Kapittel seksten

XXXI – O canto dos corvos

Os cabelos vermelhos de Kaira voavam com o vento enquanto ela galopava em velocidade pelos campos verdes de volta para a vila de Gudwangen. Atrás dela mais seis cavaleiros galopavam com suas espadas, escudos e machados à postos. Todos olhavam seguidamente para trás assustados.

O tilintar de lâminas se chocando levantavam algumas faíscas e faziam algumas aves negras levantarem vôo em um céu cinzento e esplendoroso. Os guerreiros nórdicos de Gudwangen tomaram as ruelas da vila para treinarem sob o comando do novo Earl, que observava tudo de perto acompanhado de sua mulher, Freya.

A Terra negra debaixo dos pés dos astuciosos guerreiros erguia-se como uma inesperada pequena batida de onda em rocha por conta dos movimentos de bloqueios com os escudos e de ataques fervorosos.

– Nunca mais tinha visto eles lutarem com tanto deleite. – disse Freya percebendo o prazer de cada movimento daqueles homens fiéis ao novo Earl.

Thórin sorriu satisfeito.

– Respeito cada um deles. Tenho orgulho de ter lutado ao lado deles e hoje estar no comando destes homens. – respondeu o novo Earl.

Ouviu-se sons de cascos se aproximando por uma ruela lateral. Os guerreiros cessaram o treinamento.

– Thórin! Thórin! – gritava Kaira enquanto galopava aproximando-se.

Thórin fechou a expressão em seu semblante. Freya preocupou-se com a jovem que chamava. Dimithria surgiu afoita em frente à eles.

– É o grupo de reconhecimento. Estão todos de volta. – disse ela.

Kaira foi a primeira a chegar, seguida dos outro guerreiros. Apeou do cavalo e, com a respiração pesada, se aproximou de Thórin, Freya e Dimithria.

– Você tá bem? – perguntou Freya lhe abraçando.

Kaira a abraçou e logo se desfez do abraço.

– É um grupo grande, mais de cem homens com certeza. E um pequeno grupo deles nos viu e nos seguiu até a entrada da floresta. Depois desistiram, mas não arriscamos e voltamos rápido. – disse Kaira tentando recuperar o fôlego.

Thórin ficou pensativo, precisava tomar alguma atitude. Ele tinha que estar preparado para um ataque eminente dos cristãos à qualquer momento.

– Kaira, pegue os guerreiros que foram com você e reúna mais alguns. Vão para a floresta e fiquem atentos. Qualquer aproximação mandeu um cavaleiro vir informar a vila. – ordenou Thórin.

Kaira recuperou o fôlego, deu mais um longo e apertado abraço em Freya e seguiu reunir seus comandados.

– Dimithria, você fica responsável pela orla da praia. Nunca se sabe se não podem enviar uma frota pelo mar. – disse Thórin se prevenindo.

Éower se aproximou do Earl e fez uma reverência ao seu superior.

– Éower ao seu dispor, meu Earl. – disse ele.

Thórin sorriu e abriu os braços.

– Sabia que viria pro nosso lado, meu amigo. Me dê um abraço, vai. – disse Thórin.

Sem jeito, Éower, o viking do tapa-olho, abraçou o Earl.

– Vamos precisar da tua competência, Éower. – falou Thórin ao ouvido do guerreiro. – Reúna os melhores arqueiros e se posicionem nos pontos altos da vila. Usem os muros e as janelas mais ao alto. – ordenou o Earl.

Éower se afastou dois passos para trás e fez mais uma reverência ao seu superior.

– Pode contar comigo, meu Earl. – disse ele.

Freya chegou ao lado do marido e enganchou seu braço no dele.

– Eu vou lutar ao seu lado, meu bem. – falou Freya.

– Eu sei que vai. – disse Thórin. – Eu sei, que vai.

Os nórdicos de Gudwangen sempre foram os que invadiam, saqueavam, chegavam de surpresa. Agora estariam prestes a serem surpreendidos pelo exército cristão de Mierlisen e região. Thórin estava com medo, sentiu um pressentimento ruim e se afastou dos demais. Freya o seguiu.

– Algum problema? – perguntou ela.

– Um pressentimento ruim. Não sei se seremos capazes de nos defender desta vez. – respondeu ele.

Freya o abraçou pelas costas. Amava aquele homem como nunca amou ninguém. No céu cinzento de Gudwangen, quatro corvos sobrevoavam baixo aquelas ruelas e emitiam seus cantos, despertando a atenção de Thórin e Freya.

– O canto dos corvos não é um bom sinal. – disse Thórin com os olhos compenetrados nas aves negras acima de suas cabeças.

XXXII – Sangue nórdico derramado

Éower era o tipo de guerreiro que lutava sorrindo o tempo todo, não importando o quanto a batalha estava difícil. Podia estar por cima ou por baixo, sua gana de guerrear era sempre a mesma. O sangue nos olhos estava sempre presente. No campo de batalha ele estava cercado por cinco soldados cristãos. Travava uma luta sem igual. Causava ferimentos e era ferido. Até que um soldado magricela acertou sua espada entre o peito e as costelas de Éower. Tão logo caiu sentado, ele foi cercado pelos cinco soldados. Pôde se ver um sorriso de satisfação em seu rosto antes dele arrancar o tapa-olho e revelar um buraco no lugar onde deveria haver um globo ocular. Jogou sua espada longe e gritou tão alto quanto pôde causando um espanto nos seus adversos.

– Por Odiiiiiiiin! – gritou ele. – Por Valhallaaaaaaaaa!

Ao redor, no campo de batalha, a guerra fervia. Tilintar de espadas, machados e gritos tomavam conta. O verde musgo das gramas estavam cobertos do vermelho sangue. E os cristãos estavam em vantagem. Éower conseguiu observar isso ao ver seus companheiros caídos pelo chão. Então aquele magricela ergueu sua espada para o alto e, em um golpe seco, cortou a cabeça do viking ajoelhado à sua frente.

Thórin, coberto de sangue seu e de seus adversários, parou em meio ao campo de batalha e viu que seu povo estava em desvantagem. Onde havia um guerreiro viking ou uma Escudeira de pé, existiam no mínimo três ou quatro soldados cristãos em volta e, por mais eficazes que eles fossem, era impossível sair vitorioso.

– Para o forteeee! – gritava ele enquanto corria em retaguarda, ora desviando dos golpes adversos, ora golpeando certeiramente para se defender.

Os nórdicos que conseguiam se desvencilhar dos cristãos começavam à segui-lo. Na medida em que se aproximavam das ruínas um alívio ia tomando conta.

– Arqueirossss! – gritou Thórin.

Do alto das ruínas alguns arqueiros sobreviventes apontavam suas flechas para o alto em direção aos soldados cristãos. Dimithria passou correndo à frente de todos os guerreiros que corriam em retaguarda. Se posicionou em frente às ruínas. Thórin admirava aquela menina que tornara-se uma grande mulher escudeira.

– Apontarrrrr! – gritou ela. – Atirarrrr! – completou a escudeira.

As flechas saíram dos arcos e ganharam o céu nublado caindo em diagonal e acertando alguns soldados cristãos. Foi o ponto-chave para que os nórdicos ganhassem espaço e conseguissem se proteger nas ruínas.

Kaira se protegeu atrás de umas pedras. Estava aflita e com a respiração pesada. Thórin sentou ao seu lado.

– Viu Freya? – perguntou ele.

Kaira olhou para o lado e apontou com o dedo.

– Lá está ela.

Freya estava deitada atrás de uma rocha agarrada em sua espada. Olhou na direção de Kaira e Thórin e sorriu, tentando aparentar estar tudo bem. Mas no fundo ela sabia que não estava, só não queria preocupá-los.

– Ela está bem. Ela sabe se proteger. – disse Kaira.

Thórin encarou a mulher e apertou sua espada contra o peito. Freya repetiu o gesto e, sem que Thórin percebesse, escondeu o rosto fazendo uma expressão de dor. Devagar, ela largou a espada ao lado, ergueu o braço esquerdo e um sangue escuro escorria vindo de algum ponto logo abaixo do seu peito. Havia sido seriamente ferida em batalha e era um tipo de ferimento que não dava muitas esperanças de recuperação se não fosse cuidada logo.

Se o lado nórdico estava em estado crítico, o lado cristão não ficava para trás. Ao invés de aproveitarem o refugo dos vikings e atacarem, rei Estherood II segurou seus soldados e os levou de volta ao acampamento para cuidarem dos feridos e que recolhessem os mortos em batalha.

Após os devidos cuidados com os mortos e feridos, o rei Estherood II se abrigou na sua barraca. Fez questão de ficar sozinho por um tempo. Usava uma capa preta e por baixo um colete que tinha a função de lhe proteger. Porém, ao tirar a capa já se notou o vermelho sangue que cobria os flancos do colete. Uma expressão de dor tomou conta do seu semblante. Sentou-se com dificuldade e começou a tirar o grosso colete.

Estherood II também havia sido gravemente ferido, mas nenhum de seus súditos e fiéis tinham reparado. Ele se escorou em uma tábua no fundo da barraca e pegou de uma bolsa de couro e um pequeno bloco com uma pena e tinta. Molhou a pena e começou a rabiscar…

“Chegada do outono em terras nórdicas. Meu povo contra atacou estes malditos pagãos e mostramos que a força e a vontade de Cristo vão prevalecer sempre contra os seus deuses inexistentes…fizemos isso em memória de meu pai, o rei Estherood, que não teve a chance de vingar nosso povo…”

Sua mão da escrita começou a tremer e a pena caiu. Seus olhos reviraram e o seu corpo pendeu para um lado. O bloco foi ao chão com as páginas viradas.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo