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Relatos de Ying Solo – O Sequestro – Capítulo 3 – Cativeiro

Mergulhada profundamente nas brumas da inconsciência, ainda assim pude ouvir a voz de meu Mestre como num sonho. Senti seu medo e sua aflição por mim…Ele parecia bem próximo…Mas onde eu estava, o que estava acontecendo? Parecia estar num veículo em movimento…

Com um esforço tremendo, entreabri os olhos, mas via tudo enevoado e não conseguia me mexer, por mais que tentasse. Ele estava lá! Viera me salvar!!, pensei, emocionada, sem saber se aquilo era real ou um sonho.

Aquela mulher também estava lá…Aquela sith que mandou me capturar em Corellia há 5 anos…Ela parecia tão familiar ainda…Que sensação estranha…Era ela que estava na boate, então… Peraí! Ela estava ameaçando mestre Tarsis!!

Me esforcei para falar, mas não podia mover um músculo sequer. Me sentindo frustrada pela impotência de meus esforços, concentrei então meu pensamento nele, antes que a inconsciência me envolvesse de novo, me tragando para as trevas desconhecidas…

Mestre…Mestre Tarsis…Vá embora… Eu imploro…Não se arrisque por mim de novo…Ela fala sério…Não tenho medo de morrer, mas não quero que você morra por minha causa…Salve-se…Salve-se… – estava completamente esgotada. – Deixe que me levem…Não vão conseguir o que querem…Eu juro…Morrerei antes disso… – Tentei sorrir, mas em vão. – Estarei esperando por você…Mas vá agora…Por favor…Sal…ve…se…

Foi demais pra mim, pois no mesmo segundo caí de novo em sono profundo.

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Sem ter opção, Tarsis respirou fundo e procurou se acalmar. Desligou o sabre de luz e o guardou no cinto. Mas discretamente deixou cair um localizador dentro do carro, próximo a Ying. Ele rogou à Força que ela acordasse antes de que chegassem ao destino final, ou, ao removê-la, os seus captores poderiam ver o localizador. Tarsis sabia que Ying era esperta, apesar de atrapalhada e saberia onde esconder o localizador consigo. Com isso, Tarsis saltou para fora do skycar, vendo-o sumir ao longe. Só lhe restava agora seguir o sinal do localizador e saber aonde Ying estaria sendo levada, como também notificar o Templo Jedi acerca do sequestro da jovem Ying Solo. Uma coisa é certa: seus sequestradores não sairiam impunes disso. Era uma promessa que Tarsis estava fazendo a si mesmo.

**********

Minha cabeça parecia que ia explodir…Não sabia direito onde estava…Porque o chão estava tão duro e tinha a impressão de que estava em movimento?

Uma onda de náusea me invadiu, junto com as lembranças. Gemi de dor por causa dos hematomas e contusões sofridos na luta e me contorci dolorosamente, procurando uma posicão melhor e com isso senti um pequeno objeto bem perto da minha mão. Mais por instinto que outra coisa, porque ainda não me encontrava inteiramente dona de mim mesma, o escondi dentro de uma de minhas botas.

Um forte pontapé de um dos homens que estavam em volta me alertando para ficar quieta, me atingira bem em uma das costelas, que parecia estar trincada e a dor me fez desmaiar de novo. Nem vi que o sujeito levara um disparo de blaster à queima-roupa por me maltratar sem necessidade.

Mestre Tarsis…Espero que esteja bem…Espero vê-lo outra vez... – pensei aflita, antes de perder a consciência de novo. Uma lágrima furtiva escorreu sem que ninguém visse.

Quando acordei, tive a impressão de estar de volta a um antigo pesadelo…Me remexi, me esforçando para sentar e estudar o ambiente e ainda dolorida pude comprovar que era real. Estava numa cela…Numa maldita cela dos malditos caçadores de recompensas…De novo…mas onde? E quanto tempo tinha se passado? Horas? Dias? Mestre Tarsis…Todos deviam estar preocupados comigo, precisava dar um jeito de escapar dali o quanto antes..Sabia o que me esperava…Não queria encarar aquela mulher sinistra de novo…

Tentei expandir meus sentidos e sondar o ambiente pra tentar descobrir alguma indicação de onde estava ou algo que me fosse útil. Mas mesmo depois de tentar até ficar com dor de cabeça, nada consegui, o que me deixou apreensiva. Olhando mais atentamente, vi o porque: ysalamiris1. Vários deles. Era pior que se estivesse acorrentada.

Me agarrando as barras de aço para tentar ficar em pé, recitei o Código Jedi bem devagar pra não entrar em desespero e então vi que quem me vigiava era o wookie que me denunciara e derrubara.

– Ei!! Ei, você, Wookie!! Poxa, precisava me atacar pelas costas com aquela coisa?! Que covardia! Isso é coisa que se faça com uma dama?

Desatei a falar sem parar até que uma voz que não ouvia há cinco anos me fez parar, fazendo o sangue gelar em minhas veias. Korbain Thor!

– Não adianta, minha preciosa jovem…Essa besta estúpida não irá ajudá-la e nem poderá enlouquecê-lo com sua tagarelice porque ele é surdo como uma porta. – ele sorriu, triunfante. – Ying Solo…Você está novamente em nossas mãos e garanto que agora será diferente…Ninguém poderá descobri-la…Nem mesmo com esse localizador em sua bota… – ele deu uma gargalhada diante de minha cara de evidente espanto. – Sim, Lady Venom nos avisou, mas esse brinquedo é inútil aqui…Desista e conforme-se! Não haverá resgate e você não poderá fugir. Boa noite, padawan.

Suspirei, tentando com toda minha alma controlar o medo e a raiva depois que ele se foi. Não iria para o Lado Sombrio, nem que que tivesse que morrer pra evitar isso!

Olhei de novo pro Wookie e julguei vislumbrar nele um olhar vívido… Vibrante demais pra quem nada entendia e lembrei que vi os olhos dele brilharem intensamente enquanto Korbain falava dele…Hummm…Tinha a intuição de que ele ainda poderia me ajudar e muito. Era só ter paciência e tempo…Se bem que isso eu bem sabia que não tinha nenhum…

Por um instante, julguei que o wookie fosse me dizer algo, mas depois de me encarar fixamente por alguns segundos, virou as costas e se foi.

Tudo ficou escuro, então. Não sentia sono, afinal dormira tanto…. Meu corpo ainda doía um pouco, principalmente as costelas, haviam pegado pesado comigo naquela luta, mas eu dei trabalho também, sorri, pensando.

Com cuidado, recostei-me a uma das paredes da cela e abracei meus próprios joelhos. Já havia passado por aquela situação terrível há cinco anos e pensara que nunca mais aconteceria de novo…Meu irmão de sabre, Kar-Ani (Ai, que saudades daquele implicante! Só agora eu entendia que ele só estava se preocupando comigo…) já havia me avisado várias vezes também, assim como mestre Tarsis, que alguém da família Solo com habilidades com a Força como eu, seria uma presa extremamente valiosa para remanescentes do Império…Por que não lhes dei ouvidos? O que eles estariam fazendo agora? Deviam estar preocupados comigo… Como me achariam se aquele bandido do Korbain disse que o localizador não funcionaria ali? E porque isso aconteceria? Onde estava afinal? Perto de algum buraco negro, por acaso? Tantas perguntas…

Não queria admitir nem pra mim mesma pra variar, mas estava com muito, muito medo…

Preciso fugir daqui… – pensava, apreensiva. – “Ela” virá amanhã e começará tudo de novo…Aquela mulher terrível…Mesmo, com esses ysalamiri posso jurar que ela está concentrada em mim…Eu não cederei! Não farei o que ela quer! Que a Força me proteja…Não me renderei ao Lado Sombrio!

Sem sentir acabei adormecendo, mas acho que não foi por muito tempo…Não sabia se era real ou se estava tendo um pesadelo, mas quando tornei a abrir os olhos, Lady Venom estava lá, com aquele sorriso maquiavélico e expressão impenetrável, olhando para mim como se pudesse devassar-me a alma com o olhar…

Sem dizer uma só palavra, ela fez um gesto para os guardas que imediatamente abriram minha cela e me arrancaram de lá, segurando-me os braços, de maneira não muito delicada. Sufocando um gemido de dor, os segui. Sabia para onde me levavam…Ela não queria me “interrogar” ali onde não poderia usar seu imenso poder pra tentar me “persuadir”… Respirando devagar e profundamente, preparando-me para o que me esperava, os segui sem protestar. 

Não haveria possibilidade de fuga no momento, mas estava atenta para primeira oportunidade. Precisava manter a calma a todo custo.

***********

De volta ao templo, Tarsis seguiu pelos corredores, pensativo e preocupado. Não podia deixá-la ser sequestrada daquela maneira. A idéia do localizador foi boa, mas e se revistassem ela? Poderiam encontra-lo e aí ela desapareceria de uma vez por todas. Bem, “Não há emoção, há paz”, é o que diz a primeira linha do Código Jedi. Tinha de manter a calma. Desespero apenas leva a decisões erradas. Caminhou a esmo e quando deu por si, estava à porta do Salão das Mil Fontes. Procurando um pouco de paz e desejando tomar uma decisão com mais clareza de pensamentos, entrou. Caminhou um pouco até chegar à cachoeira que havia lá. Sentado próximo à margem do lago formado pela queda d’água estava seu outro padawan, Kar-Ani-Manri.
Aproximou-se dele e sentou-se a seu lado. Kar olhou pra ele com uma expressão indagativa no rosto. Ele estava sob sua tutela há alguns anos e já o conhecia bem. Tarsis resolveu, então, contar-lhe tudo.

– As noticias que trago não são boas, Kar. Ying foi sequestrada por Bounty Hunters. Estavam a serviço de uma Lady Sith chamada Lady Venom. Combati seus capangas mas ela ameaçou matar Ying se eu não desistisse da perseguição. Agora estou muito preocupado com o bem-estar dela nas mãos daqueles miseráveis. Plantei um localizador em Ying para poder seguir seu rastro, mas temo que a revistem e encontrem o localizador… – falou, visivelmente transtornado.
Kar-Ani podia ver a forte preocupação de Tarsis, principalmente enquanto contava o que havia acontecido. Ele nunca tinha visto seu mestre tão nervoso, pois ele sempre dizia para pensar com calma e citava o código jedi.

Apesar de bastante abalado pela notícia, mas vendo seu mestre nervoso resolveu ser forte para transmitir um pouco de segurança.

– Calma, mestre. Olhe no seu datapad e assim iremos ver o sinal dela, então podemos pensar em um jeito de resgatá-la.

Tarsis abriu seu datapad e tentou sincronizá-lo com o sinal do localizador. Um beep fraco a princípio, foi captado, o que animou o espírito do Jedi.

Captei algo! Vamos, temos de deixar Mestre Luke avisado sobre isso e para onde vamos!
Tarsis se ergueu a se dirigiu até a cúpula da Torre central, onde ficava o Conselho Jedi, agora presidido por alguns jedis da Nova Ordem e pelo próprio Luke Skywalker.

Kar-Ani também se alegrou e se levantou, indo em direção a Sala do Conselho da Nova Ordem Jedi e ligou seu datapad, tentando sincronizar com o mesmo localizador, a fim de não precisar ficar olhando no DataPad de Tarsis.

De repente, notou que o sinal está ficando mais fraco, passando a salvar as coordenadas.

– O que houve, Kar? – perguntou Tarsis, curioso.

Kar-Ani olhou para Tarsis, nervoso.

– O sinal está falhan… falhou!

Kar-Ani mostra seu datapad e o sinal não estava mais aparecendo, mostrando apenas as 15 últimas coordenadas salvas.

– Eu salvei algumas coordenadas e informações sobre o localizador, um pouco antes do sinal sumir… Acho que pode ser útil com os cálculos corretos podemos saber, aproximadamente os possíveis locais onde ela pode ter sido levada, mas a busca será difícil

Pegando o datapad, começou a fazer alguns cálculos.

– Se usarmos um dos super-computadores será mais fácil de localizar… Quer calcular ou eu faço isso? – Perguntou Kar, contendo a apreensão crescente.

Continua

1Ysalamiris: animais semelhantes a lagartos, com cerca de 50 centímetros de comprimento, nativos do planeta Myrkr, mais conhecidos por sua capacidade de neutralizar a Força.(N.A. – fonte: wikipedia)

 

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