Os experimentos estenderam-se por vários meses. Cada animal testado, tornava os resultados ainda mais intrigantes. Observamos a estrutura mental de alguns deles. Conseguimos até gravar o sonho de um cão. Sonhava com os passeios que fazia, com o osso que mastigava com tanta satisfação e com as brincadeiras que seu dono lhe proporcionava. Porém, alguns padrões não eram passíveis de interpretação: Luzes, clarões súbitos e intermitentes. Por falta de uma explicação, classificamos como interferências. Eventualmente, poluíam a informação visual e sonora no momento do sono profundo. Intrigava o fato que, nessa fase do sono, não havia atividade onírica. Uma imagem surgia subitamente em forma de explosão luminosa.  Além de estranha, não era nítida. Não fazia sentido. Decidi, então, gastar mais tempo na análise quadro a quadro quando o clarão acontecia. Observei cerca de oitenta e cinco quadros, pausadamente, um a um. Em meio a constelação de imagens, uma me pareceu interessante. No canto inferior direito da tela, havia uma estrutura semelhante a um túnel luminoso. No quadro seguinte, já não estava lá. Seu surgimento era fugaz, milésimos de segundos apenas. Verifiquei os registros e eles indicavam que a cobaia continuava em sono profundo. Porém, quando o túnel reaparecia, o gráfico de ondas cerebrais se tornava uma linha reta, um momento nulo, um período de inexistência para os sensores.

A princípio imaginei que pudesse ser um problema do equipamento, talvez do próprio computador. Contudo, o fenômeno se repetiu com todos os animais testados.

Os dias se passaram sem que pudéssemos dar uma explicação razoável àquilo.

Decidi aproveitar um feriado prolongado para levar o aparelho para casa. Faria alguns ajustes eu mesmo. Assim, liberaria dessa tarefa os sobrecarregados integrantes da equipe.

Mas foi exatamente aí que minha vida começou a se transformar.

 

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