Na vila, Sara e Antunes saem a caminhar, afim de descobrirem algo do passado que possa ajudar Sara a encontrar sua mãe. Eis que se encontram com Tio joão, és escravo de Fagundes.

ANTUNES: Veja! Aquele é o Tio João! És escravo de meu pai. E era o reprodutor da senzala. O último, pois a abolição o tirou desta condição.

SARA: Que bom! Vamos falar com ele!

 

Enquanto isso, Coronel Fagundes chega em sua casa muito nervoso.

HELENA: Por que pareces nervoso, meu marido?

FAGUNDES: Estou vendo que teremos problemas com a vinda definitiva de Antunes pra cá.

HELENA: O que houve que o deixou assim tão irritado?

FAGUNDES: Nosso filho sai daqui da fazenda para ir até a vila para ficar proseando com uma és escrava! É um absurdo!

HELENO: Meu marido sabe bem que estamos vivendo em outros tempos. A escravidão acabou a mais de uma década. E esse preconceito com os libertos já está ultrapassado. Não deveria existir mais. E somos todos iguais.

FAGUNDES: Só te digo uma coisa Helena não quero saber de Antunes envolvido com aquela moça.

HELENA: Você precisa entender que a mentalidade, a visão de nosso filho é outra. Ele tem suas convicções.

FAGUNDES: Ele pode ter suas convicções, mas desde que as mesmas não me afronte.

Fagundes sai da sala.

HELENA: Que meu filho seja um homem sábio e tolerante.

 

Na vila, acontece o reencontro de Antunes e Tio João.

ANTUNES: Tio João!!! Se lembra de mim?

TIO JOÃO: É o menino Antunes?

ANTUNES: Sim Tio João, sou eu mesmo… Quanto tempo!

TIO JOÃO: Posso  te dar um abraço?

Os dois se abraçam, bem no meio da vila, às vistas de todos.

 

Do boteco, Tunico, vê o sobrinho abraçando o velho, és escravo e fala consigo mesmo…

TUNICO: Quanta diferença do pai. Antunes é um menino do bem. Tem um coração puro e humilde. E sinto que a aproximação com essa moça e com os és escravos, não vai deixar o coronel satisfeito.

 

Ainda no meio da vila…

SARA: Que lindo!… Como é bom, nós que fomos escravos ter um sentimento bom por aqueles que não os foram. Isso porque sempre foram de coração bom.

ANTUNES: Sara, este é o Tio João, de quem te falei!

SARA: Tudo bem com senhor, Tio João?

TIO JOÃO: Tudo bem sim… Mas quem é a moça?

ANTUNES: Esta é Sara, veio de Belo Horizonte na tentativa de reencontrar sua mãe. Penso que o senhor poderá nos ajudar muito nesta empreitada.

SARA: Sim, Tio João, a ajuda do senhor será de suma importância para mim.

TIO JOÃO: Ficarei feliz por demais se eu puder ajudar em alguma coisa à moça. A minha memória não está muito boa não. Ando esquecido das coisas.

ANTUNES: Então vamos até à pensão e nos sentaremos num cantinho para conversarmos sossegados.

TIO JOÃO: Vamos sim.

Então, Antunes e Sara retornaram para a pensão com o Tio João, onde o mesmo conhecerá a história da jovem. Podendo assim lembrar de algo.

 

Novamente o Tunico, visualiza Antunes e Sara juntos retornando para a pensão na companhia de Tio João, e…

TUNICO: Esse entrosamento dos dois com esse velho pode trazer muitas descobertas referentes ao passado nas senzalas, principalmente na do Coronel Fagundes.

 

Enquanto Antunes, Sara e Tio João, estão sentados numa mesa no salão da pensão, eis que chega um jovem senhor, afim de  reservar um quarto. Os três então ouvem a apresentação do referido senhor a Romero.

RAUL: Boa tarde. Estou querendo reservar um quarto da pensão para mim. É possível?

ROMERO: Boa tarde… É possível sim. Mas, quem é o senhor?

RAUL: Me desculpa, esqueci de me apresentar. Meu nome é Raul. Raul Rodrigues. Acabo de chegar de Portugal.

(Antunes e Sara se atentam à conversa de Raul com Romero)

ROMERO: De Portugal? Mas, o que o traz aqui nestas terras tão distantes?

RAUL: Vim a procura de meu irmão. Que a cerca de 30 anos veio para o Brasil com sua esposa, recém casados, onde comprou uma grande fazenda. E nunca mais tivemos notícias dos mesmos. E que pelas investigações que fiz, a fazenda fica nesta região. Mas se o senhor não se importar, gostaria de descansar um pouco. A viagem foi longa. Depois conversaremos sobre meu irmão.

ROMERO: Tudo bem. Vou conduzir o senhor até ao quarto.

 

Antunes faz um breve comentário com Sara:

ANTUNES: Vejo que não é só você que está a procura de um familiar.

SARA: Verdade. O passado escravocrata tem muitos mistérios.

ANTUNES: Sara, agora que estamos com Tio João. Conte sua história para ele.

SARA: Vamos lá… Tio João, tenho 22 anos, sou nascida nesta região, mas não sei especificar a fazenda, a localidade. Fui separada de minha mãe, escrava, no dia em que nasci. O senhor de minha mãe, a comprou grávida de mim e no mesmo dia desta compra eu nasci e minha mãe foi vendida a outro senhor assim que acabara de me dar a luz, em troca de 5 negros fortes. A minha mãe iria amamentar o filho desse senhor. Foi obrigada a me deixar. Junto com ela foram vendidos mais dois escravos, um era o irmão dela, não sei o nome e o outro era um escravo já maduro, forte, que fora vendido com a finalidade de reprodutor. Também não sei o nome. E vieram para esta região. Minha mãe me entregou para uma escrava que a ajudou no meu parto, Sebastiana, minha segunda mãe.

E assim, em uma longa conversa, Sara conta toda sua história para Tio João.

CONTINUA…

 

No próximo Capítulo

Raul conversa com Romero e Divina afim de descobrir algo sobre seu irmão. Antunes diz a Sara que irá fazer uma pequena viagem até São Paulo e que ao retornar continuará a ajuda-la. José visita Quirina às escondidas na fazenda. Tio João lamenta, mas diz não saber nada da história de Sara, mas diz já ter ouvido o nome da escrava que cuidou de Sara.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo