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O Diário de Lucca: Capítulo 19 – Gabriela, Arthur e Andressa

O sexo com Arthur realmente havia trazido algumas mudanças em relação a temperatura do seu corpo, as pessoas sempre diziam que as mãos de Lucca eram frias como a de um cadáver ou qualquer outra parte do seu corpo, mas agora elas estavam quentes e não de uma maneira febril e doente, mas de uma maneira saudável. Todo seu corpo estava. Outra coisa que ele se deu conta após o sexo, além do seu melhor amigo estar em um relacionamento sério e fechado de que havia feito sexo com ele sem segurança, ou seja, zero camisinha.

No dia seguinte pesquisou no Google sobre HIV e outras doenças que são transmitas sexualmente. Leu em um site que deveria esperar seis meses após sua primeira relação sexual para realizar o seu primeiro teste e isso o pegou de surpresa porque como aguentaria esperar tanto tempo para descobrir se estava com alguma coisa? Tentou se manter calmo e procurou por mais informações online, como, por exemplo: as formas com que os teste eram realizados.

Encontrou uma página que explicasse com detalhes o novo teste rápido para detectar o vírus HIV. O teste, realizado em um Centro de Testagem e Aconselhamento, fica pronto em trinta minutos. Lucca estava muito pilhado em se preocupar com isso e, então, esses pensamentos ocupariam a sua cabeça por muito tempo.

Arthur e Lucca ficaram sem conversar sobre o que fizeram no quarto por muito tempo. Durante esse período sem tocar no assunto o nosso protagonista estava se dedicando a escola e a ultima temporada do seu seriado favorito. Também experimenta uma grande onda de criatividade invadira a sua mente, pois o RPG de chat via a rede social russa estava a todo o vapor e os demais jogadores paravam para acompanhar a história protagonizada pelo personagem de Lucca e o personagem do seu amigo com quem faziam um par romântico cuja história estava mais perto de um grandioso folhetim do que uma série adolescente.

Na vida pessoal, assim como na virtual, Lucca fez uma nova amiga por intermédio no grupo que o Arthur o colocou sem consultar, um grupo só com adolescentes que gostavam de coisas geek. Essa garota chamada Gabriela foi à única de todo o grupo com quem Lucca sentiu uma boa afinidade, outros ele até que não criou nada contra, porém alguns ele não podia nem ver que estavam digitando que já revirava os seus olhos. O grupo marcou um encontro em uma praça da cidade para muito breve e o adolescente protagonista da nossa história estava ansioso para conhecer a nova amiga.

O sexo entre Lucca e Arthur ainda não foi resgatado por ambos em nenhuma conversa. Lucca esperava que o amigo o procurasse para falar sobre, ou, então, para repetirem a dose quando o mesmo se encontrasse solteiro, no entanto, Arthur continuava pensando na sua primeira vez com outro homem e foi assim que o questionamento sobre sua sexualidade começou de fato.

O garoto de grandes olhos brilhante sempre teve sentimentos estranhos quando se tratava de outros meninos, sentimento dos quais ele não sabia muito bem desvendar e compreender. Isso só aconteceu, somente ficou claro, quando ele sentiu seu corpo conectado ao corpo de Lucca. Quando suas mãos tocaram o corpo de outra pessoa do sexo masculino de uma forma diferente, com desejo. Nunca havia sentido desejo por um garoto como sentiu quando teve o corpo macio e com pelos do seu amigo em suas mãos. Pensava muito em fazer sexo com ele novamente, mas lembrava da namorada e voltava atrás por não querer traí-la.

Trair mais uma vez.

Lucca aos poucos foi se tornando mais amigo de Gabriela, incrivelmente os dois tinham muito em comum e muito assunto, às vezes, nem tanto e mesmo assim quando voltavam a conversar continuavam com a mesma afinidade de antes. No mundo virtual Lucca acabou conhecendo novas pessoas, mas não porque queria e sim porque teve que. Começou quando ele e o seu amigo virtual perceberam que somente os dois estavam jogando o RPG de Glee e precisaram abrir o chat para novos jogadores.

Assim Lucca conheceu a primeira que faria parte de um grupo muito peculiar de amigos seus, porém um grupo extremamente forte em sentido de amizade e de carinho mútuo. Alguns mais do que outros. Essa novata ficou com o posto de irmã mais nova do personagem interpretado por Lucca no jogo, isso foi a peça chave para que os dois começassem a interagir nos turnos para mais tarde se tornarem ótimos, mais do que ótimos… Perfeitos amigos.

Na verdade a maioria dos novos jogadores que entrarem, aos poucos que os outros fossem desistindo, formariam um forte laço de amizade com o nosso protagonista.

Num futuro não muito longe, na verdade no que será o presente do final dessa história, Lucca os chamará de “Os presentes que Glee me deu”.

Voltando a vida fora do âmbito virtual, o dia do encontro do grupo geek finalmente havia chegado e o adolescente gordinho estava animado para encontrar Gabriela, ele estava sentindo falta de uma amizade fora da internet com quem pudesse se encontrar pessoalmente e falar da vida, reclamar da mesma e de garotos, além do país, é claro. Gabriela parecia ser a perfeita amizade para o nosso garoto naquele momento, compartilhavam das mesmas ideias e ela se demonstrava ser verdadeira.

Pegou o dinheiro da passagem, ida e volta, guardou no bolso da sua calça e em seguida saiu da sua casa com os fones de ouvidos conectados no seu celular e os ligando aos seus ouvidos. Estava indo em direção a parada de ônibus que ficava em frente a escola que havia cursando o ensino fundamental, quando ia atravessar a esquina foi interrompido pela a mãe de Arthur que parecia ter brotado do chão como se fosse uma muda de neyde.*

— Vai para aonde? — a mulher de estatura baixa perguntou.

— Pro centro… Na Praça dos Bombeiros… — Respondeu Lucca ainda atordoado e tentando descobrir de que lugar a mulher havia saído tão rapidamente.

— Arthur também vai para lá, vem entra e vocês vão juntos de carro.

Não tinha como recusar, se o fizesse seria falta de educação. Então, Lucca somente sorriu e aceitou o convite. Quando entrou no quarto do amigo, que estava terminando de se arrumar, abriu um sorriso e explicou o acontecido. Rindo, Arthur explicou que foi ele que pediu para que a sua mãe o chamasse, afinal ambos estavam indo para o mesmo encontro e não seria nada demais oferecer uma carona de ida e volta para o seu amigo. Sem graça Lucca agradeceu.

Quando os olhos do nosso protagonista encontravam o rapaz de cabelos negros em frente ao espelho, terminando de preparar o seu penteado, rapidamente fleches daquela tarde em se tornaram um só vieram em seus pensamentos. Sabia que tinha que se controlar, porém começava a entender que ficar sozinho no mesmo cômodo que Arthur seria difícil e isso duraria anos. Sentia uma energia entre os dois e parecia que era um ímã que teimava em fazer seu corpo se arrepiar, a reagir quando estava perto do outro.

“Preciso esquecer aquela tarde” dizia em seus pensamentos.

“Ele nunca mais tocou no assunto, isso quer dizer que ele realmente só estava sendo curioso em se deitar com outro homem. Isso é normal, as pessoas experimentam e eu fui só um experimento.” Continuava em uma tentativa de reorganizar sua linha de raciocínio. “Se eu não queria eu teria dito não e não disse, ou seja, também tenho culpa na traição. Por favor, Lucca, esqueça isso. Vai ser melhor”.

Se Lucca pudesse se ver em terceira pessoa nesse momento, quando voltou a observar o seu melhor amigo que agora coloca perfume por todo o corpo, veria os seus olhos brilharam ao se reencontrarem com aquela figura.

— A Andressa e as amigas dela estão lá, vamos? — perguntou Arthur quando os dois já estavam na praça.

— Na verdade eu vou me encontrar com uma amiga, a gente se vê mais tarde. Pode ser? Não tem problema você ir embora sem mim, aliás… Eu posso pegar um ônibus.

— Pode ir lá, mas você chegou comigo e vai embora comigo. — sorriu o melhor amigo e em seguida se afastou de Lucca.

Sentou em um banco da praça e esperou.

Não demorou muito para avistar a garota de estatura mediana se aproximando com seus lindos cabelos encaracolados e cheios, então, Lucca levantou do banco e abraçou com força. Gabriela é uma garota sorridente e quando o rapaz a abraçou sentiu uma boa energia entre eles, com certeza seguiriam sendo muito amigos durante os anos. Spoiler: isso de fato aconteceu, pelo menos até o momento em que essa história vai se encerrar.

— Então, chegou aqui como? — perguntou a garota enquanto os dois sentavam no banco.

— Vim de carona, com o Arthur. Conhece ele?

— Namorado da Andressa?

— Sim.

— Conheço sim. — Gabriela tentou sorrir, Lucca notou e mais tarde iria buscar entende o motivo daquilo. — Eu tinha pensando em vir de cosplay, sabe? Eu adoro a Mulher-Maravilha e já tem um tempo que quero fazer cosplay dela, mas daí eu pensei que seria melhor guardar isso para o evento que tem em Agosto.

— Ah, acho perfeito. Tem mais tempo de você trabalhar nisso até lá.

— Sim, sim. Eles marcaram esse encontro muito em cima da hora. Aliás, vamos dar uma volta por aí? Eu vi que ia ter gente vendendo coisinhas, botons e mini pelúcias.

— Claro, vamos sim.

Caminharam pela a praça e foram até o centro onde todo o pessoal do grupo estava reunido, haviam alguns vendedores de botons, camisas e pelúcias conversando com adolescentes prontos para gastarem a sua mesada. Lucca se ajoelhou para ver as pelúcias, todas eram de Pokémon e, então, ele perguntou para a garota que deveria estar na casa dos vinte anos de idade:

— Vocês não tem nada do Digimon?

— Não, desculpa, não pedem muito e a gente não fez para hoje… Mas se você quiser pode encomendar, a gente faz. — em seguida ela entregou o cartão extremamente fofo e rosa para Lucca que o guardou em seu bolso.

Continuou dando mais algumas voltas com Gabriela pela a praça enquanto conversavam, agora sobre religião. A garota era membro da umbanda além de também dela estar ligada as wiccas, Lucca ficou encantando enquanto a mesma falava como ela gostava e das coisas que aprendeu, do que ainda tinha para aprender. O adolescente tinha seus problemas com a Igreja Católica, não se sentia a vontade quando entrava em uma porque se sentia vigiado e julgado por conta de ser quem era, todavia nas histórias que Gabriela contou Lucca pareceu encontrar algo do qual ele gostaria de fazer parte. Um pouco mais tarde os novos amigos se despediram e Gabriela subiu a rua para o calçadão onde pegaria o ônibus para a sua casa, nesse momento Lucca olhou para os lados procurando por Arthur.

Arthur apareceu ao lado de Lucca, lhe dando um susto. Disse que logo mais o pai dele estava ali para buscar os dois e que Andressa iria junto com eles. Não tinha o que protestar, afinal era a namorada dele e o que poderia ser feito naquele momento era torcer muito para que a mãe de Arthur não viesse junto busca-los e assim Lucca poder sentar no segundo banco da frente e não ficar de vela com o casal.

Acham que Lucca não ficou de vela? Claro que ele ficou. A mãe do seu melhor amigo estava no banco do carona e Lucca teve que sentar atrás com Arthur e Andressa que durante várias fases do caminho até o bairro ficaram trocando salivas. Foi desconfortável e não porque o solteiro ainda gostava do amigo, de forma romântica, mas sim porque algumas semanas atrás eles transaram e agora Lucca tinha que fingir que nada havia acontecido porque Arthur fazia o mesmo.

Tentou ficar o maior tempo possível com a sua atenção virada para a estrada, mas os vidros escuros do carro não ajudavam muito.

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