EPISÓDIO 6
HONRA OU INFÂMIA?
CENA 1. INT. TRIBUNAL. SALA DE REUNIÕES. MEIO-DIA.
A Sra. Martine ouve o ruído e se espanta. Apolo caminha e se depara com Sra. Martine com a vela acesa ateando fogo nos pergaminhos.
APOLO (Confuso): Senhora Martine?
Sra. Martine assustada, arregala os olhos.
CONTINUAÇÃO DIRETA DO EPISÓDIO ANTERIOR:
APOLO: Não vais dizer nada?
SRA. MARTINE: Apolo, assustaste-me.
Sra. Martine se levanta e caminha até Apolo.
SRA. MARTINE (Sussurrando): Jurei que era Procópio. Estou despistando-o do ocorrido de Petrus.
APOLO: Estupidez, senhora. Não deu tempo, sabes disso. (TEMPO/Ele olha para os papéis em chamas) Deixe-me ver.
Apolo tenta se aproximar. Sra. Martine se posiciona à frente. Apolo a olha, desconfiado.
SRA. MARTINE: Não é nada, querido. Não sei o que vieste fazer aqui mas deverias está ao lado de Agatha nesse momento.
FLASHBACK – Apolo lembra do diálogo com Urias.
Apolo se aproxima abruptamente dos pergaminhos e os pega. Sra. Martine desesperada corre e pega uma espada. Apolo a afasta e assopra os papéis, apagando o fogo. Sra. Martine aponta a espada para Apolo, deixando-o desesperado.
APOLO: Não farás isso comigo, fará?
SRA. MARTINE: Solte esses pergaminhos, meu filho. Deixe eu terminar o que comecei em paz.
APOLO (Decepcionado): Realmente, tens coragem de matar-me? Esse era o vosso plano? Matar-me?
Sra. Martine chora e se joga ao chão. Apolo agacha e acaricia o rosto dela.
APOLO: Seja o que for que estiver nesse pergaminho, saiba que jamais prejudicaria-a.
Sra. Martine olha para Apolo, emocionada.
SRA. MARTINE (Chorando): Jamais me perdoarás.
Apolo olha para o pergaminho, quieto. Sra. Martine chora desesperadamente.
APOLO: Antes de ler qualquer coisa, desejo que vós diga-me o que há.
SRA. MARTINE: Não é nada, Apolo. Por favor, esqueça isso.
Apolo surpreso, olha para Sra. Martine.
APOLO: Não posso, senhora. Sei que o que escondes de mim é sério. Tem à ver com meus pais, suponho.
SRA. MARTINE: Tem à ver com Procópio, apenas.
APOLO (Revoltado): Chega! Diga-me o que há nesse pergaminho ou o entregarei à Procópio, farei questão de expô-lo em praça.
SRA. MARTINE (Chorando/Nervosa): Tudo bem. Não sabíamos que tinha gente lá. Dimitri disse que ia tirá-los. Quando eu soube. Ah! Quando eu soube, eu juro que sofri por eles. (TEMPO/Ela gagueja, desesperada) Jacinta me vendia flores. Não conspiraria contra ela, jamais.
Apolo em choque, pega a espada e aproxima do pescoço de Sra. Martine.
SRA. MARTINE (Gritando): Apolo?
CLOSE em Apolo possessivo.

ESPARTA

CENA 2. INT. PALÁCIO. SALÃO. MEIO-DIA.
Aquiles entra. O rei o olha, entusiasmado.
REI HERMES: Um verdadeiro nobre, meu rapaz.
AQUILES: Me deixas constrangido, majestade. Um elogio vindo de vós é uma honra.
REI HERMES: És Ateniense, suponho. Esse sotaque, o modo de falar traz à tona vossa origem.
Aquiles respira fundo.
REI HERMES: Não entendo de vossos costumes, tampouco, gosto de vosso povo. Sou sincero quando digo-lhe. Detesto!
AQUILES: Então firmamos aqui um consenso.
REI HERMES: O que tens contra Atenas? É um despautério dizer isso. É vossa pátria.
AQUILES: Ó majestade, peço-lhe cautela mas te digo que se quiseres, sei como entregar Atenas em vossas mãos.
Rei Hermes arregala os olhos, assustado.
REI HERMES: Não tenho tal pretensão.
Aquiles decepcionado, coça a barba. O rei o observa.
REI HERMES: Sente-se. Temos um assunto para tratar.
Elfos puxa a cadeira para Aquiles. O rei os observa.
REI HERMES: O que sabes da pederastia? É professado naquela região?
AQUILES: Não tanto.
REI HERMES: Essa função é somente para sábios, homens com experiência de guerra. Sei que não se encaixa nesses parâmetros.
AQUILES: E por que desejas que eu me enquadre, majestade?
REI HERMES: Desejo que vós seja o tutor do meu filho. Em nome de Eládio, o entrego tal função.
AQUILES: Mas honras-me por demasiado, majestade. Não mereço!
REI HERMES: Sei que não. Estava eu à espera de Eládio, como vieste em nome dele, o abençoo. Á noite terás a honra do simpósio ao lado do futuro rei de Esparta.
AQUILES: Desejo-lhe vida longa.
REI HERMES (Sarcástico): Que a morte lhe ouça.
O rei sorri e levanta a taça. Aquiles preocupado, força um sorriso.
CENA 3. INT. PALÁCIO. LAVABO. MEIO-DIA.
Heros desanimado se banha. Ciro entra. Heros ao vê-lo se anima jogando-lhe água.
CIRO: Não molhes-me. Sabes que detesto água morna.
HEROS: Vem também. A água já esfria.
CIRO: Sério, não estou entusiasmado. Vim, pois, minha mãe disse que um homem, imigrante, provavelmente, chamou-a e indagou-a sobre o vosso pai.
HEROS: É o enviado de Eládio.
CIRO (Entusiasmado): E donde está o velho falastrão?
HEROS: Na tumba.
Ciro se entristece.
CIRO (Cabisbaixo/Triste): Era um bom homem.
HEROS: Sim! O pior é a quebra do paradigma.
CIRO: Do que falas?
HEROS: A pederastia será feito por um moço.
CIRO (Abismado): Um moço?
HEROS: O tal enviado. Meu pai está extravagante, unânime.
CIRO: O rei Orfeu se envergonharia. Era o homem da lei! Vosso pai perdeu o senso desde o ocorrido com o pai de vossa noiva.
HEROS: E estou nesse enlace por vós, apenas. Sabes que não amo ela, jamais a amarei.
CIRO: É o melhor. Serás feliz assim. Construirá uma descendência.
HEROS: Me sinto confuso, Ciro. Temo por minha felicidade. É como se nada ocorresse como o esperado.
CIRO: Já vivi isso.
HEROS: Não sabes como é casar com uma pessoa que não ama, sequer ter a pederastia com um conhecido.
CIRO: E o que desejas que eu faça? Não o posso ajudar.
HEROS: Sinto medo. Em ti, tenho confiança.
CIRO: O que quer dizer?
HEROS: Desejo que vás ao simpósio comigo.
CIRO: Hãm?
Ciro arregala os olhos. Heros apreensivo olha fixamente para ele.

ATENAS

CENA 4. INT. TRIBUNAL. SALA DE REUNIÕES. MEIO-DIA.
Apolo se afasta, chorando. Sra. Martine desesperada se aproxima dele.
APOLO: 
Aparta-te de mim, mulher, não a conheço mais.
SRA. MARTINE (Desesperada): Foi um equívoco. Um erro, eu reconheço, o que queres que eu faça mais?
APOLO: Quero que saia de Atenas. Suma da minha vida.
Sra. Martine num rompante, olha para o pergaminho nas mãos de Apolo às avessas.
SRA. MARTINE (Cínica): Leia mais, Apolo. Leia! Faça-me o favor de traduzir tudo o que está nesse pergaminho.
APOLO: Porque dizes assim? Perdeste o senso?
SRA. MARTINE (Revoltada): Imbecil! Achas mesmo que não sei que és leigo? O pergaminho está às avessas.
Apolo perplexo a olha, assustado.

ESPARTA

CENA 5. INT. PALÁCIO. LAVABO. MEIO-DIA.
CIRO: Que ideologia estapafúrdia, Heros. Jamais me submeteria à tal blasfêmia.
HEROS: Achei que éramos amigos. Um amigo para todos os momentos.
CIRO: Essa situação é íntima demais. Séria! Jamais agiria com lascívia.
HEROS: 
E por amor? Farias?
CIRO: Estás avariado, meu amigo. Não sabes o que dizes. É um absurdo!
HEROS: Achas que sou uma aberração?
CIRO: Apenas penso que é um ato inapropriado. Nem idade tenho eu. Que honra tenho para desfrutar do simpósio?
HEROS: Vejo que não estás tão disposto para comigo.
CIRO: Não é isso, Heros.
HEROS: Preciso de um período de preparo. Vá e deixe-me com minhas interrogações.
CIRO: Posso ajudá-lo, se quiseres.
HEROS: Não precisa! Só peço que vás e se puderes não voltes até o enlace. Só vais confundir-me mais.
Ciro se afasta, desmotivado. Heros o observa, calado. Ciro olha para trás. Heros o olha, sóbrio. Ciro sai.
FLASHBACK DE HEROS – Ele lembra do treino de artilharia com Ciro.
Heros chora. Anastácia o observa, ao longe.

ATENAS

CENA 6. INT. TRIBUNAL. SALA DE REUNIÕES. MEIO-DIA.
APOLO (Assustado): Realmente não sei ler, fostes ingênua mas foi preciso. Tu fostes imbecil.
Sra. Martine gargalha.
SRA. MARTINE (Preocupada): Achas que eu diria algo tão crucial de forma tão rasa? (TEMPO/Ela gargalha) És um bobo.
APOLO (Gritando/Revoltado): Para, senhora. Para com essa encenação ridícula. Não é porque sou leigo que sou parvo.
Sra. Martine arregala os olhos.
APOLO: Fostes a pedra que faltara ao enigma. Não desminta isso! Em respeito à mim, mantenha a sinceridade, não deixe a impressão de ser dissimulada, pois, sei que não és.
SRA. MARTINE: Pois, bem. Peço-lhe apenas que reconheça que o ergui, corrigi meu erro, mereço a redenção.
APOLO: E a vida de meus pais fora ceifada por vós. Achas justo?
SRA. MARTINE: Tudo fora planejado por Dimitri, apenas fui cobaia por apoiar o teatro de Aristides.
APOLO: Eu não terei piedade de nenhum deles, senhora. Dimitri e Aristides serão destruídos.
SRA. MARTINE: Estás convicto de que serás rei em Atenas, saiba que posso destruí essas expectativas.
APOLO: Não farias isso. Sabes da minha importância, por isso, entregou Agatha em minhas mãos. Á vós, resta apenas que saia de Atenas após o enlace.
SRA. MARTINE: Um absurdo! Sou a conselheira à três eras.
APOLO: A questão é pessoal. Pouparei vossa vida mas não quero vê-la toda manhã. És uma sombra em meu passado, um reflexo da morte de meus pais.
SRA. MARTINE: Esse é o mal de elevar lobos à líder da alcatéia, nos devoram sem piedade.
APOLO: E como toda matilha migra, agora é vossa vez. Vá à Etiópia! Não a quero aqui, essa será vossa redenção. Só terás meu perdão se acatar essa decisão.
Apolo sai. Sra. Martine o observa, frustrada.
SRA. MARTINE (Pensando): Quem nasceu para guará não se torna um alfa jamais. Jamais!

CENA 7. INT. PALÁCIO. ENTRADA. TARDE.
Aristides e Melina caminham em direção à porta. Mirtes os observa e se aproxima.
MIRTES: 
Ora, ora, se não é Aristides.
ARISTIDES: Como vai, Mirtes?
MIRTES: Não o vejo à algumas luas. Na verdade, não o vejo desde o incidente no teatro.
ARISTIDES: Esqueça aquela ocasião. (TEMPO/Ele olha para Melina) Estás entregue em boas mãos. Já vou!
MELINA (Preocupada): E passará mais uma noite ao sereno? Se quiseres convenço Apolo à deixar-te conosco.
Mirtes a olha, estranhando.
ARISTIDES: Não há possibilidade. Não aceitaria! Somos distintos demais para convivermos juntos.
MELINA (Enfurecida): Teimoso!
ARISTIDES: Sem muitas despedidas, adeus.
Aristides prestes à sair se depara com Apolo chegando.
APOLO (Entusiasmado): Que coincidência magnífica! Desejava vê-lo mesmo, Aristides.
Melina se aproxima de Apolo, sorrindo. Mirtes desconfiada, permanece observando-os.
MELINA: Vim ao vosso encontro. Espero que tenha lembranças.
APOLO: Claro, Melina. Fique à vontade. Mirtes a servirá.
MIRTES (Espantada/Boquiaberta): Melina? Então não és um homem? Ai, misericórdia. Acho que vou desfalecer.
Mirtes se escora em Apolo.
APOLO: Não sejas deselegante, Mirtes. Leve-a, por favor.
Mirtes se recompõe e sai. Melina a acompanha. Aristides curioso olha fixamente para Apolo.
APOLO: Não se incomodas de vim ao jardim comigo, não?
ARISTIDES (Desconfiado): Contigo tudo é um incômodo mas enfim. Irei!
Apolo sorri. Aristides franze as sobrancelhas, sério.
CENA 8. INT. BORDEL. ALCOVA DE LEÔNIDAS. TARDE.
Leônidas deitada, seminua. Dimitri andando de um lado para o outro, desinquieto.
LEÔNIDAS: Já encontraste vossa filha. Não tens que permanecer nessa inquietação, homem.
DIMITRI: Me inquieto com a possibilidade de Apolo tornar-se rei. Não viste-o ao lado da princesa?
LEÔNIDAS: E o que tens contra o jovem? Um belo rapaz!
DIMITRI: Não o conhece como eu.
LEÔNIDAS (Irônica): Por acaso és o papá dele?
DIMITRI: 
Sou um parente. Irmão da finada Jacinta. Deverias ter noção de tal.
LEÔNIDAS: A vida alheia não me interessa. A questão à ser levantada é que já sabes que não a tinha em cárcere como imaginavas, portanto, não há mais necessidade de viver aqui.
DIMITRI: Não fiquei apenas por Melina. Sinto por ela mas não fiquei por esse motivo. Gosto da vossa companhia. Sempre gostei!
LEÔNIDAS: Sabes bem que cafetinas e cortesãs não são propriedades privadas. Somos livres!
DIMITRI: E não quero privá-la.
LEÔNIDAS: 
E o que queres? Jamais tive vocação para ser recatada e do lar, se é esse o seu objetivo.
DIMITRI: Desejo adquiri esse bordel.
LEÔNIDAS: Estás louco? Deixarás a reputação de Melina afundada caso vires pra cá. Fizeste tudo pela honra dela, não é verossímil.
DIMITRI: A honra de Melina está celada. Arranjo-lhe um bom dote e posso vim, tranquilamente. Desejo apenas ser um morador do lar das mulheres peculiares.
LEÔNIDAS: Mas pra vir precisa da minha aceitação.
DIMITRI: 
Pra quem me suporta à eras, acho que não será um problema.
LEÔNIDAS: Será?
Dimitri a olha sorrindo. Leônidas esnobando, cruza os braços.
CENA 9. INT. PALÁCIO. JARDIM. TARDE.
Aristides e Apolo caminham entre as flores.
ARISTIDES: 
Afinal, o que desejas?
APOLO: Tenha calma!
ARISTIDES: Jamais peça calma à Aristides Pereira.
APOLO: Sei que meu pedido parecerá medonho mas insisto em pedi-lo para que prepares a cerimônia do meu enlace matrimonial.
ARISTIDES: Vais realmente casar-se com Agatha?
APOLO: Era o desejo de Petrus. Se concretizará! Cuidarás da ornamentação? Será simples, porém, à altura da minha futura esposa.
ARISTIDES: Não sabias que eras um admirador da ornamentação. Mas não penses que farei cortesia à vós. Nem à Petrus fazia tais bondades.
APOLO: Pela manhã receberás vossa recompensa.
Apolo sorri para Aristides.

ESPARTA

CENA 10. INT. PALÁCIO. ALCOVA DE HERMES. TARDE.
Anastácia entra. Ariadne deitada, desperta.
RAINHA ARIADNE: Desejas algo, querida?
ANASTÁCIA: Perdoe-me, majestade. Não era minha pretensão despertá-la.
RAINHA ARIADNE: Não faz mal. Diga.
Ariadne se assenta. Anastácia se aproxima.
ANASTÁCIA: Ouvi algo que desagradaste-me. Estou demasiadamente magoada.
RAINHA ARIADNE (Preocupada): Conte-me! Foi o Heros?
ANASTÁCIA: Ele e o Ciro, ambos tão torpes.
RAINHA ARIADNE (Preocupada): O que ouviste propriamente?
ANASTÁCIA: Heros pediu para Ciro ir ao simpósio consigo.
RAINHA ARIADNE: O que pensas ele? Só porque Hermes inseriu um jovem para realizar a pederastia, não significa que.
ANASTÁCIA (Interrompendo): Mas o objetivo não era a honra, majestade. O vosso filho desejava o prazer.
RAINHA ARIADNE: Causado provavelmente pelo Ciro. Esse terá um castigo por tal desonra. Onde já se viu ir ao simpósio antes da pederastia?
ANASTÁCIA: Sei que és eficiente! Resolva a situação para evitar más índoles rodeando-nos.
RAINHA ARIADNE: Irei resolver imediatamente.
Ariadne se levanta e sai.

ATENAS

CENA 11. INT. PALÁCIO. SALÃO. TARDE.
Mirtes olha para Melina, desconfiada.
MIRTES: Sente aí, moço. (TEMPO/Corrige) Quero dizer, moça. Esses disfarces me confundem toda.
MELINA: Não faz mal. E afinal, donde está a Agatha? Fomos mui unidas na infância.
MIRTES: Desse jeito ela não te reconhecerá de jeito algum.
MELINA: Deixa-me vê-la.
MIRTES: Achas viável? Mantenha-se aqui até segunda ordem.
Agatha entra, séria.
AGATHA: Não maltrate o rapaz dessa maneira, Mirtes.
Melina a olha, sorrindo. Agatha mantém o olhar fixo.
MELINA: Não reconheces-me, alteza?
Agatha a encara, estranhando. Mirtes as observa, séria.
AGATHA: Perdoe-me. Jamais o vi, senhor.
MELINA: Sou Melina de Dimitri.
Agatha boquiaberta, sorri constrangida.
AGATHA: Oh perdoe-me, não a reconheci sem os belos cabelos. Uma peste assolou-a?
MIRTES: Fiquem em prosa, tenho muito à fazer.
Mirtes se afasta.
MELINA: Foi a fuga do meu pai, desejava vender-me como cortesã.
Melina chora. Agatha se aproxima, abraçando-a.
AGATHA: Vieste pelo Apolo, suponho. Lembro do parentesco entre Jacinta e Dimitri.
Melina enxuga as lágrimas, recompondo-se.
MELINA: Exato! Não deverias está à arrumar-se para o enlace, alteza?
AGATHA: Vim convocar a Mirtes para ajudar-me mas como estás conosco, venha e auxilie-me.
MELINA: Será uma honra.
Agatha sai. Melina a acompanha. A CAM foca ao fundo: Urias as observa.

ESPARTA

CENA 12. INT. VIVENDA DE CIRO. SALA. TARDE.
Ariadne entra, abruptamente. Ciro tocando harpa, se assusta.
CIRO (Irônico): O que queres aqui, majestade? Qual favor deseja dessa vez?
RAINHA ARIADNE: Não sei o que pensas sobre Heros mas digo-lhe que ele é um homem. Um forte líder.
CIRO: Pelo contrário, rainha, acho que vós não conhece a capacidade de vosso filho.
RAINHA ARIADNE: E por que insinuaste-se à ele? Achas que podes ser o tutor dele?
CIRO: Quem contou-lhe isso? Heros?
RAINHA ARIADNE: Não importa. Peço apenas que se afaste dele. Vossa afinidade não contribuirá em nada para o crescimento de Heros.
CIRO: E achas fácil? É só vim exigir de mim que o convença à casar-se com Anastácia e pronto, já não tenho serventia para vosso filho?
RAINHA ARIADNE: Peço por bem vosso e dele.
CIRO: Não sejas hipócrita, majestade.
RAINHA ARIADNE: Meça as palavras, Ciro. Sou a soberana.
CIRO: Saia da minha vivenda, rainha. Já deste vosso recado infame.
RAINHA ARIADNE: Se insistires o enviarei à forca e saberás o peso da dona dos recados infames.
CIRO: És pomposa. (TEMPO/Corrige) Pretenciosa, essa é a palavra.
RAINHA ARIADNE: Exijo de vós que afaste-se de Heros, caso desobedeça tais ordens, não haverá chances.
Ariadne sai.
CIRO (Pensando): Serei sua pedra de tropeço, majestade.

ATENAS

CENA 13. INT. PALÁCIO. COZINHA. TARDE.
Sra. Martine entra, afoita. Mirtes cozinhando a observa.
SRA. MARTINE: Não oferecerás água à vossa monarca?
Mirtes permanece calada. Sra. Martine se aproxima dela.
SRA. MARTINE (Confusa): Surda, não és. O que há convosco, Mirtes?
MIRTES: Deixe-me concentrar, senhora. Preciso preparar o banquete.
SRA. MARTINE: Deixo sim, à vontade. E afinal, donde está a Agatha?
MIRTES: Na alcova. Se possível agora vá ao encontro dela, ela deseja falar consigo.
SRA. MARTINE: Vou sim. Vou mas ainda desejo descobri o que lhe fiz, Mirtes. Estás à esnobar-me.
MIRTES: A morte de Petrus por vós, chocou-me, senhora. Não sabia que eras tão fria.
SRA. MARTINE: Ah Mirtes. Não sejas assim. Compreendo vosso desgosto mas não é pra tanto. Foi o Petrus! O assassino de Minerva está morto e é isso que importa.
MIRTES: Não, não é.
SRA. MARTINE: Estás me enfrentando, Mirtes?
MIRTES (Assustada): Não me olhes assim, senhora. Sinto-me como uma presa!
SRA. MARTINE (Ressentida): Não era a minha intenção. Desculpa! Já vou ao encontro de Agatha, com vossa licença.
Sra. Martine sai. Mirtes observa-a.
MIRTES (Pensando): Coitada! Está ensandecida!

CENA 14. INT. PALÁCIO. ALCOVA DE AGATHA. TARDE.
Agatha girando em frente à Melina.
AGATHA:
Como estou?
MELINA: Entristecida.
AGATHA: Me refiro as vestes.
MELINA: Sei que sim mas não há vestes lindas num rosto desanimado e amargurado. O que posso fazer para alegrá-la?
AGATHA: Absolutamente nada. Minha tristeza só cessará na tumba.
MELINA: Que horror!
Sra. Martine entra. Agatha a observa.
SRA. MARTINE: O que fazes com esse homem aqui, Agatha?
AGATHA: Precisas de uma veste mais feminina, Melina.
SRA. MARTINE: Melina? A de Dimitri?
MELINA: É uma história longa, senhora.
AGATHA: Peço que nos deixe à sós, Melina. Só por um instante.
MELINA: Estarei na escadaria.
Melina sai. Sra. Martine olha para Agatha, confusa.
SRA. MARTINE: E o que desejas comigo?
AGATHA: Eu preciso de vós. Só vós sabes o que enfrentarei ao findar da cerimônia.
Sra. Martine acaricia a mão de Agatha.
SRA. MARTINE: Ah querida! Haja com tranquilidade. Acredito que ele jamais a rejeitará.
AGATHA: Achas mesmo?
SRA. MARTINE: Estou convicta.
AGATHA (Esperançosa): Me sinto mais aliviada.
SRA. MARTINE: Aproveitando que estamos sós, desejo saber se já liberaste o perdão à mim.
Agatha se afasta.
AGATHA: Não me sinto pronta. Talvez, eu consiga. Um dia.
SRA. MARTINE (Decepcionada): Espero que eu ainda esteja aqui.
Sra. Martine sai. Agatha a observa, lacrimejando.

ESPARTA

CENA 15. INT. PALÁCIO. ALCOVA. NOITE.
Aquiles entra. Heros deitado em lençóis brancos, treme, nervoso. Aquiles o observa por alguns instantes.
AQUILES: Não se preocupe! Jamais fiz tal ato.
Heros apreensivo toca a tíbia. Aquiles se aproxima e deita ao lado dele.
AQUILES: Está preparado?
Heros acena positivamente. Aquiles o toca.
CENA 16. INT. PALÁCIO. SALÃO. NOITE.
A monarquia assentada, calada. Ouve-se o gemido de Heros. O rei se levanta, alegre.
REI HERMES (Gritando/Entusiasmado): Está consumado! O futuro rei de Esparta está pronto!
Todos alegres, brindam. Ao fundo, escondido, Ciro os observa, chorando.

ATENAS

CENA 17. INT. PALÁCIO. SALÃO. NOITE.
Agatha coberta com o véu, tremia. Apolo com um ramo de oliveiras nas orelhas, sorria. Procópio posicionado os observava, sóbrio.
PROCÓPIO: Estão definitivamente casados em nome de Heras, Zeus e da graciosa Ártemis. Sigam vos para a procriação.
Todos aplaudem. Agatha é levada por Apolo. Sra. Martine os saúda com o ramo de loureiro.
CENA 18. INT. PALÁCIO. ALCOVA. NOITE.
Apolo despi Agatha. Ela temerosa, o afasta.
APOLO: Vai ser bom, prometo.
Apolo tira a última camada de vestes e enojado, cospe. Agatha chora, constrangida.
APOLO (Assustado): És um homem?

CONTINUA…

A CESAREIA - ABERTURA

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