Kapittel ti

IXX – A previsão do oráculo

Sentado em volta de uma pequena fogueira de gravetos, o ancião oráculo estava rodeado de crianças com os olhos arregalados ouvindo as suas palavras.

– E o seu nome Odin significa vento ou espírito, o protetor dos exércitos, aquele que ficou pendurado pelo pé na Yggdrasil, a árvore do mundo, que liga o céu e a terra, passando frio e fome durante 9 dias e 9 noites e ferido por sua lança. Odin era ajudado por dois corvos, Hugin, que é o Espírito e a Razão e Munin, que é a Memória e o Entendimento, que se posicionavam em seus ombros depois de percorrerem o mundo, durante o dia, na busca de novidades para o Grande Deus. Seu cavalo era o bravo Sleipnir, com 8 patas, se locomovendo rapidamente pelos céus entre a esfera humana e divina. a sua lança era a Gungnir, presente dos anões ferreiros, só se detinha após atingir o alvo…

Um trovão cortou o céu assustando os pequenos nórdicos. Uma menina de uns 8 anos de idade agarrou-se ao braço do ancião oráculo. Ele sorriu, o que dificilmente acontecia.

– …sentado em seu trono onde podia avistar o mundo inteiro, ficava em companhia dos mais valorosos guerreiros mortos em campo de batalha, recolhidos no derradeiro minuto pelas “Valquirias” as doze virgens aladas com plumas de cisne. Esse exército espiritual do Bem, se mantinha alerta para entrar em ação contra as forças do mal, por ocasião do Crepúsculo dos Deuses, no dia do tão esperado Ragnarok.

Freya escorou-se em um tronco e ficou a observar a reação das crianças ao ouvirem as palavras proferidas pelo oráculo. Este a viu e, gentilmente, se levantou, pegou uma pequena bolsa de tecido e entregou para a menina agarrada ao seu braço.

– Agora brincar com as runas vocês vão…e depois quem sabe, com a história do martelo de Thor, continuaremos. – disse o ancião oráculo.

As crianças saíram correndo para o interior da pequena floresta. Freya sorriu se aproximando do oráculo.

– Freya, filha de Lur…novamente atrás de respostas. – disse o oráculo.

Freya fez uma pequena reverência, ajeitou a túnica vestido de cor verde clara se se ajoelhou. O ancião à sua frente voltou a sentar.

– Eu tô confusa…eu já não sei distinguir o que é real do que não é…eu vejo o corcel negro cada vez mais perto. Às vezes posso jurar que sinto a Valquíria passando por perto de mim. – desabafou Freya.

– Abrir sua mente, você deve. Deixa as coisas clarearem suas ideias.

– Eu vou mesmo morrer quando ele pastar no meu quintal? – perguntou Freya desamparada.

– Foi o que lhe disse. Os deuses reservaram isso pra você, filha de Lur. E sua mãe e seu pai, de Valhalla, estarão por você olhando.

– E se este dia chegar e eu não estiver preparada?

– Nunca se está. Mas sempre se está. – disse o oráculo confundindo-a mais ainda.

– Eu não consigo entender… choramingando, falou Freya.

– Não se preocupar, você deve. Antes da Valquíria vir buscá-la, importante mulher em Gudwangen ainda em breve você será. -, respondeu o ancião oráculo.

O ancião oráculo olhou para o céu carregado e estendeu sua mão para Freya. Ela segurou-a e a lambeu.

O destino sempre teve um senso de humor sombrio. Freya reverenciou o oráculo mais uma vez. Sentia-se aliviada de obter respostas, mas também sentia um medo que jamais sentiu. Enquanto voltava para seu casebre andando pelas ruelas de Gudwangen, podia lembrar do seu pai Edgemond lhe carregando no colo e contando as mais belas histórias dos deuses, podia lembrar de sua mãe Leishmay Lur lhe preparando sua comida favorita, podia lembrar do seu irmão Cartrolous e gostaria de poder lhe pedir perdão. “Quem sabe um dia ainda possa vê-lo”, pensou ela. E, de relance, trotando com suas crinas pretas ao vento, podia ver o corcel negro, seu cavalo favorito na infância, vindo ao seu encontro.

O ancião oráculo jogou as runas sobre o chão de terra e sorriu. Era a segunda vez que fazia isso em menos de uma hora. Sorrir, isso não era comum.

– Freya, filha de Lur… nada é por acaso, tudo tem seu propósito. Nascemos com nosso destino ja traçado pelos deuses e a sua história não seria diferente. Que a voz da sabedoria possa lhe acompanhar e, que tu saiba como agir nos momentos que virão.

XX – Um fazendeiro misterioso

O crepúsculo da tarde surgia e a baía de águas esverdeadas ganhava um tom escuro sob o luar da noite. Aos poucos os habitantes da vila de Gudwangen iam se acolhendo em suas cabanas e casebres em busca de um local quente para se esquentar. Na pequena doca da baía, um barco de pesca recém havia retornado depois de uma longa jornada em mar aberto. E a pescaria tinha sido farta. Os barris presentes no barco estavam repletos de peixes.

Alguns homens que estavam na doca celebraram a chegada do pescador e seus barris atolados de peixes. Dentre eles estava o Earl Sigmund. Os pescadores tinham total liberdade em Gudwangen, mas uma pequena parte de suas proezas era destinada ao Earl do vilarejo.

Sigmund recebeu sua parte, se despediu dos presentes e se retirou. No fundo ele estava cobrando um imposto sobre àquelas pescas. Minutos após sua partida, um jovem de cabelos compridos e capa preta montado em seu cavalo branco imponente surgiu naquelas areias. Carregava uma bolsa de couro com alguns pertences e sua espada à tira colo na cela do animal. Ele chamou atenção de todos que ali se faziam presentes. Nunca haviam visto aquela figura naquela região. Sem olhar para ninguém, o cavaleiro seguiu seu destino entrando na ruela estreita que o levaria ao interior da vila.

O Earl Sigmund já estava chegando em seu lar quando o cavaleiro do cavalo branco se avizinhava.

– Earl Sigmund. – disse o cavaleiro com uma voz rouca e cansada.

Sigmund parou e virou se deparando com aquele jovem de semblante triste que já apeava do cavalo. Cambaleando, ele se aproximou e reverenciou o Earl.

– Quem és você, meu jovem? – perguntou Sigmund.

O jovem, visivelmente tristonho e cansado, levantou o corpo.

– Britanyum…fazendeiro vizinho, filho de Eva e Morallis. Meus pais amanheceram mortos, meu Earl…e a casa toda destruída. – respondeu o jovem enquanto lágrimas começavam brotar em seus olhos.

Sigmund observava o homem à sua frente. Tinha modos e não vestia-se como um fazendeiro. Olhou para seu cavalo fitando a espada pendurada na sela.

– Sua espada?

Britanyum virou para o cavalo.

– O que restou de lembrança do meu velho pai, meu Earl.

– E você sabe usá-la, meu jovem? – perguntou Sigmund.

– Me viro com qualquer arma, meu Earl.

– Precisa de abrigo…por hoje posso te oferecer meu galpão junto aos porcos e cavalos. Amanhã, com calma, pode se aconchegar em algum casebre vazio…e depois, veremos se sabe usar esta espada.

Britanyum baixou a cabeça em reverência.

– Muito obrigado, meu Earl. Tudo que preciso no momento é uma boa noite de sono.

O jovem fazendeiro voltou ao seu cavalo, montou e seguiu para os fundos onde Sigmund lhe indicou. Ao passar pela lateral do casebre viu Syggia sair na porta. Seus olhares se cruzaram. Ele sorriu enquanto ela espantou-se. Jamais imaginaria que aquele jovem tivesse a audácia de procurar abrigo justo ali.

– Que houve, Syggia? – perguntou Sigmund passando pela mulher na porta do casebre. – Parece que viu um fantasma! – completou ele.

– Pelos deuses, Sigmund. – respondeu ela.

Quando os primeiros raios de sol surgiram no dia seguinte, Sigmund saiu de dentro do casebre. Estava admirável em uma veste toda preta com um agasalho de lã de cor cinza por cima. Ele se deparou com o jovem fazendeiro sentado sobre uma pedra afiando sua faca.

– Teve boa noite, fazendeiro? – perguntou o Earl.

– Noite dos deuses, meu Earl.

Sigmund sorriu. Sabia que a noite devia ter sido horrível ao lado dos porcos no galpão.

– Minha esposa Syggia vai lhe trazer o que comer. – disse Sigmund enquanto apreciava o jovem afiando sua arma. – Eu tenho afazeres na vila. Lhe aguardo mais tarde no grande salão. – completou o Earl.

Syggia surgiu linda e graciosa em uma túnica vestido de cor laranja. Seus olhos radiantes encantavam à qualquer um e seus cabelos brilhavam com os adereços presos em suas duas longas tranças. Ela aproximou-se de Britanyum carregando uma bandeja com algumas frutas. Largou a bandeja sobre outra pedra na frente do jovem. Ele parou de afiar sua faca e lhe encarou sorrindo.

– O que você está fazendo? – perguntou Syggia.

– Procurando abrigo após a morte dos meus pais…e vou servir ao Earl à partir de agora. – respondeu o jovem fazendeiro.

– Pelos deuses! Você é louco! E se Sigmund descobrir?

– Então ele saberá que eu sei mesmo usar a minha espada. – respondeu Britanyum voltando a afiar sua faca.

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