Kapittel tretten

XXV – O caminho de volta

Trovões cortaram um céu escuro. Thor fez questão de lançar toda sua ira durante a viagem do retorno de Katous. Enviou fortes chuvas e raios, que fizeram com que o guerreiro penasse para manter sua embarcação firme. Katous sentiu o coração subir à garganta, quando de longe começava a avistar a vila de Gudwangen. Foi ao mesmo tempo em que a claridade do dia dava, timidamente, o ar de sua graça. Ele só fez questão de agradecer aos deuses por sobreviver. Fechou os olhos e balbuciou algumas palavras indecifráveis. Estava cansado, precisava dormir, comer, beber e, só então, iria reunir o povo para contar sobre o seu feito, sua descoberta.

Atracou seu “drakkar” na orla, desceu com os seus pertences e suspirou fundo ao ver sua vila ainda dormindo. Não perdeu tempo e puxou suas coisas para um barraco abandonado perto do cais. Ali tinha a certeza que poderia descansar por algumas horas antes de seguir com a sua missão.

Mas esconder-se não era uma missão fácil. Ninguém fugia, ninguém se escondia, ninguém se desviava dos olhares do ancião oráculo. Katous já dormia sereno atirado sobre agasalhos de peles quando o oráculo apareceu na entrada daquele barraco. Ficou observando aquele explorador dormindo por alguns minutos e depois se aproximou agachando próximo à ele. Katous, de súbito, arregalou os olhos, mas não assustou-se. Do contrário, sorriu.

– Sabia que seria o primeiro rosto que eu veria nesta minha volta. – disse Katous enquanto se acomodava sentando.

O oráculo fez o mesmo gesto e sentou-se na sua frente.

– Então você a encontrou…a mãe de Thor? – disse o ancião.

Os olhos de Katous brilharam e ele abriu um grande sorriso.

– Ela vive em terras virgens, meu ancião. E eu, Katous, filho de Reimir, vou ajudar a povoar aquele lugar. Vou expandir nossa cultura, vou plantar, vou colher…tudo sob as bençãos de Jord.

– Seu destino este é. Mas antes precisa saber…

Katous colocou suas mãos sobre as calejadas do ancião oráculo.

– Tudo que o oráculo me disser eu vou seguir. Eu vou te ouvir, meu ancião. – disse Katous decidido a seguir as instruções do oráculo à sua frente.

Os dentes amarelados do ancião oráculo foram revelados em um sorriso de resposta à Katous. Seus olhos fecharam por alguns instantes e um estrondo foi escutado no mar gelado. Thor, que tinha tornado a viagem de volta de Katous um tanto difícil, derramava sua benção autorizando o nórdico de Gudwangen a habitar as terras virgens de sua mãe Jord.

– Ao chegar com seus seguidores às terras virgens de Jord, rapidamente esta terra precisa ser divinizada. Ela representa tanto o reino da morte quanto o lugar onde surge a vida. Se no difícil trajeto alguém morrer, jogado ao mar o corpo deve ser. – dizia o ancião de olhos fechados.

Katous ouvia atento àquelas palavras.

– Levar uma mulher que prestes a dar a luz esteja, você deve. – disse o oráculo. – E parir de joelhos, com a criança caindo na nova terra, ela deve. – complementou o ancião.

– Eu vou, vou seguir tuas instruções. – respondeu Katous.

– Não são minhas as instruções… – disse o oráculo abrindo os olhos. – …exigências de Jord estas são. – ele complementou.

Mais um estrondo se ouviu vindo do mar despertando a atenção de Katous que quando olhou pela para fora se deparou com uma onda gigante se erguendo em alto mar.

– Preocupar-se você não deve. – disse o oráculo. – As bençãos de Thor você já têm. – ainda disse ele indicando com sua mão calejada em direção ao mar.

Depois o ancião oráculo estendeu sua mão para Katous. Este a beijou cumprindo-se o ritual.

– Lembre-se Katous, filho de Reimir, você é o único capaz de povoar aquele lugar. Destinadas à você as terras virgens de Jord estão. – falou o ancião se retirando do barraco.

Katous levantou-se e foi até a porta onde viu o ancião oráculo seguir com dificuldades pelas areias da orla. No mar, a fúria de Thor já estava cessando e Katous pôde ver claramente o deus do trovão com seu martelo sobre as águas. Sim, Katous estava predestinado a seguir o caminho dos deuses.

XXVI – Seguidores de Katous

Katous, filho de Reimir, conseguiu reunir um bom número de moradores de Gudwangen para contar de suas façanhas e convencê-los a irem com ele. Dentre estes moradores, estavam Flekir, o jovem, e sua mulher, Mercier, grávida de 8 meses.

– Flekir, nada te prende aqui em Gudwangen. Você e Mercier podem plantar, colher, viver sob as bençãos de Jord nestas novas terras. – disse Katous com o dedo apontado para o jovem.

Antes que o jovem pudesse responder, sua mulher Mercier interviu.

– Eu estou prestes a dar a luz. Não aguentaria uma viagem destas. Meu filho vai nascer em alto mar, se eu sobreviver… – disse ela.

– Os deuses a protegerão. E você vai dar a luz nas terras virgens de Jord. Seu filho será o responsável por divinizar aquele lugar. – respondeu Katous sob olhares curiosos dos que estavam ao seu redor.

– Vamos, Mercier. – disse o jovem olhando para a mulher.

Katous desceu da pedra em que estava e se aproximou da jovem grávida. Colocou a mão sobre seu ventre e acariciou seus cabelos loiros tirando-os da testa.

– Eu lhe garanto que os deuses vão olhar por você durante todo nosso percurso. Esta criança será muito abençoada na nova terra. – disse ele.

A jovem grávida sorriu. Olhou para o seu jovem marido e fez sinal de positivo com a cabeça.

– Podem acreditar. O oráculo sabe o que diz. – ainda falou Katous antes de retornar ao seu lugar.

Katous, filho de Reimir, sempre foi um homem querido por todos em Gudwangen. Suas desavenças com o Earl não mudavam isso em nada.

– Eu acredito em Katous. – disse um senhor no meio dos moradores.

– Eu também. – respondeu outro homem.

– Com Katous. Por Katous. Por Jord. – disse um homem de longa barba loira erguendo seu machado para o alto.

Todos acompanharam aquelas palavras proferidas pelo homem de barba loira.

– Com Katous. Por Katous. Por Jord. – gritavam todos.

Dentro do grande salão o Earl Sigmund soltou as amarras que prendiam as duas jovens escudeiras e as empurrou com raiva. Thórin deu um passo à frente e as duas se protegeram atrás de sua longa capa acinzentada.

– Você não encosta mais um dedo nestas meninas. – disse Thórin em tom ríspido.

– Isso é uma ameaça? – respondeu sarcasticamente Sigmund.

Éower e os outros vikings, guardas do Earl fizeram menção de intervir, mas foram logo impedidos por Sigmund.

– Este é um problema meu e de Thórin. – disse ele segurando o cabo de sua espada.

– Kaira, Dimithria…vão para casa. – ordenou Thórin para as duas jovens escudeiras.

Foi neste momento que um outro homem adentrou no grande salão.

– Sabe quem voltou, meu Earl? – disse o homem.

Sigmund olhou para a porta.

– Rocco…quem voltou? – perguntou o Earl.

Rocco, um nórdico de musculatura forte, barba trançada e careca, se aproximou um pouco e reverenciou ao Earl.

– Katous, filho de Reimir. – disse Rocco arrancando olhares dos outros presentes.

Dimithria encarou o homem com lágrimas nos olhos.

– Meu pai? – disse ela surpresa.

Antes de obter alguma resposta, a jovem loira saiu correndo porta à fora.

– Acompanhe ela, Kaira. – ordenou Thórin.

Kaira saiu em seguida atrás de Dimithria.

– Aquele miserável vai me pagar por desobedecer minhas ordens. – resmungou Sigmund.

Thórin apontou o dedo na direção do Earl.

– Nosso assunto não acaba aqui, Sigmund. Eu o desafio. – disse Thórin com sangue nos olhos.

Sigmund desceu do palco onde estava. Abriu os braços com desdém e sorriu.

– Quando queiras. – respondeu ele. – Pode escolher as armas. – ainda complementou.

Tudo parecia estar fugindo do controle do Earl Sigmund. Ele sentia isso. Ficou parado vendo Thórin se retirar do grande salão. Katous, que havia lhe desobedecido, estava de volta à vila…e mal sabia Sigmund que sua mulher Syggia estava se encontrando às escondidas com o jovem Britanyum, que ele mesmo deu abrigo em suas terras.

Katous discursava em frente aos seus seguidores quando avistou sua filha Dimithria se aproximando. Ela parou quando viu o pai. Ele interrompeu seu discurso. Lágrimas começaram escorrer pelos rostos de ambos. Será que a jovem escudeira iria seguir os passos do pai ou o destino que os deuses reservavam iria separá-los para sempre?

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