Olivia dava passos lentos pelo corredor do presídio. Enquanto andava, um inferno se descortinava à sua frente. Com o olhar fixo e os lábios ressecados, ela pensava em como fora parar naquele lugar.

Agora, o que lhe restava era sobreviver a uma rebelião no presídio. Atravessar o corredor em chamas, ultrapassar corpos caídos, colchões de barricada e armas artesanais. Ela sentia o cheiro de pano queimado, urina e sangue. A fumaça que saía das celas ardia em seus olhos. Vultos de mulheres ressequidas lutavam à sua frente.

Ela precisava sobreviver.

Uma mulher gorda e negra lhe puxou para o interior da cela. Mostrou-lhe outra presidiária caída com as pernas abertas. Pelo olhar, a negra pediu socorro. A gestante gritava as dores do parto. Era a última coisa que Olivia imaginara fazer na cadeia, o parto de uma criança.

– Ajuda nós doutora! – disse a negra, com olhar pedinte. Seus seios fartos caiam sobre a barriga cobrindo o abdômen.

– Eu não sou doutora – Olivia afirmou.

– Eu sei que você veio do hospital. Se você não ajudar, a criança vai morrer. Ela tá atravessada.

Olivia percebeu a angústia das mulheres. A gestante estava suada e maltrapilha, seus cabelos desgrenhados estavam arrepiados na cabeça. Olivia sentiu que tinha que ajudar. Mas precisava de um bisturi para fazer o corte.

– Me arranja algo pra fazer o corte. E traz água também – ela pediu para a mulher ao seu lado.

– Espera só um instante.

Enquanto aguardavam, Olivia aproveitou para conhecer um pouco a gestante.

– Qual seu nome?

– Solange! – disse ofegante.

– Fica calma, respira fundo. Vou fazer um corte, mas vocês vão ficar bem.

– Salva meu filho doutora. Só salva meu filho.

Quando Olivia estava preparada com seu bisturi artesanal, ela olhou para Solange e disse: – Preciso que confie em mim, ok?

– Tá! Ok!

Com olhar compenetrado e uma mão firme, Olivia fez o corte com perícia. Nem um centímetro a mais, nem um centímetro a menos, ela fez o procedimento com o mais alto nível de técnica. Segurou a criança pela cabeça e puxou. O bebê saiu coberto de sangue e placenta.

– Tá aqui o moleque – disse Olivia, entregando o filho nos braços da mãe.

– Ô meu bebê lindo. Coisa mais fofa da mãe – acariciando a face da criança.

– Você precisa de cuidados médicos. Você e a criança – disse Olivia, enquanto costurava a mulher.

Pronto, agora ela podia voltar para o corredor e se concentrar em sobreviver. Até quando ela conseguiria? Até quando iria manter a sanidade?

 

EPISÓDIO: PERFÍDIA

Seis meses depois…

O céu estava nublado aquela noite. Jade estava no volante, pois Lucas havia bebido muito. Ela dirigia compenetrada, e os cabelos loiros tremulando ao vento, lhe davam uma áurea de serenidade. Ela vinha pensando em como viu seu amigo de colégio se ajoelhar diante de uma mulher, e pedir sua mão em casamento. Nos seus melhores sonhos, ela não imaginava que o Jorginho se casaria com alguém, logo o Jorginho, o maior pegador da escola.

– Eles não me parecem firmes pra aguentar um casamento – ela disse, olhando de rabo de olho para o esposo ao lado.

– Acho que eles vão se dar bem sim.

– O Jorginho não tem compromisso com nada. Quer dizer, o único compromisso que ele tem é com ele mesmo. Ele não vai saber cuidar de uma esposa.

– Eu voto por pessoas que conseguem aprender com o tempo e com a experiência. Ele vai dar conta sim.

O carro passou por uma viatura da polícia e um aglomerado de pessoas na rua. “O que será que tinha acontecido?”, pensou Jade.

– Esse bairro já foi seguro. Deve ter sido mais um assalto – concluiu Lucas.

– Assalto? Aqui não tem isso!

– Não tinha né! As coisas estão mudando, querida. O Sandro, aquele vizinho da frente, me disse que furtaram a bicicleta dele semana passada. Eu que não confio.

Jade franziu o cenho com aquela situação. Nove anos na cadeia, mas ela ainda não havia se acostumado com a violência.

**
Os dois rapidamente chegaram em casa. A babá disse que o bebê Cícero estava dormindo, e avisou ainda que a porta do quintal estava emperrada e não fechava por nada.

– Eu tentei fechar, mas ela parece que está torta. Não consegui de jeito nenhum! – avisou a babá para o casal.

– Tudo bem, o Lucas vai dar uma olhada – disse Jade, pagando o serviço para a jovem.

O bairro em que moravam era considerado de classe média. A casa era cercada por árvores frondosas que beijavam o primeiro andar do imóvel. Na entrada, um jardim bem cuidado pavimentava uma trilha de pedras portuguesas até a porta. Era um lugar rústico, mas moderno. Sala com piso de madeira, com algumas paredes de vidro. Quartos amplos, com papéis de parede. E um quintal aconchegante com churrasqueira e piscina.

Depois dos nove anos na cadeia, Jade ainda trabalhava com artefatos em uns sítios arqueológicos da região. Mas, depois que seu bebê nasceu, ela reduziu suas atividades, dedicando-se quase que exclusivamente ao filho e ao marido. Mas havia dias que ela se sentia cansada. Quando saiu do presídio, prometeu para si que lutaria por algo que fosse significativo, e com as amizades que fez na cadeia, ela sentia que precisava ajudar aquelas mulheres.

Jade compreendeu que nem todas ali eram ruins ou perversas. Ela viu com os próprios olhos muitas condenações errôneas. Testemunhou mulheres cometendo crimes em nome dos seus amados. Também viu mães furtando para alimentar seus filhos. E, apesar de todo mal que causaram, o que mais Jade queria, era lutar pela recuperação das presas. Tentar implantar algo na cadeia que desse perspectiva de um futuro. Não queria melhorar a vida de bandido, mas ajudar na recuperação das detentas.

Depois de lavar o resto da louça do almoço, Jade subiu até o primeiro andar, onde ficava seu quarto, e se surpreendeu ao ver Lucas atravessado na cama, totalmente apagado. Ele havia bebido muito, e com certeza não iria levantar pra consertar a porta do quintal. Ela teria que fazer isso.

Mesmo contrariada, Jade foi até a porta defeituosa e com algumas marteladas conseguiu fechá-la. “Estranho, quando eu saí ela estava em perfeito estado”, pensou.

De toda forma, ela verificou se a porta da frente estava fechada. A sala ampla, com paredes de vidro, dava a sensação de que alguém estava lhe observando. Ela sentiu um arrepio no pescoço e se esfregou para espantar aquela sensação. O que precisava mesmo era de uma boa noite de sono.

Subiu novamente para o seu quarto. Tirou os sapatos do marido. Verificou novamente se o bebê estava dormindo de ladinho, e fechando a cortina do quarto, desmaiou na cama, que lhe abraçou com conforto.

**
Era madrugada quando Jade saltou da cama assustada. Acordou com um baque seco vindo do andar de baixo, onde ficava a sala e a cozinha. Ainda espantada e respirando ofegante, mexeu no ombro de Lucas, tentando acordá-lo. Em vão. O homem parecia morto.

– Eu ouvi um barulho, acorda! – sussurrou.

Lucas continuava em um sono profundo.

Jade levantou, calçou suas pantufas e se agasalhou com sua manta de saco. Foi até o berço de Cícero que ficava ao lado da parede, e o filho dormia sossegado, como o pai. Ela estava receosa. Será que era alguém tentando entrar na casa? Ou será que era alguém dentro da casa? Lembrou-se da porta do quintal que estava emperrada. Talvez alguém tentando arrombar a porta! Só isso pra explicar o defeito, que até então não tinha.

Jade sacudiu Lucas novamente.

– Acorda Lucas. Acho que tem alguém lá embaixo!

O marido continuava apagado. Ele ficava assim quando bebia vodca.

Ela então decidiu ver o que era. Abriu a porta devagarzinho, tentando evitar qualquer ruído, mas foi em vão. A porta gemeu baixinho pedindo óleo nas dobradiças.

Desceu os degraus lentamente, observando o andar de baixo com cuidado e receio. Assim que chegou ao pé da escada, ligou o interruptor, iluminando toda a casa. Uma brisa gélida passou por suas pernas, esfriando o ambiente. Jade tremeu os lábios com o frio da madrugada. Mas, por que estava tão frio? Lá fora, era compreensível, mas dentro de casa, com as portas e janelas fechadas, não deveria estar tão gelado.

Caminhou devagar até a cozinha, ligando o interruptor, e passando os olhos por todo o ambiente. Nada fora do lugar, ninguém dentro de casa. Mas ela estava com medo. Seu instinto dizia que alguém estava observando. Podia sentir os olhos por detrás dos seus ombros. Olhos famintos prestes a lhe abocanhar.

Olhou mais uma vez todos os cômodos da casa, e não viu nada estranho. Até que escutou o baque seco novamente. Paralisou. Uma força invisível prendeu seus pés ao chão. Ela estava na sala, e sabia que o som vinha da cozinha, mas não conseguia se mexer. O coração acelerado parecia estremecer com o medo. Levou alguns segundos para virar-se e caminhar até a porta que dava acesso à cozinha.

Suas mãos tremiam. Os lábios ressecaram. A respiração apressada não dava margem para pensar com clareza. Ela só queria saber o que diabos estava acontecendo. Entrou na cozinha e a única coisa fora do lugar era a janela que batia com o passar do vento. Relaxou. Droga, a bosta de uma janela. Foi até lá e fechou. Estava tranquila, pois havia uma grade na abertura. Só não sabia como aquela janela tinha sido aberta. Durante todo o tempo morando ali, nunca a abrira. Estranho. Talvez a secretaria tenha aberto, verificaria depois.

Agora podia voltar a dormir. Se conseguisse, é claro. Depois de um susto desses, não sabia se conseguiria pegar no sono novamente.

**
Quando amanheceu, Jade foi a primeira a despertar. Tomou uma ducha gelada e desceu para organizar as coisas.

Preparou o café, e em seguida começou a rabiscar o seu discurso. Ela seria candidata à vereadora do município de Recife. Decidiu que poderia implantar através de leis municipais, melhorias para os presídios municipais. E, se tudo desse certo, iria enveredar na Assembleia Estadual, como deputada do Estado. Sua influência seria estadual, enfim.

– Você tá tão dedicada a isso. Nós tínhamos algo pra fazer hoje de manhã, não? Vai trocar tudo pela política? Esquecer de mim e do Cícero? – provocou Lucas, ainda sonolento.

– Bom dia pra você também. Eu sei dos meus compromissos. E não! Não tínhamos marcado nada essa manhã.

– Pode parar um pouco pra tomar café comigo?!

– Você vai mesmo fazer isso, Lucas? – perguntou séria.

– Só tira um tempo!

– Me deixa fazer algo. Eu quero fazer isso, e não posso ficar esperando você pra tomar café. Tenho que adiantar meu discurso.

– Tá bom! Vou deixar você em paz.

O bebê chorou, alarmando que acordara. Jade olhou para Lucas, que no momento havia sentado diante da TV para tomar seu café.

– Você pode ficar um pouco com ele? – ela perguntou.

– Preciso tomar meu café em paz.

– Droga! – ela levantou-se revoltada, e foi em direção ao quarto.

“Ajuda a mamãe querido, ajuda a mamãe”, era só nisso que ela pensava enquanto amamentava o filho. “Não faz igual o bosta do papai. Não faz não”.

**
O sol estava a pino quando a babá chegou. Jade estava arrumada, e após deixar todas as instruções do dia, partiu para sua consulta. Tinha sessão com a psicóloga às 13h. Não podia faltar novamente. Semana passada, teve que ficar com Cícero, pois a babá estava doente. Precisava conversar muito essa semana.

Quando entrou no consultório, sentiu dez quilos a menos descer sobre seus ombros. Aquela sala, com paredes brancas, lhe dava paz. Ela precisava tirar o salto e pisar naquele tapete persa fofinho. O lugar cheirava a hortelã, e parecia um oráculo sagrado.

A psicóloga Victória recebeu Jade com um beijo e um abraço. Era uma mulher morena, de lábios grossos, sorriso largo e forte. Toda vez que sorria, os músculos da face se retesavam, como se ela fosse fisiculturista. Seus cabelos tinham fios grossos e brilhosos e fazia curvas ao redor da cabeça. Ela usava um vestido vermelho carmesim pulsante, nada discreto. Parecia bem-sucedida.

– Como vai? – perguntou a psicóloga.

– Agora, estou bem melhor. Nunca imaginei que sair de casa fosse tão relaxante – desabafou Jade, jogando-se no sofá.

– Pelo visto a semana foi cansativa.

– Cansativa? Você não sabe da reza, um terço. Eu tô acabada.

– Tá conseguindo trabalhar melhor no discurso?

– Eu até tentei deixar ele mais refinado, mas o Lucas não me ajudou com o Cícero. Eu decidi que não vou mais alterar nada. Acho que é a melhor escolha.

– O Lucas não tá colaborando? Ele ainda acha que a política não é pra você?

– Sim. Ele finge que tá tudo ok, que não liga, não se importa. Mas, no fundo eu sei que ele não gosta. E o pior de tudo, eu me sinto mal. Sinto que deveria me dedicar à minha família e não dividir meu tempo com projetos políticos, detentas e essas coisas. Isso é normal? Eu sinto como se estivesse traindo minha família. Como se eu não estivesse totalmente satisfeita com o Cícero e o Lucas. Eles são a minha família! É meu filho e meu esposo! Não deveria deixá-los de lado. Você acha que eu deveria abrir mão da política pra me dedicar somente a eles? Será que eu estou traindo minha família?

– Eles merecem uma mulher feliz dentro de casa. Você não é somente uma mãe e uma esposa. Você é cidadã. Você pode se expressar, lutar por melhorias. Seu papel é ser humano, e ser humano se importa com outras coisas e outras pessoas. Você não deve se culpar por querer colaborar com a comunidade. Você é tão capaz e tão digna de contribuir com a política quanto qualquer pessoa. Não se culpe por isso. Sua casa, seu casamento e seu filho, não é somente responsabilidade sua. É sua e do Lucas. Você só precisa fazer com que ele enxergue o seu ponto de vista, entende? Mostrar que ele é tão responsável quanto você. Ele precisa de uma companheira, e não de uma doméstica reprodutora. Seja serena e abra os olhos dele com muito amor. Seu esposo vai entender se você conseguir argumentar. Eles precisam de uma razão pra tudo.

Jade sorri grata com as palavras de Victória.

**
Após a sessão com a psicóloga, Jade dirigiu até a Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima, localizada na zona oeste do Recife. O lugar aparentava ser aconchegante. Árvores sombreavam o edifício de entrada. O interior, delimitado por seis blocos prisionais, era subdividido em quatro celas, comportando dez presidiarias cada. Um bloco separado para a administração e um campo destinado para atividades físicas, hortas entre outras atividades.

Jade já era conhecida no local. Após passar pela vistoria, aonde tinha que ficar nua, ela cumprimentou algumas agentes penitenciárias e se dirigiu à área de convivência. Era quase 15h, e esse era o horário de recreação. Todas as terças, Jade vinha conversar com as detentas. Ela queria auxiliar aquelas mulheres.

Organizaram as cadeiras em círculo e começaram a conversar. Cíntia era uma das líderes no complexo. Ela havia sido representante de bairro no passado, e por isso sempre tinha demandas a requisitar. As reclamações eram várias, desde absorventes a remédios para pressão alta e diabetes. As mulheres queriam ter algo pra fazer. Elas sugeriam cursos de costura, pintura e artesanatos. Algumas pediam que seus filhos ficassem mais do que seis meses, o que a lei não permitia. Queriam amamentar suas crias mais tempo. Outras reclamavam da situação das celas, que não tinha higiene suficiente, luz o suficiente, paz o suficiente.

As agentes riam das mulheres: “O que elas acham? Querem um spah? Estão achando que estão de férias?

E a demanda mais urgente, mas que não era debatida em público, pois muitas detentas estavam envolvidas: o tráfico de drogas e a corrupção dos agentes públicos. Muitos chefes de facção compravam agentes penitenciários, diretores de presídio e comandavam o tráfico de dentro da cadeia. Quando suas esposas eram presas, eles continuavam trabalhando com elas nessa situação. Muitos utilizavam o presidio como base do tráfico. Infelizmente o Estado estava falindo, e quem comandava a máquina pública era o crime.

Jade pegou a assinatura de várias mulheres. Ela queria ingressar com uma petição pública perante o Ministério Público e a Corregedoria do Estado pedindo uma auditoria no Complexo. Aquilo iria mexer com toda a administração do lugar e com os agentes corruptos que eram comprados pelos chefes do tráfico.

Após a colheita de assinaturas, Cíntia levantou-se, e como de costume, pegou na mão das mulheres que estavam ao seu lado. Todas deram as mãos, baixaram a cabeça, e Cíntia começou a oração. Era o costume no final das reuniões. Elas precisavam crer em algo além.

Quase prestes o fim do horário de recreação, Olivia com olhos cansados, se aproximou de Jade, e pediu para conversar em particular. As duas foram até o refeitório, e numa mesa encostada à parede, sentaram e iniciaram um diálogo.

– Você tá bem? Parece cansada! – Jade perguntou, demonstrando preocupação.

– Tem uma semana que eu não durmo direito – ela disse com uma tristeza na voz.

– Você tá bem de saúde Olivia? Precisa de alguma medicação?

– Não é isso. Eu estou preocupada com a minha vida. Não sei como te falar isso, porque durante o tempo que estou aqui escondi isso de todo mundo.

– Isso o que mulher? O que tá acontecendo?

– Meu medo na prisão era que alguém soubesse o que eu também sei. Indiretamente eles fecharam a minha boca.

– Agora você tá me deixando preocupada!

Devagarzinho, uma agente se aproximava das duas. Ela parecia estar à espreita como se estivesse vigiando-as. Olivia diminuiu o tom de voz, e falou quase em um sussurro.

– Ele tem olhos em toda parte. Eu estou correndo risco falando com você – sussurrou Olivia.

– Preciso que seja mais clara.

Olivia se aproximou e segurou as mãos de Jade.

– Posso confiar em você?

– Claro que pode! – disse Jade, como se aquilo não fosse óbvio. – Tô aqui pra ajudar vocês.

– Eu fui presa porque descobri um plano maquiavélico. Um plano que envolve o diretor do presídio e até o governo do estado – ela falou com os olhos estufados, como se delirasse.

Inicialmente, Jade achou que ela estivesse louca. Era normal que na cadeia algumas mulheres delirassem e ficassem com mania de perseguição. Essa história de que o governo perseguia era conhecida entre as detentas com doenças mentais. Olivia podia estar entre elas.

– Eu…eu não tô entendendo Olivia. O que o diretor tem a haver com a sua prisão? – perguntou Jade, tentando acreditar na história.

– Você não tá acreditando em mim, né?

A agente se aproximou e deu cinco minutos para encerrar a recreação.

– Preciso que você explique melhor – pediu Jade.

– Tudo bem, eu vou te contar tudo.

**
Então, Olivia contou tudo a Jade:

A manhã estava nublada quando Olivia iniciou mais um turno no Hospital Português. Após dar as diretrizes a todos os enfermeiros e técnicos do hospital, Olivia seguiu para a copa, na esperança de encontrar um café fresco.

Quando entrou, pensou que o lugar estivesse vazio, mas notou que dois médicos conversavam em outro cômodo anexo à copa.

Ela ainda quis retornar, mas ficou tentada a escutar a conversa.

Os dois homens falavam em complexo fantasma, onde mulheres eram lobotizadas e experiências estranhas eram realizadas, tudo isso financiado pelo diretor do presídio feminino e pelo governador do Estado. Olivia ficou curiosa para saber quem estava conversando, e escondida, viu quando os dois médicos saíram do quarto.

No outro dia, ela foi até a sala do médico que havia revelado esse mistério, e acessou o computador pessoal dele. Como ela era enfermeira chefe, ela sabia a senha de acesso de muitos computadores. Após uma extensa pesquisa nos documentos pessoais dele, ela conseguiu transferir algumas pastas para um pen drive. Em casa, ela leu horrorizada sobre esse local, onde mulheres, geralmente detentas dadas como mortas; eram levadas para experiências assombrosas e inimagináveis.

Olivia custou a acreditar naquilo. Mas, isso não importava mais. No outro dia, a polícia bateu na porta dela com um mandado de prisão. Ela havia sido acusada de fraudar documentos para contrabandear e vender ilegalmente medicamentos. Não sabia como fizeram aquilo, mas sabia que o motivo era sobre o que ela havia descoberto.

Na viatura mesmo, ela recebeu o conselho. “Era melhor ficar de bico calado, pois senão ela e sua família iriam morrer”. Foi com essas palavras que a policial algemou suas mãos.

**
Olivia continuava contando sua trajetória para Jade, quando a agente disse que o tempo havia acabado.

– Nos dê mais dois minutos, por favor – Jade pediu para a agente.

– Dois minutos.

Olivia parecia mais aliviada, mas o medo ainda assombrava seus pensamentos.

– Isso é muito grave Olivia. É o tipo de acusação que mexe com gente grande. Não dá só pra acusar. Precisamos de provas.

– Eu vou conseguir as provas. Minha amiga, que trabalha com tecnologia, conseguiu recuperar os documentos que eu acessei no meu computador. Não sei como ela fez, mas ela conseguiu. Ela vai me trazer isso, na próxima semana. Quando você vier aqui eu te entrego tudo.

– Ok, se você conseguir, eu dou uma olhada e te ajudo.

– Tem mais uma coisa. Acho que eles estão desconfiando de mim. Tem uma semana que veio um homem mal encarado. Eu soube que o nome dele é Capeto, e ele é capanga do Babemco, o diretor do presídio e dono da Prime Security.

– O Babemco diretor, é dono da Prime Security? – Jade perguntou surpresa.

– Sim. Ele que está por trás desse complexo fantasma. Ele que é o idealizador de tudo.

– Isso é muito sério.

– O tal do Capeto veio com uma história maluca de sobreviver na cadeia, dizendo que eu precisava manter minha segurança. E disse que eu tinha que fazer algo pra ele – contou Olívia.

– O quê?

– Eu não sei. Eu saí antes que ele falasse. Não queria ficar mais nenhum segundo perto daquele homem. É por isso que eu tô falando tudo pra ti. Eles querem me calar, e se for preciso, eles irão me matar.

– Certo. Próxima semana estarei aqui pra pegar os documentos. Se você precisar de algo, me liga. Posso falar com meu advogado e pedir algumas medidas de segurança, ou até mesmo uma transferência pra você. Mas, como eu disse, preciso de algo concreto.

“Fim da recreação” gritou a agente que se aproximava.

– Eu confio em você, Jade. Só você pode me ajudar – disse Olivia, sendo levada pela agente.

Jade observou quando as duas entraram no bloco, e as grades se fecharam atrás delas. E, agora? Como processar toda essa história? Pensou.

**
O dia estava declinando quando Jade entrou na sede do partido. O ambiente estava recheado de homens usando terno e gravata, com expressões sérias e conversas importantes. Jade sentiu-se um peixe fora d’água. O que estava fazendo ali?, se perguntava.

Logo de cara, quem ela encontrou foi o excêntrico Babemco. O homem, na faixa dos seus 50 anos, era um pinguim em versão adulta. Cabeça chata, bochechas rechonchudas, uma barriga saliente estilo papai Noel, e um charuto fumacento que fazia o percurso boca-cinzeiro-boca-cinzeiro.

O presidente do partido estava conversando com Babemco quando Jade se aproximou.

– Babemco, você precisa conhecer essa mulher! – disse o homem, apresentando os dois.

Jade apertou a mão de Babemco com certo receio. Depois de saber o que ele estava fazendo, ou pelo menos era o que Olivia achava.

– Você já conhecia o Babemco, Jade? – perguntou o presidente da legenda.

– Ainda não tive o prazer – ela respondeu, com um sorriso forçado.

– Babemco é um grande apoiador do partido. Ele também é diretor do presídio Abreu e Lima e CEO da Prime Security – disse o homem, empolgado.

– Ora não precisava de toda essa apresentação! – Babemco falou, com uma voz aguda e abafada.

– Prazer em conhecê-lo senhor Babemco. Surpresa por saber que o senhor é o dono da Prime Security. Eu vi que ela é a empresa mais lucrativa dos últimos anos no país.

– Sim, minha querida. Trabalhamos para manter a segurança de todos – Babemco disse, dando mais uma baforada.

– O ramo de segurança particular ficou mais acessível nos últimos anos. Isso explica o crescimento da empresa? Ou será que temos mais ricos no país? Não, talvez seja o investimento do governo. Ou as licitações que a Prime Security vêm ganhando em todo o país! Eu realmente gostaria de saber a receita do sucesso, senhor Babemco?

– Você acha que sabe alguma coisa não é mesmo? – ele disse, ofendido com as indiretas de Jade. – Você é só mais uma coitada querendo fazer mudanças no mundo sem entender absolutamente nada sobre a vida.

– É por isso que estou me candidatando a vereadora do município.

– Deixa eu jogar a real pra você, querida. Você está aqui pra fechar a cota de mulheres do partido. Você deve saber que todo partido político precisa de pelo menos cinco por cento de mulheres candidatas, não sabia? Então é isso, querida, você está aqui pra fechar a merda da cota. Você é insignificante nesse tabuleiro, você não tem os contatos e os recursos. Você só tem a merdas das ideias que não fazem porra nenhuma. Eu, eu tenho o que é concreto. Eu posso comprar. Eu tenho o que eu quiser, na hora que eu quiser. Tô de olho em você, Jade. – ele disse, para em seguida se retirar.

Jade suspirou sentindo a ameaça.

Depois de algumas horas ouvindo os discursos de alguns candidatos. Chegou a hora de Jade. Ela estava apreensiva, com os lábios ressecados e as mãos suadas. Cinco minutos antes dela subir ao palco, seu telefone toca. Era Lucas.

– Amor – ele disse apreensivo.

– O que foi? Tá tudo bem por aí?

– Não, o Cícero tá com muita febre.

– Ah meu Deus! – ela disse, juntando as mãos em petição.

– Eu vou levar ele pro hospital. Preciso que me ajude.

– Eu vou fazer meu discurso agora Lucas. Assim que terminar eu corro pro hospital. Vai para o Português.

– Você vai continuar com essa história e largar seu filho doente?

– Você pode fazer isso Lucas. Eu conto com sua ajuda!

– Até quando você vai continuar com essa palhaçada – ele desligou a chamada.

Jade revirou os olhos sentindo a pressão. O Babemco deveria estar certo. Ela não fazia diferença naquele meio. Estava ali só pra fechar a cota de mulheres. Droga! Sentia-se péssima por não estar com o Cícero agora.

O locutor lhe chamou. Ela subiu ao palco e ficou atrás do púlpito. Alguns apoiadores deram gritos de entusiasmo. A grande maioria, apenas observou indiferente. Ela segurou o microfone e com as mãos trêmulas, disse:

– Boa noite a todos. Eu me chamo Jade, e quero lutar ao lado de todos vocês. Eu preparei um discurso, e queria falar muitas coisas sobre campanha, propostas e o quanto eu quero trabalhar pela comunidade. Mas, o que eu sinto agora é mais do que somente representar os eleitores. Eu quero ser uma VOZ. Existem olhos demais na nossa sociedade. Olhos esperando um escorregão seu. Existem muitos dedos também. Muitos dedos em riste te apontando e te julgando. Eu sei disso porque passei nove anos na cadeia. E por isso, sei das dificuldades de sobreviver sendo uma egressa do sistema carcerário. Eu quero dar voz às mulheres que estão perdendo a voz. Quero que todos entendam que preso também é gente, e que as mulheres podem perder a liberdade, mas não a dignidade.

De repente, uma mulher grita no meio da multidão. Ela usa um véu preto ao redor da cabeça e uma faixa com as palavras: ASSASSINA.

– Você matou o meu marido! Você me deixou viúva! Você deixou minha filha órfã! Por que você ainda está falando? Por que você não morre?! – gritou a mulher no meio da multidão.

Jade não conseguia falar mais nada. Ela sentiu uma bola de angústia descer pela garganta. O medo apertava seu pescoço.

– Onde está a sua voz agora? Você perdeu nove anos da sua vida na cadeia, e a minha filha vai passar a vida inteira sem o pai. O que você acha disso, Jade? O que você acha disso?

Os seguranças retiraram a mulher da sede do partido. Jade saiu do palco chocada com tudo aquilo. Ela deveria continuar? Sentia-se culpada por matar um homem inocente, um pai de família.

Correu e entrou no carro. Chorou durante vários minutos. Seus soluços ecoavam dentro do veículo. Estava perdida.

**
A noite estava quieta quando Jade chegou em casa. Cícero foi medicado e estava dormindo. E Lucas estava terminando de lavar a louça do jantar.

O casal não conversou naquela noite. Jade tomou um remédio e caiu em sono profundo. Ela somente acordou no outro dia, com o som da campainha. Lucas dormia profundamente ao seu lado. Ela resolveu levantar-se e atender. Cambaleou até a porta da sala, e pelo olho mágico, verificou que era um homem segurando uma prancheta. Deveria ser algum vendedor porta-a-porta.

Ao abrir a porta, Jade semicerrou os olhos com a claridade. O homem sorriu simpático. Era alto e usava calça e camisa preta com a logo da Prime Security.

– Bom dia senhora! Desculpe o incômodo, mas creio que o assunto é de suma importância – ele disse, com uma voz enérgica e rapidez nas palavras.

– Bom dia! Tudo bem, do que se trata? – ela falou com a voz rouca.

– Eu me chamo Douglas e sou representante sênior da Prime Security. Estou aqui porque recebemos inúmeros pedidos na região para a instalação do nosso sistema de segurança, e queríamos saber se a senhora tem o interesse em fazer parte desse grupo.

– Sistema de segurança?

– Sim, a Prime Security trabalha com sistema de alarme em toda sua residência, além de cercas, câmeras de segurança e proteção particular. Temos homens treinados para fazer segurança privada, uma cobertura de satélites para monitorar todas as nossas câmeras, e muito mais. Os olhos da Prime Security estão em todos os lugares senhora!

Por um instante Jade acreditou que aquilo era uma simples apresentação, mas sua ficha caiu, e ela percebeu que tudo não passava de uma armação.

– Quem te mandou aqui? – ela perguntou, incisiva.

– A Prime Security, senhora. Como disse, nós estamos instalando nosso sistema em toda a vizinhança.

– Enfia o seu sistema… – respirou profundamente. – Diz praquele idiota do Babemco que eu não quero nada dele.

– A senhora deveria tomar cuidado com a sua segurança! Dei uma volta na casa e vi que a porta do quintal está emperrada. A Prime Security presa por sua segurança. Nos últimos dias, a polícia recebeu várias chamadas de arrombamentos e assaltos por aqui. A senhora deveria se proteger.

– Isso é uma ameaça?

– Não senhora. Estou somente fazendo o meu trabalho!

– Sai de perto da minha casa.

– Senhora…

– Sai daqui – ela disse com raiva.

Jade fechou a porta na cara do sujeito. Foi até o quarto e no guarda-roupa, em uma caixa escondida nos fundos do móvel, ela retirou uma pistola. Após carregar a arma, Jade desceu até a sala, e segurando a arma, observou pela janela, o homem se distanciar do seu jardim.

– O que você tá fazendo armada? – Lucas perguntou, paralisado na escada.

Ela não respondeu. Somente observou o esposo e voltou a olhar para fora.

– Você precisa continuar mesmo a viver dessa forma? Você sabe que trabalhar com presidiárias pode ser perigoso? Você considerou que pode estar pondo em risco a sua família? – Lucas perguntou grave. – Por que você não milita em outra área?

– Eu só me coloco no lugar delas. Você nunca foi preso, não vai entender nunca.

– Elas fizeram por merecer. – Lucas disse aquilo sem pensar nas consequências.

Jade o observou com olhar de decepção. Ela pensou em si. Pensou que talvez estivesse no caminho errado. Deixou a janela e caminhou para o quarto. Ficou ao lado do filho.

Lucas tomou a arma da mão dela, e se sentou ao seu lado.

– Você poderia trabalhar comigo e com a minha mãe. Ela vive te convidando pra ser modelo dela. Pensa nisso tá. Só quero o melhor pra nossa família.

Ela somente balançou a cabeça e continuou acariciando a bochecha de Cícero.

**
Uma semana depois…

Os dias passaram rapidamente. Aquela não era uma terça-feira comum. A manhã estava límpida. O sol estava vivo e iluminando o jardim de Jade. Naquele dia, ela acordou cedo. Amamentou o Cícero, e fez o café para o Lucas. Pesquisou sobre artefatos em sítios arqueológicos e fez mais alguns serviços domésticos. Perto de meio-dia, Jade deitou-se na sua banheira saltitando de espuma. Com uma ducha, ela esfregou as pernas, os braços e o pescoço. Passou alguns minutos alisando o pescoço e pensando no que fazer. Algumas questões lhe tiravam a paz.

Após o banho, ela foi até o closet e escolheu um vestido verde aveludado. Penteou o cabelo lentamente e passou um batom claro, combinando com a cor da pele. Olhou suas joias e pediu que Lucas pusesse o seu colar com a pedra de Jade. Ele se aproximou, e delicadamente pôs o colar ao redor do pescoço. Ao final, deu um beijinho em seu ombro.

– Você está deslumbrante.

– Obrigada – ela sorriu.

Jade então dirigiu até o consultório de Victória, a psicóloga. Conversou mais ou menos uma hora, e em seguida, dirigiu até o Presídio Feminino de Abreu e Lima. Passou pela revista, conversou com algumas agentes penitenciárias e entrou na área de recreação. As detentas fizeram um círculo com as cadeiras e iniciaram a reunião.

Jade estava tensa. Os músculos da face, enrijecidos. O olhar firme e concentrado. Precisava ser clara com aquelas mulheres.

– Eu precisei construir e destruir muitos conceitos pra vir hoje até aqui. Não tá sendo fácil. No dia que me apresentei como candidata do partido, a mulher do homem que eu assassinei, apareceu no local e me destruiu. Ela me fez lembrar do crime que eu cometi. Me lembrou que eu tirei a vida de um homem inocente. Ainda que eu acreditasse que ele era o homem que me estuprou. Eu errei, e não posso voltar atrás. Mas não quero viver no passado. Tenho que recomeçar. E, ajudar a minha comunidade, é a melhor forma de fazer isso. Não quero tirar vocês da cadeia antes do tempo. Não quero dar vida boa pra vocês. Só quero que cumpram as suas penas de forma digna. Que pensem e repensem os seus erros. É pra isso que serve a cadeia. Fazer com que o culpado conviva diariamente com seu erro e se arrependa do que causou a si e aos outros. Se a cadeia fosse para matar o criminoso, não precisaria de cadeia pra isso. Eu precisei de recuperação. Sei que minha mente não está totalmente recuperada, eu faço terapia toda semana. Mas, e vocês que não tem condições? E aqui dentro, como vocês ficam? Cadeia não é pra enlouquecer. Cadeia é pra recuperar. Pelo menos deveria ser assim. – disse Jade, de forma clara e honesta.

Jade apresenta a petição às mulheres e informa que vai continuar auxiliando-as.

– Não vai ser fácil, mas eu fiz uma escolha, e nessa escolha eu preciso que vocês me ajudem ok?!

Algumas garotas sorriram entre lágrimas. Tudo aquilo tocou no ser humano que existe dentro delas.

Jade olhou ao redor buscando avistar Olivia, mas não a encontrou. Ela precisava pegar os documentos que incriminavam Babemco, sobre um complexo fantasma, onde ele mantinha mulheres em cativeiro. Uma detenta disse que ela estava por perto alguns minutos antes de começar a reunião, mas que não apareceu.

Então, todas deram a mãos e fizeram uma oração. Cíntia levantou a voz e começou a ler um trecho da bíblia.

– “Esta palavra é digna de confiança: Se morrermos com ele, com ele também viveremos; se perserveramos, com ele também reinaremos. Se o negarmos, ele também nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

Jade fechou os olhos e por um instante pareceu flutuar. Um jardim se descortinou diante dela, e um mar de girassóis iluminava a paisagem até perder de vista. Pássaros bailavam com o vento, e brincando entre si, cantavam as mais belas canções.

Jade podia ouvir o som de uma cachoeira. Um regaço trespassava o jardim regando as árvores. O vento carregava o pólen das flores, e lindas borboletas monarcas, enfeitavam a paisagem como se fosse uma pintura. Tudo era vivo e pulsante. Um lugar paradisíaco.

Atrás de uma coluna, Olivia observava as mulheres orando. Em sua mão, ela segurava uma espécie de bisturi, bastante pontudo. O mesmo bisturi que ela fizera o parto de uma gestante, seis meses atrás.

Com passos lentos e calculados, Olivia se aproximou das mulheres. Seu olhar era frio e estático. Sua face dura e maquiavélica. Ela se aproximou por detrás de Jade e calculou o ponto certeiro no pescoço da mulher.

Com um golpe de agilidade e precisão, Olivia cravou o bisturi no pescoço de Jade. Ela puxou a arma e viu o sangue jorrar fartamente. Como se não bastasse, ela enfiou o instrumento novamente, levando Jade a cair se esvaindo sem sangue.

As mulheres gritavam horrorizadas para a cena. Cintia ficou paralisada sem saber o que fazer. Jade caiu, e seu sangue jorrava lavando o piso cimentado e seu colar. Ela estava pálida, sem cor. A vida se esvaia rapidamente.

Cíntia olhou para Olivia e gritou: – Por que você fez isso? Por quê?

Olivia encarou a mulher, e de forma mecânica respondeu: – Isso é o tipo de coisa que você não pode saber.

INCOGNOSCÍVEL

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

  • Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

    Leia mais Histórias

    >
    Rolar para o topo