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O Vazio que Habita em mim – Capitulo 3: O Novo Amigo da Mamãe


As coisas estavam bem diferentes agora.


Mamãe tratou logo de arrumar um emprego como faxineira em um dos maiores hotéis da cidade, o hotel de luxo La Plata. O melhor hotel da região, só se hospedavam lá os homens mais poderosos da região. O lugar era especializado em festas de luxo, recepções elegantes e outros eventos voltados para a nata da sociedade.


Em resumo…


Em pouco tempo nossa vida voltou ao normal, mamãe se estabeleceu na cidade, alugamos uma casinha só nossa, compramos nossas coisas como podíamos, meu novo quarto era duas vezes maior que o anterior e eu tinha o dobro de brinquedos de antes.


Minha mãe trabalhava feito doida, durante o dia lavava e passava roupa para fora e fazia turnos no hotel ou quando tinha eventos na cidade para ganhar um extra.


No corre-corre do dia-a-dia, nós mal nos víamos, quando mamãe estava em casa eu estava na escola, quando eu estava em casa ela estava no trabalho. E assim nós fomos vivendo.
Essa pequena parte da minha vida, foi a mais feliz e eu não me dei conta desse fato até ser tarde demais. Quando eu o conheci ele me pareceu ser um cara legal. Eles chegaram por volta das cinco da tarde, mamãe o convidou para o jantar.

 

— Este é o Álvaro querido, um amigo do trabalho da mamãe — Ela disse sorrindo enquanto eles entravam. — Amanda cheguei!

— Olá Mick — Ele me disse num sorriso largo me estendendo a mão para que eu o cumprimentasse. — Sua mãe me falou muito sobre você.


Meio a conta gosto eu estendi a mão em retribuição, como papai havia me ensinado. “Tenha um aperto de mão forte é assim que os homens fazem.”

 

— O guri tem um aperto de mão forte.

— Há…ha…ha, fique à vontade Álvaro, qualquer coisa eu estou na cozinha, terminando de preparar o jantar.

— Não se preocupa Rê, o moleque me faz companhia.


Mamãe sorriu em resposta e saiu em direção a cozinha. Ela sorriu de uma forma estranha, como eu nunca havia visto antes, seus olhos brilhavam de felicidade.


Álvaro era bem mais alto que mamãe mesmo ela usando salto alto, sua altura estava próxima ao peitoral dele. Ele parecia aqueles caminhoneiros de desenhos animados que eu via na tv musculoso, os braços peludos e mãos grandes e uma barriga que faria inveja ao papai Noel. Apesar do rosto duro ele tentava sorrir sem tirar os olhos negros da minha mãe.


Sentou-se no sofá sem nenhuma cerimônia, desabotoou os dois primeiros botões da camisa e ficou me vendo assistir TV.

 

— Quantos anos você tem? — Ele me perguntou sem fazer rodeios.

— Assim ó! — Eu disse mostrando a ele seis dedos com as mãos.

— Ah, sei… Gosta de jujubas? — ele disse me mostrando um saco cheio delas.

— Mamãe não deixa eu comer balas a noite.

— Então esse será nosso segredo. — Então ele jogou o saco parra que eu o pegasse.


Álvaro sorriu para mim antes de levar o dedo indicador aos lábios me pedindo segredo.

 

— O que vocês estão fazendo? — Mamãe perguntou da cozinha.

— Coisas de homem Renata!

— É mãe… Coisas de homens! — Eu repeti sorrindo feliz pelo presente.


Alguns minutos depois ela nos chamou para jantar.
A mesa estava posta para nós três, um frango assado exalava o perfume de ervas frescas e molho, uma travessa de arroz soltinho e purê de batas para acompanhar.

 

— Tomem seus lugares meninos.

— Mãe cadê a Amanda?

— Ela já foi para casa querido!

— E quem vai dormir comigo?

— Eu querido… mamãe não vai trabalhar esta noite.

Álvaro sentou-se a cabeceira da mesa, mamãe a sua direita e eu a sua esquerda. Mamãe e Álvaro trocavam olhares e risinhos, passaram todo o jantar conversando sobre coisas que eu não entendia. Vez ou outra me perguntavam alguma coisa, mas na maioria do tempo parecia que eu não estava ali.

Ao termino do jantar mamãe me pediu para fazer companhia para o Álvaro enquanto ela vestiria algo mais confortável e quando ela voltasse eu deveria ir para a acama.


Em alguns minutos mamãe voltou para a sala parecendo uma outra pessoa, ela havia trocado a calça, blusa e os sapatos de salto alto por um vestido simples rodado que deixava os seios a mostra e sandálias de dedo.

 

— Agora dê boa noite ao Álvaro e vá para o quarto, escove os dentes antes, mais tarde eu vou ficar com você.

— Ainda tá cedo mãe! — Eu disse olhando para o meu novo amigo em busca de ajuda.

— Se a sua mãe diz que tá na hora garoto, então tá na hora. — Álvaro me disse sorrindo.

— Tá bem.


Assim eu fui para o banheiro, escovei os dentes, coloquei meu pijama e me deitei na cama, mas não dormi.
Depois que eu os deixei sozinhos, mamãe e Álvaro ficaram horas conversando na sala. Eu ouvia os risinhos dela, as gargalhadas dele, vez ou outra mamãe o mandava parar, e segundo ela, eu poderia acordar. Mal sabia ela que eu não estava dormindo.


Já era tarde da noite quando mame veio ao meu quarto me dar um beijo de boa noite. Como de costume eu joguei o lençol sobre a cabeça e fechei os olhos — A Amanda sempre cai nessa, — Ela me descobriu e me beijou o rosto.

— Sonhe com os anjos meu menino.

Depois disso mamãe me deixou sozinho mais uma vez. Alguns segundos depois, dentro do quarto eu a ouvi chamar o Álvaro com uma voz doce e melodiosa.

Uma porta se fechou e o silencio tomou conta da casa novamente. Eu não sei o que aconteceu depois, mas após aquela noite, Álvaro passou a frequentar regularmente nossa casa, passando assim a ser o namorado da mamãe. Mal sabíamos nós que aquele foi seu pior erro

 

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