O quarto daquela pousada parecia encolher a cada segundo que Capeto segurava o pequeno Cícero. Lucas queria ter o seu filho de volta. Nessas horas que ele pensava em ter uma arma.

– O que você tá fazendo segurando o meu filho? Resolve isso comigo e deixa minha família em paz – disse Lucas, com a voz trêmula.

– Isso mexe com todos vocês. Nesse esquema, os filhos também sofrem pelos erros dos pais – Capeto disse, com um sorriso maligno.

– O que você quer afinal? É dinheiro que você quer? Nós podemos te dar a quantia que você quiser, só solta o meu filho pelo amor de Deus – Jade implorou, com lágrimas nos olhos.

Capeto continuava perto da porta, segurando a criança. Ele tinha um olhar frio de quem deseja fazer o mal. Jade temia pela segurança do seu filho.

 

EPISÓDIO: HUMILHAÇÃO

 

ALGUMAS HORAS ATRÁS
A noite estava só começando na capital pernambucana, mas o imponente Babemco já estava se divertindo à beça.

Cercado de empresários e mulheres seminuas, Babemco se afogava em champanhe e uísque, no interior de uma boate de elite.

O ambiente, de paredes roxas, ganhava contornos mais exuberantes com as luzes azuis que giravam no teto a todo o momento.

Ele humilhava as mulheres derramando bebida no chão e pedindo que elas lambessem tudo. Quando elas se recusavam, ele esfregava maços de dinheiro no rosto delas e gritava dizendo que “ele queria e ele podia tudo”, então as mulheres se sujeitavam a isso.

Babemco só parou quando Capeto lhe ligou.

– Encontrou?

– Eu tinha perdido o rastro deles, mas tem meia-hora que eles voltaram pro radar. Tô indo de encontro aos dois agora.

– Perfeito! Você é o melhor – elogiou Babemco .

– O que é que eu faço quando encontrar com eles?

– Eu só quero a loirinha viva! O resto não me importa – respondeu Babemco com desprezo.

– Sendo assim tá certo. Eu retorno quando capturar ela.

– Seja discreto – aconselhou o velho, desligando em seguida.

Ele voltou pra roda dos empresários e continuo com a sessão de escárnio.

**
Agora, Capeto estava segurando o pequeno Cícero e apontando uma pistola para Jade e Lucas. Ele tinha que deixar Jade viva, mas precisava cuidar do pai e do filho.

– Larga me filho! – Lucas gritou, correndo em direção ao homem.

Capeto apontou a arma para Lucas e deu dois disparos no peito dele. Jade também correu na direção do homem e foi surpreendida com um chute no estômago.

Capeto soltou a criança na cama e montou em cima de Jade. Ela por sua vez se debatia, esmurrando o peito dele. Mas Capeto, com sua força física, prendeu os punhos de Jade ao chão e subjugou-a.

– Fica quietinha – ele sussurrou, apertando com toda sua força os punhos de Jade.

– Me solta seu canalha, me solta! – ela gritava, cuspindo na face dele. – Socorro, socorro!

Ela só conseguiu gritar duas vezes, antes que ele esmurrasse seu rosto. De punho fechado, Capeto esmagou a maça do rosto, levando-a a desmaiar.

Depois disso, tudo se tornou escuridão.

Uma escuridão que durou horas…

**
No dia seguinte, Babemco estava muito bem sentado na ponta de uma mesa de vidro, cercado por seus sócios e acionistas, todos do sexo masculino.

Babemco , além de ser secretário da Secretaria de Administração Penitenciária do governo, era dono da maior empresa de segurança privada do país. “Sua segurança, nossa prioridade”, era o lema de sua empresa, a Prime Security.

Bem sentado, no conforto do décimo andar do seu edifício, ele pediu que os executivos se levantassem para receber a nova sócia da empresa: a dama da sociedade pernambucana Marieta Sarrassno.

A mulher era empoderada e segura de si. Sentou-se na outra ponta e agradeceu pela recepção.

– Pronta para fazer parte da maior empresa de segurança do Brasil? – Babemco perguntou.

– Não posso dizer que pronta, mas determinada a trabalhar dando o meu melhor – ela respondeu de forma humilde, surpreendendo os presentes e até o próprio Babemco .

– Eu esperava uma outra atitude. Algo mais impactante!

– A vida tem me ensinado a ser mais contida Babemco . Eu farei tudo para alavancar ainda mais esse negócio.

– Sim, sim, e com certeza iremos precisar do seu olhar feminino sobre esse negócio – ele disse, arremessando sobre a mesa, o envelope e o contrato. – Você assina ai, por favor.

Com muita delicadeza, Marieta retirou o contrato de dentro do envelope e localizando aonde deveria assinar, fez sua rubrica firmando o pacto. Em seguida, Babemco assinou também, juntamente com os outros sócios minoritários.

– Um brinde! – disse Babemco , levantando uma taça de champanhe. Os outros acompanharam o homem com o mesmo movimento.

– Posso ajudar em algo mais – Marieta perguntou.

– Por enquanto isso foi o suficiente.

– Peço licença – ela disse se retirando.

Quando ela fechou a porta atrás de si, os homens na sala caíram na gargalhada.

– Que merda cê tem na cabeça de botar uma mulher aqui dentro mêrmão? – perguntou um dos sócios para Babenco.

– Ela tem recursos e contatos. Será uma aliada poderosa.

– Ela é mulher porra!

– Não seja machista – retorquiu Babemco , com um sorriso sínico.

Enquanto os homens brincavam na sala de reunião, Marieta passava pelo escritório de Babemco . Ela conversava com alguém ao celular.

– Espera, espera que eu vou anotar seu número – ela disse, procurando uma caneta na bolsa, mas sem encontrar nenhuma. – Espera, que eu não decoro. – ela entrou na sala de Babemco e foi em direção ao seu birô. Pegou uma caneta e anotou um telefone em um bloco de notas.

– Assim que eu resolver a questão dos caminhões, eu te ligo – disse, desligando.

Algo em cima da mesa de Babemco chamou a atenção de Marieta. No meio das pastas e documentos, ela viu um papel com a foto de Jade, sua nora.

“Mas o que a Jade tá fazendo aqui nesse meio?”, ela se perguntou, segurando o papel que continha todos os dados dela.

“Isso é estranho”, ela pensou, guardando o papel dentro da bolsa.

Desconfiada, Marieta deixou o edifício.

 

 INCOGNOSCÍVEL

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  • Capítulo curtinho, ótimo pra quem tá maratonando (vulgo eu) kkkkk. Me surpreendi que Marieta agora tá envolvida no furdunço. Cara, o Capeto é literalmente um capeta, que bicho frio e sem noção.

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