PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ALFREDO
ALVINHA
GLÓRIA
MARIA
MARTA
SOL
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
DELEGADO, DIRETOR (HOSPITAL), ENFERMEIRA, MÉDICO, RECEPCIONISTA.
CENA 01. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 20 do capítulo anterior.
ENFERMEIRA — Sim eu estava cuidando dos seus filhos! Mas eu não tenho nada a ver com o sumiço deles!
ALFREDO — E quem está te acusando de ter ou não alguma coisa a ver com o sequestro dos nossos filhos? Não sei pra você, Sol, mas isso soou estranho!
SOL — Pois é! Pra mim também!
ENFERMEIRA — Gente pelo amor de Deus! Eu tenho família pra sustentar! Não me acusem de uma coisa que eu não fiz!
SOL — Nós não estamos te acusando de nada! Estávamos apenas te fazendo uma pergunta!
ALFREDO — Pois é! Você é que está aí dizendo que não fez nada e nos acusando de estar te acusando!
SOL — Acho que o Delegado tem que falar com ela!
ALFREDO — Também acho!
Os dois vão caminhando e a enfermeira aflitíssima arremata.
ENFERMEIRA — (P/si) Ai meu Deus… No que eu fui me meter, hein!?
Ela vai caminhando.
CORTA PARA:
CENA 02. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Delegado ali conversando com o Diretor. Sol e Alfredo vêm.
ALFREDO — Você tem que falar com a enfermeira que estava cuidando dos nossos filhos ontem!
DELEGADO — Sim, nós faremos isso!
ALFREDO — Mas vê se faz rápido, hein! Ela está muito estranha!
SOL — Tá mesmo! Nós fizemos uma simples pergunta a ela e ela logo veio dizendo que não tinha nada a ver com o sequestro!
DELEGADO — Vou falar com ela então!
O delegado vai andando.
DIRETOR — Olha… Eu quero que vocês saibam que enquanto não tivermos uma resposta, não descansaremos!
SOL — (Duvidando) Sei! Vamos Alfredo!
O diretor bufa e vai atrás do Delegado.
CORTA PARA:
CENA 03. AVENIDA PAULISTA. EXT. DIA.
Vários curiosos ali. O motorista do caminhão falando com dois policias fora de áudio. Glória sendo resgatada das ferragens por uma equipe de bombeiros. Eles a levam até a ambulância. CAM mostra detalhadamente o rosto de Glória desmaiada e todo ensanguentado. Eles a colocam dentro da ambulância que sai disparada. Os curiosos ficam ali fazendo comentários entre si. Fechamos no carro, com a parte do motorista todo amassado. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 04. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
A enfermeira ali. O delegado entra.
DELEGADO — Você é a Maria de Fátima?
ENFERMEIRA — Sim sou eu! O que você quer?
DELEGADO — Eu sou o delegado responsável pelo sequestro dos gêmeos e queria uma palavrinha com você.
Fecha na enfermeira nervosíssima. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 05. MANSÃO MORAES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Alfredo e Sol chegam da rua.
SOL — Só de pensar que agora eu poderia estar chegando do hospital com os meus filhos em meus braços, chega a dar até uma aflição aqui dentro!
ALFREDO — Eu sei, meu amor! Mas se Deus quiser, nós vamos ter os nossos filhos aqui junto da gente pra sempre!
SOL — E a mamãe, hein? Ela ficou arrasada!
ALFREDO — Minha mãe também! Ela disse que vinha aqui, mas acho que ela não conseguiu sair do trabalho!
SOL — Em falar nas mães… (Chama) Mamãe? Mamãe a senhora tá em casa?
ALFREDO — Ué! Será que ela não veio pra casa?
SOL — Estranho!
ALFREDO — Vou perguntar ao jardineiro se ele a viu.
Alfredo sai.
SOL — (P/si, aflita) Ai Jesus… Mamãe não tá em casa! Onde será que ela se meteu, hein?
CORTA PARA:
CENA 06. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.
A equipe dos bombeiros chegam com Glória e passam pelo diretor que se assusta ao vê-la ali naquele estado.
DIRETOR — O que aconteceu com essa senhora? Ela estava aqui agora pouco!
BOMBEIRO — Ela sofreu um acidente gravíssimo de carro!
DIRETOR — Levem-na para a emergência que eu vou ligar para a família dela.
Eles levam ela pra emergência. Fecha no diretor ali apreensivo.
CORTA PARA:
CENA 07. CASA DE MARIA. COZINHA. INT. DIA.
Maria com Marta ali almoçando mocotó.
MARTA — Nossa, Maria! Mas esse mocotó está divino!
MARIA — Eu sei! Sempre levei jeito pra cozinhar!
MARTA — Fazia muito tempo que eu não comia uma comida tão deliciosa quanto essa!
MARIA — Que isso, Marta? Você está sendo modesta. Você manda super bem na cozinha que eu sei.
MARTA — Mando! Mas eu nunca conseguiria fazer um mocotó tão bom quanto este!
MARIA — Você ganhava a vida lá em SP fazendo o quê?
MARTA — Como empregada doméstica!
MARIA — Então você cozinhava bem!
MARTA — Sim, mas não era essa deliciosidade aqui!
Atenção Sonoplastia: Entra aqui o som de um bebê chorando em off.
MARIA — Ih… Se prepara pra trocar fralda suja!
MARTA — Pois é! Depois dos filhos, você vive pra eles!
MARIA — Vive não, né? Vegeta!
MARTA — Deixa eu ir lá ver o que é dessa vez!
Ela vai para a sala e Maria permanece ali comendo.
CORTA PARA:
CENA 08. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 04.
ENFERMEIRA — O que você quer dessa vez? Eu não tenho nada a ver com isso!
DELEGADO — Se acalme que eu não estou aqui para te acusar de nada. Estou aqui para fazer algumas perguntas!
ENFERMEIRA — Pois então faça logo as perguntas que eu ainda tenho vinte pacientes nesse turno.
DELEGADO — Ontem, você trabalhou até que horas?
ENFERMEIRA — Até umas quatro da manhã, por quê?
DELEGADO — E os gêmeos ainda estavam na incubadora?
ENFERMEIRA — Claro que sim! Se eles não estivessem, eu teria acionado a direção e a segurança.
DELEGADO — Sei. Mas os seguranças disseram que não viram você deixar o hospital. Por onde você saiu?
Fecha na enfermeira. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 09. MANSÃO MORAES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Sol ali sentada aflita. Alfredo entra.
ALFREDO — Nada! Parece que sua mãe não voltou desde a hora em que ligamos pra ela ir ao hospital!
SOL — Ai Jesus! Será que aconteceu alguma coisa com a mamãe?
ALFREDO — Não! Ela deve tá bem. Só deve tá por aí espairecendo um pouco!
SOL — Espairecer… Se tem uma coisa que mamãe não faz é isso! Tô achando que aconteceu alguma coisa com ela!
Atenção Sonoplastia: O tel. fixo toca.
SOL — Você atende, Alfredo! Se for notícia ruim eu nem quero saber!
Ele vai atender.
ALFREDO — (Ao tel.) Alô? Sim é da casa dela. (Reage forte) Como é que é?
SOL — (Curiosa) O que aconteceu, amor?
Ele faz sinal para ela esperar.
ALFREDO — (Ao tel.) Ai Jesus… Tá bom! Pode deixa que já estamos a caminho!
Ele desliga.
SOL — O que aconteceu, Alfredo?
ALFREDO — A sua mãe está no hospital!
SOL — Mas como assim? O que a mamãe está fazendo no hospital?
ALFREDO — Vamos que no caminho eu te explico! Não podemos perder tempo!
Os dois saem apressados.
CORTA PARA:
CENA 10. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 08.
ENFERMEIRA — Tá vendo só? Depois ainda me diz que não tá aqui pra me acusar de nada!
DELEGADO — Claro que não! Agora… Se a senhora está tão incomodada com perguntas simples, então nós temos um problema aqui!
ENFERMEIRA — Eu não tenho nada a ver com isso, doutor!
DELEGADO — Então por que está hesitando em responder? Diz logo que não tem nada a ver e pronto e acabou!
ENFERMEIRA — Tá! Eu não tenho nada a ver com isso.
DELEGADO — Ok! Agora me responda… Por onde você saiu?
ENFERMEIRA — Pelos fundos!
DELEGADO — Por quê?
ENFERMEIRA — Porque eu quis sair por lá!
DELEGADO — Vamos lá enfermeira… Eu não tenho o dia todo! A cada minuto que se passa, eu tenho certeza que você está envolvida no sequestro dessas crianças!
ENFERMEIRA — Não! Claro que não! Falando assim, você até me ofende!
DELEGADO — Então me dê um motivo plausível pra você ter saído pela porta dos fundos.
Fecha na enfermeira nervosíssima. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 11. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Sol e Alfredo chegam e vão até a recepcionista.
SOL — Será que teria como você ver pra mim a paciente Glória Moraes?
RECEPCIONISTA — Ela está em cirurgia!
SOL — Ai meu Deus! Então o caso dela é grave!
Alfredo abraça a amada e arremata.
ALFREDO — (P/Recepcionista) Mas tem algum médico pra falar com a gente sobre o que aconteceu?
RECEPCIONISTA — No momento não! Todos estão envolvidos com a cirurgia. Logo após o término, eu aviso que vocês estão aqui.
ALFREDO — Tá bom, obrigado!
Os dois vão se sentar.
ALFREDO — Calma, meu amor! Vamos ter fé que vai dá tudo certo!
SOL — Poxa, parece mesmo que o universo está conspirando contra mim. Os meus filhos somem, a mamãe sofre um acidente. (Olha pro teto) Por que Deus? Por quê?
O delegado vem com a enfermeira algemada. Alfredo e Sol se aproximam dos dois e os abordam.
ALFREDO — É essa mulher aí a responsável pelo sumiço dos meus filhos?
SOL — (Batendo nela) Sua vaca! Filha da mãe! Por sua causa os meus filhos estão por aí Deus lá sabe onde!
ENFERMEIRA — Me solta sua louca!
Alfredo segura Sol.
ALFREDO — Calma, meu amor!
DELEGADO — Nós ainda não sabemos se ela tem alguma coisa haver com o sumiço dos seus filhos. Estou levando ela para uma averiguação! Vamos!
Os dois saem.
SOL — Não acredito que essa desgraçada é a responsável por tudo isso!
ALFREDO — Calma, meu amor! O Delegado disse que ainda não sabe se ela tem algum envolvimento com o caso!
Fecha em Sol ali com raiva
CORTA PARA:
CENA 12. HOSPITAL. CENTRO CIRÚRGICO. INT. DIA.
Uma equipe médica ali realizando a cirurgia de Glória que está desacordada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 13. CIDADE DE SÃO PAULO. EXT. ANOITECER.
Takes descontínuos do anoitecer em 1999.
CORTA PARA:
CENA 14. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Alfredo com Sol ali aflitos.
SOL — Ai essa demora tá me matando….
ALFREDO — Calma, meu amor! Vamos orar para que dê tudo certo!
SOL — Será que você só sabe dizer isso, Alfredo? “Calma meu amor!”. Calma! Calma! Calma!
ALFREDO — E você queria que eu dissesse o quê? Se descontrola, se descabela e quebra tudo do hospital! É isso que você queria eu dissesse?
SOL — Não! Mas também ficar mandando ter calma o tempo todo não dá, né?!
ALFREDO — É a única coisa que podemos fazer. Ter calma e esperar com paciência.
SOL — Ih… Olha. Às vezes essa sua calmaria toda me mata.
ALFREDO — Bem melhor do que tá aí toda aflita!
SOL — Claro! É a minha mãe que está lá dentro! Será que você tem noção da gravidade da coisa? (Tom) Se não tem então cala a droga dessa sua boca!
ALFREDO — Sol, acho que aqui não é o local apropriado para iniciarmos uma discussão!
SOL — Concordo!
Os dois se encaram seriamente.
CORTA PARA:
CENA 15. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. NOITE.
Enfermeira ali sentada. Delegado arrematando e andando de um lado para o outro.
DELEGADO — É, enfermeira Maria de Fátima… Eu acho melhor você ir abrindo o bico! O circo está se fechando e até agora você é a única suspeita!
ENFERMEIRA — Posso até ser! Mas eu não tenho envolvimento algum com isso.
DELEGADO — Eu não posso provar nada e muito menos te prender sem ter provas… Mas quero que você fique sabendo de uma coisa. Enquanto não solucionarmos este caso… Continuaremos a investigar!
ENFERMEIRA — Podem continuar! Por mim tudo bem. Eu não tenho nada a ver com isso mesmo.
DELEGADO — Tá, mas vamos àquela pergunta que você ainda não me respondeu. Por que você saiu pela porta dos fundos?
ENFERMEIRA — Pelo amor de Deus gente! Eu já disse que me deu vontade de sair por lá.
DELEGADO — Sim, mas convenhamos aqui que é muito estranho uma pessoa dar vontade de sair pela porta dos fundos justamente no dia do sequestro.
ENFERMEIRA — Pois é, né, mas não tem como vocês me prenderem sem provas, portanto, com licença!
Ela se levanta e já vai saindo.
DELEGADO — Aonde você pensa que vai? Nós ainda não terminamos!
ENFERMEIRA — Ah não? Mas eu já terminei!
Ela sai e o delegado permanece ali sério e meneando a cabeça negativamente. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 16. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.
Takes descontínuos da cidade maravilhosa em 1999. No último deles a fachada da casa de Maria.
CORTA PARA:
CENA 17. CASA DE MARIA. SALA. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Maria e Marta ali com os bebês no colo. Elas estão dando mamadeiras a eles.
MARIA — E aí? Já pensou nos nomes pra essas crianças?
MARTA — Ainda não amiga! Mas que sugestões você me dá?
MARIA — Eu acho lindo o nome Edson e Enzo.
MARTA — (Faz careta) Nossa! Mas que horror! Não gosto desses nomes não!
MARIA — Não? Então que nomes você está pensando em colocar?
MARTA — Ah, sei lá! Eu acho que Miguel e Gabriel… Ou Thiago… Sei lá! São tantos nomes que eu fico até confusa!
MARIA — Pois é! Tá aí uma das piores partes, ter que dar um nome ao filho.
MARTA — E tomar cuidado, né! Pra que mais tarde você não fique se culpando pelo nome que escolheu!
MARIA — Verdade! Deve ser uma difícil decisão!!
Marta meneia a cabeça concordando e as duas continuam a amamentar as crianças. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Alfredo e Sol ali sentados de costas um para o outro.
SOL — Chega, Alfredo! Acho que no momento em que estamos passando, não dá pra ficar de birra.
ALFREDO — Concordo! Mas você tem que entender que cada um tem o seu tempo e o seu jeito de fazer as coisas.
SOL — Eu sei! Eu sei e eu entendo! Me desculpe!
O médico se aproxima.
MÉDICO — Vocês são parentes da dona Glória Moraes?
SOL — Sim, somos nós!
ALFREDO — E então, doutor? Como a minha sogra está?
Closes alternados em todos. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 19. RUA INDETERMINADA DE SP. EXT. NOITE.
Rua movimentada. Maria de Fátima caminhando, quando arremata.
ENFERMEIRA — (P/si) Droga! Não sei o que é que eu faço agora… Seu eu fugir, aí mesmo que vão apontar o alvo pra mim: “Foi ela”. Mas se eu ficar, vou ser presa do mesmo jeito! (Indecisa) Ai meu Deus. O que eu faço?
Ela atravessa a rua.
ENFERMEIRA — (P/si) Pra quê eu fui me meter com essas coisas? Quando a Marta me fez a proposta eu deveria ter negado o pedido dela! Eu não deveria ter feito isso! Será que se eu me entregar, a minha pena será menor? Não sei! Não sei! Não sei o que fazer!
Ela passa pela CAM.
CORTA PARA:
CENA 20. CASA DE MARIA. SALA. INT. NOITE.
Marta ali na sala sozinha ninando o “filho”.
MARTA — (P/si) Será que a Maria de Fátima ficou de boa? Tomara! Espero que não tenha sujado pro lado dela! (Sorrir) Afinal de contas, é desse tipo de enfermeira que a gente precisa! (P/bebê) É meu filho… Você deu trabalho… Mas agora seremos só você e eu! Sem aquele povinho pra se intrometer! Finalmente… Minha família!
CAM detalha o rosto da criança. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 21. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Continuação imediata da cena 40.
MÉDICO — A dona Glória agora está bem!
Reação dos dois aliviados.
MÉDICO — Ela sofreu um traumatismo craniano, mas agora o estado dela é estável.
SOL — Graças a Deus!
MÉDICO — Foi um milagre ela ter sofrido só o traumatismo craniano. A batida com o caminhão foi forte.
SOL — Caminhão?
MÉDICO — É. Vocês não estavam sabendo, não?
Eles meneiam a cabeça que não.
MÉDICO — Parece que a dona Glória estava meio atordoada pelo que aconteceu e estava fora de si. Ultrapassou o semáforo vermelho e o caminhão pegou o carro dela em cheio.
ALFREDO — Nossa! Foi um milagre ela só ter sofrido o tal traumatismo mesmo.
SOL — E eu posso vê-la?
MÉDICO — Pode. Mas um de cada vez!
ALFREDO — Vai, Sol. Depois eu entro e a vejo.
SOL — Tá bom!
Ela segue o médico. Alfredo fica ali mais aliviado com a notícia.
CORTA PARA:
CENA 22. HOSPITAL. QUARTO. INT. NOITE.
Glória ali desacordada com alguns aparelhos. O doutor entra com Sol.
MÉDICO — Cinco minutos!
SOL — Pode deixar!
Ele sai. Sol se aproxima da mãe. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. Ela pega na mão da mãe e arremata.
Atenção Sonoplastia: Instrumental triste entra aqui.
SOL — (Chorando) Ôh, mãe… Por que a senhora foi inventar de sair por aí desse jeito? Como se já não bastasse o papai, agora a senhora tá aí nessa cama de hospital! Eu não sei se vou aguentar perder vocês dois! Eu não vou aguentar!!!
Ela fica ali chorando. Beija a mão da mãe. Close em Glória desacordada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 23. CASA DE MARIA. SALA. INT. NOITE.
Marta ali sentada. Alvinha bate na porta. Marta abre.
MARTA — (Surpresa) Alvinha? O que você faz por aqui?
ALVINHA — Que cara é essa mulher? Eu moro nesse bairro também! Posso entrar?
MARTA — Claro! Entre!
Ela entra e Marta fecha a porta.
ALVINHA — E cadê a Maria?
MARTA — Ela tá lá dentro com as crianças!
ALVINHA — Eu vim aqui por dois motivos. Um, eu quero conhecer os seus filhos e dois, tenho uma ótima notícia sobre o emprego.
MARTA — Ah é? E que notícia seria essa?
ALVINHA — A minha colega avisou o cara e ele quer que você vá pra entrevista amanhã mesmo.
MARTA — (Feliz) Sério, Alvinha? Nossa! Mas que legal!
As duas permanecem ali conversando fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 24. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. NOITE.
Delegado ali pensativo.
DELEGADO — (P/si) Não é possível! Tem que a ver alguma coisa que incrimine essa mulher! Eu tenho quase certeza que ela está envolvida no sequestro dessas crianças… Mas como eu posso provar uma coisa dessas?
O mesmo taxista do capítulo 03, entra.
TAXISTA — Licença, delegado! Eu queria falar com o senhor!
DELEGADO — Pois não? Entre. Sente-se!
Ele entra e se senta.
DELEGADO — Pois não? No que posso te ajudar?
TAXISTA — Eu fiquei sabendo do desaparecimento de duas crianças no rádio e eu acho que tenho algumas informações que possam ser úteis para a investigação.
DELEGADO — É mesmo? Então me conte mais!
O taxista começa a falar fora de áudio. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 25. CIDADE DE SÃO PAULO. EXT. AMANHECER.
Takes descontínuos do amanhecer em SP, 1999.
CORTA PARA:
CENA 26. RODOVIÁRIA DO TIETÊ. ÔNIBUS. INT/ EXT. DIA.
Enfermeira embarca no ônibus e se senta. Ao lado dela, um homem de casaco e óculos pretos. Que é o delegado que se revela e arremata.
DELEGADO — Querendo fazer o mesmo que a sua cúmplice, é?
Ela se assustada e sai correndo do ônibus. O delegado sai atrás. Corta para fora do ônibus: Delegado correndo atrás dela. Até que um policial consegue interceptá-la.
DELEGADO — A casa caiu enfermeira Maria de Fátima!
Ela é algemada sob os olhares de muitos curiosos.
ENFERMEIRA — Me solta! Eu não tenho nada a ver com o sequestro!
DELEGADO — Sei! Estou cansado de ouvir isso já! Vamos!
Eles vão caminhando. Close em Maria de Fátima séria sendo levada para a viatura. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 5º CAPÍTULO