—Eu não vou assinar nada antes do meu advogado ler e me explica detalhe por detalhe dessa ação porque não vou sair dessa sem meus devidos direitos. —levantou.

—Verônica, por favor, não complica. Eu vou deixar você bem, tá?

—Anderson, quando vai dar as suas terras para o Darlan? O nosso combinado é que só vou assinar o divórcio após as entregar a ele.

—Hoje mesmo irei com Darlan até Corumbá, vou avisar o Rafael e resolver os tramites do contrato de doação das terras.

—Então, meu advogado entrará em contato. Não tenho mais nada a falar. —seguiu em direção a porta e saiu.

—Tá osso, hein, ela tá querendo dificultar. —falou Décio.

—Já era o esperado, isso não me surpreende.

 

Em Corumbá estava Inácio caminhando pelo centro da cidade até que na praça acontecia uma apresentação de dança folclórica da região chamada cururu e siriri, ele se aproxima e entra no meio entre a multidão em volta do grupo de dança até que a beleza de Amélia, uma jovem negra, de cabelos negros longos e cacheados, esbelta, estatura mediana, olho verdes e usava um vestido estampado florido e descalça. A cada movimento da longa saia de Amélia fazia os olhos de Inácio presos a ela, ele sentia aquilo que se chama de impacto ou de amor à primeira vista é como o raio que cai em cheio sobre a terra, algo inesperado e inexplicável. Lino se aproxima de Inácio e o desperta aquele momento.

—Inácio, vamos?

—Tá, vamos.

Inácio andava ao lado de Lino e não tirava os olhos de Amélia até que não pudesse mais olhar e seguindo pela rua em direção a caminhonete.

 

 

De tarde no aeródromo estavam Anderson e Darlan em frente ao um jatinho.

—Estou ansioso para o momento que aquelas terras serão minhas. —disse Darlan.

—Posso um dia me arrepender por isso, mas esse é o preço que vou pagar pra me ver livre.

—Pai, para quê ficar com aquelas terras? Você nunca se importou com elas.

—Seus avós passaram a vida toda se dedicando aquelas terras.

—Eu vou torna-las úteis. Será construído o melhor hotel fazenda de todo pantanal. Vou ganhar muito dinheiro com esse hotel e pode ter certeza que o tio Rafael e todos vão reconhecer o meu sucesso.

 

 

 

Entardeceu no povoado Riacho Paraíso em Corumbá, e Diogo caminhava pelo cais de uma comunidade ribeirinha e viu Roberta, um mulher com idade de cinquenta anos, encostada na pilastra da varanda da casa, tinha um cabelo médio na altura dos ombros e castanho com luzes loiras, pele cabocla, usava vestido florido vermelho e fumava um cigarro de palha.

—Onde está Amélia? —perguntou Diogo.

—Lá na cidade. —tragou o cigarro.

—Eu estou sendo muito paciente, Roberta, muito.

—Diogo, querido, eu sei o quanto você está interessado em Amélia, mas a guria não te quer.

—Ah, ninguém me faz de trouxa, entendeu? Eu a quero pra mim, nem que preciso seja pegar ela a força e levar comigo.

—Deveria esquecer essa guria e ficar com Suelen, ela sim trabalha bem no que faz. —riu com malícia.

—Eu bem sei. —deu um sorriso. —Suelen é bonita, fogosa e aprendeu direitinho como satisfazer um homem, porém, ela não tem mais o que Amélia ainda tem.

Suelen, uma negra de vinte e poucos anos, cabelos negros estilo dread longo, usava um tope jeans que deixava a barriga a mostra, calça jeans e sapato plataforma de cor prata. Ela entra na varanda e ver Diogo e sua tia Roberta.

—Diogo. —aproxima-se dele e o dá um beijo.

—Suelen, vim só para provar do teu beijo.

—Saudades?

—Hum, sim. —a abraça segurando a cintura.

—Hoje você me quer? —coloca os braços envolta do pescoço dele.

—Não, mas quero te apresentar ao um novo sócio, gente cheio da grana que veio da capital.

—É muito rico?

—Não é tão rico como o patrão dele, porém, tem dinheiro e está disposto a pagar uma noite com umas das minhas gurias, e eu ofereci você. Eu quero que você fique mais bonita do que é essa noite, capricha, tá? Quero que dê a ele o melhor do pantanal.

—Diogo, o que não faço por você, amor. —o beija.  —como se chama o seu novo sócio?

—Maurício. Eu vou indo.

—Mas já?

—Sim, tenho que resolver alguns assuntos na cidade. Até mais, Suelen. —a beija e sai. —Tchau Roberta.

—Tchau. — responderam Suelen e Roberta quase ao mesmo tempo.

—Seja esperta guria.

—O que foi, tia? Tá com inveja porque eu sou a queridinha do Diogo? Ele gosta de mim.

—Acorda, guria. Pare de se iludir. Quem o Diogo quer é a sua prima a Amélia.

—Amélia é uma arrogante que se acha superior a todos e fica bancando a donzela, porém ela não me engana. Um dia ela vai perder todo aquele orgulho e vai ser igual a mim e aí sim o Diogo se cansará dela e será como uma mulher como outra qualquer.

—Diogo está apaixonado por Amélia.

—Ela o odeia, o despreza.

—É esse jogo de cão e gato é o que atiça mais ainda o desejo dele por ela. É só ele conseguir o que quer com Amélia que você se torna uma carta fora do baralho. —saiu.

 

No restaurante Almirante do pantanal estava Fernanda e seu Clemente conversando e encostados no balcão enquanto Tito varria o salão.

—Seria tão fácil se o Anderson não voltasse mais para Corumbá.

—Isso é impossível, Nanda.

—Eu não consigo entender o porquê de ter correspondido aquele beijo. Mais uma vez o Anderson me prejudica, atrapalha a minha vida.

—Você ainda o ama, não é?

Fernanda fica em silêncio por alguns instantes.

—Eu não sei, seu Clemente, eu queria poder responder que não o amo e que quero viver ao lado do Marcos, mas falando isso seria mentira e não quero causar problemas maiores.

—Você não quer magoar o doutor?

—Não, eu disse a ele que eu e Anderson nos beijamos.

—E qual foi a reação dele?

—Decepcionado. Me disse que o melhor seria nós darmos um tempo.

—Concordo com ele. Aproveite esse tempo para pensar e ver quem realmente você quer ficar.

 

 

Anoiteceu no pantanal e na fazenda Dois Rios acabava de chegar Darlan e Anderson que são recebidos por Rafael e Luana na sala.

—Rafael e Luana venho informar a vocês que vou dar a minha parte dessas terras para o Darlan.

—O quê? —falou Luana surpresa.

—Sim, essa foi a única condição que Verônica impôs para me dar o divórcio sem que vá para o litigioso eu tenho pressa para me divorciar e finalmente ficar livre.

—Se esse é sua decisão, irmão, tudo bem a escolha é sua. Amanhã falaremos com o advogado da fazenda para acertar todos os tramites da divisão destas terras.

—Como assim temos que esperar amanhã? Eu quero hoje. —disse Darlan.

—Darlan, essas coisas precisam ser avaliadas com cautela e não é só questão de dividir as terras como também a produção de gado de corte. —falou Anderson.

—Eu vou esperar, fazer o quê.

Anahí entra apressada na sala e ver Darlan.

—Darlan! —correu e o abraçou.

—Estava com saudades? —a beijou.

—Sim, muita.

Rafael e Luana olham para o casal com reprovação.

—Isso é novidade pra mim, não sabiam que estavam juntos. —disse Anderson.

—Não só juntos, somos namorados. —falou Darlan de mãos dadas com a índia.

Anahí sorriu para Darlan após ter oficialmente a considerar como sua namorada.

—Boa noite, tio Anderson.

—Boa noite, Anahí.

—Anahí vem comigo. —saíram de mãos dadas.

—Pela cara de vocês não gostam nenhum pouco desse namoro.

—Não gostei e tenho razão. O seu filho Darlan não é uma boa pessoa. —disse Rafael.

—Relaxa, Rafael. É apenas um namorico e logo acaba. —senta-se no sofá. —Darlan não vai se acostumar a viver no pantanal por muito tempo.

—O que ele vai fazer com as suas terras? Ele não entende de fazenda. —perguntou Luana.

—Ele quer construir um hotel fazenda. —olha para o relógio no punho. —Tá um pouco tarde para ir na casa da minha ribeirinha, eu estou ansioso para contar que estou prestes a me divorciar e estarei livre para ficar com ela.

—Como foi com a Verônica? —perguntou Rafael.

—Um espetáculo de baixarias, gritarias e acusações e claro ela se fazendo de vítima e o Darlan se aproveitando disso para ficar com as minhas terras.

—E ele conseguiu. —falou Luana.

—Essas terras é só um capricho do Darlan, quando ele descobrir como é a realidade da vida no pantanal vai cair em si, vai abandonar tudo e voltar pra capital. Ele não vai se adaptar a viver nesse mato longe da vida badalada da cidade grande, conheço meu filho.

—Eu espero que esteja certo, Anderson, porque nossos pais jamais aceitariam construir um hotel fazenda na Dois Rios, a tradição dessa fazenda sempre foi o gado de corte.

—Rafael, Rafael, os tempos mudaram, nossos pais viveram em uma outra época e temos que seguir a modernidade. A ideia do guri é boa, pode ser que der certo ou não, vamos ver no que vai dá.

—Parou pra pensar no que o Inácio vai achar disso? Porque ele tem direito na sua parte dessas terras. —perguntou Rafael.

—O guri do mato tem que entender…

—Ele sempre tem que entender e aceitar, não é cunhado?

Anderson fica em silêncio após o questionamento de Luana e Rafael, afinal ele queria ignorar e acreditar que essa situação não causaria mal-estar entre ele e o filho primogênito, mas sim causaria porque além do fato de não o ter registrado, estaria dando as suas terras ao filho legítimo demonstrado mais uma vez com esse ato a sua preferência.

 

Enquanto isso na capital, estavam Marcela e Tomás na suíte máster, ela sentada na cama e ele em pé a sua frente.

—Tomás, eu juro que não consigo entender como a nossa filha passou esses anos todos escondendo que o Anderson tem um filho com outra mulher no pantanal.

—Verônica passou todos os limites. —sentou-se ao lado da esposa. —Lamento por estar sofrendo, mas ela procurou.

—Chega ser um crime dois irmãos crescem separados. O Darlan descobri um irmão já adulto e da forma que foi.

—Será que esse outro filho do Anderson sabia da existência do Darlan?

—Pode ser que sim ou não. Eu imagino que também deve ter sido um choque para esse rapaz. Acredita  no que o Anderson falou que aquela mulher não é amante dele?

—Não, ele deve ter mantido aquela ribeirinha esse tempo todo. É como alguns homens que tem outras famílias e as vezes uma não sabe a existência da outra.

—Que horror.

—Concordo.

—Essa atitude só traz sofrimento.

 —Marcela, querida. Se prepare porque nosso neto Darlan ainda vai aprontar muito.

—Tomás, o que sabe?

—O que posso dizer é que estamos perto de descobrir quem de verdade é o nosso neto Darlan.

 

 

De manhã na fazenda Dois Rios estavam no escritório: Rafael, sentado à mesa, Anderson e Darlan sentados à sua frente.

—Vamos logo com isso, tio, estou ansioso para ficar com essas terras.

—O advogado da fazenda está chegando. —disse Rafael.

—Quem é o advogado? É o doutor Sant’Anna?

—Não, aguarde e veja com os próprios olhos, irmão.

Anderson estranha o mistério que irmão lhe falou sobre o advogado. Logo, entra Inácio no escritório.

—O que este bastardo está fazendo aqui? Esse assunto não o interessa. —falou Darlan.

—Darlan, por favor… —disse Anderson.

—A presença do Inácio é de extrema importância. —levantou-se Rafael.

—Por quê? Ah, já sei, ele vai nós servi o café ou vai ficar aqui caso precisarmos dele para dá um recado? —gargalhou Darlan com ironia.

Inácio parou ao lado de Rafael.

—Eu não teria vergonha de servi um café ou ser um garoto de recados, porém, sinto informar Darlan que não é para isso que estou aqui.

—E pra que é então, bastardo? —riu.

—Eu sou o advogado da fazenda.

Anderson fica perplexo com aquela revelação que seu filho Inácio que tanto ele renegou se tornou um advogado.

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  • Esse Darlan é um lixo de pessoa. Anahi nao consegue ver uma coisa dessas. Anderson tambem não fica para trás. Espero que Fernanda abra os olhos e fique com o Doutor Marcos que realmente a valoriza e nunca trocou ela por interesse.

  • Esse Darlan é um lixo de pessoa. Anahi nao consegue ver uma coisa dessas. Anderson tambem não fica para trás. Espero que Fernanda abra os olhos e fique com o Doutor Marcos que realmente a valoriza e nunca trocou ela por interesse.

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