FAMÍLIA POR ACASO

EPISÓDIO 12

EPISÓDIO ESCRITO POR:

RAMON SILVA

&

LEONARDO ANTUNES

EPISÓDIO DE HOJE:

“UMA FAMÍLIA POR ACASO”

CENA 01. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.

Eduardo ali jogando no cel. CAM detalha a tela do cel. Vemos que se trata de um jogo de RPG.

EDUARDO          — (P/si) Isso! Morre! (Sorrir, suspira) Ai, ai…

Laís chega da rua apressada, esbaforida.

LAÍS                    — (Esbaforida) Gente… Eu preciso contar uma coisa pra vocês!

EDUARDO          — Que isso, Laís? Se acalme… se não a gordura vai afetar o seu coração!

LAÍS                    — Tá dando um de que é igual ao Vitor por quê? Não adianta que esse papel é dele!

EDUARDO          — Tá, mas diz aí porque você chegou desse jeito!

LAÍS                    — Eu tenho uma coisa importante pra falar com vocês! (Grita) Pessoal! Pessoal! Reunião rápida aqui na sala.

Dafne vem da cozinha com uma colher na mão.

DAFNE               — O que é que é, Laís? Eu estava na cozinha preparando as quentinhas!

LAÍS                    — Senta aqui que vai ser rápido.

Dafne se senta e Vitor chega da rua com uma mochila super cheia, todos logo ficam olhando pra ele sérios.

VITOR                 — O que é que é, gente? Tão me olhando com essas caras por quê?

EDUARDO          — O que tem nessa mochila aí?

VITOR                 — Nada que te interesse! Se liga na sua vida!

LAÍS                    — Cadê a Thaís?

DAFNE               — Ela tava no quarto mandando um áudio pro tal amor virtual dela!

Thaís vem do quarto.

THAÍS                 — (Gritando) Que inferno de escândalo da Laís é esse que eu não tô conseguindo ouvir o áudio que o meu amor virtual me mandou?

LAÍS                    — Eu tenho uma coisa pra falar com vocês! Logo que todos estão aqui… Agora eu vou falar!

VITOR                 — Então fala logo orca! Que eu tenho mais o que fazer!

LAÍS                    — (P/Vitor) Eu sou muito superior a isso! Não vou nem me dar ao trabalho… (P/todos) Então pessoal, eu andei pensando bem e depois que eu comentei com o Montanha ele me deu a maior força!

VITOR                 — Mas espera aí, gente. Você e o Montanha são o que mesmo?

LAÍS                    — Montanha é o meu crush!

VITOR                 — Jesus tem misericórdia! Deve ser uma imagem dos infernos esses dois juntos na cama! Vem cá, ele não morre afogado nesses seus peitos não?

Eduardo e Thaís sorriem, Dafne séria.

DAFNE               — Gente, pelo amor de Deus! Chega de conversinhas paralelas que eu tenho mais o que fazer!  Ainda tenho que preparar o frango grelhado de hoje pras quentinhas! Vai, Laís, fala!

LAÍS                    — Obrigado, Dafne! Então… Eu decidi que vou ser a mais nova concorrência da DAFITI!

Todos reagem surpresos.

DAFNE               — Como é que é?

LAÍS                    — É isso mesmo que você ouviu! Eu sou ser a oposição da DAFITI! Vou ser do povo Plus sizie!

DAFNE               — Mas pra que isso agora, Laís? Você não está feliz com os resultados que a DAFITI está nos trazendo?

LAÍS                    — Não!

THAÍS                 — Por que não tá feliz se é isso que coloca comida na mesa pra você comer feito uma orca desvairada?

LAÍS                    — Porque eu não me identifico com o tipo de comida que nós oferecemos!

VITOR                 — Isso não é novidade pra ninguém! Eu sempre soube que gordo ali olhando pra comida light, ou como vocês chamam: “fitness”. Nunca daria certo.

DAFNE               — Mas você vai fazer oposição a DAFITI como?

LAÍS                    — Vou vender comidas calóricas, meu amor! Vou vender churros, galinha frita, a passarinho, tudo que tiver muita gordura eu vou vender!

DAFNE               — Então essa é a sua decisão final?

LAÍS                    — Sim!

DAFNE               — Então não me resta fazer outra coisa a não ser te desejar sucesso nessa nova empreitada, com licença!

Dafne vai para a cozinha.

THAÍS                 — (Toda bruta) É o que é que é, garota? Você tem problema, é? Onde já se viu apunhalar a Dafne pelas costas desse jeito?

LAÍS                    — Só estou seguindo os meus sonhos!

EDUARDO          — (P/Vitor) Só espero que esse sonho não dê um infarto fulminante nela de tanta gordura que vai ingerir!

VITOR                 — (Sorrir) É isso mesmo que vai dar!

Vitor vai para o quarto, Eduardo vai para a cozinha, Laís permanece ali sozinha, solitária… Ela se senta a então arremata.

LAÍS                    — (P/si) Será que eu tô fazendo mesmo a coisa certa?

Ela fica ali indecisa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 02. BAR DO BAIRRO. INT. DIA.

Bar com pouco movimento. Há uma mesa estão: Montanha e Judith sentados tomando uma cervejinha

MONTANHA      — Com essa tarde calorosa, só uma cervejinha mesmo, hein, dona Judith!

JUDITH               — Verdade!

Laís entra no bar cabisbaixa.

JUDITH               — Olha lá a Laís! Pela cara dela aconteceu alguma coisa!

MONTANHA      — Vou lá falar com ela!

Montanha vai falar com ela fora de áudio. Judith ali olhando curiosa. Instantes e os dois se aproximam da mesa e se sentam.

LAÍS                    — Oi, dona Judith!

JUDITH               — Oi, Laís! Por que você tá com essa carinha borocochô?

LAÍS                    — É que meus amigos não gostaram muito da ideia das quentinhas Plus sizie.

JUDITH               — E por que não? Pelo que o Montanha me contou, essa é uma ótima ideia!

LAÍS                    — Pois é, dona Judith! Mas o pessoal lá da casa não enxergou as coisas desse jeito!

JUDITH               — Inclusive eu já tenho até uma ideia!

LAÍS                    — Sério?

JUDITH               — Sim! Chegam mais que eu vou ensinar vocês a colocar essa comida pra gordo pra bombar!

Eles se aproximam mais de Judith que começa a arrematar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. CASA DO ABSURDO. COZINHA. INT. DIA.

Dafne ali cozinhando, Eduardo e Thais sentados à mesa. Thaís mexendo no cel., não dando a mínima pra conversa.

EDUARDO          — É inacreditável que a Laís fez uma coisa dessas! Eu até agora não consigo acreditar!

DAFNE               — Nem eu! Acho que eu falhei sabe? Eu acho que nunca deveria ter tido essa ideia de que se morássemos juntos, daria certo.

THAÍS                 — (Olhando para o cel.) Eu já sabia disso desde o primeiro episódio!

EDUARDO          — Calada, bruta! Vive com a cara aí nesse celular e só quer falar pra acabar com a coitada da Dafne? (P/Dafne) Olha, Dafne… Eu acho que você não errou em momento algum. A única culpada disso tudo é a Laís! Ela não tinha nada que inventar de vender quentinhas para pessoas gordas! Não fique se acusando de uma coisa da qual você não tem culpa!

DAFNE               — Mas você me entende, né, Edu? Quem teve a brilhante ideia fui eu!

EDUARDO          — Eu sei! Só tô querendo dizer que a única  e exclusiva culpada é a Laís! Ela foi desleal! Antiética com o nosso grupo!

Thaís olhando para o cel. sorrir.

DAFNE               — Mas por que você tanto rir olhando pra esse celular, Thaís?

THAÍS                 — (Toda bruta) Ai que inferno! Será que nessa casa não se pode ficar falando com o amor virtual não, é?! Que saco!

Ela vai para o quarto.

DAFNE               — Gente, eu disse alguma coisa demais?

EDUARDO          — Vá entender essa bruta da Thaís!

CORTA PARA:

CENA 04. CASA DO ABSURDO. FRENTE. EXT. DIA.

CAM vai passando pela rua, mostrando as crianças brincando, adultos e véia fofoqueira ali em rodinha fofocando…

Luíza ali do outro lado da rua indecisa.

LUÍZA                 — (P/si) Ai filha… Eu queria tanto te ver. Você não sabe o quanto eu sinto a sua falta! Minha filhinha não tá mais a mesa no café da manhã exigindo requeijão light… (Suspira) Ah… Tempos que pelo jeito não vão voltar mais! Que vontade que eu tenho de entrar aí e ver como você está! Será que eu devo seguir o conselho da Marta e visitar minha filha?

Ela fica ali admirando a fachada da casa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. CASA DO ABSURDO. QUARTO-MASCULINO. INT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Instrumental Mistério entra aqui.

Vitor ali com a mochila vendo um lugar para guardá-la. Mas não revela o que há dentro da mochila. Mistério….

VITOR                 — (P/si) Eu preciso de um lugar pra guardar essa mochila!

INSERT: da cena 01, imagem de Vitor chegando com a mochila.

VITOR                 — (P/si) Todos ficaram desconfiados e curiosos pra saber o que tem dentro dessa mochila! Mas ninguém pode saber! Onde que eu posso guardar essa mochila sem correr o risco de que ninguém me veja? (Lembra) Ah sim… Lá ninguém mexe!

Ele sai do quarto com a mochila deixando o mistério no ar. Instantes. Mistério.

CORTA PARA:

CENA 06. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.

Campainha toca. Thaís vem abrir a porta e se surpreende com sua mãe.

THAÍS                 — (Surpresa) Mãe? O que a senhora tá fazendo aqui?

LUÍZA                 — (Sorrir) Oi, filha. (Pausa) Será que eu posso entrar?

THAÍS                 — Claro, mãe! Entre!

Ela entra, Thaís fecha a porta e as duas se sentam no sofá.

LUÍZA                 — (Repara a casa) Nossa! Até a casinha de vocês é bonitinha.

THAÍS                 — É sim. (Sem jeito) E como a senhora está?

LUÍZA                 — Tô bem!

THAÍS                 — Ah, que bom!

Instantes de silêncio desconfortável.

LUÍZA                 — Filha Eu vim aqui por que/

THAÍS                 — (Corta) Não precisa dizer nada mãe! Eu sei que a senhora veio aqui pra conversarmos sobre o que aconteceu antes de eu sair de casa, não é isso?

LUÍZA                 — É isso… Filha antes de mais nada eu queria pedir desculpas pelo quem falei!

THAÍS                 — Não, mãe. Não precisa!

LUÍZA                 — Claro que precisa! Eu sei quando passo dos limites! E naquele dia eu disse coisas horríveis pra você!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 07. CASA DE LUÍZA. QUARTO DE THAÍS. INT. DIA.

Entra aqui um insert da cena 08 do capítulo 05.

Thaís vem do quarto com sua mala e uma mochila. Luíza vem atrás.

LUÍZA                  — Filha, pense bem antes de fazer alguma besteira!

THAÍS                  — Mãe, não adianta a senhora ficar falando no meu ouvido. Eu já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás! Eu quero morar com os meus amigos!

LUÍZA                  — Eu sei, filha… Mas aí vocês vão sobreviver de que? Se nem trabalhar, você trabalha, Thaís!

THAÍS                  — Não sei, mãe! Eu vou dar um jeito!

LUÍZA                  — Olha só! Eu vou ser bem direta contigo… Se você sair por aquela porta e virar essas meninas que ficam rodando bolsinha por aí… Pode esquecer! Eu não vou te querer dentro da minha casa!

THAÍS                  — Pode deixar! Pode deixar que você seria a última pessoa a quem eu procuraria!

Ela pega sua mala e sai apressada. Luíza fica ali apreensiva e aflita. Instantes. Tensão.

Fim do insert.

CORTA PARA:

CENA 08. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.

Continuação da cena 06. Luíza chorando.

THAÍS                 — Não, mãe! Tudo bem!

LUÍZA                 — Filha, eu te disse coisas horríveis e não me orgulho disso! Você me perdoa?

THAÍS                 — Claro, mãe!

As duas se abraçam emocionadas. Instantes. Emoção.

CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta, Sérgio e Anderson ali. Anderson mexendo no cel.

MARTA              — É… parece que a Dafne me odeia mesmo! Nem pra vir aqui fazer uma visitinha pra ver se eu tô viva ou se tou morta!

ANDERSON       — Nossa! Nessa idade e já está fazendo drama? Que de lá quando tiver sessenta, setenta…

SÉRGIO              — Que isso, Anderson! Isso lá é jeito de falar com a sua mãe?!

MARTA               — Tá vendo, Sérgio?! É isso mesmo que o Anderson vai falar quando estivermos velhos!

SÉRGIO              — Marta, a Dafne não deve ter aparecido por aqui porque ela pode estar ocupada com o empreendimento das quentinhas!

MARTA              — Isso não é desculpa! Quando se trata dos pais, nós nunca devemos colocar “empreendimentos” antes deles!

ANDERSON       — (Sarcástico) Falou a mulher que mal cuidou da mãe! Se não fosse a tia Idália, a véia tinha dado traças!

MARTA              — (Joga o chinelo nele) Cala boca garoto! Sai da minha frente! Sai da minha frente antes que eu cometa alguma loucura!

Ele vai para o quarto sorrindo debochadamente.

MARTA              — E você também é muito imprestável, hein, Sérgio!!! O menino me desafia na sua frente e você não fala nada!

Ele tenta falar, mas ela o interrompe.

MARTA              — (Cortando-o) Na, na, na…. Nada de explicações esfarrapadas! Você tá errado!

Ela vai para a cozinha.

SÉRGIO              — (P/si) Haja paciência pra lidar com uma mulher dessas!

CORTA PARA:

CENA 10. BAR DO BAIRRO. INT. DIA.

Laís serve para Montanha e Judith um prato calórico de frango a passarinho acompanhado de uma porção de queijo cheddar.

LAÍS                    — Aqui está a minha especialidade! Frango a passarinho com queijo cheddar!

MONTANHA      — Humm… Parece que tá maravilhoso!

JUDITH               — Eu dou o veredito!

Laís olhando ansiosa. Judith e Montanha provam o prato e fazem caretas “discretas”, e mastigam como se estivem realmente degustando.

JUDITH               — (Com a boca cheia) Tem um gosto diferente! O que você usou pra temperar esse frango?

LAÍS                    — Eu usei alho, alecrim e rúcula…

JUDITH               — Isso explica o gosto. Como eu posso dizer…? Exótico!

LAÍS                    — Não gostou, Montanha? Você não disse nada!

MONTANHA      — Nossa! Está maravilhoso! Tem como você pegar uma água pra mim, fofinha?

LAÍS                    — Claro!

Ela vai para a cozinha do bar.

JUDITH               — Jesus Cristo! Mas que frango horroroso é esse?

MONTANHA      — Nunca comi um frango tão ruim em toda minha vida!

JUDITH               — Botar uma balinha na boca aqui porque tá difícil!

MONTANHA      — Me dá aí também!

CORTA PARA:

CENA 11. CASA DO ABSURDO. QUARTO MASCULINO. INT. DIA.

Edu ali mexendo no cel.

Atenção Sonoplastia: Cel. de Edu começa a tocar.

EDUARDO          — (P/si) Três Dedos? (Ao cel.) Fala três dedos!  Mas como assim você saiu do bairro corrida? Mas você sabe que com os filhos dessa gente não pode mexer! Mas agora você vai pra onde?

Eduardo continua a arrematar fora de áudio com “Três Dedos”. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. RECANTO. EXT. DIA.

Takes descontínuos do passar de algumas horas no bairro do Recanto. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. CAMPINHO. EXT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Campinho vazio. Luíza ali parada. CAM mostra Marta se aproximando.

MARTA              — Quando você me disse que tinha uma boa notícia. Eu confesso que fiquei curiosa.

LUÍZA                 — (Feliz, radiante) Sim. Uma notícia maravilhosa!

MARTA              — Dá pra ver! Pra estar assim deve ser uma coisa muito boa mesmo!

LUÍZA                 — E é! Eu e a Thaís fizemos as pazes!

MARTA              — Ah sim! Que bom pra vocês duas! E o que mais?

LUÍZA                 — Como “e o que mais”? Eu fiz as pazes com a minha filha! E acho que você deveria fazer o mesmo com a sua!

MARTA              — Você não entende, né, Luíza? As coisas entre mim e a Dafne são mais complicadas!

LUÍZA                 — Mas mesmo assim eu acho que você deveria ir lá e conversar com a sua filha!

MARTA              — Ah não! E o plano era você ir lá e fazer de conta que aceitava o fato da sua filha morar fora de casa!

LUÍZA                 — Eu sei! Mas logo que eu estava lá, não ia perder a oportunidade de conversar com a minha filha e deixar tudo na paz! E larga esse jeito de durona! Eu sei que por de trás dessa aparência de coração de pedra ainda tem o coração de uma mulher!

Fecha em Marta séria. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. CASA DO ABSURDO. FRENTE. EXT. DIA.

Marta caminhando, para em frente à casa do absurdo e ali fica a observar a casa. Dafne vem por de trás dela, sem entender o que a mãe está fazendo ali e arremata.

DAFNE               — Mãe?

MARTA              — Ah, oi, filha! Tudo bem?

DAFNE               — Tudo! A senhora veio fazer o que aqui? Se veio procurar o papai, ele não está aqui!

MARTA              — Não é isso, filha! Eu vim aqui conversar com você?

DAFNE               — (Surpresa) Comigo?

CAM mostra Sérgio e Anderson vindo de fininho e se escondendo atrás de um carro. Eles ficam ali a observar as duas.

ANDERSON       — O que o senhor acha que a dona Marta veio fazer aqui, pai?

SÉRGIO              — Não sei, filho. Mas espero que hoje essas duas finalmente se entendam!

Corta para mãe e filha:

MARTA              — Sim, filha. Eu vim aqui conversar com você.

DAFNE               — A senhora quer entrar?

MARTA              — Não! Vai ser rápido! Eu só quero dizer que…

Ela fica sem palavras. Se recompõe e termina de arrematar.

MARTA              — Eu errei em não ter te apoiado!

DAFNE               — Mas por que isso agora? A senhora nunca vai aceitar o fato de eu ter saído de casa!

MARTA              — Não aceitava! Mas depois desse tempo que vocês estão morando aqui, eu vi que não tinha razão pra continuar…. Você é responsável, minha filha! Eu pensei que essa ideia louca de cinco jovens morando juntos nunca daria certo, mas você me provou o contrário!

Dafne se emociona.

DAFNE               — (Emocionada) Nossa, mãe! Eu nem sei o que dizer!

MARTA              — Não precisa dizer nada! Apenas diga que me perdoa pelo que eu fiz e falei!

DAFNE               — Essa é a primeira vez que conversamos sem nos desentender. Então… É claro que eu desculpo a senhora!

As duas se abraçam emocionadíssimas. Instantes. Corta para pai e filho: Sérgio emocionado discretamente.

ANDERSON       — O senhor viu isso? As duas se abraçaram! (Repara que Sérgio está secando as lágrimas) O senhor tava chorando, é?

SÉRGIO              — Não! Apenas um cisco que caiu no meu olho!

ANDERSON       — (Duvidando) Sei!

CAM mostra mãe e filha ainda abraçadas. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.

Eduardo, Thaís e Vitor ali. Dafne entra feliz.

DAFNE               — (Feliz) E aí, cambada?

VITOR                 — Nossa! Tá toda felizinha assim por quê?

EDUARDO          — É, você não tinha saído daqui soltando fogo pelas ventas com a trairagem da Laís?

DAFNE               — Tinha! Mas agora eu sou outra Dafne!

VITOR                 — (Bruto) Fala logo o que é, gente! Até parece que esse suspensezinho vai atrair mais leitores pra essa merda dessa minissérie!

DAFNE               — Eu e minha mãe finalmente nos entendemos!

Todos felizes.

EDUARDO          — Sério, Dafne? Nossa, mas que legal!

THAÍS                 — Mas o que fez uma mulher como sua mãe mudar de ideia assim?

DAFNE               — Ela disse que foi depois que sua mãe disse a ela que teve aqui e vocês duas também fizeram as pazes!

EDUARDO          — Isso é sério bruta?

VITOR                 — Por que você não nos contou?

THAÍS                 — (Imita Vitor) Tá interessadinho nessa merda agora por quê?

Todos sorriem, inclusive Vitor.

THAÍS                 — Mas falando sério agora… Ela veio aqui e a gente se entendeu!

EDUARDO          — Nossa! Esse dia é histórico! Quem diria que as mães de vocês se renderiam no mesmo dia!

Eles continuam ali a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA/ CASA DE LUÍZA. SALA. INT. DIA.

Marta e Luíza ali em suas respectivas salas ao tel. Vamos alternando entre as duas durante a cena.

MARTA              — (Ao tel./feliz) Ai amiga, muito obrigado mesmo por você ter aberto os meus olhos!

LUÍZA                 — (Ao tel.) Que isso, amiga? Eu não fiz nada mais do que minha obrigação! E outra… Não tinha mais porque nós continuarmos com isso se eles estão se dando super bem morando juntos!

MARTA              — (Ao tel.) Verdade. Quando a Dafne me contou/ quer dizer, me contar não, né? Eu fiquei sabendo pela boca do Sérgio. Que eles estavam com esse planinho de irem morar todos juntos na mesma casa, eu quase dei um surto! Eu nunca imaginei que daria tão certo!

LUÍZA                 — (Ao tel.) Verdade, amiga! Confesso que também tinha receio de isso acontecer! O que seu marido disse quando você contou pra ele a novidade?

MARTA              — (Ao tel.) Ele nem acreditou! Ficou muito feliz! Até porque esse tempo todo, o Sérgio era o único que apoiava a Dafne. Ele sempre apoiou ela desde o início!

LUÍZA                 — (Ao tel.) Que bom, amiga! Tenho certeza que agora até você e ele vão ser dar bem!

MARTA              — (Ao tel.) Assim espero, né, amiga! Até porque o Sérgio e eu ainda temos as nossas desavenças! Ele faz certas coisas que me tira do sério.

LUÍZA                 — (Ao tel./ sorrir) Ai amiga só você mesmo! (Tem ideia) Tive uma ideia aqui, hein! Que tal se fôssemos para algum lugar comemorar?

MARTA              — (Ao tel.) Até que não seria uma má ideia!

CORTA PARA:

CENA 17. RECANTO. EXT. ANOITECER.

Takes descontínuos do anoitecer no bairro do Recanto.

CORTA PARA:

CENA 18. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. NOITE.

Eduardo, Dafne, Thaís e Vitor ali. Laís chega da rua e se desculpa com todos e diz que foi muito equivocada ao pensar em tal coisa.

VITOR                 — Ah… Vejam se não é a orca traidora!

DAFNE               — Que isso, Vitor? Também não precisa falar assim com ela!

THAÍS                 — (Toda bruta) Não sei como a Dafne consegue manter toda a calmaria desse mundo diante de uma traíra como a Laís!

EDUARDO          — Apesar de não concordar com algumas coisas nesse grupo, dessa vez eu sou obrigado a dar razão a eles! O que você fez, Laís, não tem nome!

THAÍS                 — Claro que tem, gente! “Trairagem”!

EDUARDO          — Você entendeu o que eu quis dizer! Se entendeu, não sacrifica!

LAÍS                    — Terminaram de me atacar?

VITOR                 — É, descarreguei tudo em você! Me sinto até mais leve! Pode falar!

LAÍS                    — Eu queria pedir desculpas a todos, em especial a Dafne pela minha loucura! Eu nunca deveria ter sequer pensado em fazer uma empresa para competir com a DAFITI.

THAÍS                 — Até porque, né, meu amor as pessoas fitness estão dominando… Você não duraria nem uma semana com essa sua comida de obeso!

VITOR                 — Rapaz… O que ia ter de gente morrendo de infarto nesse Recanto!

DAFNE               — Tudo bem, Laís! Você está desculpada!

THAÍS                 — Nossa! A Dafne é uma dondoca mesmo, né?

DAFNE               — E você queria que eu fizesse o quê? Que eu expulsasse a menina de casa? Agora vamos que já estamos atrasados!

LAÍS                    — Estamos indo pra onde?

VITOR                 — Se tivesse aqui ao invés de ter deixado a gordura afetar o seu cérebro, agora você saberia para onde estamos indo.

DAFNE               — Estamos indo comemorar as reconciliações da Thaís com a mãe dela e eu com a minha!

LAÍS                    — Sério que isso tudo aconteceu enquanto eu estava fora? Que legal!

Todos saem para a rua.

CORTA PARA:

CENA 19. BAR DO BAIRRO. INT. NOITE.

Dafne, Eduardo, Laís, Thaís, Vitor, Marta, Sérgio, Anderson, Luíza sentados a uma mesa enorme. CAM mostra Judith e Montanha ali ao balcão olhando aquela cena de todos ali reunidos.

MONTANHA      — Ainda bem que todo mundo perdoou a minha fofinha!

JUDITH               — Nossa! Esse relacionamento de vocês dois pelo jeito tá sério mesmo, hein!

MONTANHA      — Está sim! A senhora acredita que a Laís me deu sorte no Jogo do Bicho?

JUDITH               — Sério?

MONTANHA      — É. Ela me ensinou uma técnica muito boa pra ganhar. Em quarenta, cinquenta por cento das vezes dá certo.

JUDITH               — Ah sim.

Vitor se levanta e vem até o balcão e fala com um funcionário do bar.

VITOR                 — Meu amigo… Me dá mais uma dose aí!

O funcionário dar mais uma dose de vodca a ele.

JUDITH               — Você é dos meus, garoto!

VITOR                 — Como é que é, dona?

JUDITH               — Desde que vocês se mudaram pra cá que eu tô te observando! De todos naquela casa, você me parece o que mais tem mente aberta para novos negócios!

VITOR                 — Se tiver grana nesses novos negócios, eu tenho mente aberta sim!

JUDITH               — Eu tô precisando de uma pessoa assim como você! Que tal ser o meu vice na associação dos moradores!

VITOR                 — Ah é isso? Tô fora!

JUDITH               — Por quê?

VITOR                 — Eu quero entrar em alguma coisa que dê grana!

JUDITH               — E quem disse que a associação dos moradores não dá grana? E dá grana alta! Não é miséria não! E você como vice-presidente de associação, teria direito a todas as regalias!

VITOR                 — Exemplifique!

JUDITH               — Você, por exemplo, teria um cartão corporativo pago pelos moradores trouxas do Recanto!

VITOR                 — Aí eu vi vantagem! Tô dentro!

Eles se cumprimentam apertando as mãos. CAM detalha a mão deles. Marta quebra a tensão batendo a colher num copo e anunciando que quer fazer um comunicado.

MARTA              — Atenção, gente! Eu queria falar umas palavras nesta noite tão especial!

LAÍS                    — (Chama) Vitor? Vem participar!

VITOR                 — (P/Judith) Depois a gente conversa!

Ele vai para a mesa.

JUDITH               — Esse garoto tem futuro!

Vitor chega à mesa e se acomoda.

MARTA              — (Discursando) Todos aqui presentes nesta mesa sabem que essa comemoração especial de hoje se deve ao fato de eu e a Luíza temos finalmente nos entendido com as nossas filhas… E eu queria também deixar aqui enfatizado que eu sinto muito pelo que fiz. Gostaria de deixar aqui também as minhas sinceras desculpas a vocês, amigos da Dafne! Eu confesso que julguei vocês assim que soube que a Dafne ia morar com vocês. Mal sabia eu que a Dafne não poderia estar em melhor companhia. Vocês são jovens de bem! Inclusive gostaria de abrir um parêntese aqui pra dizer que se vocês estiverem um espaço pra aceitar mais alguém… Pelo amor de Deus! Aceite o Anderson no grupo de vocês! Ele precisa de boas influências!

ANDERSON       — Acho que a gente deveria focar na Dafne e nos amigos dela!

MARTA              — Mas enfim… É só isso! Um brinde a todos nós!

TODOS               — A todos nós!

Eles brindam, Dafne dá um abraço na mãe. Todos conversando, felizes fora de áudio. CAM registra trocas de olhares entre Judith e Vitor. Ela sai, instantes depois ele sai atrás dela. Laís puxa Montanha para a mesa e os dois trocam uns beijinhos. E é com essa imagem de todos felizes que a minissérie chega ao

 

“FIM”

Uma Mensagem Final!!!

Muito obrigado a todos que acompanharam a história deste quinteto de jovens! Gostaria de agradecer também a toda equipe do Cyber TV. E até um próximo trabalho!!! Abraços super afetuosos dos autores!!!

Ramon Silva & Leonardo Antunes

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