Homens de negócios

 

CENA 1. CASA LONGARAY. QUARTO THAILYZ. INT. DIA.

Close na boca de Thailyz. Passar um batom alaranjado. Ela se olha no espelho, dá uma melhorada no cabelo. Linda, manda um beijinho para o espelho, sai sorridente.

CENA 2. CASA LONGARAY. SALA. INTERIOR. DIA.

Liége curiosa com a presença de Christian em sua casa. Christian tenso por ter reconhecido ela do passado, fica sem dizer um pio.

LIÉGE — Quem é você?

Com o baque da surpresa, Christian não consegue nem falar.

LIÉGE  — Oi! Moço! Tá me ouvindo?

Thailyz entra na cena, descendo a escada, com um carregador de celular.

THAILYZ — Achei! Tá aqui. (vê Liége) Oi, mãe?! Eu tô aqui resolvendo um assunto com o… como é seu nome mesmo? (Christian continua voando) Ei! Oi! (rir) Como é teu nome mesmo?

CHRISTIAN — C-Christian.

THAILYZ — Isso, Christian! Ai, cansei subindo e descendo essa escadaria. (p/ Liége) Ele achou esse celular na rua, pensou que fosse meu, e veio me entregar. Não é fofo?! Mas não era. Agora, a gente tá tentando ver de quem é. Vem. Vamos colocar aqui no carregador.

CHRISTIAN — (gaguejando) É, não precisa. Eu achei… Eu achei o botão que liga/desliga. Obrigado!

THAILYZ — Não, espera aí! Espera aí…

CHRISTIAN — Desculpe, eu… eu tenho que ir. Já tô atrasado. Obrigado mesmo!

THAILYZ — Ah, tá… então tá. Tchau!

Christian dá tchau pra Liége, que retribui meio cismada. Ele sai. Liége pega sua bolsa para catar algo.

THAILYZ — (exagerada) Gatoooo… Eu achei ele lindo. E boa gente, pelo jeito.

LIÉGE — Escuta, eu não gostei nada dessa história de você ter botado um estranho aqui dentro, hein?!

THAILYZ — Relaxa, mãe. Lindo daquele jeito duvido que ele faça mal pra alguém.

ABERTURA

NARRADOR Episódio: Homens de negócios.

CENA 3. BARRACO. INTERIOR. DIA.

Darwin ouviu o papo de Christian, que demonstra estar bastante apreensivo com a situação.

DARWIN — Fala sério! Não, essa tua memória aí deve estar com defeito! Não é possível. Justo na casa da mulher que você se envolveu no acidente há dez anos?

CHRISTIAN — Ela mesma. Ela mesma. Não tinha como não ter reconhecido.

DARWIN — E ela não te reconheceu?

CHRISTIAN — Não. Acho que não. Não sei.

DARWIN — Então não era ela. Como é que ela ia esquecer a lata do cara que desgraçou a vida dela?

CHRISTIAN — Não. Não sei. Talvez no momento ela deveria estar em choque. Ela não esperava que eu aparecesse. Deve ter tentado apagar da cabeça aquela noite.

DARWIN — O destino deve estar de pegadinha com vocês.

CHRISTIAN — Desgraça, desgraça, desgraça…

DARWIN — Agora, eu te pergunto: e agora?

CHRISTIAN — (tempo) Quer saber? Eu vou é curtir a minha primeira noite livre, na gandaia! Vem comigo?

DARWIN — Nega Lorelaine não vai curtir, mas demorô!

CHRISTIAN — Partiu!

CENA 4. CIDADE MIRIPITUBA. LOCAIS. EXT. ANOITECER.

Tocando música: Drake – Hotline Bling. Alguns takes da cidade; Pontos turísticos, festas, boates, bares…

CENA 5. CASA LONGARAY. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Liége, Giovanni, Thailyz e Aleff reunidos à mesa para jantar. Aleff mexendo no celular, distante. Giovanni jantando normal. Liége servindo-se, ouvindo as besteiras de Thailyz.

THAILYZ — Ai, ele era lindo!

LIÉGE — Ainda não engoli você ter trazido pra dentro de casa um estranho.

THAILYZ — Não viaja! É só olhar pro cara e já vê que ele é um anjo de candura.

LIÉGE — O que mais existe no mundo é lobo em pele de cordeiro, aprende comigo.

THAILYZ — (teimosa) Mas ele não!

GIOVANNI  — Como sabe? Pegou o RG dele e investigou na receita federal? Quem vê cara, não vê coração.

LIÉGE — Teu pai tem razão. (explicar) Eu desci pra sala e tinha um cara parado, me olhando como se eu fosse um fantasma. Até fiquei com medo.

THAILYZ  — Tá, gente, vamos mudar de assunto! Que tal? Aliás, falando em fantasma, quem é que vai levar o jantar da vovó?

LIÉGE — Hoje é dia do Aleff.

ALEFF  — Não mesmo! Eu fui ontem. Almoço e janta! Vocês tão loucos?

THAILYZ — Que eu saiba, hoje é dia do papai!

GIOVANNI — (putz!) Não brinca.

THAILYZ — (ao pai) Fui eu, anteontem foi a mamãe, ontem o Aleff… hoje você.

GIOVANNI — Cacete. Prepara aí que eu levo.

LIÉGE — Ai, gente, não é nenhum sacrifício.

GIOVANNI — É, então leva lá você.

LIÉGE — Não. Tenho que terminar de fazer as coisas aqui, lavar louça.

GIOVANNI — Eu lavo.

LIÉGE — Não, você não sabe lavar direito.

GIOVANNI — Ela acha que eu caio nessas desculpas. Encarar a fera lá em cima ela não quer.

ALEFF — Problema é que a vovó pisa na gente. Ela é má, vai no ponto fraco.

LIÉGE  — Se põe no lugar dela.

THAILYZ  — Se eu estivesse no lugar dela eu saia, tomava um ar na rua, ver gente. Faz anos que ela não sai daquele quarto. Só pra ir em hospital fazer exame, que a muito tempo não faz.

LIÉGE — Tem saúde. Vai durar muito ainda.

GIOVANNI — (irônico) Que notícia boa.

LIÉGE — Giovanni, para, não começa.

CENA 6. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. NOITE.

Iane sentada na cama lendo um livro, entrar Giovanni com uma bandeja em mãos. Ela para de ler.

GIOVANNI — Boa noite, dona Iane! Vim trazer a janta. Tão ótimas essas panquecas, minha sogra!

IANE — Achei que iam me deixar aqui morrendo de fome. É isso que vocês querem, não é? Me ver morrer?

GIOVANNI — Nunca. Não pense assim. A gente não é esse monstro que a senhora acha. Nós só queremos o seu bem.

IANE — Como você mente mal.

GIOVANNI — Bom, eu vou por bem pertinho aqui, as coisas, e… aqui. Bom apetite. Eu vou lá, que tenho que resolver um monte de…/

IANE — (corta) Como vai o trabalho? Muitos casos, muitos processos?

GIOVANNI — Tudo certo. Tudo na boa.

IANE — Que bom. Fico feliz por você. No começo eu odiei, odiei mesmo, a minha filha ter se casado com advogadozinho porta de cadeia. Mas que bom que você se tornou um advogado sério, bem centrado, respeitado, tem a maior agência de advocacia de Miripituba… Agora, vamos e viemos, é bem difícil a gente esquecer as origens, não é?! Porque até hoje quando eu olho pra você eu vejo aquele mesmo fracassado do passado, um homenzinho sem opinião, um homenzinho que qualquer pé-rapado pode pisar encima, um homenzinho capaz de se impor pra qualquer coisa.

GIOVANNI — As pessoas evoluem, não é?

IANE  — (venenosa) Você está aqui me servindo por livre e espontânea vontade, Giovanni? Será mesmo que as pessoas evoluem?

GIOVANNI — (suspirar) Tá servida! Boa noite, dona Iane! Espero que a senhora não se engasgue!

IANE — Não se preocupe. Não vou lhe dar esse prazer.

Giovanni sai do quarto escondendo raiva. Iane começa a comer.

CENA 7. CIDADE MIRIPITUBA. TAKES. EXTERIOR. DIA.

Começar música: Alex Gaudino feat. Crystal Waters – Destination Calabria. Mostramos a noite da cidade.: no ritmo da música – festas, bares, shows, ruas movimentadas, pessoas bebendo, dançando, rindo na rua. Mesclar com:

CENA 8. FESTA. INTERIOR. NOITE.

Música continua nesta cena. Christian dançando na pista de dança. Muita gente, muita luz piscando, ele dança adoidado. Se esfregando em mulheres, seu parceiro Darwin aparece com bebidas. Christian bebe, beija uma das mulheres, joga bebida encima dela, e bebi nos peitos (decote) da mulher.

CENA 9. CASA LONGARAY. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Liége e Giovanni preparando-se pra dormir. Ele ainda com raiva.

GIOVANNI — Não dá! Não dá! A tua mãe consegue me tirar do sério. Fiquei louco pra jogar tudo na cara dela quando ela começou a falar. Me segurei ao máximo pra não pegar aquele prato de comida e enfiar na goela dela!

LIÉGE — Calma, meu amor, calma…

GIOVANNI — Não é calma, Liége! Toda vez é isso! Saco.  (revoltado) Parece que ela não se sensibiliza com nada. Todo dia a gente se esforça pra ela ter o máximo de conforto, damos comida, remédio, essas coisas. E tudo que ela faz é maltratar, pisar, humilhar… Não tem um pinguinho, não tem um pinguinho de gratidão por tudo que a gente faz por ela! Como se a culpa dela ser assim é da gente.

LIÉGE — Qual foi o problema dessa vez?

GIOVANNI — Ela não é nada agradável. Reclama de tudo, e quando a gente menos percebe tá entrando na mente da gente, fazendo pensar em um monte de besteira. Ela tem um dom! Ela tem um dom de fazer a gente se sentir mal!

LIÉGE — É só não dar bola, Giovanni. Calma. Deita. Eu vou fazer você relaxar. Tá muito nervoso.

GIOVANNI — Não, não… tô muito nervoso pra isso. Hoje, não dá. Tua mãe me deixa louco!

Liége desanima por Giovanni ter se negado a transar.

CENA 10. RUA. EXTERIOR. NOITE.

Christian e Darwin saem de dentro de uma boate cada um com uma e vão andando pela rua, já estão alterados por conta da bebida que tomaram.

CHRISTIAN — Caralho, eu tinha esquecido como era bom, estar livre! Comer, beber, comer de novo…

DARWIN — Nada melhor, meu cupincha! Comer, beber, fumar, cheirar, cheirar xereca… (risos) Faz tudo… mas tem que ter grana.

CHRISTIAN — Opa… é… é mesmo… não; relaxa. A gente vai ter muita grana, muita grana… Escreve que eu tô te dizendo. Tirar o colar daquela casa, vai ser barbada.

Um carro para na frende deles.

DARWIN — (batendo no carro) Ô, maluco! Não tem medo de morrer, não ô palhaço?!

Desce do carro Iuri e mais alguns comparsas. Reação;

IURI — Se lembram de mim?

CHRISTIAN — (surpreso) Iuri!!?

IURI — Entra no carro. Os dois. Bora.

DARWIN — Não, peraí, não é bem assim…

Um dos comparsas de Iuri mostra que está armado, as mulheres já saem de fininho, correndo.

DARWIN — (cagão) Ave Maria… vamos com calma, meu camarada. Vamos bater um papo, antes… hein?

CHRISTIAN — Calma, cara. A gente tá indo, a gente vai entrar no carro. Calma aí.

E os dois entram no carro junto com eles.

CENA 11. LOCAL ERMO. EXTERIOR. NOITE.

Um carro vem chegando, estaciona. Desce dele Iuri, vai até um ponto. Do carro desse os comparsas trazendo Christian e Darwin até ele.

DARWIN — (bêbado) Mas que magoa é essa, cara? Que rancor todo é esse? Um troço que foi há tanto tempo atrás, até hoje…

IURI — Cala a porra da boca, se não eu arranco a sua língua e faço seu amigo come-la!

CHRISTIAN — Fica quieto, Darwin!

Darwin põe a mão na boca. Iuri permanece em silêncio, Christian tenta uma aproximação.

CHRISTIAN — Iuri, eu sei que você deve estar puto da cara com a gente, mas…/

IURI — Antes de qualquer coisa! Vem aqui.

Christian cabreiro com a situação. Se a próxima dele. Iuri põe a mão em seu ombro e lhe dá um soco no estomago, fazendo com que Christian caia de joelhos. Christian sem ar, gemer. Iuri revira os olhos, como se estivesse tendo um orgasmo.

IURI — Quanto tempo eu espero por esse momento!

CHRISTIAN — (ainda sem ar) Tá bom… legal… eu… eu mereci isso. Eu mereci. Agora…

Iuri nem deixa terminar e lhe dá outra porrada, pra cair no chão de vez.

DARWIN — uh… essa doeu.

IURI — Tem pra você também! Quer?

DARWIN — Não, obrigado!

Christian no chão sentindo as dores, tenta se levantar.

IURI — Vamos, levanta daí cagalhão. Levanta. Vem.

Christian se levantando com dificuldade.

CHRISTIAN — Iuri… você tem todo direito do mundo pra fazer isso. Mas vamos agir… agir como pessoas civilizadas. Hã? Eu posso… eu posso… a gente pode se dar bem juntos. Eu e você.

IURI — Eu e você? Juntos? Que? Quer casar comigo?

Os caras começam a caçoar dele.

IURI — (cont.) Sinceramente, eu esperava mais de você, que você fosse mais machão. Meus informantes lá do presídio diziam que você não era mulherzinha, mas eu tô começando a duvidar.

CHRISTIAN — Cara, não é assim que gente pode… a gente pode se acertar. (se toca) Peraí! Você me espionava dentro do presídio? Tinha informante…

IURI — Cada passo seu vigiado lá dentro.

CHRISTIAN — Se você não mandou me matar lá dentro… e eu ainda estou vivo na tua presença, é porque você me quer vivo. Tô errado?

IURI — Eu sou muito paciente. Há muito mais anos atrás, eu cobiçava muito aquele colar. Eu fiquei sete anos em volta dele. Esperando a oportunidade certa. A oportunidade apareceu. Junto com ela dois imbecis que tiveram a petulância de me roubar o colar justo na hora em que eu consigo tê-lo… em mãos. Um deles esconde o colar antes de pegar dez anos na cadeia. Eu pensei: vou acabar com esse desgraçado, melhor!, vou torturar ele até confessar onde escondeu aquela porra! Mas não… resolvi ser paciente. Esperei até você sair. Estava em Istambul, dê olho num quadro valiosíssimo, quando me informaram que você tinha saído da prisão. Voltei correndo pro Brasil, esperando que você pudesse me… me devolver o que é meu. Estou certo de que você fará isso sem problema nenhum. Não é?

CHRISTIAN — Você não sabe o quanto eu gostaria de te ajudar, Iuri, mesmo, gostaria mesmo, mas… infelizmente eu voltei no local em que eu tinha escondido o colar, e não estava mais lá. Eu juro! Não estava mais. Eu fiquei irado, mas é a verdade. Eu não sei como puderam ter encontrado.

IURI — Você deve achar que eu sou um otário, não?!

CHRISTIAN — Claro que não! Eu aqui, sabendo que posso tomar um tiro no meio da cara, arriscando estragar o velório, vou estar inventando uma coisa dessas, pelo amor de Deus, Iuri!

IURI — Christian, eu não retornei meio mundo pra ouvir isso. Um colar daquele não some assim. Se um bom samaritano tivesse encontrado ele, teria devolvido, e o retorno do colar seria capa de jornal. Ou se um malandrão tivesse encontrado ele, seria vendido no mercado negro, e do mercado negro eu tô por dentro. Vai continuar me mentindo?

CHRISTIAN — Já pensou na hipótese de um leigo ter encontrado esse colar e…. e ter dado de presente pra esposa, ou uma mulher e…

IURI — Já vi que você prefere do jeito difícil, por mim, não tem problema, eu também prefiro assim. (aos seus parceiros) Pessoal! Tenham a bondade.

Os homens se aproximam de Christian e Darwin.

DARWIN — O quê? Não! Eu não tenho nada com isso! Peraí! Não!

Darwin leva uma rasteira e Christian um soco; os dois caem no chão e começam a apanhar de socos e chutes, Iuri assistindo o espancamento dos dois. O sangue deles começa a rolar. Darwin no chão, põe os braços pra defender a cabeça. Christian é pego por um e outro dando de socos na cara.

DARWIN — Tá bom! Eu falo! Eu falo! Para!

Iuri manda sessar as porradas.

IURI — Podem parar. Quê que cê falou aí?

DARWIN — Para aí, camarada! Chega… eu falo.

CHRISTIAN — Darwin! Cara…

DARWIN — Não… cala boca! Não quero apanhar até morrer, porra!

IURI — Ótimo. Que bom. Alguém sensato. Pode dizer. Tá com vocês, não tá?

DARWIN — Não. Não tá com a gente.

IURI — Ai… podem continuar.

DARWIN — Não! Não! Para aí… não tá com a gente, mas a gente sabe onde tá. Eu sei!

IURI — É mesmo? Aonde?

Darwin dá uma olhada em Christian arrebentado, olhando pra ele.

CHRISTIAN — Não faz isso, cara…

Iuri dá um chute no meio do peito de Christian, ele cai pra trás.

IURI — (gritando p/ Darwin) Fala onde tá essa merda, caralho!

DARWIN — Tá legal! Eu falo. Tá na casa de uma família.

IURI — Família? Que família? Família de vocês?

DARWIN — Não! A gente não conhece essa gente. Ele tinha escondido numa casa em construção, deixou lá dentro. Passado esses dez anos, agora, tem uma família morando lá dentro.

IURI — E que família é essa?

DARWIN — Não sei! (cuspir) Caralho, tô cuspindo sangue. Eu não conheço, a gente não conhece. Não deu nem tempo de saber quem é aquela gente. E a gente nem sabe se tá lá dentro o colar ainda.

IURI — Que palhaçada. É bom que esteja, é bom que esteja.

DARWIN — Ótimo. Agora, que você sabe onde tá, você pode ir lá e buscar.

IURI — Não, não… vocês vão fazer isso. Vocês vão invadir esse tal casa, vão pegar o colar, e trazer ele pra mim. Vocês!

DARWIN  — Nós?

IURI — Vocês fizeram essa merda, vocês que limpem.

CHRISTIAN — Mas você tem mais caras, vocês estão mais preparados pra isso.

IURI — Ninguém aqui sabe onde está o colar dentro da casa, animal! Muito menos os idiotas que moram lá. Nem devem imaginar que um colar de 4 milhões de dólares tá escondido em casa. Vocês vão lá e vão trazer ele pra mim!

CHRISTIAN — Tudo bem! A gente faz! Mas nos dê um prazo de duas semanas, ao menos!

IURI — Duas semanas? Pra que duas semanas pra invadir uma casa?

CHRISTIAN — Eu não vou invadir! Eu vou fazer com que eles me convidem pra entrar, eu pego o colar e saio. Vai ser melhor.

IURI — Não! Invade, pega e sai!

CHRISTIAN — E você vai correr o risco deles me pegaram e eu ser preso e falar o que estava fazendo lá dentro até eles acharem o colar? É adeus pros 4 milhões.

IURI  — (tempo/pensativo) Uma semana. Uma semana e eu quero o colar na minha mão.

CHRISTIAN — Feito! Eu não aguento mais isso. Eu vou entregar esse colar pra você e pronto. Quero tirar essa porra da minha cabeça de vez. Essa merda me fez mofar 10 anos na cadeia.

IURI — Eu vou ficar de olho. Não pense em fugir com o meu colar, vai ser uma má ideia. Eu encontro vocês onde for, arranco suas bolas e dou pros cachorros comerem.

Iuri e seus comparsas vão se retirando, saem com o carro e deixa Darwin e Christian ali. Darwin tenta ajudar Christian que o empurra.

CHRISTIAN — Idiota!! Tinha que abrir essa boca?!

DARWIN — Qual é, Christian?! Os caras iam matar a gente. Eu salvei nossas vidas.

CHRISTIAN — Demos sorte por ele não saber onde tá a joia na casa, se não ele passava nós dois.

DARWIN — Credo… os caras nos afofaram a pau.

CHRISTIAN — Ah, tô todo quebrado.

CENA 12. BARRACO. INTERIOR. DIA.

Christian atirado no sofá, cheio de curativo, e remédio. Lorelaine pondo o último esparadrapo nele. Darwin na volta.

LORELAINE — Eu recomendo você ir pra um hospital, a coisa tá feia aqui.

CHRISTIAN — Não. Nada de hospital.

LORELAINE — Pelo cheiro, encheram a cara num boteco, tomaram um pau, e agora eu tenho que colocar remédio, curativinho. Eu sou uma idiota mesmo. Que besteira vocês andaram fazendo, hein?!

DARWIN — Nada não, nagâ! Tá tudo sob controle.

LORELAINE — Nossa, se está no controle, eu fico tentando imaginar como é que vocês vão ficar se perderem o controle.

DARWIN — Não se mete nessa história, não, que a gente vai resolver esse caralho.

LORELAINE — Se não é pra eu me meter, então não mete a porra dessa história na minha casa!

Lorelaine cata as coisas e sai.

CHRISTIAN — Ô, merda, essa casa não é sua?

DARWIN — Só a metade. O problema é que ela ficou com a parte do banheiro. Por isso ela se acha no direito de mandar no barraco todo. Ela é um amor.

CHRISTIAN — Eu tô fudido.

DARWIN — Qual é o plano? Como é que a gente vai fazer pra recuperar esse colar?

CHRISTIAN — Vamos sondar aquela família. Vamos ver qual é o dia-a-dia deles. Vou dar um jeito de entrar naquela casa. Ai, tá doendo a minha costela. Dorme. Vai dormir, esse bafo de cachaça tá me enjoando. Vai.

DARWIN — Credo… saiu da cadeia todo marrento. Antes era uma flor de pessoa, agora aí… dando coice nos amigos. Eu vou nessas. (sair gritando) Nega! Nega! Meu chuchu! Eu tô dodói, anjo! Vem aqui!

Christian se acomoda no sofá, pensativo.

CENA 13. MIRIPITUBA. PLANOS GERAIS. EXT. AMANHECER.

Planos da cidade, mostrar alguns pontos. O dia nascendo; movimentação, trânsito, pessoas caminhando, etc.

CENA 14. CASA LONGARAY. FRENTE. EXTERIOR. DIA.

CAM desce do alto, mostrando a casa Longaray, e vai descendo até o carro de Darwin, onde está ele no banco do motorista comendo salgadinho, e ao lado Christian, ainda todo dolorido.

DARWIN — Caralho, odeio acordar cedo. Porra, ontem bebi um monte ainda. Cê tá todo ralado aí.

CHRISTIAN — Fecha o bico. A gente tem que ficar aqui de campana, esperando essa gente sair. (pega o saco do salgadinho bruscamente) Me dá aqui esse troço, esse barulho tá me irritando.

DARWIN — Ô, que falta de respeito com a comida da gente. Eu sai sem café, mano!

CHRISTIAN — Fica quieto. (surpreso) Olha lá, olha lá! Tem alguém saindo!

Da garagem da casa saindo Liége com o carro.

CHRISTIAN — É a mãe. Eu acho que é a mãe. Faz o seguinte, segue ela de carro. Fica na cola dela. Eu vou ficar aqui na frente da casa. (saindo do carro) Vai, não perde ela de vista.

DARWIN — Tá, tá. Não bate a porta.

Darwin sai com o carro seguindo Liége. Christian fica ali; do outro lado da rua, esperando algo.

CENA 15. CLIPE. EXTERIOR. DIA.

Sequências de cenas sem áudio, com fundo musical tenso:

Darwin seguindo Liége pelas ruas; Christian ainda a espera na frente da casa; Liége chega até sua loja de roupas masculinas no shopping, Darwin passa perto dela; Christian vê Thailyz receber uma amiga na casa, elas entram; Darwin jogando joguinho no celular, quase perde Liége de vista saindo da loja, ele corre para alcança-la.

CENA 16. CASA LONGARAY. EXTERIOR. DIA.

Christian ao celular com Darwin.

DARWIN — (cel./off) Haja paciência, viu?!

CHRISTIAN — (cel.) Onde você tá agora?

DARWIN — (cel./off) Sei lá, tô seguindo essa maluca aqui, tô com uma fome do caralho. Ela pegou um funcionário aqui, e tá indo sei lá pra onde. Ih, parou. Não…

CHRISTIAN — (cel./curioso) Quê que foi?

Corte contínuo para:

CENA 17. MOTEL. FRENTE. EXTERIOR. DIA.

Darwin olhando para frente, com o carro parado.

DARWIN — Você não vai acreditar!

Revelar Liége entrando em um motel com um funcionário de sua loja, Darwin assistindo de longe, começa a rir.

DARWIN — Ah, danada!!

Ficamos com Darwin aos risos.

CORTA.

FIM DESTE EPISÓDIO

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