de fumo, isso sim!
SEVERO — Mas como assim? Quem te deu o bolo?
MAURÍCIO — Uma senhora muito simpática.
NANDÃO — Severo, tu acredita que a véia tava indo pra Bangu visitar o filho no presídio e já chegou lá toda no feito do fumo?
SEVERO — Mas, Maurício, como você come as coisas que qualquer um te dá, cara?!
MAURÍCIO — Como que eu poderia imaginar que uma senhora tava com um bolo carregado de erva?! Ela me parecia ser uma senhora de família, séria.
SEVERO — E isso nos ensina uma lição: rosto, a aparência não diz quem as pessoas são de verdade!
NANDÃO — Isso aí, Severão! Filosofou agora!
CORTA PARA:
CENA 17. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.
Continuação não imediata da cena 12. Ramiro e Kléber sentados frente a frente.
RAMIRO — Kléber, eu agradeço a sua visita, mas a Regina não sairá de seu cargo.
KLÉBER — Disso eu já sei, Ramiro. Regina está junto com vocês desde que a empresa começou.
RAMIRO — Exatamente! Por esse motivo e outros vários, que Regina se tornou indispensável na empresa.
KLÉBER — Sim, sim. Seu Ramiro, longe de mim querer que a Regina deixe o posto dela na gestão da Fábrica da empresa. Só vim conversar com o senhor, porque eu acho que alguém aqui da administração tem que falar com ela a respeito.
RAMIRO — Não precisa se preocupar que disso cuido eu!
Rodrigo entra na sala com um relatório aberto em mãos.
RODRIGO — Ramiro, eu queria que você me explicasse aqui… Opa! Desculpa. Eu não sabia que ainda estavam em reunião. Volto outra hora.
RAMIRO — Não será preciso, Rodrigo. Kléber já estava de saída.
KLÉBER — Tudo bem. Obrigado por ter me recebido, seu Ramiro.
Kléber sai.
RODRIGO — Quem é esse sujeito, Ramiro?
RAMIRO — É um funcionário da empresa. Mas me fala, qual é a sua dúvida?
RODRIGO — (Aproxima-se de Ramiro com o relatório) Eu estava dando uma analisada na página cinco e achei várias irregularidades…
Rodrigo continua a explicar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. PRÉDIO FABRISTILO. FRENTE. EXT. DIA.
Kléber furioso sai do prédio, encosta-se em seu carro ali estacionado e arremata.
KLÉBER — (P/si, furioso) Inferno! Regina tem que cair! Mas com um administrador palerma desses não dá! (Pausa) Alguém na administração dessa empresa tem que enxergar as coisas como elas são!
Kléber entra no carro, dá a partida e se afasta. CAM mostra Marcelo de longe a observar, tomando sorvete.
MARCELO — (P/si) Nossa! Aquele homem parecia furioso!
Ele se aproxima e entra no prédio. CAM dá um close no Letreiro da Fabristilo e o deixa em destaque. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 19. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.
Edileusa terminando de preparar a comida. Beatriz vem da sala.
EDILEUSA — Ah, dona Beatriz, queria mesmo falar com a senhora. Parece que aquele tempero que a senhora compra toda semana, acabou.
BEATRIZ — Mas como assim? Eu comprei dois sachês. Você anda usando demais isso, Edileusa?
EDILEUSA — Claro que não, dona Beatriz. Tô usando na medida que a senhora mandou. Procurei no armário e não achei.
BEATRIZ — Hum. Você como sempre não acha nada. Aposto que tá aqui no armário.
Beatriz vai para o armário e o abre em SLOWMOTION, sobe rapidamente a narração de Edileusa.
EDILEUSA — (OFF, esperançosa, Narrando) É agora! É agora que Elisa dá o fora dessa casa!
BEATRIZ — Mas que caca que tá esse armário, Edileusa! Que imundice é essa?
EDILEUSA — Desculpe, dona Beatriz. Mas eu estou cozinhando. A Elisa que cuida da limpeza!
BEATRIZ — (Grita) Elisaaa!!!
Elisa vem da área de serviço.
ELISA — Pois não, dona Beatriz? O que aconteceu?
BEATRIZ — Aconteceu que deixaram o armário da cozinha chegar ao nível mais podre que eu já vi na minha vida!
ELISA — Mas eu limpei o armário!
BEATRIZ — Jura? Porque a imundice que está por dentro diz o contrário!
Closes alternados, Elisa nervosa, Beatriz séria, Edileusa discreta, sorrir debochadamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 20. FÁBRICA FABRISTILO. CORREDOR. INT. DIA.
Belinha vem correndo distraída, quando para, olha para um corredor com iluminação precária. Curiosa, ela avança pelo corredor. Local com mofo, infiltração, tinta descascando da parede. Belinha assustada a olhar tudo. Ela para diante de uma porta de ferro grande, com um único orifício trancado por um cadeado.
BELINHA — (P/si) Que lugar é esse?
Alguém por de trás da porta começa a bater e Belinha cai assustada.
HOMEM 1 — (OFF, Grita) Socorro! Socorro! Alguém aí pra me ajudar!
BELINHA — Quem é você?
HOMEM 1 — (OFF) Pela voz parece ser uma menina. Por favor, me ajude.
BELINHA — Tudo bem. Eu vou te ajudar.
HOMEM 1 — (OFF) Eles me espancaram e me prenderam aqui!
BELINHA — Fica calmo que eu vou te ajudar. (Tenta puxar o cadeado incansavelmente)
Atenção Sonoplastia: Instrumental Suspense.
CAM mostra um homem se aproximando, devido à iluminação precária, não distinguimos de quem se trata. CAM subjetiva: na visão do homem se aproximando de Belinha. O homem para perto de Belinha, mas a mesma nem nota, pois está determinada a ajudar o homem. O homem coloca a mão no ombro dela, que se assusta. CAM abre o plano revelando que o Homem, na verdade, é Moreira.
MOREIRA — O que você pensa que tá fazendo garota?
Fecha em Belinha a encarar Moreira, com medo. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO VIGÉSIMO PRIMEIRO CAPÍTULO