De cara com ela

 

CENA 1. CRUZAMENTO. EXTERIOR. NOITE.

Corpo de bombeiros no local do acidente. Muita movimentação. Paramédicos socorrendo Iane, ainda desacordada. Do outro lado, recuperando a consciência está Liége, com dois bombeiros tentando reanima-la. Efeito em CAM embaçada. Liége confusa, CAM-objetiva; Liége com a visão turva, ganhando sentido.

LIÉGE — (zonza) Que aconteceu? Onde… onde…

BOMBEIRO — Fica calma! Mantenha a calma. Você consegue me entender? Eu preciso que você fique acordada! Você consegue responder algumas perguntas?

LIÉGE — É, sim. Acho que sim… Minha mãe?

BOMBEIRO — Como você se chama?

LIÉGE — Liége. Liége. Meu nome é Liége.

BOMBEIRO — Idade, Liége?

Liége continua desnorteada.

Vamos ao carro onde está Christian. Os bombeiros retiram Christian de dentro do carro com cuidado, ele está acordado, consegue sair andando e é posto em uma maca.

Liége consegue sair andando de dentro do carro também.

LIÉGE — A minha mãe? (chorando) A minha mãe, como ela tá, gente?

BOMBEIRO — Não se preocupe, vamos cuidar dela. Se acalme. Vai ficar tudo bem.

LIÉGE — A culpa é minha, a culpa é minha.

Liége se senta na ambulância. Perto dela um policial passa ao celular.

POLICIAL — (cel.) Eu vou me atrasar, amor. A gente estava em perseguição policial. O vagabundo roubou um troço valioso, pegou um carro, cruzou o sinal vermelho e acertou em cheio um carro aqui na Avenida Principal. Sim… é….

Ele se afasta, Liége põe as mãos na cabeça não acreditando nessa situação.

A partir desse momento, CAM-lenta: Liége segue seu olhar para frente, percebemos que ela avistou algo, mostrar Christian sendo atendido pelos paramédicos; ele está sentindo dores, isso faz com que ele olhe em volta e perceba que Liége está olhando para ele. Marcar esse momento.

Corta com Giovanni chegando até Liége, ele bem preocupado.

GIOVANNI — Liége! Liége! (chega) Como você tá? Se machucou muito? Bateu a cabeça…?

Ele a abraça.

LIÉGE  — Sim… É. Foi uma pancada horrível.

GIOVANNI — (preocupado) Mas tá sentindo alguma coisa? O que é? Pode falar!

LIÉGE — Não, não… eu quero saber da minha mãe. Como ela tá?

GIOVANNI — Eu não sei. Eu não sei! Eu vou procurar saber.  (abraça-a) Meu Deus, Liége! Que susto… Meu amor, eu prometo nunca mais duvidar de você! (ao paramédico do lado) Cuida dela, por favor!

Giovanni sair. Liége procurar novamente por Christian, passando por ela, acompanhado da policia e paramédicos, ele toca na mão dela.

CHRISTIAN — Desculpa.

Já sem tempo, ele é levado por uma ambulância, que estava perto dela. Liége ainda atordoada, não consegue assimilar as coisas.

CENA 2. AMBULÂNCIA. EXTERIOR. NOITE.

Em movimento. Christian deitado, levando curativos nos ferimentos.

CHRISTIAN — Merda… que foi que fiz? Merda…

ABERTURA

NARRADOR Episódio: De cara com ela.

CENA 3. HOSPITAL. SALA ESPERA. NOITE.

Giovanni a espera de notícias. Liége aparece acompanhada de uma enfermeira.

GIOVANNI — Liége! Amor. E aí, como tá?

LIÉGE — Tô bem. Só algumas escoriações.

GIOVANNI — Ainda bem. Desculpa ter duvidado de você. É que você mentiu, e eu pensei…/

LIÉGE — Tudo bem, Giovanni. Não tem problema. Eu tô preocupada mesmo é com a mamãe. Não sei como ela tá. Eles não me falaram nada?

GIOVANNI — Me disseram que ela foi pra ala de cirurgia.

LIÉGE — (chorando) Ai, meu Deus… tomara que ela fique bem.

GIOVANNI — Calma. Vai dar tudo certo. Você quer ir pra casa, tá cansada?

LIÉGE — Não. Eu não vou conseguir descansar se ficar sem notícias. Eu vou ficar aqui!

CENA 4. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA.

Christian deitado, algemado na cama. Entra o delegado Meier.

MEIER — É, cara, você causou maior rebuliço essa noite. Tá feliz? … Eu imagino que não.

CHRISTIAN — Não falo nada sem estar na presença do meu advogado.

MEIER — Hum… advogado. Ele quer advogado. Advogado nenhum vai conseguir te livrar da cadeia depois de tudo que aprontou hoje. Em outras palavras você tá bem fudido. Mas a coisa pode aliviar pro teu lado, é. Primeiro o homem pode dizer onde está o colar. Sim, porque você sabe que esse colar é muito valioso, e se entregar ele pra gente você pode evitar uma grande dor de cabeça pra todo mundo. Inclusive pra você.

CHRISTIAN — Só falo na presença do meu advogado.

MEIER — (tom ameaçado) Se eu fosse você, entregava logo o jogo. Até mesmo porque essa notícia do roubo dessa joia vai vir à tona, em rede nacional, até internacional. E a pena vai ser muito rigorosa, sobre tudo o acidente que você causou.

CHRISTIAN — Só falo na presença do meu advogado.

MEIER — (esgota paciência) É papagaio, agora? Eu já estava deitado na minha cama, me preparando pra fazer um belo sexo com a minha mulher, me ligaram pra eu vir até aqui te convencer a fazer o que vai ser melhor pra todos. Não vale a pena se calar agora, cara!

CHRISTIAN — Eu falo na presença do meu…/

MEIER — (corta gritando) NÃO BRINCA COMIGO, RAPAZ! Seja homem! … (mais calmo) O assunto é sério. Eu odeio me exaltar.

Os dois ficam se encarando.

MEIER — (cont.) Eu vou fazer duas perguntas. Dependendo das respostas, você pode se dar muito, mas muito mal. … Qual é o nome do teu comparsa, que te ajudou no roubo? E onde está esse bendito colar?

Christian fica calado um tempo, olhando para o delegado e enfim responde:

CHRISTIAN     — Eu… só falo na presença do meu advogado.

Delegado Meier fica encarando ele, sem demonstra, mas está louco para pegar Christian pelo pescoço.

MEIER — É assim? Então tá. (retirar-se, mas antes) Reze, reze pra essa mulher do acidente não morrer.

O delegado sai. Christian na dele, pensativo.

CENA 5. HOSPITAL. SALA MÉDICO. INTERIOR. DIA.

Liége e Giovanni diante do médico que fez a cirurgia em Iane.

GIOVANNI — Doutor, passamos a noite aqui.

LIÉGE — Na maior angustia. Fala, como é que está a minha mãe?

DOUTOR — (dar a boa notícia) Felizmente ela não corre nenhum risco de morte.

JUNTOS — Graças a Deus!!

DOUTOR — Porém, eu chamei vocês, aqui na minha sala, porque o caso é sério.

LIÉGE — (nervosa) Ai, doutor, não faz assim… Eu já estou me sentindo culpada só pelo fato da minha/

DOUTOR — (corta) Olha, você vai precisar ser forte.

LIÉGE — (impaciente) Eu sou forte! O quê que tá acontecendo?

GIOVANNI — Liége, se acalma… Deixa o médico falar.

DOUTOR — Com a força do impacto, sua mãe fraturou uma parte da coluna que é irreversível.

LIÉGE — Isso quer dizer que ela vai sentir dores nessa região da coluna, pra sempre? É isso?

DOUTOR — Também. Além disso, ela vai se privar dos movimentos das duas pernas.

LIÉGE — (chocada) A… a… a minha mãe não vai poder mais andar…?

DOUTOR — Ela vai ficar paraplégica pra sempre.

O clima de tensão pesa. Liége completamente em estado de choque, sabe que a culpa é dela. Respiração forte, o choro vem atrás. Chorar, e muito. Giovanni abraça-a, já está aos soluços.

LIÉGE — Não, não. Não pode… não pode ser…

Liége continua desesperada. Giovanni tenta conforta-la.

CENA 6. QUARTO CASAL. INTERIOR. DIA.

Liége sentada numa poltrona, inchada de tanto chorar. Giovanni entrar.

GIOVANNI — Eu trouxe um sanduíche. Tá mais calma?

LIÉGE — … A culpa foi minha.

GIOVANNI — Não, Liége. Aquele maluco que avançou o sinal vermelho.

LIÉGE — Minha mãe vive sozinha. Como é que ela vai fazer? Eu vou ter que cuidar dela. Ela vai ter que morar com a gente.

GIOVANNI — (não gostou da ideia) Tudo bem. Eu acho que ela pode morar com a gente, com as crianças.

LIÉGE — Vamos ter que nos mudar. Ir pra uma casa maior.

GIOVANNI — Eu tenho uma grana guardada. Acho que dá pra comprar uma boa casa. A gente vende essa, vende a da tua mãe, a gente se vira. Só não quero que você fique com esse sentimento de culpa. (abraça-la) Come o sanduíche, come.

CENA 6. TRIBUNAL. INTERIOR. NOITE.

Christian sendo julgado, seu advogado do lado. Juiz pronto para dar a sentença ao réu.

OFICIAL  — Todos de pé para ouvir a sentença.

Todos se prontificam. O juiz começa..:

JUIZ — Por fazer uso ilegal de invasão de propriedade, e furtar uma colar de características valiosas; por danificar e roubar veículo; por se recusar a informar as autoridades o paradeiro da peça e de seu cúmplice; por causar danos a patrimônios públicos e; também, danos físicos as pessoas…

CHRISTIAN — (pensando) Onde será que aquele miserável do Darwin tá, que desgraçado, conseguiu fugir.

O advogado de Christian cochicha em seu ouvido:

ADVOGADO — Relaxa. Se for condenado, pegará 3 anos, e sair em 1,5 por bom comportamento.

JUIZ — Declaro o réu: culpado. Condeno a 10 anos em regime fechado. Ainda aplico-lhe uma multa de 10mil reais pelos estragos públicos, e 15mil reais para as pessoas vítimas da causalidade. (bate o martelo!)

Christian olha para seu advogado, que faz uma cara de “foi mal”. Os policiais chegam até Christian, enquanto é algemado ele vê Darwin sentado nas cadeiras, onde estava assistindo o julgamento. Darwin faz uma cara de “putz”. Christian é levado.

CENA 7. PLANO GERAL DA CIDADE. EXTERIOR. DIA.

Mostrar a legenda: MESES DEPOIS.

CENA 8. PENITENCIÁRIA. PÁTIO. EXTERIOR. DIA.

Christian recebe visita de Darwin.

DARWIN — Cara só agora eu consegui aparecer!

CHRISTIAN — Estava na hora, porque demorou tanto?

DARWIN — A gente tá fudido, cara! Eu sabia que isso ia dar merda!

CHRISTIAN — Que foi, droga?

DARWIN — O cara que a gente pegou a joia!

CHRISTIAN — Fala baixo. O tal Iuri?

DARWIN — (tenso) Esse mesmo. Ele tá na nossa cola. O cara é casca grossa. Ele sabe que foi a gente que pegou o colar dele. E sabe que você pegou dez anos de cadeia por não ter devolvido a porcaria desse colar. Todo mundo sabe que só você sabe onde tá essa joia. Não é?! Eu preciso que você me diga.

CHRISTIAN — (hesitar)

DARWIN — Christian… Christian, você não tá entendendo a gravidade da situação, mano. Esse Iuri vai acabar matando a gente.

CHRISTIAN — Não vai me matar sem antes eu contar onde está o colar. Ele não pode me matar se não o colar morre também!

DARWIN — Morrer é uma das últimas coisas que você precisa se preocupar! Eu tô falando de tortura. (desistir) Ah, cara, tá! Eu sei que você não vai falar. Tá bom! Eu preciso desaparecer por um tempo. Quando as coisas se acalmarem eu volto com novidades.

CHRISTIAN — Tá. Te cuida.

DARWIN — Eu trouxe cigarros.

CHRISTIAN — Eu não fumo.

DARWIN — Cigarros na cadeia valem ouro, porra!

CHRISTIAN — Ah, tá. Tá, tá…

Eles se despedem.

CENA 9. CASA LONGARAY. QUARTINHO. INT. DIA.

Liége trouxe sua mãe Iane para morar com ela. E está apresentando seu quartinho. Liége entra empurrando Iane numa cadeira de rodas. Iane está com uma cara terrível, amargurada, brava.

LIÉGE — Eu fiz questão do Giovanni comprar a maior casa que ele conseguisse. Agora, que senhora vai morar com a gente, precisamos de bastante espaço. Esse é o seu quarto.

IANE — É isso?

LIÉGE — Que foi, mãe?

IANE — É isso? Vocês vão me enfiar num cubículo como esse? Depois do que você fez comigo, Liége, é isso que eu mereço? Morar num quartinho nos fundos?

LIÉGE — Desculpe, mãe. Esse é o único quarto do primeiro andar.

IANE — (gritando alterada) Não interessa! Não é isso que eu mereço! Era pra eu estar em casa, cuidando das minhas coisas, fazendo a minha comida! (não contém o choro) A culpa deu estar sentada encima dessa porcaria, sem poder coçar a própria bunda sozinha, é sua! Num quartinho nos fundos? Do lado da área de serviço, Liége?!

Liége se debulhando em lágrimas, sente-se muito mal.

IANE — Vocês venderam a minha casa pra ajudar a comprar essa. Nada mais justo que eu fique com o maior quarto da casa.

CENA 10. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. DIA.

Um quarto bem amplo, com suíte e varanda. Liége entra empurrando sua mãe na cadeira de rodas. Iane analisa o quarto.

LIÉGE — Esse aqui é o melhor quarto da casa.

IANE — Perfeito pra viver meus últimos dias.

LIÉGE — Não fale assim. Tem varanda, banheiro. Podemos usar esse armário para guardar algumas coisas. O único problema é que cada vez que a senhora tiver que sair, alguém vai ter que/

IANE — (corta) Não se preocupe com isso. Eu pretendo nunca mais sair desse quarto. Você conseguiu me prender, pra sempre.

LIÉGE — Mãe, por favor…

IANE — Pode sair. Quando eu precisar eu te chamo.

LIÉGE  — Eu ainda tenho que arrumar o/

IANE — (gritar) Sai!!

Liége sai do quarto. Iane olha os cantos do quarto. Passa a mão no pescoço, e começa a chorar sentindo uma angustia que chega doer.

CENA 11. PENITENCIÁRIA. PÁTIO. EXT. DIA.

Plano geral do pátio onde ficam os presos tomando banho de sol. Com a legenda: DEZ ANOS DEPOIS.

Christian de costas para a CAM, fazemos um mistério.

CHRISTIAN — É hoje!

Se vira, e mostrar seu rosto abatido, suado com a barba enorme.

CENA 12. PENITENCIÁRIA. GALERIA. INT. DIA.

CARCEREIRO    — Christian Moraes! Christian Moraes!

Christian aparece dentre os presidiários e chega até o carcereiro.

CHRISTIAN    — Tô aqui! Aqui! Bem aqui.

CARCEREIRO    — Me acompanhe.

CENA 13. PENITENCIÁRIA. SALA DIRETOR. INT. DIA.

O diretor da cadeia é claro e sucinto.

DIRETOR — Seu pedido de apelação foi aceito pelo juiz. Você é um homem livre.

CHRISTIAN — Jura? É isso mesmo? (eufórico) Quer dizer que eu não vou precisar mais dormir em colchonete no chão? Que não vou precisar apanhar por resto de comida? Que não vou precisar me masturbar olhando aquela foto da Monique Evans careca? Meu Deus! Isso é bom de mais pra ser verdade!

DIRETOR — Se não parar com a palhaçada, eu consigo te deixar em cárcere por mais uma semana.

CHRISTIAN — Parei!

Christian não se contém, fibra de felicidade.

CENA 14. PENITENCIÁRIA. FRENTE. EXT. DIA.

Os portões se abrem. Christian aparece saindo. Ele respira fundo, olha em volta e vê um carro estacionado. Vai até ele. Desce do carro Darwin (dez anos mais velho).

DARWIN — Até que enfim!

CHRISTIAN — Cara… hoje, é um dos melhores dias da minha vida. Acabou! Livre.

DARWIN — Livre como um passarinho. Agora, deixa eu te falar uma coisa aqui, ô passarinho. Pra onde cê quer ir? Pras puta?

CHRISTIAN — (risos) cara, eu quero comer! Mas não isso, não ainda. Preciso urgentemente de um hambúrguer! Pra ontem! Quero muito, eu daria minha alma por um triplo com bacon!

DARWIN — Bora, bora, bora…

Eles entram no carro.

CENA 15. RUAS. CARRO DARWIN. EXT. DIA.

Tocando um hip-hop sem letra no rádio.

CHRISTIAN — Cara, essa carro tá cheio de lixo. Credo.

DARWIN — Queria que eu lavasse o carro pra ir te buscar, só o que falta, né?! Não lavo nem quando vou buscar minha noiva.

CHRISTIAN — Noiva? Nossa… quem diria.

DARWIN — É, não, agora tô comportadinho. Lorelaine! Coisa mais linda. Uma negona com uns beiços que deixa qualquer um de quatro. Que beiço! Cara, mudei meus conceitos, sabe?! Por que ter um relacionamento assim é sinal de que você vai transar sem precisar pagar.

CHRISTIAN — Você não mudou nada, continua falando as mesmas asneiras de sempre.

DARWIN — (risos) Aí eu dou valor!!

CHIRSTIAN — Que isso? Essa música, ninguém merece.

DARWIN — Peraí. Vou por coisa boa!

Darwin põe Wesley Safadão – Camarote. E começa a cantar junto. Christian olha pasmado. Darwin canta faceiro.

DARWIN  — (cantar) Quer saber? Palmas pra você  / você merece o título de pior mulher do mundo / Agora assista aí de camarote / Eu bebendo gela, tomando Ciroc / Curtindo na balada, só dando virote / E você de bobeira sem ninguém na geladeira

CHRISTIAN — É sério isso? Tu tá de sacanagem comigo!

DARWIN — Wesley Safadão! Bombando nas paradas!

CHRISTIAN — Eu vou bombar a tua cara se não trocar isso!

DARWIN — Safadão, porra… não ouvia esses paranauê lá na cadeia? Estraga prazeres mesmo!

Terminar cena: CAM sobe, mostrando o carro seguindo pela rua e encerrando com a batida da música.

CENA 16. LANCHONETE. INTERIOR. NOITE.

Christian devorando um hambúrguer como se fosse um leão. Darwin assistir tomando um refrigerante de canudinho.

DARWIN — (suga) Tô nem aí pras tartarugas! Calma, cara. O boi já tá morto, não vai fugir.

CHRISTIAN — (boca cheia) Não tem noção por quantos anos eu desejo por esse momento.

DARWIN — Vai fundo. Vou pedir outro. Conta aí! É verdade que pra sobreviver vocês tem que virar mulherzinha lá dentro?

CHRISTIAN — Tá maluco?!

DARWIN — Sim, os fraquinhos assim que nem você não tem como se defender sozinhos. Não arrumou nenhum machão, negão de cavanhaque e careca pra você?

CHRISTIAN — Fecha essa boca. Isso não é verdade. Besteira. Tomei muito soco, porrada. Isso sim. Eu usei muito a mente lá dentro, se não estava fudido.

Mostrar um homem suspeito observando eles, chamamos de Roger.

DARWIN — Agora, conta pra nós? Cadê o colar?

CHRISTIAN — Ainda pensando nesse colar?

DARWIN — Desde que você foi preso. Há dez anos, eu não me esqueço desse colar. Que foi por causa dele que você ficou naquela prisão como um/

CHRISTIAN — (corta) Darwin, cê fala demais. Calma.

DARWIN — Ao menos diz se você sabe onde ele tá.

CHRISTIAN — Sei! Não teve um dia lá dentro que eu não pensei no lugar onde eu deixei.

DARWIN — ONDE?

CENA 17. CASA LONGARAY. FRENTE. EXTERIOR. DIA.

Plano geral da frente da casa. Darwin e Christian do outro lado da rua.

DARWIN — Ali?! Nessa casa?

CHRISTIA — Essa mesma. Naquela época ela estava em construção, não estava assim. Tá bem diferente.

Mostrar em outro ponto Roger, dentro de um carro. Falando no celular.

DARWIN — Tem gente morando lá. Algum pedreiro deve ter encontrado.

CHRISTIAN — Espero que não, eu deixei bem num mocó. Na tubulação de ar. Mas a única maneira de saber, é vendo.

DARWIN — Em que parte da casa?

CHRISTIAN — Num dos quartos.

DARWIN — Beleza! De noite, a gente vem, abre e…

CHRISTIAN — Não!! Nem pense nisso. Não quero voltar pra cadeia. Vou dar um jeito de entrar nessa casa, com autorização dos donos, catar o colar e saltar fora! Eu vou fazer de tudo pra não voltar pra cadeia de novo!

DARWIN — Sentiu o cutuque da cadeia, né?! Agora, taí todo cagado. Mas é isso mesmo… como vai fazer pra se infiltrar lá dentro?

CHRISTIAN — Ainda não sei. Preciso pensar.

Eles param um pouco. Cortes dados, eles esperando. O sujeito continua espiando os dois. Darwin saiu para comprar algo pra comer. Ele volta com salgadinhos.

DARWIN — E aí? Nada?

CHRISTIAN — Nada.

DARWIN — (oferece o salgadinho) Você quer?

CHRISTIAN — Não, obrigado.

DARWIN — Eu que agradeço. (comer) … Ih, olha lá!

Caminhando pela rua está Thailyz. Ela chega até o portão da casa e entra.

DARWIN — Viu a gordinha? Entrou na casa.

CHRISTIAN — (pensa) Espero que ela não tenha namorado.

DARWIN — No que tá pensando?

CHRISTIAN — Me dá teu celular!

DARWIN — O que? Pra que?

CHRISTIAN — Rápido! Me dá!

DARWIN — 99478…/

CHRISTIAN — Para, idiota! Tô falando do aparelho!

DARWIN — Ah, tá! Não explica.

CHRISTIAN — Muito burro.

DARWIN — (entrega) Pra que quer meu celular?

CHRISTIAN — Onde desliga essa merda? Aqui. (desligar o aparelho) Eu já volto.

Christian corre para frente da casa. Darwin observa.

Christian tocou a campainha. Quem vem atender é Thailyz.

CHRISTIAN — Oi! Boa tarde!

THAILYZ — Boa tarde!

CHRISTIAN — Você estava passando aqui agora pouco, e você deixou cair o seu celular. Eu tentei te alcançar, mas você entrou.

THAILYZ — Ah, não, moço. Esse aí não é meu celular, não. O meu tá lá dentro!

CHRISTIAN — É sério? Poxa vida, eu pensei que você tivesse perdido. Vi você passando. Bom, eu gostaria de devolver esse celular, a pessoa deve estar apavorada atrás dele. Eu lembro quando eu perdi o meu, nossa, todos meus contatos e fotos…

THAILYZ — Ai, é verdade, hoje em dia o celular é tudo.

CHRISTIAN — O ruim é que eu tentei ligar, mas está sem bateria. Aí, fica mais difícil.

THAILYZ — Hum. Deixa eu ver. Eu tenho um carregador pra esse celular, eu posso emprestar.

CHRISTIAN — É? Bom, seria ótimo. Nada melhor do que fazer o bem ao próximo, não é?!

THAILYZ — Entra aqui, rapidinho.

Thailyz entra na casa, Christian antes de entrar na casa faz um sinal de “yeahh…” para Darwin.

DARWIN — Que bandido, sem vergonha… ele conseguiu.

O homem que está observando-os de longe disca algo no celular, e torna a falar pelo celular, como se tivesse passando a informação para alguém.

CENA 18. CASA LONGARAY. SALA. INT. DIA.

Thailyz entra com Christian vindo logo atrás.

THAILYZ — Pode esperar aqui, rapidinho, eu já volto. Vou pegar o carregador no meu quarto.

Thailyz sobe as escadas, mostrar a sala, bem ampla, com alguns objetos rústicos e outros modernos. Vasos, e quadros que tem algum valor. Bem bonita a decoração. Christian observa bem a casa, toca em alguns objetos. Desce as escadas em CAM objetiva: calmamente, vai até um ponto da sala olhando para Christian, que ainda não reparou na presença de alguém. Revelar Liége. Christian a vê e leva um susto, e ao reparar quem é se espanta mais ainda, ele reconhece aquele olhar. Sobre postar a imagem em que eles trocaram olhares na cena 01/ desde episódio. Liége com um olhar curioso, o encara.

CORTA.

FIM DESTE EPISÓDIO

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