PEGA ELE

 

C1. CASA LONGARAY. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Rádio relógio mudando de “05:16” para “05:17”. Celular de Giovanni tocar. Liége que estava dormindo; acorda. Giovanni ao seu lado apenas solta uns resmungos. Liége pega o celular e constata que é um número desconhecido. Ela cutuca Giovanni.

LIÉGE —— Tão te ligando.

Ele nem dá ouvidos. Liége atende sonolenta.

LIÉGE —— (cel.) Alô..! Hum? Quem? Não, eu sou a mulher dele. Quem gostaria? … Delegacia? … Como? Impossível. Meu… não. Meu filho tá aqui em casa, no quarto dele. Possivelmente, uma hora dessas, dormindo… Claro. Eu confirmo. … (levantando-se e saindo do quarto) Não é possível, como é que esse delinquente passou o número e nome do meu marido, hein?!

C2. CASA LONGARAY. QUARTO ALEFF. INT. NOITE.

Liége entra e ao constatar que a cama de Aleff está vazia; seu corpo amolece, deixando o celular cair no chão.

LIÉGE —— Aleff… ?

Liége sai correndo chamando pelo marido. CAM desce até encontrar o celular caído no chão.

ABERTURA

Narrador —— Episódio: Pega ele.

C3. DELEGACIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Servem uma xícara de café para Aleff. Ele pega, olha, e devolve.

ALEFF —— Não tem açúcar?

Bryan e Roger que serviram o café se entreolham.

BRYAN —— Você tem noção da gravidade da tua situação, moleque?

ROGER —— (responde por ele) Claro que não. Essa tranquilidade toda é porque sabe que o papai vai estar aqui pra o salvar.

Aleff não diz nada.

BRYAN —— Você bem que poderia abrir logo o jogo, nos poupar tempo.

ROGER —— Exatamente, porque tudo é questão de tempo até a gente achar a trupe de maloqueiros inconsequentes//

Entra na sala, feito um foguete Giovanni.    

GIOVANNI —— Ê, ê, ê! Que quê é isso aí? Interrogatório? Que isso? (ao Aleff) Falou alguma coisa pra eles? Falou? (aos policiais) Sou advogado Giovanni Longaray. Devem me conhecer. Vocês! Fora. Meu cliente, de menor. O olho do corredor é serventia da casa. Xô!

Bryan e Roger não gostam, mas saem com o rabinho entre as pernas. Giovanni fecha a porta para eles. Aleff abraça seu pai, forte, e começa a chorar.

GIOVANNI —— Tá tudo bem, agora, meu filho. Pai tá aqui, pai vai cuidar de você. 

Ficamos um pouco curtindo esse momento pai e filho.

C4. CASA LONGARAY. SALA. INTERIOR. DIA.

Thailyz e Christian esperando na sala. Entram Aleff acompanhado de Giovanni e Liége.

THAILYZ —— Até que enfim chegaram. Como foi? O que aconteceu?

LIÉGE —— Thay, dá um tempinho, ele tá meio abalado ainda. Já vamos esclarecer.

CHRISTIAN —— E aí?! Aleff, tamo junto, mano!

Aleff levanta a mão, como se tivesse pedindo a vez de falar. Ele caminha até certo ponto da sala.

ALEFF —— Pessoal… // Eu quero que vocês apenas fiquem sabendo de que… de que eu não queria, não queria que aquilo tivesse acontecido. Eu… eu estava irritado, eu queria chamar a atenção, eu queria ser visto, queria que se importassem comigo, … ciúmes? Pode ser, a Thailyz com namorado novo, até a vovó ganhando mais atenção. Eu crescendo, sendo deixado de lado… (á Liége) Eu fui pedir uma coisa pra você, mãe… e você disse pra eu me virar… (chorar) Eu quis sair pra aprontar, confesso. Aprontar comigo, por isso bebi, fumei, usei droga que não devia. Usei! Aquele idiota tinha a porra de uma arma no carro, e eu sabia. A gente acabou se envolvendo em um acidente de trânsito, voltado de Pontal, a cidade vizinha. O cara ficou louco, ele queria acabar comigo, ele queria, eu tive que me defender, eu só corri, eu lembrei da arma no porta-luvas, eu lembrei… Ele ia acabar comigo, eu peguei a arma pra assustar, falaram pra mim que não estava carregada, e eu… puxei o gatilho, fiquei apavorado… aquele barulho, aquele sangue em mim… pesadelo.

THAILYZ —— Aleff, nós …//

ALEFF —— (corta) No carro dele… no carro dele tinha uma criança. Uma criança chorando… filho dele. Thailyz… filho dele.

Aleff se debulha em lágrimas. Thailyz abraça Aleff, mãe e pai abraçam os dois. Christian, meio perdido, apenas assiste inquieto.

C5. CASA LONGARAY. QUARTO ALEFF. INT. DIA.

Aleff deitado em sua cama, Liége o cobre. Giovanni e Thailyz juntos.

LIÉGE —— Dorme. Descansa. Falamos melhor depois. Ok? Vai ficar tudo bem.

ALEFF —— Eu amo vocês.

THAILYZ —— A gente também te ama.

GIOVANNI —— Tudo vai se resolver, você vai ver.

C6. CASA LONGARAY. SALA. INT. DIA.

Christian quer falar urgente com Liége. Giovanni precisa sair. Thailyz abraçada em Christian. Liége se lembra que marcou com Leonard.

GIOVANNI —— Procure um bom psicólogo pra ele, Liége.

LIÉGE —— Vou fazer isso, já até tenho um em vista. Que tratou da– 

GIOVANNI —— Tenho que sair, resolver outro processo.

LIÉGE —— Vou sair também, por a cara no trabalho, pode ser que eu esqueça um pouco. Desanuvio a cabeça.

Liége olha para Christian, que, disfarçando, faz sinal de que quer falar com ela; ela disfarçadamente faz sinal de “depois”, ele suspira, Thailyz o olha, ele disfarça com sorrisinho.

LIÉGE —— Thailyz, preciso de você. Cuida do teu irmão, e não esquece da tua avó.

THAILYZ —— Sobre a vovó sou uma ótima babá geriátrica. Quanto ao Aleff eu cuido dele, sei que agora ele vai dormir bastante…

C7. CASA LONGARAY. QUARTO ALEFF. INT. DIA.

Aleff dormindo, se revirando na cama. Pesadelo. Flashes do que aconteceu noite passada sobrepõe a imagem dele se revirando na cama. Eis que ele acorda, soando, tenso. Pega sua bombinha de asma, e faz uso…   

C8. QUARTO HOTEL. INTERIOR. DIA.

Leonard já esperava por Liége, que entra no quarto com uma expressão nada amigável. Leonard repara, mas ainda não comenta nada, pelo contrário a recebe com ânimo.

LEONARD —— Amor! Até que enfim você chegou! Olha, aqui o que preparei pra gente. Sabia que você não ia ter almoçado ainda, mandei trazer só o que você gosta.

LIÉGE —— Tá bom, depois eu como. Antes, a gente precisa conversar.

LEONARD —— Conversar? Agora? … Ao menos, (aproxima-se e a beija no pescoço)  vamos tirar nosso atraso? Hum? Matar a saudade.

LIÉGE —— Não, Leonard, não… (resistir) Eu… o assunto é sério.

LEONARD —— (já se alterar) Que assunto sério é esse? Que isso, agora?

LIÉGE —— É sobre isso! Sobre isso que tá acontecendo agora! Você alterado! Eu não tô suportando mais essa sua atitude de ogro! Cadê aquele cara sedutor, bom de papo, pelo qual eu sempre quis?

LEONARD —— Eu tô aqui! Tô aqui, meu amor!

LIÉGE —— Não tá! Não tá! Você tá perdido, tá confuso! Tá diferente!

LEONARD —— Eu mudei, eu sei que eu tô sendo um pouco grosseiro, rude até. É porque o amor que eu sinto por você aumenta a cada dia que passa. A todo o momento, eu penso em estar com você, você é tudo pra mim!

LIÉGE —— É isso que eu não quero. Que você viva a sua vida por mim! Isso que eu não quero. Eu quero que você seja feliz sem precisar que eu seja o ar que você respira.

LEONARD —— Não consigo mais ver a minha vida sem você, meu amor.

LIÉGE —— Para, para com isso! Não me chama mais assim. Você não tá percebendo que você tá se acabando com isso, acabando com a sua vida e com a minha também. Todo mundo na loja já sabe da gente. Era isso que você queria, não era?

LEONARD —— Tudo isso por quê? Porque você tem medo que chegue aos ouvidos do seu maridinho, não é?!

LIÉGE —— Pra mim, não tá dando mais. 

LEONARD —— (como se tivesse tomado uma facada no coração) Peraí… deixa eu ver se entendi. Você… você tá… terminando… não, não, não, eu não aceito! Eu não aceito isso! Depois de tudo que a gente viveu, depois de todo o tesão que a gente sentiu juntos nessa e em outras camas! Liége!! Não!!

LIÉGE —— Leo…

Leonard se transforma em um homem totalmente agressivo; ao fim da fala se tranquiliza, para não bater nela.

LEONARD —— EU NÃO ACEITO! Você não pode fazer isso comigo! Eu… eu te amo. Não pode fazer isso comigo. Eu te amo tanto, o que vai ser da minha vida? Pelo amor de Deus, o que eu…

LIÉGE —— Por favor, você//

Leonard pega em seus cabelos, não puxa forte, apenas pega. A trás pra perto.

LEONARD —— Não me abandona… não faz isso comigo. Eu tenho muito amor por você, que é tudo pra mim… Eu…

LIÉGE —— Você tá me machucando.

LEONARD —— Você não sabe o significado de dor… a dor que estou sentindo agora… eu não sei ser rejeitado.

LIÉGE —— Por favor, me larga, eu vou gritar por socorro se você…

Leonard a solta e vai socar a parede no outro lado do quarto. Liége nervosíssima com a situação. 

LEONARD —— Eu vou contar! Eu vou contar pro teu marido, eu vou!

LIÉGE —— Não, você não vai.

LEONARD —— Eu vou contar praquele boi. (gritando) Vou contar o par de chifres que você pendurou na testa dele durante anos!

LIÉGE —— Você não vai fazer isso!

LEONARD —— Experimenta. Vai. Vai terminar comigo. Experimenta. Você vai ficar sem mim, e sem ele também. Que exemplo você vai dar pros teus filhos, hein?! Eles não vão escapar de saber também, que a mãe deles é uma vagaba de carteirinha!

LIÉGE —— Para! Para… eu tô louca. (se vê sem saída) Eu não sei… Eu não sei de onde eu tirei essa ideia de terminar com você, meu amor. Você… me desculpe. Eu tô… Eu tô apenas confusa com tudo isso. Essa situação toda me deixou estressada, e falando bobagens.

LEONARD —— (acredita nela) É mesmo? Você… você não quer terminar comigo?

Liége entra no jogo paranoico dele; e resolve mentir.

LIÉGE —— Não. Foi bobagem minha pensar nisso. Afinal, eu gosto tanto de você, Leonard! … Vamos parar de brigar.

LEONARD —— Isso. Vamos.

LIÉGE —— Eu quero você. Vamos aproveitar nossa tarde, vamos…

LEONARD —— Vamos!

Leonard aproxima-se dela, a beija. Beija o pescoço, ela revira os olhos, não tá curtindo.

LEONARD —— (beijos) Senti tanto sua falta. Falta sua, do seu cheiro, do seu corpo… vamos pra cama.

LIÉGE —— (sem nenhum entusiasmo) Vamos.

C9. DELEGACIA MIRIPITUBA. SALA MEIER. INT. DIA.

Meier irritadíssimo sobre o que rolou com ele na casa Longaray. Bryan e Roger presentes na sala.

MEIER —— Otário! Imbecil… assim que me senti saindo daquela casa ontem. Achei que era uma mulherzinha ingênua, coitada. Hum! O coitado era eu. Mentindo descaradamente. Ainda quis-me por na parede, me intimidar. Dizendo que o que eu estava fazendo era ilegal.

BRYAN —— Calma, patrão.

ROGER —— É, chefe, esses anos todos trabalhando com o senhor, eu nunca vi o senhor assim.

MEIER —— Não gosto de ser passado pra trás, (ao Roger) o homem já deveria saber disso.

ROGER —— Sei disso. Mas pode ser algo sem importância, coisa banal.

BRYAN —— Ou não. Essas coisas a gente nunca sabe. O marido dela teve aqui hoje de manhã livrando o moleque deles de comer pão dormido, todo metido.

ROGER —— Não põe lenha, Bryan!

MEIER —— Não é lenha! O que ele tá falando é verdade. E falando em verdade, é isso que eu vou descobrir naquela família: a verdade. Mais cedo ou mais tarde. O filho deles já matou um, com certeza ele vai conseguir escapar por legítima defesa. Essa tal de Liége Longaray é uma boa bisca. Essa malandra não me escapa.

Bryan e Roger se entreolham.

C10. MIRIPITUBA. EXTERIOR. DIA.

Jock Jams – Are You Ready For This. Passagem de tempo. Mostramos um pouco da movimentação da cidade. Por fim, o barraco de Darwin, de onde vem à música. 

C11. BARRACO. INTERIOR. DIA.

Darwin varrendo a casa ao som da música da cena anterior. Bem animado, arrisca uns passinhos. Animado. Lorelaine aparece; vê essa cena patética, e desliga a música.

LORELAINE —— Jock Jamns? Revirou o baú?

DARWIN —— Estraga prazer. Essa é do meu tempo. Não enche. Daqui a pouco eu coloco umas do Wesley Safadão. Meu! Que podre que tá essa maloca, você deixa tudo atirado. Já achei mais de um quilo de cabelo pela casa toda.

LORELAINE —— Cala boca. Isso daí não é nada comparado ao…/

DARWIN —— (OFF/varrendo) Eu juntei umas coisas que estavam atiradas aqui na sala, no quarto. Pente, maquiagens, esse caderninho.

Lorelaine parou de falar porque achou um caderninho encima da mesa, que ela não conhece. Abriu, e está lendo.

LORELAINE —— Darwin… esse caderninho não é meu. É do… Olha aqui, é do Iuri.

Darwin atira a vassoura longe e pega o caderno.

DARWIN —— Caramba, mas como… olha aqui. Tem números de contas, senhas… Lorelaine… Isso daqui,

LORELAINE —— No dia que ele veio aqui, deve ter perdido, caiu, sei lá; Darwin…

DARWIN —— (surpreso/brilha os olhos) Isso aqui é/ Cara, uma mina de ouro.

LORELAINE —— Será que você ainda não reparou, sua besta, que ele vai voltar pra pegar esse negócio. Tira o cavalinho da chuva, se ele sonhar que estávamos com isso, não quero nem pensar.

DARWIN —— Tá certo, negâ. Você tá certa. Mas isso aqui seria a salvação da lavoura, o Christian precisa saber disso.

LORELAINE —— Onde ele está?

DARWIN —— Com a gorducha dele.

LORELAINE —— (suspeitar) Tem algo muito estranho nisso, Darwin. Porque ele ainda não se separou dela, se já não existe mais motivos pra isso?

DARWIN —— Eu não sei.

LORELAINE —— Se ele está te escondendo algo, faça isso também. Pelo menos até ele te mandar a real. Prensa ele na parede, não seja idiota. Com certeza, Iuri não ia embora (pega o caderninho) sem isso daqui.

DARWIN —— Não ia mesmo. Você tá certa. Não vou dar uma de mané. O Christian vai ter que se explicar direitinho.

C12. QUARTO HOTEL. INTERIOR. DIA.

Liége sentada na cama pensativa; fumando. Leonard estranha seu jeito.

LEONARD —— (surpreso) Fumando? Não sabia que fumava.

LIÉGE —— Só um.

LEONARD —— Você estava distante. Parecia que não queria.

LIÉGE —— Tô com problemas familiares.

LEONARD —— Sempre, sempre a família em primeiro lugar, eu sempre de segundo plano.

LIÉGE —— Você está ficando tão chato, Leonard, já não sei o que fazer.

LEONARD —— seja minha!! Só minha!

LIÉGE —— Tá bom, eu sou só tua! Eu estou aqui, não estou?

Ela apaga o cigarro, e abraça-o.

LEONARD —— Assim espero.

Celular de Liége toca.

LIÉGE —— É meu marido.

LEONARD —— Não atende. Prova que não sou seu segundo plano, não atende!!

LIÉGE —— (insistir) Meu filho foi detido ontem, passou a noite na delegacia, usou droga. Meu marido…

LEONARD —— não atende! Prova que…//

LIÉGE —— (atende) Alo!! Oi, fala… Sim, tá… Eu já estou indo pra casa. Sim. … Tá bom, até mais…! Beijo.

Leonard se fecha. Liége desliga o celular.

LIÉGE —— Leo, eu tive que atender, meu…/

LEONARD —— Agora, eu percebi, Liége. Você nunca vai ser minha. Nunca.

LIÉGE —— Não fala isso, Leo… Eu gosto tanto de você. Que//

LEONARD —— Você tá mentindo, tá sim. Eu vou te dizer uma coisa, Liége. (levantando-se) Isso não vai ficar assim.

LIÉGE —— Para, Leo… O que vai fazer?

LEONARD —— Você vai ver. Teu marido tá em casa, não tá?!

LIÉGE —— Para, não, não começa!

LEONARD —— Hoje aquele boi vai ficar sabendo da verdade, eu vou dizer na cara dele que ele é um chifrudo!

Leonard cata suas coisas e roupas. Liége tenta impedir.

LIÉGE —— Leonard, para com isso, eu sou tua, meu amor! Você não pode fazer isso comigo, não vai estragar tudo! Larga, larga isso… vem, vem pra cama comigo.

LEONARD —— Você acha que eu sou idiota? Você deu a prova hoje, transando comigo, que nada vai ser como era antes. Se pra mim não vai ser como antes, pra você e nem pra sua familiazinha de margarina não vai ser também!

LIÉGE —— Não!! (fica na frente da porta) Eu não vou deixar você sair desse quarto! Leonard! Para com isso.

LEONARD —— (sério) Você não tem força pra me segurar, Liége! 

Leonard pega Liége pelo braço, puxa-a e atira na cama.

LIÉGE —— Não!!

Leonard abre a porta, TIRA A CHAVE; ela se levanta e se agarra nele.

LIÉGE —— Não, por favor, não faz isso! Olha aqui, Leo! Eu tô te implorando.

LEONARD —— Eu vou fazer isso. E você não vai me impedir!

Leonard a empurra e fecha a porta; ele a tranca dentro do quarto.

LIÉGE —— NÃO! O que você tá fazendo, Leonard!? Você não pode fazer isso comigo. Não! Me deixa sair daqui!

Liége se desespera. Tenta abrir a porta, sem sucesso; começa a dar chutes, sem sucesso. Se afasta, ofegante.

LIÉGE —— Droga… o que eu faço? Meu Deus… que eu faço. (se olha) Preciso por uma roupa.

Liége se veste; pega suas coisas. Vai até a janela, olha, constata: muito alto, sem chance. Olha para a porta.

LIÉGE —— Se eu fizer escândalo, alguém aparece, com certeza… mas eu… droga. E se alguém me reconhece.

Liége começa a ficar mais nervosa, com as mãos na cabeça, chorar, anda de um lado pro outro.

LIÉGE —— Tô ferrada, acabou, tô ferrada… Eu não consigo pensar, pensa… (olha para a porta) Eu vou arrombar, não deve ser difícil. Eu vou.

Liége pega impulso; vai um pouco pra trás. E corre com toda força em direção da porta; bate com o corpo bem forte na porta, (claro que a porta não abre) ela é jogada pra trás, caindo e batendo de cabeça na guarda da cama, fica zonza no chão. Liége encosta sua cabeça no chão, e ali dorme (ou desmaia).

C13. CASA LONGARAY. SALA. INT. DIA.

Christian se despedindo de Thailyz.  

THAILYZ —— Ah, já vai?

CHRITIAN —— Ah, já vou!

THAILYZ —— Tá bom, vou deixar você ir. Se me prometer que volta logo.

CHRISTIAN —— Prometo que volto logo!

Os dois se beijam. Christian se despede de Giovanni que está na sala, sentado, lendo algo. Thay acompanha Cris até a porta, mas um beijinho, e ele sai.

C14. RUA DA CASA LONGARAY. EXT. DIA.

Cristian caminhando, pega seu celular, disca alguns números, cruza por ele Leonard. Christian o reconhece, mas Leo nem sabe que ele é; ligando para Liége.

(alternar com QUARTO HOTEL. INT. DIA.) Liége, no chão, acorda com o toque do celular. Atende rápido.

LIÉGE —— (cel.) Christian!!

CHRISTIAN —— (cel.) Liége, quê que tá rolando? Eu preciso falar com você!

LIÉGE —— (cel.) Cala boca! Escuta, o Leonard, meu amante…

CHRISTIAN —— (cel.) Que tem ele? Ele acabou de cruzar comigo aqui na rua da tua casa? Que tá rolando?

LIÉGE —— (cel.) Ele sabe de tudo! Ele vai contar pro Giovanni! PEGA ELE!!!

Christian sai correndo atrás de Leonard.

CHRISTIAN —— Merda, merda, merda, merda, …

C15. CASA LONGARAY. SALA. INT. DIA.

Giovanni abre a porta para Leonard.

FIM DESTE EPISÓDIO

 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo