NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção-Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
EDILEUSA
ELISA
GABRIELA
GUILHERME
GUSTAVINHO
JOSIAS
LAURA
MARCELO
MARCOS
MAURÍCIO
NANDÃO
RAMIRO
REINALDO
RODRIGO
SALINA
SEVERO
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
DELEGADO.
CENA 01. ANGRA. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Elisa e o delegado ali.
ELISA — (Implora) Por favor, delegado! O senhor tem que achar o meu filho!
DELEGADO — Fique calma, Elisa.
ELISA — O Marcos pode ter feito algum mal a ele!
DELEGADO — Os policiais estão na cena do crime empenhados em achar o Gustavo, seu filho. Você quer ligar pra alguém?
ELISA — Seria ótimo!
DELEGADO — Então pode ligar. Aproveita e chama um advogado.
Delegado passa o tel. Fixo a Elisa, que tecla o número.
ELISA — (Ao tel.) Mãe?
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 02. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Laura ao telefone. Severo, Nandão e Jô ao fundo, curiosos.
LAURA — (Ao cel.) Oi, filha. Já estão vindo? E o meu neto?
ELISA — (OFF) Então, mãe. Eu estou na delegacia.
LAURA — (Ao cel.) Quê? Fazendo o que na delegacia, Elisa?
SEVERO — (Aflito) Ai, meu Deus!
NANDÃO — Acalma o coração, Severão.
ELISA — (OFF) O Marcos, mãe. Ele tá morto!
LAURA — (Ao cel., horrorizada) Misericórdia!
ELISA — (OFF) Não posso falar muito. Manda um advogado pra cá, mãe.
LAURA — (Ao cel.) Pode deixar, filha. Estão todos bem?
ELISA — (OFF) Sim, agora eu preciso desligar.
LAURA — (Ao cel.) Espera! Elisa? Elisa? Desligou.
JOSIAS — Delegacia, Laura?
LAURA — Pois é. Não deu tempo da Elisa explicar direito… Mas ela disse que o Marcos está morto!
Severo, Nandão e Jô reagem surpresos.
JOSIAS — Morto?
NANDÃO — Jesus!
SEVERO — Quem matou o canalha, Laura?
LAURA — Não sei! A Elisa não falou. Pelo jeito estão todos lá na maior enrascada. Ela disse que precisa de um advogado.
SEVERO — Como vamos mandar um advogado daqui do Rio pra Angra? Até que ele chega lá, minha filha tá em cana!
NANDÃO — Acho que eu posso ajudar.
LAURA — Como?
NANDÃO — Eu tenho uns parentes que moram no centro de Angra. Talvez eles conheçam algum advogado.
LAURA — Então quebra essa pra gente, Nandão.
NANDÃO — Vou ligar pra eles.
Nandão pega o cel. e liga, caminha até a porta do bar. Closes alternados em Laura, Severo e Josias aflitos com a situação. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 03. ANGRA. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Elisa e delegado ali.
ELISA — Delegado deixa eu te perguntar uma coisa.
DELEGADO — Pois não? Diga!
ELISA — Quais são as chances do Rodrigo permanecer preso mesmo com o advogado aqui?
DELEGADO — Bom, se a versão de vocês for mesmo verídica, de que foi em legítima defesa, e a perícia comprovar… Ele está liberado!
ELISA — Não tenho dúvidas de que vão comprovar a inocência dele.
Um policial entra.
POLICIAL — Licença, delegado.
DELEGADO — Que foi?
POLICIAL — Encontraram o a senhora e o menino.
ELISA — (Grita) Meu filho!
DELEGADO — Aonde estão?
POLICIAL — Trouxeram os dois pra cá.
DELEGADO — Vamos ver.
Delegado e Elisa seguem para a antessala.
CORTA PARA:
CENA 04. ANGRA. DELEGACIA. ANTESSALA. INT. DIA.
Salina e Gustavinho ali sentados. Gustavinho assustado abraçado na avó. Elisa e o delegado saem.
ELISA — (Abre os braços e se aproxima) Filho!
GUSTAVINHO — (Corre até ela e a abraça) Mãe!
ELISA — Como eu fiquei com medo do canalha do Marcos ter feito alguma coisa contra você, meu filho!
GUSTAVINHO — Eu tô bem! A vó Salina que me ajudou.
ELISA — (P/Salina) Obrigada, Salina!
SALINA — (Envergonhada) Não tem nada que agradecer, Elisa. Eu que peço perdão pelo que o Marcos fez. Eu me sinto extremamente envergonhada.
ELISA — Não, Salina! Você não tem culpa de nada! O Marcos agia sozinho e sabia muito bem o que estava fazendo!
Fecha em Salina envergonhada de cabeça baixa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 05. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.
Reinaldo e Gabriela vêm do quarto e se sentam.
GABRIELA — Reinaldo, embora tenhamos as nossas desavenças, eu acho que o melhor pra Dani no momento é que fiquemos em paz um com o outro.
REINALDO — Concordo! Eu sei que errei no passado. Não que eu tenha voltado pra estragar o seu relacionamento como o Guilherme. Mas eu quero permanecer próximo da Dani enquanto ela passa por todo esse processo.
GABRIELA — Tudo bem! Eu disse antes que você tinha que arrumar outro lugar pra ficar, mas acho que ter você aqui nessa casa faz bem pra Dani.
REINALDO — Obrigado! Sei que não é nada fácil pra você me ter por perto, mas pela Dani a gente faz qualquer coisa.
GABRIELA — Realmente. (Irônica) Não me alegra nada ter você aqui todas as manhãs, mas fazer o que, né!
REINALDO — (Sorrir) Também não precisa pegar pesado.
GABRIELA — Estou sendo realista, apenas.
Reinaldo sorrir.
CORTA PARA:
CENA 06. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Marcelo desce a escada, pega o cel. e liga para Rodrigo.
MARCELO — (P/si) Droga! Só cai na caixa postal. (Intrigado) Será que o Rodrigo sabe dessa fábrica? Desse trabalho vassalo?
Ele fica ali intrigado. Instantes. Edileusa vem da cozinha com uma vassoura e uma pá.
EDILEUSA — Olha quem está aqui, o turista. Nem parece que mora mais nessa casa. Quase não te vejo mais.
MARCELO — Oi, Edi.
EDILEUSA — Parece até que não gosta mais dos empregados!
MARCELO — Que isso, Edi? Você sabe que eu te amo! Você sabe que eu sou mil vezes você, que a tia Beatriz, não sabe?
EDILEUSA — Sabia, no passado! Hoje, já não tenho mais certeza.
MARCELO — Seu Ramiro tem ficado no meu pé. Estou indo para a empresa todos os dias.
EDILEUSA — Mas ele tá certo, Marcelo! Alguém tem que aprender sobre os negócios da família. Seu pai tá véio, já.
MARCELO — Edileusa! Seu Ramiro ouve você falando que ele tá véio…
EDILEUSA — (Ergue as mãos p/ céu) Joga por terra, senhor! Joga por terra que se ele ouve uma coisa dessas, eu fico desempregada!
Fecha em Marcelo que sorrir.
CORTA PARA:
CENA 07. ANGRA. DELEGACIA. CELA. INT. DIA.
Elisa numa cela sozinha. Na cela de frente, estão: Maurício e Rodrigo.
RODRIGO — Graças a Deus que acharam os dois!
MAURÍCIO — Mas eles estão bem, né, Elisa? O Marcos não machucou eles nem nada, né?
ELISA — Não! Estão sem nem um arranhão. (repara Rodrigo inquieto mexendo as mãos) Rodrigo?
RODRIGO — Hum?
ELISA — O que você tem?
RODRIGO — Nada. Eu apenas estou preocupado!
MAURÍCIO — Com o quê? O que você fez foi em legítima defesa, cara. Não fique pensando que vão te deixar preso!
RODRIGO — Ah, sei lá, né, Maurício! Vai que eles resolvem me incriminar?
ELISA — Não se preocupe, Rodrigo. A dona Salina, que é mãe do Marcos, está depondo. Ela nunca apoiou o Marcos com as loucuras dele! Creio que o depoimento da mãe dele vai ser levado em consideração.
Fecha em Rodrigo aflitíssimo.
CORTA PARA:
CENA 08. ANGRA. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Delegado de pé. Sentado frente a ele está: Salina.
SALINA — O Marcos sempre fio um homem difícil! Certa vez ele brigou com meu irmão, bateu tanto no tio, que ele foi parar no hospital. Minha mãe presenciou toda a confusão e teve um enfarto. (Pausa) O Marcos sequestrou o menino, delegado. Ele bateu na minha porta com o meu neto desacordado e disse que a Elisa sabia que ele ia passar uns dias com o Gustavinho na minha casa. Mas eu não acreditei no Marcos. Eu sou mãe dele, sei muito bem do que ele é capaz. Foi quando que discutimos, porque ele não gosta que ninguém dê palpites na vida dele. Quando o Gustavinho acordou, que eu fiquei até preocupada se ele tinha feito algum mal pro menino dormir, eu dei a ele meu celular e o mandei ligar pra Elisa.
DELEGADO — Tudo isso sem o Marcos saber?
SALINA — Sim.
DELEGADO — E quando ele colocou vocês no porão?
SALINA — Ele viu o Gustavinho mexendo no celular.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 09. ANGRA/ FRADE. CASA BEIRA PRAIA. SALA. INT. DIA.
Flashback:
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.
Gustavinho olha para a cozinha, volta ao sofá e pega o cel. Marcos vem do quarto.
MARCOS — Que isso?
GUSTAVINHO — Eu só tava/
MARCOS — (corta) Eu sei bem o que você tava fazendo!
GUSTAVINHO — (Nervoso) Não! Eu não tava ligando pra minha mãe!
Fecha em Marcos sério a encarar o filho. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. ANGRA/ FRADE. CASA BEIRA PRAIA. SALA. INT. DIA.
Flashback:
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Marcos vem da sala com Gustavinho e Salina amordaçados (mãos e boca). Ele tira o tapete do chão, abre a porta de madeira do porão.
MARCOS — Agora vocês vão aprender a não agir com falsidade comigo!
Salina tenta implorar mesmo com a boca amordaçada. Marcos a força para entrar no porão.
MARCOS — (Agressivo) Anda! Entra! (P/Gustavinho) Saiba que o papai tá muito triste com você.
CAM mostra uma lágrima escorrendo no olho de Gustavinho, que está aterrorizado.
MARCOS — Vai, filho. Entra aí também.
Gustavinho entra no porão.
MARCOS — Como me dói fazer isso. Mas vocês não me deixaram outra escolha. Ou é isso, ou todos nós morremos. (sorrir maligno, pega uma peixeira sobre a mesa) Estão vendo isso? Essa peixeira dará um fim a tudo isso. Só uma questão de tempo.
Marcos fica olhando a peixeira por um instante e sorrir. Fecha a porta, coloca o tapete do mesmo jeito. Pula em cima do local, para e ouve.
MARCOS — (P/si)Não dá pra ouvir. Ótimo!
Marcos segue para a sala. CAM se aproxima do local e dá close ali no tapete. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 11. ANGRA. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Continuação da cena 08.
DELEGACIA — Então o Marcos estava mesmo com a peixeira?
SALINA — Sim. Ele disse com todas as letras que aquela peixeira daria um fim a tudo.
DELEGADO — Marcos parecia mesmo determinado.
SALINA — Sim, ele estava! Não duvido nada que ele tenha avançado pra cima desse rapaz que veio com a Elisa.
Um policial entra.
POLICIAL — Licença, delegado. Tem um advogado aqui fora dizendo que veio a mando da família dos suspeitos.
DELEGADO — (P/Salina) Eu já volto, senhora.
Delegado e o policial saem. Close em Salina ali aflitíssima.
CORTA PARA:
CENA 12. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Nandão ao cel. Laura, Severo e Jô curiosos.
NANDÃO — (Ao cel.) Tá bom, cara. Brigadão mesmo. Te devo uma. (Pausa) Eu tenho que ir pra gente jogar aquela bolinha na praia! Pode deixar. Vou falar com a Edileusa e depois te ligo avisando. Valeu. (Ele desliga)
SEVERO — Terminou de colocar a conversa em dia?
NANDÃO — Foi mal, gente. É que faz tempo que não vejo esse meu primo.
JOSIAS — Tá, gente! Vamos falar do que interessa! E o tal advogado?
LAURA — O Jô tem razão.
SEVERO — Como é que é, Laura? Tá do lado de um Garcia é isso mesmo?
LAURA — (Firme) Severo você não começa! Você não começa que eu sou capaz de te esganar aqui dentro desse bar sem dó e muito menos piedade!
NANDÃO — Então, o advogado já foi pra delegacia.
LAURA — Espero que esse advogado tire minha filha, o Rodrigo e o Maurício de lá!
JOSIAS — Impressionante como as pessoas nos enganam. Nunca imaginei que o Marcos faria um absurdo desses!
SEVERO — (Inconveniente) É o que todos dizem! O patriarca de certa família por aí, não parecia que tinha inveja da esposa do Borges.
JOSIAS — O que você tá querendo dizer com isso, cara?
SEVERO — Você sabe muito bem!
JOSIAS — Se a matriarca dos Garcia não era flor que se cheire, não posso fazer nada!
SEVERO — (Furioso, se levanta) Como é que é?! Eu vou te matar, Garcia desgraçado! (sente dor no peito)
LAURA — (Firme) Sossega, Severo! Não pode levantar que tá quase enfartando e quer matar alguém! Eu, hein! (Aponta p/Severo e Jô) Vocês dois parem com isso! Nossa filha está numa delegacia e a gente não sabe o que está acontecendo!
Closes alternados em Severo e Jô que se entreolham sérios. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.
Takes da orla de Copacabana, pedra do arpoador, Parque florestal da Tijuca. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. NOITE.
Táxi de Maurício se aproxima e para. Elisa, Gustavinho, Rodrigo e Maurício saltam.
MAURÍCIO — Finalmente de volta ao Canarinho!
ELISA — Depois de um dos piores dias da minha vida, finalmente estou de volta.
GUSTAVINHO — Mãe, eu vou entrar.
ELISA — Vai, filho. Eu tenho certeza que a vovó e o vovô estão diodos pra te abraçar, vai lá.
Gustavinho e Maurício entram. Rodrigo olhando para o bar do tio. CAM mostra o bar, que está aberto, mas a princípio, não tem ninguém.
ELISA — Eu acho que você devia ir lá.
RODRIGO — Ah, não! Chego lá e falo o quê?
ELISA — A verdade!
RODRIGO — Não sei se eu devo.
ELISA — Claro que deve! Vai lá, abre seu coração! Coloca a conversa de mais de quinze anos em dia.
Elisa entra. Rodrigo permanece ali indeciso olhando para o bar do tio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Laura e Severo abraçados no neto. Maurício e Nandão sorriem da cena.
LAURA — Vovó ficou com medo do neto dela ficar em Angra.
GUSTAVINHO — Nunca! Eu adoro vocês!
SEVERO — Esse é o meu garoto!
Elisa entra.
ELISA — Oi, gente.
LAURA — Filha! (abraça a mesma) Como você está?
ELISA — Em choque! Mas o pior já passou e estamos bem.
SEVERO — Isso aí. É o que importa.
NANDÃO — Conta pra gente como foi.
ELISA — Olha, o Marcos tava tão diodo que assim que o Rodrigo e eu entramos ele começou nos ameaçar com uma peixeira…
Elisa continua a falar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. BAR DO TIO JÔ. INT. NOITE.
Rodrigo entra e chama por Josias.
RODRIGO — Seu Josias? (P/si) Acho que não tem ninguém.
Josias vem da cozinha com um bolo de chaves em mãos.
JOSIAS — Pois não, rapaz? Já estou fechando.
RODRIGO — Ah, sim. Mas/
JOSIAS — (Corta) Você já esteve aqui a um tempo atrás, não foi?
RODRIGO — Sim. Na verdade eu não vim comprar nada. Vim apenas reencontrar o mala do tio Jô!
Jô surpreso leva a mão até a boca.
JOSIAS — (Surpreso, emocionado) Rodrigo?
RODRIGO — Sim, sou eu, tio!
Josias se aproxima do sobrinho emocionado e o abraça. Instantes. Emoção.
CORTA PARA:
CENA 17. CLÍNICA. LABORATÓRIO. INT. NOITE.
Guilherme ali no microscópio a analisar a amostra da seiva extraída da árvore.
GUILHERME — (P/si) Tem algo estranho nessa seiva. (sorrir) Não acredito! Aqui está à danadinha! Agora tudo vai finalmente começar a encaminhar nesse estudo! A Gabriela tem que saber disso!
Pega o cel. e começa a teclar o número, quando para e pensa.
GUILHERME — (P/si) Não posso dar essa ótima notícia pelo telefone! Uma notícia extraordinária dessas tem que ser dada ao vivo! Quero ver os olhinhos dela brilhando quando souber disso!
Ele tira o jaleco e deixa sobre uma mesa, pega sua chave e sai apressado.
CORTA PARA:
CENA 18. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Severo, Laura, Elisa, Nandão e Maurício ali.
MAURÍCIO — Eu fiquei desesperado quando ouvi a Elisa gritando.
ELISA — Só que o canalha do Marcos tinha trancado a porta e guardado a chave no bolso da calça dele.
LAURA — Misericórdia! Foram momentos de terror, né, minha filha?
ELISA — Foram, mãe. Mas pelo meu filho eu sou capaz de qualquer coisa.
SEVERO — Cadê aquele homem, seu patrão, Elisa?
ELISA — Ele foi no bar do Jô.
SEVERO — Estranho. Depois de tudo que o cara passou ele vai direto pro bar?
NANDÃO — Certo tá é o cara, Severão! Não vai me dizer que uma cerva bem gelada não desce bem depois de tudo que eles passaram hoje?!
MAURÍCIO — É verdade. Uma saideira depois de tudo seria ótimo!
LAURA — Vou pegar pra vocês!
MAURÍCIO — Não brinca que tem uma bem geladinha aí, dona Laura?
LAURA — Tem sim. Me ajuda aqui, Elisa.
Laura e Elisa vão para a cozinha.
NANDÃO — (Brinca) Agora sim o dia vai terminar do jeito bom!
CORTA PARA:
CENA 19. MANSÃO VIEIRA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Ramiro ali sentado a assinar alguns documentos. Marcelo entra.
MARCELO — Já sei de tudo, pai!
RAMIRO — Do que você tá falando?
MARCELO — Que eu já sei de tudo que a empresa da família está escondendo!
RAMIRO — (Debochado) Ficou louco, Marcelo? Certamente aquele violão te deixou com neurônios a menos!
MARCELO — Não pense que vai me enganar! Eu quero saber da fábrica da empresa e quem é esse Kléber que vocês têm que tomar atitude enérgica?!
RAMIRO — Mas o que é isso?! Tá andando por de trás das portas agora? Era só o que me faltava! Você é um Vieira, Marcelo! Comporte-se como um!
MARCELO — (Firme) Eu poderia ser até Orleans e Bragança, mas que mesmo assim não concordaria com a sua conduta!
RAMIRO — (Firme) E quem você pensa que é pra falar em conduta? Até pouco tempo atrás andava por aí com aquele violão! Você tem que ser que nem eu! Homem de negócios!
MARCELO — (Firme) Nunca! A Fabristilo está manchada! Veja se essas duas palavras de lembram alguma coisa: trabalho vassalo. E então, lembra?
Close em Ramiro sério. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 20. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. NOITE.
Rodrigo ajuda Josias a fechar as portas do bar.
JOSIAS — Eu pensei que nunca mais ia te ver meu sobrinho. Você parece que embarcou pra França morrendo de ódio de mim.
RODRIGO — Não vou mentir pro senhor. Eu realmente fiquei muito magoado na época.
JOSIAS — Espero que agora você possa me desculpar.
RODRIGO — São águas passadas, tio.
JOSIAS — Que bom. Vamos até lá em casa. Seu quarto ainda está do mesmo jeito.
RODRIGO — (Surpreso) Sério?
JOSIAS — O seu e o da Letícia. Eu não tive coragem de mexer em nada.
RODRIGO — Depois eu vou, tio. Agora eu preciso falar com a Elisa.
JOSIAS — Com a Borges? Toma cuidado que essa família é perigosa.
RODRIGO — Pode deixar que eu sei me cuidar, tio.
JOSIAS — Tudo bem. Te espero depois então.
Josias se afasta. Rodrigo atravessa a rua e se aproxima do portão da casa de Laura e Severo. Elisa sai.
RODRIGO — Adivinhou que eu estava aqui?
ELISA — Queria ver se você teve coragem de ir falar com seu tio.
RODRIGO — Eu fui.
ELISA — E então?
RODRIGO — E então que agora ele quer que eu vá na casa dele.
ELISA — E você vai, né?
RODRIGO — (Brinca) Agora que você tá mandando, eu vou.
ELISA — (Sorrir) Seu bobo.
RODRIGO — Já passamos por muitas coisas, mas a de hoje foi inédita!
ELISA — Pois é. Mas agora as coisas vão se acalmar, eu creio nisso.
RODRIGO — Eu também. Se elas se acalmarem com você ao meu lado, melhor ainda!
Elisa sorrir. Os dois se aproximam e se beijam apaixonadamente. Instantes. CAM mostra um ônibus se aproximando de uma rua perto da praça. Edileusa salta e segue caminhando distraída, quando olha em direção Elisa e Rodrigo e vê os dois se beijando.
EDILEUSA — (Horrorizada) Mas que safadinha essa Elisa! A Vivi Superiora tinha razão esse tempo todo. A safada tava doida pra dá o bote no marido da Vivi! (tira o cel. da bolsa e tira fotos do casal) Ela tá pensando o quê?! Que vai roubar o marido da Vivi Superiora e vai fiar por isso mesmo? Mas não vai, não! Não vai mesmo! Vou enviar essas fotos pra Vivi agora mesmo!
Edileusa fica ali mexendo no cel. CAM mostra o casal ainda se beijando apaixonadamente. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO TRIGÉSIMO SÉTIMO CAPÍTULO