EPISÓDIO 3: INÓCUO
CENA 1. INT. LANCHONETE. MANHÃ.
A CAM mostra Conrado sentado numa mesa. Dr. Breno (Alto, cabelo preto e penteado para trás, 28 anos) se aproxima e se senta à frente de Conrado.
DR. BRENO: Lugar bem limpinho. Achei que não tinha nem papel higiênico.
CONRADO: E tinha?
DR. BRENO: Do fofinho ainda.
CONRADO: Pelo menos, né? (TEMPO/Toma o café) E o que o Pegliard lhe disse?
DR. BRENO: É um caso complexo, será um dos meus primeiros, senhor.
CONRADO: Exatamente por isso o escolhi.
DR. BRENO: Qual é a lógica?
CONRADO: Dinheiro.
DR. BRENO: Suborno?
CONRADO: Não. Suborno faz tudo parecer ilegal.
DR. BRENO: É sempre um risco.
CONRADO: E você não tem nada á perder.
DR. BRENO: A honra.
CONRADO: Isso se compra também.
DR. BRENO: Vinte mil?
CONRADO: Dez para o juiz e sete para você.
DR. BRENO (Confuso): Mas aí dá dezessete.
CONRADO (Sarcástico): Que eu saiba você é de humanas, não opine.
Conrado se levanta e estende a mão à Breno.
CONRADO: Fechado?
Dr. Breno aperta a mão de Conrado. Ambos sorriem.
CENA 2. INT. CASA DE ALINE. SALA. MANHÃ.
Aline varre. Estela deitada na cama, sorri.
ESTELA (Entusiasmada): Eu sabia!
Aline se apoia na vassoura.
ALINE: Do que?
ESTELA: Não é possível. O Eric disse que o Anthony não desgrudava dele.
ALINE: E se ele foi um cúmplice do Anthony, fia?
ESTELA: Não sei. Tenho duas hipóteses e uma aponta para o doutor Conrado.
ALINE: Ele disse quando vai ser marcada a sessão?
ESTELA: Ainda não. Ele quer contar seu testemunho ao juiz primeiro.
ALINE: E de que lado você está?
ESTELA: Da verdade, oras.
ALINE: E onde está a verdade pra você?
Estela olha para o porta-retrato.
LEGENDA: Dias depois…
CENA 3. INT. CONSULTÓRIO. ESCRITÓRIO. TARDE.
Conrado lê o livro. Ouve-se o ruído da porta se abrindo. Conrado levanta os olhos.
CONRADO (Surpreso): Por incrível que pareça eu esperava por sua visita.
POV de Conrado – Ele encara Estela.
ESTELA: Com licença.
Estela se aproxima. Conrado a observa, abismado.
CONRADO: Se você veio fazer o que estou pensando, não voltarei atrás.
Estela se ajoelha aos pés dele.
ESTELA: Seu Conrado.
CONRADO: Isso te torna tão previsível. Levanta daí, menina.
ESTELA (Chorando/Desesperada): Eu te imploro, seu Conrado. Por favor! Meu marido pode ter errado, ele pode ter falhado severamente mas não tire a única coisa que restou pra ele, não tire a dignidade, não tire o prestígio dos prêmios que ele recebeu.
CONRADO (Sóbrio): Querida, eu te entendo. Pode não parecer mas compreendo a sua dor, o seu desespero, mas não me peça isso. Eu já tomei minha decisão e a justiça cuidará do resto.
ESTELA: Se é dinheiro que o senhor quer, eu pago. Eu pago em dólares, se o senhor quiser. Eu passo no banco, saco rapidinho e já volto.
CONRADO: Você está piorando as coisas. Por favor, vá embora. Eu sinto muito, de coração. Sinto mas não posso continuar ouvindo essas baboseiras.
Estela se levanta, desmotivada.
ESTELA (Chorando/Revoltada): O senhor está certo, seu Conrado. Muito bem! A justiça cuidará de tudo. A justiça desqualificada brasileira.
CONRADO: E se o Anthony vencer?
ESTELA: Vai permanecer desqualificada, afinal, uma coisa não justifica a outra. Até mais!
Estela se afasta. Conrado abaixa a cabeça, decepcionado. Estela olha para trás.
ESTELA: Eu espero que o senhor saiba o que esteja fazendo, pois se eu estiver certa, nem sua psicanalise vai ser capaz de te recuperar do trauma que será para você.
Conrado encara. Estela sai, batendo a porta fortemente. Conrado soca a mesa.
CONRADO: Que merda!
CORTA PARA:
LEGENDA: Dias Depois…
CENA 4. EXT. CABANA DE PRAIA. NOITE.
Tapete vermelho. Pessoas vestidas com roupa de gala. Conrado e Rachel caminham em direção ao altar.
RACHEL (Sussurrando): Estou me sentindo simplória demais com esse vestido. As pessoas vão pensar que sou do subúrbio.
Conrado olha para Rachel, incomodado.
CORTA PARA:
Aline e Estela sentadas observam a entrada.
ALINE: Vai passar rápido.
ESTELA: Não se preocupe comigo, Line. Estou feliz pela Lyris.
ALINE: Ver o sogro dela não a incomoda?
ESTELA: Calada. Ele está vindo pra cá.
POV de ESTELA – Conrado caminha na direção dela.
CONRADO: Boa noite!
Aline sorri, insonsa. Estela desvia o olhar.
CONRADO: Espero que não haja ressentimentos, Estela.
Estela sorri. Aline encara Conrado.
ALINE: Acho que o doutor já se apresentou. (TEMPO/Ela dá um tapinha na mão dele) Não estrague a cerimônia.
Conrado observa Estela por alguns segundos. Ambos se entreolham.
ESTELA: Eu não te odeio. Se quer saber, eu desprezo você mas isso não quer dizer que eu não o respeite.
Conrado desapontado se afasta.
CORTA PARA:
CENA 5. INT. CONSULTÓRIO DO DR. PEGLIARD. ESCRITÓRIO. MANHÃ.
POV de DR. PEGLIARD – Conrado cabisbaixo.
CONRADO: Desprezo é o maior insulto que alguém pode ouvir.
Conrado coça a cabeça. Dr. Pegliard o observa, desacreditado.
DR. PEGLIARD: E o que você queria depois de tudo o que inventou sobre o marido dela? Confete? Ah faça-me um favor, Conrado.
CONRADO: Você está se importando demais com um defunto.
DR. PEGLIARD: Você vivenciou por anos a dor da perda. Deveria ter um pouco de senso.
CONRADO: Tudo aconteceu como deveria acontecer, Pegliard. É tudo questão de lógica e aceitação.
Dr. Pegliard se levanta e põe e dedo na cara de Conrado.
DR. PEGLIARD (Revoltado): Culpar um inocente é a mesma coisa de defender o verdadeiro desgraçado que deu fim à sua filha, será que você não entende isso?
Conrado encara Dr. Pegliard.
CONRADO: Quando eu me casei com Rachel jurei que moveria céus e terras para ver ela feliz. Ela me pediu a verdade e eu a revelei. A Luísa está morta e Anthony foi o assassino, simples. Ninguém vai sair ferido dessa porque ambos estão mortos.
DR. PEGLIARD: E quando a verdade vir à tona?
CONRADO: E virá? (TEMPO/ Ele respira fundo) Você não entende, Pegliard. Talvez você pense que eu esteja louco, que perdi a lucidez, a sobriedade, mas na verdade a única pessoa que está avariada é a Rachel e é por ela que eu estou fazendo isso.
DR. PEGLIARD: Então você sabe que o que está fazendo com o rapaz é errado?
CONRADO: Eu prefiro acreditar que estou certo mas você tem toda a liberdade de achar o que quiser.
DR. PEGLIARD: Acho que nossa conversa acabou.
CONRADO (Sarcástico): Não tire conclusões precipitadas, Pegliard. Ainda falta eu dizer tchau.
DR. PEGLIARD: Então seja breve.
CONRADO (Cínico): Tchau.
Conrado sai. Dr. Pegliard põe a mão na cabeça, preocupado.
DR. PEGLIARD: O desgraçado é um gênio.
CENA 6. INT. CASA DE ALINE. SALA. MANHÃ.
Estela abraça Aline.
ESTELA: Foi maravilhoso esse tempo aqui.
ALINE: Se tu quiser, fia, tu pode ficar o tempo que quiser viu.
ESTELA: Não! Eu preciso encarar a realidade, Line. Voltar à rotina, sabe.
ALINE: Então, tá. Quer que eu vá contigo?
ESTELA: Não precisa. Se eu ficar com medo, eu te chamo. Se bem que se o Anthony aparecesse, eu ficaria era com tesão.
Ambas riem. Estela e Aline caminham abraçadas até a porta.
CORTA PARA:
CENA 7. INT. POSTO DE GASOLINA. MANHÃ.
Estela caminha em direção ao balcão. A atendente se aproxima.
ATENDENTE: Em que posso ajudar?
ESTELA: O que tem de álcool aí?
ATENDENTE: O comum e o aditivado, ué.
ESTELA: Não. Como posso dizer.
ATENDENTE: Aaah! Só temos pinga.
ESTELA: É muito forte, né?
ATENDENTE: Principalmente uma hora dessas.
ESTELA: Me dá uma dose.
ATENDENTE: A senhora tá dirigindo? É que há restrições.
ESTELA: Vamos supor que sim.
ATENDENTE: Só posso lhe vender a garrafa lacrada, então.
Estela põe uma nota em cima do balcão. A atendente entrega a garrafa para ela.
ESTELA: Tá ótimo. Você servia para trabalhar nos Direitos Humanos, fica de olho nos concursos públicos.
Estela se afasta.
ATENDENTE: Tem troco, moça.
Estela olha para trás.
ESTELA: É seu, querida.
Estela pisca para a atendente e sai.
CORTA PARA:
CENA 8. INT. APÊ DE ANTHONY. SUÍTE. MEIO-DIA.
Estela deitada no chão, acorda. POV de ESTELA – A cama desarrumada e cacos de vidro pelo chão. Ela se levanta, desorientada.
ESTELA (Preocupada): Será que eu fui assaltada? (TEMPO/Ela põe a mão na cabeça) Ai! Acho que me deram uma surra.
Estela apura o nariz e sorri.
ESTELA: É. Aquela pinga fez efeito mesmo.
Ela olha para os lados. A CAM foca no cômodo vazio. Estela chora.
ESTELA: Por que você me deixou, cara? A gente tinha um futuro brilhante!
Estela se afasta lentamente e estagna repentinamente.
ESTELA: Mas antes eu preciso de um banho. Eca!
Estela entra no banheiro.
CENA 9. INT. APÊ DE CONRADO. SALA DE JANTAR. MEIO-DIA.
Conrado e Rachel degustam.
CONRADO (Entusiasmado): Vovô. Em breve serei chamado de vovô. Você sabe o que é ser chamado de vovô, Rachel? É magnífico! Vivi para ver isso.
RACHEL: Eles se casaram ontem, Conrado. Espere mais uns três ou quatro anos para que isso aconteça, não que me agrade, a velhice é o calcanhar de Aquiles para qualquer mulher.
CONRADO: Não a vi pedindo perdão ao Rafael.
RACHEL: Eu ter ido ao casamento dele foi a maneira que encontrei. Se ele tiver inteligência, como sei que tem, saberá a minha intenção.
CONRADO: Melhor assim. Não quero mais discórdia, nem intriga nessa família.
RACHEL: Você sabe onde está o túmulo do assassino, não sabe?
CONRADO: Pra quê tocar nesse assunto agora?
RACHEL: Me leve até lá.
CONRADO: Isso é insano. É masoquismo, Rachel.
RACHEL: E daí? Eu quero ir lá.
CONRADO: Ah!
RACHEL: Vai ser uma simples visita, um desabafo, o adeus que eu preciso dar à nossa Luísa.
CONRADO: Tudo bem. Coma e vamos. Espero que seu desabafo seja breve, odeio monólogos.
CORTA PARA:
CENA 10. INT. CEMITÉRIO. TARDE.
Rachel põe a boneca de frente para a foto de Anthony na lápide.
RACHEL: Desculpa, filha, mas esse desgraçado precisa te ver á cada segundo para se lembrar da crueldade que ele cometeu contigo.
Rachel olha para a lápide e sorri.
RACHEL (Revoltada): Reconhecido pela ANM com o prêmio Antônio Austregésilo Rodrigues de merda.
CONRADO: Hitler ganhou o nobel da paz.
RACHEL: Aqui vai seu reconhecimento, doutor Anthony Newman.
Rachel escarra e cospe no túmulo. Estela se aproxima com um buquê de flores e ao vê-la se revolta, apressando os passos.
ESTELA (Desolada): Que porra é essa? Isso é um desrespeito com meu marido, vandalismo é crime.
Rachel a encara de cima em baixo.
RACHEL: Crime é trazer flores para um assassino, sua irresponsável.
ESTELA: Vocês acham que estão por cima, não é?
RACHEL: E nós estamos, você que não quer perceber.
Conrado olha para Rachel.
CONRADO: Não discuta! Vamos embora.
ESTELA: O apaziguador. Me poupe, seu medíocre. (TEMPO/Ela olha para Rachel) E minha vó dizia que quem canta vitória antes do tempo se equivoca.
RACHEL: Sua vózinha também deve ter lhe dito outro ditado popular, diga-me com quem andas e te digo quem tu és, alcoviteira.
Estela chora, desolada.
ESTELA (Chorando): Deus me fará justiça, desgraçados. E amanhã exatamente à essa hora, a verdade será cuspida na cara de vocês.
CORTA PARA:
CENA 11. INT. TRIBUNAL. SALA DE AUDIÊNCIAS. MEIO-DIA.
O juiz entra. Todos se levantam. Estela olha para Conrado, desesperada. O juiz se assenta. Silêncio.
JUIZ: Estando em consenso com todo o júri, tendo avaliado a conduta e o antecedente criminal nulo do individuo, o réu Anthony Newman Serrado está…
A CAM se afasta gradativamente. Ouve-se gritos de euforia.
CONTINUA…
Episódio top. Cena do cemitério excelente e estou bem ansioso pelo desfecho desta história. Parabéns pela trama até aqui!
Aaah meu amigo…muito obrigado s2 Cenas fortes mesmo…Não perca o último episódio…um desfecho muito surpreendente, prometo rs
Episódio top. Cena do cemitério excelente e estou bem ansioso pelo desfecho desta história. Parabéns pela trama até aqui!
Aaah meu amigo…muito obrigado s2 Cenas fortes mesmo…Não perca o último episódio…um desfecho muito surpreendente, prometo rs
Rachel a cada episódio mais ridicula. Conrad também não está ficando atrás, fazem um “belo casal”. Qual será a sentença do juiz?? Ansiosa!!
Rachel e Conrado estão na mesma sintonia…escorre quimica pela tela s2 kk Qual será, hein? Não perca!!!
Rachel a cada episódio mais ridicula. Conrad também não está ficando atrás, fazem um “belo casal”. Qual será a sentença do juiz?? Ansiosa!!
Rachel e Conrado estão na mesma sintonia…escorre quimica pela tela s2 kk Qual será, hein? Não perca!!!
Agora eu peguei ranço foi do Conrado, toda hora ele fazendo uma merda diferente, gente. A Estela, coitada, tá até enchendo a cara pra ver se esquece de tudo isso hahaha. Vamos ver o resultado da sentença.
Coitada demais…Estela tá comendo o pão que Conrado tá pisando kkk Odo!
Agora eu peguei ranço foi do Conrado, toda hora ele fazendo uma merda diferente, gente. A Estela, coitada, tá até enchendo a cara pra ver se esquece de tudo isso hahaha. Vamos ver o resultado da sentença.
Coitada demais…Estela tá comendo o pão que Conrado tá pisando kkk Odo!