“Mil Anos”

 

[CENA 01 – PRACINHA/ DIA]
(Tiago de imediato não acredita no que Rute acaba de dizer. Porém, vendo a expressão séria da garota, começa a acreditar)
TIAGO – Diz que isso é alguma brincadeira?
RUTE – Também queria que fosse.
TIAGO – Como isso aconteceu?
RUTE – Você quer que eu te explique agora como são feito os bebes, Tiago?
TIAGO – Você não está pensando em ter essa criança, está?
RUTE – Eu não sei o que fazer, por isso te chamei aqui para decidirmos juntos.
TIAGO – Juntos não. Esse problema é seu.
RUTE – Como assim? Você é o pai!
TIAGO – Quem garante que essa criança é minha?
RUTE – Ah, Tiago, não venha se fazer de bobo comigo, pois você sabe muito bem que você foi o meu primeiro.
TIAGO – E quem garante que você não teve outros depois de mim? Você não tem como provar que essa criança é minha.
RUTE – Um simples teste de DNA resolveria isso.
TIAGO – Mas até lá, você não tem como provar!
RUTE – Não acredito que você vai me deixar sozinha com esse problema.
TIAGO – A culpa é sua por não ter se cuidado direito. Hoje com tantos meios de prevenção, deixou isso acontecer.
RUTE – E você também não tem culpa né? Podia muito bem ter lembrando de usar camisinha.
TIAGO – Não gosto de transar com aquilo, incomoda muito.
RUTE – Se aquilo incomoda, imagina então você descobrir que tem outro ser crescendo dentro de você e não poder contar para os seus pais, por ter medo de como eles irão reagir.
TIAGO – Se você tem medo do que seus pais farão após descobrir isso, eu tenho certeza do que os meus farão. Serei desertado, com certeza terei que procurar uma escola publica se quiser concluir o Ensino Médio, adeus faculdade…
RUTE – E eu achando que não existia pessoa mais egocêntrica do que a Alice!
TIAGO – Eu quero ter um futuro. E ser pai nessa idade não faz parte dele.
RUTE – E você acha que também é isso o que eu quero para mim?
TIAGO – Então se você aceita um conselho, interrompa essa gestação! Assim, todos sairão ganhando e a vida de ninguém terá que mudar por causa de algo que não foi planejado. (Tiago vai embora e Rita fica sentada no banco, com as mãos em sua barriga)

[CENA 02 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
PEDRO – Melhor irmos.
ANA – Também acho. Tenho uma atividade para fazer daqui a pouco.
IVO – (se aproximando à mesa) Então, irão querer mais alguma coisa?
ANA – Acho que não Ivo. Estamos indo.
IVO – Já? Pena. E o garoto aqui, não vai querer cantar nenhuma música hoje não? Meus clientes elogiaram muito sua apresentação de ontem com aquela garota. Alias, sempre que você e ela quiserem cantar por aqui, fiquem à vontade.
PEDRO – Eu não conheço aquela garota. E, como já disse para Ana, aquilo não irá se repetir.
IVO – Pena, então acho que não vou falar sobre a proposta que estava querendo dar a vocês.
ANA – (curiosa) Que proposta?
IVO – Que vocês poderiam comer de graça aqui sempre que quiserem, em troca, o rapaz aqui cantaria algumas músicas para animar um pouco meus clientes.
ANA – (animada) Olha aí, Pedro? Comer de graça…
PEDRO – Não, não gente. A proposta é boa, mas melhor não.
IVO – Vamos fazer assim, que tal você pensar um pouco, e depois me dar uma resposta.
PEDRO – Acho que…
ANA – (interrompendo-o) Ele vai pensar sim.
IVO – Que bom. Bem, considerem este almoço pago já!
PEDRO – O que? Não, a gente vai pagar…
IVO – Digamos que já foi pago com a apresentação de ontem.
PEDRO – Mesmo assim, acho melhor pagarmos, né Ana?
ANA – Bem, Pedro, se o Ivo disse que já está pago, resta apenas aceitar, pra não fazer essa desfeita.
IVO – Que ótimo. Pense com calma, creio que teremos ótimos negócios daqui pra frente. (sorrir para Pedro, e volta para à cozinha)
ANA – Você nem é louco de não aceitar a proposta do Ivo. Comer de graça sempre, imaginou que máximo séria isso?!
PEDRO – Eu não vou aceitar, Ana. Não vai criando expectativas.
ANA – É o que iremos ver.
[COZINHA]
(Ivo e o espírito de Fábio, observam Ana e Pedro saindo da lanchonete)
FÁBIO – Então, será que ele irá aceitar?
IVO – Vai sim. Se vocês tem tanta certeza que é ele o garoto, ele irá aceitar sim.

Anoitecendo…

[CENA 03 – CASA DA ALICE/ Q. DA ALICE/ NOITE]
(Alice está conversando com suas amigas, exceto Rute, via webcam)
ÉSTER – Sério, estou entendo nada desta atividade. Deveria existir alguma lei que proibisse professores de passar atividades logo na primeira semana de aula.
ALICE – Vocês estão se preocupando mesmo com isso?
ÉSTER – Você não?
ALICE – Não. Minha única preocupação é com o programa.
THALITA – Se você quiser posso te ajudar, estou terminando a minha…
ALICE – Meninas, não se preocupem, o meu trabalho está sendo feito por outra pessoa.
ÉSTER – Você quer dizer que vai usar o trabalho da…
ALICE – A Manuela está fazendo o trabalho pra mim.
THALITA – Você me empresta ele depois, é que não estou confiante muito no meu.
ALICE – Claro. Manoela é uma boa garota, ela fará para todas. Você vai querer também né, Éster?
ÉSTER – Não, obrigada. Mesmo não entendo, tenho segurança total que está bom.
ALICE – Então tá. Espera, está faltando alguém nessa conversa? Cadê a Rute?
THALITA – Eu conversei com ela e ela disse que não estava se sentido bem e iria deitar cedo.
ÉSTER – É, realmente, hoje na escola ela estava muito estranha.
ALICE – Amanha tentarei descobrir o que está acontecendo com ela. (Felipe bate na porta)
FELIPE – Filha, acordada ainda?
ALICE – Sim, pai. Estou conversando com minhas amigas.
FELIPE – (caminha até Alice) Oi meninas.
MENINAS – Oi, Felipe.
FELIPE – Vocês estão fazendo algum trabalho da escola?
ALICE – Na verdade, estamos só jogando conversa fora, né meninas?
ÉSTER – É, isso sim.
FELIPE – Então, volto outra hora. Não quero atrapalhar vocês.
ÉSTER – Na verdade já iriamos desligar, não é Thalita?
THALITA – Isso, eu ainda tenho um trabalho para concluir, então, não ia ficar muito tempo aqui.
ALICE – Não acredito que vocês estão pensando em sair, sem eu encerrar por completo a nossa conversa?
FELIPE – Mas se as suas amigas estão cansadas, melhor deixarem elas irem!
ÉSTER – Amanha a gente conversa Alice, tchau. (desliga sua web cam)
THALITA – Tchau amiga. Boa noite! (desliga)
ALICE – Não acredito que elas fizeram isso? Estávamos tendo uma conversa importante antes do senhor entrar e manda-las embora.
FELIPE – Eu não mandei ninguém embora, pelo contrario, ela se foram, por que tinham algo para fazer. Você não pode obrigar ninguém a ficar ao seu lado, tem que entender que todos tem vidas e cada uma precisa cuidar com a sua.
ALICE – Desculpa pai, mas se o senhor entrou aqui para me dar um sermão, pode ir que não estou com vontade. Tenho um trabalho para terminar ainda. (desliga o computador, pega sua mochila que estava em cima de uma poltrona e vai para cama)
FELIPE – Não, eu não vim dar nenhum sermão. Pelo contrário, vim conversar com você sobre o programa. Já escolheu uma música?
ALICE – Ainda não. Estou pesquisando.
FELIPE – Precisar de ajuda, conheço um repertório nacional ótimo.
ALICE – Não irei cantar as musiquinhas daqui. Irei cantar grandes músicas, de grandes cantoras, e não as pobres daqui.
FELIPE – Você não pode distinguir as músicas assim, Alice.
ALICE – Tudo na vida é dividido pai, todos tem seu lugar. O rico e o pobre, as pessoas com talento e as sem talento, por que na musica seria diferente?
FELIPE – É a Verônica que está te fazendo pensar assim, né? Sabia que a aproximação dela com você, te tornaria uma pessoa igual a ela.
ALICE – Minha avó não tem nada com isso. Simplesmente, as músicas internacionais são melhores que as desse país. Simples assim. É um pensamento meu, com interferência de ninguém.
FELIPE – Você distinguem as pessoas, assim como distingue a música?
ALICE – Se eu responder o senhor promete sair e me deixar terminar meu trabalho?
FELIPE – Não precisa, já sei que se eu não tomar uma atitude, vou acabar perdendo você para a sua avó. (Felipe sai do quarto furioso. Alice, que estava fingido procurar algo no caderno, o joga de lado quando seu pai sai e começa a mexer em seu tablete)

[CENA 04 – CASA DO PEDRO/ Q. DE PEDRO/ NOITE]
(Pedro está deitado na cama, conversando com Carol)
PEDRO – Então, como foi o primeiro dia de aula sem mim?
CAROL – Foi bom. Consegui me divertir sem você.
PEDRO – Por que estou achando que isto é mentira?!
CAROL – Se acredita ou não, problema seu. (ambos sorriem) E o seu? Como foi o primeiro dia na escola nova?
PEDRO – Foi mais ou menos.
CAROL – Fez novos amigos?
PEDRO – Na escola ainda não. Porém, fiquei amigo de um cara dono de uma lanchonete, que me fez uma proposta de comer lá de graça sempre que quiser, em troca cantaria algumas músicas de vez enquanto para animar o ambiente.
CAROL – Olha, e você aceitou, né?
PEDRO – Não. Mas ele me deu um tempo para pensar.
CAROL – Você não é nem doido em não aceitar essa proposta. Se você recusar, vou até aí e lhe bato.
PEDRO – Olha, se isso fizer com que eu te veja novamente, até que vai vale a pena.
CAROL – Qual é?! Falando sério agora, você devia aceitar. Você canta muito bem. Não conheço ninguém que cante melhor do que você. Além do mais, não se pode recusar comida grátis.
PEDRO – Não sei. Vou pensar.
CAROL – Está bem. Mas se eu tivesse esse seu talento, não pensaria duas vezes, já aceitaria. Mas vem cá… como ele sabe que você canta?
PEDRO – É que ontem, cantei uma música com uma outra garota lá.
CAROL – Sua amiga?
PEDRO – Não, não. Apesar dela ter me dado o seu número, e ter me convidado para uma festa que ela iria fazer ontem, não nos falamos mais depois daquilo.
CAROL – Ela é bonita?
PEDRO – Para quem diz não sentir nada por mim, até que você anda bem curiosa com as garotas que eu conheço?
CAROL – Ele é bonita ou não é?
PEDRO – Nem reparei. Pois a única garota bonita que eu acho, está falando comigo agora. (Carol fica envergonhada)
CAROL – Bem, está tarde já. Preciso acordar cedo amanhã.
PEDRO – Eu também.
CAROL – Então, boa noite, Pedro.
PEDRO – Durma bem. Boa noite! (ambos sorriem, desligam, se deitam e ficam olhando para o teto com cara de bobo)

Amanhecendo…

[CENA 05 – CENTRO EDUCACIONAL GUSTAVO AUGUSTO/ BANHEIRO FEMININO/ DIA]
(Alice está no banheiro, quando Éster e Thalita entram trazendo Manuela)
MANUELA – (com medo) Por que vocês me trouxeram até aqui? Eu não fiz nada, por favor, me deixem ir, a aula já vai começar…
ALICE – Calma índia da tribo que ninguém quer saber. Não vamos fazer nada com você, se você for boa com minhas amigas e eu.
MANUELA – O que vocês querem?
ALICE – Eu não tive tempo de fazer o trabalho que a professora pediu, mas creio que você deve ter feito para mim.
MANUELA – Não, eu fiz apenas o meu e levou horas para concluir. Não vai dar tempo para fazer um novo.
ALICE – E quem disse que você vai fazer outro?
MANUELA – Você quer que eu dê o meu trabalho para vocês?!
THALITA – Parece que a índia é esperta meninas.
ALICE – Exatamente.
MANUELA – Não, nem pensar. Demorei muito tempo para fazer ele…
ÉSTER – Para de mentir, você é nerd da sala. Deve demorar nada para fazer outro.
MANUELA – Eu não posso entregar meu trabalho, vou ficar com zero nessa nota.
ALICE – Nós não estamos pedindo que você nos dê seu trabalho, nós estamos exigindo. Então, passe ela pra cá!
MANUELA – Não, não vou passar.
ALICE – Acho que essas férias te fizeram esquecer quem sou eu, né. Meninas! (Thalita e Éster seguram os braços da Manuela, enquanto Alice pega o caderno dentro da mochila dela. Manuela tenta resistir)
MANUELA – Por favor, parem. Não façam isso comigo. Não mexe na mochila… (Thalita e Éster seguram mais forte ela) … Não, por favor, me deixem em paz… (começa chorar)
ALICE – É melhor você cooperar, assim ninguém sairá machucada. (tira o caderno dela)
MANUELA – (chorando) Me devolve meu caderno…
ALICE – Agora deixa procurar aqui, onde é que está o trabalho… achei. Olha, duas folhas Thalita, perfeito para dividirmos. (rasga as duas folhas do caderno dela) Viu como sempre eu consigo as coisas. (faz sinal para que as meninas as soltem) Se você tivesse cooperado, pouparíamos bons minutos dentro desse banheiro. (virando para o espelho do banheiro, ainda com o caderno na mão) Essa conversa nem deu tempo de me arrumar.
MANUELA – Devolve meu caderno.
ALICE – Claro que vou devolver seu caderno. (caminha até um dos vasos sanitários do banheiro) É só vim pegar… (joga dentro do vaso. Manuela corre tentando impedi-la, mas é tarde, o caderno cai dentro do vaso) Vamos meninas, não precisamos presenciar isso. (Alice e suas amigas saem. Manuela fica de joelho ao lado do vaso chorando)

[CENA 06 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS / SALA DE AULA/ DIA]
(Andréa e Ramon continuam ignorando Pedro. É o intervalo, então Pedro tenta fazer novos amigos. Ele também estuda na mesma sala que Dácio. Dácio está no fundo da sala, consertando algo, Pedro o observa, e o reconhecendo, decide ir até ele)

PEDRO – Beleza, cara? Lembra de mim?
DÁCIO – Foi o cara que eu esbarrei ontem. Já pedi desculpa, mano. Você veio me bater?
PEDRO – Não, claro que não. Só vim conversar. Vi aí você consertando algo. O que é? Isso é seu celular? (Dácio fica surpreso ao ver alguém conversando com ele, porém não responde Pedro) Ele quebrou? (continua sem responder) Me chamo Pedro, sou aluno novo… (Ramon e Andréa observam os dois) Eu não entendo muito de tecnologia, mas se quiser, posso te ajudar…
ANDRÉA – Não perca seu tempo com esse aí. Se você pretende fazer novos amigos, ele não é uma boa opção.
DÁCIO – Sua amiga tem razão, você não vai querer ser meu amigo.
PEDRO – (responde alto para que Andréa escutasse) Primeiro, ela não é minha amiga. Segundo, eu escolho os meus amigos. (pega uma cadeira e coloca ao lado da mesa dele, Dácio fica surpreso com essa atitude) Agora, se você precisar de ajuda…
DÁCIO – Bem, preciso saber o motivo deste aparelho está sempre desligando.
PEDRO – Alguma coisa está solta talvez?
DÁCIO – Pior que eu já o abri e não encontrei nada solto. (Pedro e Dácio consertam o que parece ser um celular, ignorando os comentários e olhares dos outros alunos, que tudo indicavam, também não gostam de Dácio)

[CENA 07 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Rita está sobre o balcão, nada feliz)
IVO – Se você continuar com está cara, irá espantar todos os nossos clientes.
RITA – Desculpa, irmão. Estou chateada ainda, pelo o que houve.
IVO – Relaxa. Até você encontrar um novo emprego, poderá ficar comigo.
RITA – Eu sei. Mesmo assim, eu vou atrás do Felipe, vou tentar recuperar meu emprego. Ele sabe que eu sou uma ótima secretária.
IVO – Na boa, acho que você não devia procurar esse cara não. Vai por mim. Melhor enviar seu currículo, para outras empresas. Agora, para de pensar nisso, e fecha a conta da mesa 12, por favor. (caminha para a cozinha)
RITA – Desculpa irmão, mas vou ter meu emprego de volta.

[CENA 08 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ SAÍDA/ DIA]
(a aula acabou e Pedro está saindo da escola com seu novo amigo)
PEDRO – Então você é tipo um hacker?
DÁCIO – Mais ou menos. Só que eu não sou um cara que tem muitos amigos, passo maior parte do tempo mexendo com tecnologia, internet…
PEDRO – É por isso que o pessoal da sala não conversa com você?
DÁCIO – É, mas eu não ligo pra isso. Tendo meus equipamentos, o resto tanto faz.
PEDRO – Então, você ganhou um amigo.
DÁCIO – Você?
PEDRO – Se você quiser um amigo, aqui estou!
DÁCIO – (Dácio fica contente, mas logo se preocupa) Você não vai querer ser meu amigo. Se você começar a andar comigo, vai ser chamado de estranho pelo os outros.
PEDRO – E daí com o que os outros pensam? Não foi você mesmo que disse que o resto tanto faz, então? (Ana aparece)
ANA – Oi, vamos?
PEDRO – Vamos, mas antes quero te apresentar o meu novo amigo, Dácio.
ANA – Não é o rapaz que esbarrou em você ontem.
PEDRO – Isso mesmo.
ANA – Prazer, Ana.
PEDRO – Dácio, essa é minha amiga, Ana. E sua também, se você quiser.
DÁCIO – Claro.
PEDRO – Então tá, vamos indo agora. Até amanha cara.
DÁCIO – Até! (Pedro e Ana saem, e Dácio os observa contente. Não longe deles, Andréa e Ramon os observa)
RAMON – Parece que o seu novo amigo, faz parte da turma dos estranhos.
ANDRÉA – Pois é, pena, realmente eu achei que ele poderia fazer parte do nosso grupo.

[CENA 09 – EMPRESA DO FELIPE/ SALA DA PRESIDENCIA/ DIA]
(Felipe está em sua sala tendo uma conversa séria com o seu advogado)
FELIPE – Ela gastou 35 mil reais, em uma social de volta as aulas?
ADVOGADO – Isso, sem contar nas roupas que ela gastou usando o cartão de crédito. (entrega mais papeis para ele)
FELIPE – Onde será que eu estava que não percebi que minha filha estava se tornando uma garota mimada, fútil?!
ADVOGADO – Eu pensei em contar para você, mas como você deu carta branca para ela, cumpri todos os mandatos.
FELIPE – Outra burrice minha, ter dado essa ordem. É só isso?
ADVOGADO – Desse mês sim.
FELIPE – Quer dizer que tem mais?
ADVOGADO – Dos últimos seis meses, o gasto feito por ela, foi muito maior que esses daí.
FELIPE – Eu quero tudo, você pode me trazer todos os gastos, de tudo que minha filha fez. Quero saber com o que ela vem gastando esse dinheiro.
ADVOGADO – Está bem, vou providenciar.
FELIPE – Obrigado. (o advogado sai e Felipe continua olhando as planilhas de gasto da filha)

[CENA 10 – CASA DO PEDRO/ COZINHA – SALA/ DIA]
(Carla está terminando o almoço, quando a campainha toca)
CARLA – Quem será? (desliga o fogão e caminha até a porta) Já vai. Miguel?
MIGUEL – Oi.
CARLA – O que faz aqui?
MIGUEL – Vim conversar. Acho que não começamos bem naquele dia.

[CENA 11 – CASA DA LETÍCIA/ Q. DA LETÍCIA – SALA/ DIA]
(Letícia está em seu quarto, tocando algumas notas em seu piano. Cássia entra no quarto nesse momento)
CÁSSIA – Então, já aprendeu à música?
LETÍCIA – Já sim, irmã. Quando quiser ensaiar, só falar.
CÁSSIA – Ótimo. E não fica triste, querida. A música que você cantou ontem é boa, só que a minha é melhor.
LETÍCIA – Não fiquei triste. Realmente a sua é ótima. (Regina bate na porta)
REGINA – Licença, espero não está atrapalhando o ensaio.
LETÍCIA – Não está, ainda não começamos.
CÁSSIA – O que a senhora quer, mamãe?
REGINA – É que o rapaz da pizza está lá embaixo.
CÁSSIA – O Eduardo já chegou! Sempre rápido. (caminha animada para fora do quarto) Já volto para o ensaio, Letícia.
REGINA – (segue Cássia até fora do quarto, e acaba deixando a porta aberta) Nunca entendi sua mania de pedir pizza, e no fim nem come. (Letícia fica no quarto, tocando algumas notas no piano)
[SALA]
(Cássia vem descendo as escadas às pressas, caminha até a porta, se contém um pouco e à abre)
CÁSSIA – Será que nunca irei receber uma pizza sem pegar?!
EDUARDO – Se o entregador for eu, acho meio difícil. (entrega a pizza para Cássia, assim como a maquininha de cartão)
CÁSSIA – Ainda tenho esperanças. (sorrir para ele. Após o pagamento ser confirmando, Eduardo fecha sua mochila, e parece um pouco apertado) Está tudo bem?
EDUARDO – É… não querendo atrapalhar, mas será que eu poderia usar o banheiro? Tô meio apertado aqui.
CÁSSIA – Claro. É só subir as escadas, final do corredor, última porta à esquerda.
EDUARDO – Será que você poderia ficar de olho pra mim. Se roubarem alguma coisa, certamente será descontado do meu salário.
CÁSSIA – Claro, olho sim. (Eduardo deixa sua mochila na porta mesmo, entra e caminha em direção as escadas)
EDUARDO – Última porta, certo?
CÁSSIO – (sorrindo) Isso. (Eduardo sobe as escadas apressado, chega ao corredor, caminha até o banheiro, mas antes que entrasse, ouve uma melodia bonita)
EDUARDO – Que música é essa? (se afasta do banheiro, e caminha em direção ao quarto de Letícia. Chegando nele, como a porta estava aberta, encontra Letícia em frente ao piano, tocando a música A Thousand Years, de Christina Perri)

[CENA DE MÚSICA (A THOUSAND YEARS – CHRISTINA PERRI)]

[LETÍCIA]
Heart beats fast 1
Colors and promises
How to be brave
How can I love
When I’m afraid to fall
But watching you stand alone 2
All of my doubt suddenly goes away somehow

One step closer 3

I have died every day waiting for you 4
Darling don’t be afraid
I have loved you for a thousand years
I’ll love you for a thousand more

[EDUARDO]
Time stands still 5
Beauty in all she is
I will be brave
I will not let anything take away
What’s standing in front of me
Every breath
Every hour has come to this

[LETÍCIA E EDUARDO]
One step closer 6

I have died every day waiting for you
Darling don’t be afraid
I have loved you for a thousand years
I’ll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I’ll love you for a thousand more

[EDUARDO]
One step closer 7

[LETÍCIA]
One step closer

I have died every day waiting for you 8
Darling don’t be afraid I have loved you

[LETÍCIA E EDUARDO]
For a thousand years 9
I’ll love you for a thousand more

And all along I believed I would find you
Time has brought your heart to me
I have loved you for a thousand years
I’ll love you for a thousand more

1. Letícia está tocando piano, fecha os olhos, e pensa em seu pai.
2. Eduardo entra no quarto, como Letícia está de olhos fechados não o vê. Nathaniel aparece ao lado dele.
3. Letícia abre os olhos, e após cantar o ultimo verso, ver Eduardo e para de cantar.

EDUARDO – Desculpe, à porta estava aberta. Por favor, não quero atrapalhar. Continue cantando!

4. Letícia volta à cantar. Eduardo caminha em direção ao piano, senta ao lado dela, e à observa tocar.
5. Letícia para de tocar. Eduardo coloca as mãos sobre as teclas do piano, começa a tocar e continua à música.
6. Nathaniel os observa cantando. Os dois se entre olham, durante alguns trechos da música.
7. Aos mãos de Eduardo tocam nas de Letícias, os dois estão próximos, um olhando para o outro.
8. Letícia volta à olhar para as teclas do piano. Nathaniel caminha até a cama, continua os observando.
9. Eduardo e Letícia terminam à música sem voltarem a se olhar novamente.
(Após o fim da música, Cássia por achar estranho a demora de Eduardo, decide ir atrás dele. Ao ouvir a música que estava saindo do quarto de Letícia, decide entrar e se surpreende com os dois juntos cantando)

CÁSSIA – Pelo visto, você errou a porta do banheiro, né Eduardo?!

Continua no Capítulo 07…

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