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Episódio 9

No centro da caverna alguém estava de pé observando atentamente um caldeirão enquanto cozinhava algo, o aroma de ervas se misturava ao incenso queimando ainda mais minhas narinas.

A mulher percebera nossa presença, mas continuou seus afazeres como se não estivéssemos ali.

― O traidor finalmente retornou ao lar, e com ele o filho do homem que eu amei. Bem vindos ao meu humilde lar. ― Ela disse em uma voz cansada.

― Quem é você? ― Perguntei pondo-me a frente de Yon tentando esconder sua falta de pudor diante de uma mulher.

― Olá criança. ― Ela voltou sua atenção para mim. ― Eu sou Helena, muitos me conhecem como a Bruxa verde.

Sua aparência era a de uma inofensiva vovozinha doce e inofensiva, o rosto marcado pela idade avançada, os cabelos brancos presos num coque alto dona de um olhar penetrante porem tranquilo, a não ser pala voz rouca, que me provocou um arrepio.

― Ainda usando os mesmos árticos para enganar as pessoas Helena? Mostre a ele sua verdadeira face. ― Yon ordenou seguro do que viria a seguir.

― Como desejar.

Uma nuvem de fumaça negra se formou ao seu redor vinda do chão, continuou subindo até cobrir todo seu corpo. O som de raios e trovoes ecoaram.

Num movimento rápido ela fez toda a fumaça se dissipar revelando uma mulher bem mais jovem do que a anterior porem bem mais horripilante.

Helena era muito magra, quase cadavérica, a pele esverdeada, ressecada e cheia de feridas, o branco de seus cabelos deu lugar a um volumoso sujo e esverdeado, a pele enrugada e cheia de verrugas. No rosto um sorriso amarelo completava a forma horripilante com que ela se apresentava.

― O que é isso? ― Perguntei num susto.

― Essa é a verdadeira face de Helena. ― Yon respondeu-me pondo-me novamente atrás dele. ― as bruxas tem o dom de enganar as pessoas para conseguir o que querem. Fazem de tudo para conseguir o que desejam.

― vocês matara uma de minhas irmãs e vão pagar por isso. Eu juro pela deusa. ― Ela disse numa voz esganiçada. ― assim como fiz com o outro.

Ela apontou para a parede lateral onde um homem estava atado pelos pés e mãos desacordado. Ele era um pouco mais magro que Yon e bem mais jovem e forte que ele, haviam marcas de tortura por todo seu corpo.

― O que você quer com ele? ― Yon perguntou tomado pela raiva.

― O mesmo que eu quero de vocês. A liberdade do senhor das sombras. Para isso eu preciso das sete chaves da luz.

Helena levantou a mão cadavérica mostrando a chave retirada do homem atrás dela.

― Vocês tem sua chance, o torneio dos reinos se aproxima. Para que tudo isso?

― Nossa chance de redenção, vem com a conquista das sete chaves. Agora só faltam cinco. E quando minha senhora retornar de seu descanso, tomaremos o castelo da luz.

― Não deixarei que isso aconteça!

― Você e que exército. ― ela sorria friamente. Não seja tolo Yon, este é o meu território.

― O meu também Helena.

Pela segunda vez eu vi Yon se transformar na fera negra de olhos cor de âmbar e avançar contra a bruxa que em um piscar de meus olhos desapareceu. Mesmo sem entender como, o lobisomem a minha frente sabia o que fazer, mesmo assim continuou avançando.

― Para onde ela foi?

Gritos de dor e desespero ecoavam pelo local, tornando-o ainda mais medonho que antes. Palavras eram proferidas em sussurros, um arrepio frio percorreu minha pele.

― Abra os olhos e abrace a escuridão. ― ele disse desaparecendo também.

Levantei minha adaga junto ao peito e esperei em posição de luta.

― A luz sempre escolhe os melhores lutadores. ― Uma voz estranha adentrou em meus ouvidos.

Meu corpo paralisou. Havia mais uma pessoa naquela sala e nós não havíamos notado.

― Quem este ai? ― perguntei olhando em volta.

― Que bonitinho! ― ela riu.

― Continue o ritual! ― Helena ordenou em algum lugar.

― Querida mãe aceite o sacrifício que nos, suas filhas lhes oferecemos de bom grado. Volte ao nosso convívio.

Um baque surdo trouxe-me de volta a realidade. A voz gutural de Yon veio a meus ouvidos com uma ordem.

― Pare o ritual Jonas

― O que? … Como?

― Isso mesmo meu velho amigo, se entregue ao desespero. Este jovem não está pronto para lutar ao seu lado.

― Impeça Jonas!

― Acha mesmo que o garoto tem chance? ― a voz de Helena tomou o lugar da dele com mais um baque surdo e o cair de rochas no chão.

O breu ainda cobria meus olhos.

― Não deixe que ela termine o ritual! Abra os olhos, veja além da escuridão.

Jonas não sabe muito bem o que fazer, mas corre em direção ao som estranho e arremessa a faca com força

― A senhora das trevas retornará para o nosso convívio…

Ele ouve o som da faca sendo cravada em alguma coisa e então um grito de dor ecoa novamente.

― me ajude irmã!

― NÃO! ― Helena chora em desespero.

Toda a escuridão é dissipada e só então eu vejo o que realmente existia ali.

Eu estava no fundo de um templo abandonado, quase caindo aos pedaços. De um lado em uma das pilastras Yon estava atracado com uma forma grotesca que eu presumir ser Helena, e bem diante de mim uma segunda mulher se materializara ela é alta usando roupas sensuais que evidenciam suas formas femininas, estava deitada junto a um altar onde um homem estava amarrado sob tortura.

Corri o ate ele e presenciei aquela bela mulher se desintegrar como areia e ser levada pelo vento.

― O que aconteceu aqui? ― perguntei enquanto desamarrava o homem. ― Quem é você?

― Meu nome é Oreon, e assim como você eu sou um guardião da luz. E este era um ritual de invocação.

― Invocação de que? ― minha pergunta se perdeu diante dos prantos de Helena.

― Minha irmã… Vocês pagarão por isso. Eu juro pela deusa.

― O que vocês querem com ele? Yon perguntou apertando o pescoço de sua prisioneira

― Eu não devo lhes dar essa informação. – Ela parecia verdadeiramente triste com o que acabara de acontecer.

― Fale ― ele ordenou – você não está em posição para barganhar.

― Elas querem abrir todos os portais de acesso em nosso mundo para que as trevas se libertem.

― Ninguém sabe a localização dos portões além da família de Pandora.

― Elas pretendem fazer uma emboscada para rapta-la e obter esta informação.

― FALE. ― Yon abocanhou o pescoço de Helena que gritou em agonia.

― Esse não é o fim. Quando eu acabar com vocês restarão apenas quatro, assim saberemos a localização dos portais e libertaremos nossa dimensão de dentro da caixa.

― Nós não temos muito tempo, nesse momento um exército caminha em direção à cidade fantasma. Eles planejam invadir a biblioteca élfica e descobrir a localização dos outros portais.

― Tudo está indo como o planejado. ― Helena transformou-se em fumaça diante de nós ― Em breve tudo estará acabado. O reino da luz se apagará para sempre

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