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Relatos de Ying Solo: O Sequestro – Capítulo 4: Mãe e Filha

Fui introduzida numa sala ampla e quase vazia de móveis a não ser uma grande cadeira, que parecia até algum tipo de trono, as paredes metálicas, possuiam revestimento à prova de som. Lá dentro Lady Venom me esperava…

– Finalmente…Seja bem-vinda, Ying Solo. Há muito tempo que espero por esse momento…

Fiquei muda olhando pra ela, um misto estranho de sentimentos: um medo gelado que me apertava a garganta, raiva por ter sido trazida daquele jeito absurdo e brutal e algo mais, impossível de definir naquele momento…

Não há Emoção, Há Paz. – Pensei, tentando controlar a respiração. Controle-se,Ying.

– Está com medo de mim, criança? Não fique… – disse com voz melíflua e tornou a exibir aquele sorriso maligno. – Acho que sabe quem eu sou, não é mesmo?Aproxime-se.

– Sim, eu sei… – disse devagar, olhando fundo nos olhos violetas, tão parecidos com os meus. – Agora eu tenho certeza, embora, no fundo já soubesse há muito tempo, mas nunca quis aceitar…Você é Seléne…Minha mãe.

– Sim, minha criança… – ela se levantou e veio até mim, pois eu não me movera um milímetro da entrada da porta, parando a uns cinco passos. – Só que não sou mais Seléne…Ela não existe mais. Agora venha para perto de sua mãe!

Senti algo fortíssimo me puxando até ficar ao alcance das mãos dela. Parecia um raio trator!

– N-Não sou mais uma criança! – ainda tive forças pra falar.

Ela sorriu ainda mais e falou, a voz hipnótica…

– Sim… – ela acariciou meu rosto, devagar. Sua pele era fria, gélida, mas me mantive imóvel. – Você cresceu…Se tornou uma linda jovem…Linda e promissora… – ela pegou displicentemente minha trança de padawan. Isso me fez quase estremecer. – Você está mais forte…Tem muito potencial da Força, eu posso sentir. – ela fechou os olhos de satisfação por um segundo. – Pena que está sendo tão mal aproveitado com esse lento treinamento dessa escória jedi… – ela fez uma careta de desprezo. – Mas agora que está aqui vou remediar isso, minha filha…

– NÃO ME CHAME DE FILHA! – gritei, desvencilhando-me das mãos dela. – Minha mãe está morta!Agora eu sei disso! A mulher de quem meu pai falava com tanto carinho e que me abandonou para me proteger não existe mais!

– Tsc, tsc…ora,ora… Não fique tão alterada, minha jovem…Onde está o famoso autocontrole dos jedis? Seu tão dedicado mestre Tarsis não a faz repetir aquele código caduco a cada cinco minutos com esse seu temperamento explosivo?

Meu rosto ficou vermelho, pude sentir. Droga!, pensei, Não perca o controle! É isso que ela quer!

– Soube que você andou brigando muitas vezes por minha causa…Fiquei feliz em saber que é uma filha tão zelosa…

Me virei de costas pra ela. Duas lágrimas teimaram em rolar por meus olhos. As enxuguei imediatamente.

– A idéia de ter uma mãe que havia se corrompido para o Lado Sombrio me enchia de vergonha…Só queria proteger a imagem que criara de você. Todo órfão faz isso…

Novamente ela usou a Força para me mover, como se eu fosse uma simples boneca, uma marionete dela. Ela queria que eu olhasse pra ela. Eu a sentia se infiltrando em minha mente, lendo meus pensamentos e emoções…

– Sei…Você é uma cria do Lado Sombrio, minha querida. Não se iluda… Eu apenas adiava, tola que era, minha transformação no que sou hoje. E você também será tão ou mais poderosa do que eu…Espere só até eu treiná-la…

– NUNCA!! – Protestei. Citei mentalmente o Código, tentando desesperadamente não perder o controle e me deixar influenciar por ela. – Eu serei uma jedi! Tarsis Xander é meu mestre!

Ela deu uma risadinha debochada.

– Seus sentimentos a traem, minha filha…Ele parece ser muito mais do que isso para você… Assim como senti que você é muito importante pra ele…

Meu rosto corou.

– Ele é como se fosse um irmão mais velho pra mim ou meu pai, que se foi tão cedo por sua causa, se metendo em todo tipo de serviço perigoso, tentando te esquecer…

Ela tornou a rir.

– Meu belo Willian…Você herdou esses lindos cabelos escuros dele, mas a Força…Esse poder imenso veio de mim e servirá ao Lado Sombrio também. Você não tem escolha… É seu destino.

– Eu faço meu destino! E digo que jamais me tornarei uma Sith!

– Ah, sim, você se tornará…Aliás, o seu comportamento indica que está muito mais próxima de nós do que daqueles jedis hipócritas… Já disse que soube que você não prima muito pela disciplina…

– Como soube disso? – perguntei,intrigada.

Ela sorriu.

– Tenho meus métodos…O importante, minha cara é que quando eu acabar com você, servirá ao Lado Sombrio, onde está o verdadeiro poder. Meu mestre ficará muito feliz…Você, como “jedi” e a “pobre parente perdida” do grande General Han Solo, será uma peça-chave para a Restauração do Império. Temos grandes planos pra você, menina…Devia se orgulhar…

– Me orgulhar? Jamais serei um joguete nas suas mãos sujas!!

Tornei a me afastar e fiquei andando pela sala e dessa vez ela não me impediu, limitando-se a me acompanhar displicentemente com os olhos.

Aos poucos consegui serenar. Quanto mais me agastasse com ela, mais acabaria lhe dando razão. Precisava controlar meu temperamento, não podia abrir brechas para o Lado Sombrio…

– Lady Venom…Mãe…Eu…Por que…Por que você não desiste disso? Não conseguirá nada comigo, acredite! Posso ser brigona, indisciplinada, uma…Espoleta, como mestre Tarsis costuma me chamar (sorri intimamente, porque sabia que era com carinho que ele me chamava assim e principalmente porque, por mais que estivesse preocupado com alguma coisa, eu sempre o fazia rir) mas eu não tenho ambições de poder ou delírios de grandeza. Só quero proteger os mais fracos e defender a Paz.

– Nós também queremos a Paz, querida…Só que à nossa maneira. – ela se colocou à minha frente de novo. – Pense bem, criança…Se desenvolvessemos mais rápido e de maneira mais eficaz esse poder que sinto em você o quanto ele poderia ser útil a seus propósitos? Poderia usá-lo para ajudar os outros se é o que tanto quer…

Mestre Tarsis e meu querido irmão Kar (o quanto eles deveriam estar preocupados comigo agora! Eu precisava dar um jeito de descobrir onde estava pra que eles pudessem me encontrar… Melhor ainda, precisava fugir dali para que eles não tivessem que se arriscar) ficariam surpresos se me vissem agora, pois acho que jamais haviam me visto com um olhar tão desolado, nunca mostrei esse meu lado antes, ao menos sempre procurei ocultar…

– Não tente me enganar, mãe…Não sou tão ingênua. Sei que outros já caíram nesse logro antes. Mas não vai conseguir me corromper. Mas a senhora sim, poderia…

Ela nem me deixou concluir. Nesse instante senti como se punhos de aço se fechassem em torno de minha garganta.

– Nem tente, minha jovem…Não sou Lorde Vader, aquele fraco, que tão ingrato foi com seu mestre por causa daquele tolo do filho dele. Amor, família…Isso é para os fracos. Quanto a você, se não puder convencê-la, talvez mesmo morta nos poderá ser útil.

Tentava com todas as força me libertar daquela agonia. A falta de ar em meus pulmões e a dor que sentia se tornavam insuportáveis. Ela não estava brincando!

– M-Mãe…Pare! Me… solte!

Ela deu uma gargalhada.

– Está com medo? Quer viver, não é? Então reaja! Deixe a Força fluir em você com toda sua raiva e seu ódio! Vamos! Me golpeie com a Força! Deixe-me sentir seu poder!

Minutos intermináveis se passaram. A pressão em meu pescoço só fazia aumentar. Minhas forças se esvaíam. Estava prestes a perder a consciência…

Kar…Meu irmão…Mes-Mestre Tarsis…

*********

No momento em que Tarsis iria responder a Kar-Ani, sentiu um abalo na Força, e uma agonia como jamais sentira antes, como se a própria vida lhe estivesse sendo retirada. Nesse momento pôde ouvir ao longe a voz da Ying, abafada como se estivesse sufocando. Cambaleou por um instante, apoiando-se na parede próxima.

Ying! Ela está em perigo! Posso sentir! Temos de encontrá-la e rápido!” – pensou, aflito.
Vamos, Kar! Vamos até os Arquivos Jedi utilizar os computadores de lá para traçarmos uma rota utilizando estas coordenadas. Ying precisa de nós urgentemente! – falou, pondo-se à caminho sem esperar resposta.

**********

Kar-Ani sentira uma imensa tontura e um abalo na Força, mas não tão intenso quanto vira seu mestre sentir. Então logo se levantou e ajudou seu mestre a se levantar, indo logo com ele para os computadores da Ordem.

– Acho que consigo fazer os cálculos precisos para ter uma estimativa, mas se quiser ajudar…
Kar-Ani se sentou em uma das cadeiras, ligou seu Datapad ao computador e começou a digitar rapidamente, traçando coordenadas e usando programas de geografia e cálculos rápidos, ajudando e economizando tempo com cálculos mentais, logo números surgiam das fórmulas usadas para tentar descobrir e apareceram diversas possibilidades, mas para a sorte dos jedi eram possibilidades que não se distanciavam muito, além das que eram descartadas. Logo o jovem padawan salvava os cálculos em seu DataPad e olhava para seu mestre.

– Observe e me diga se acha que estamos certos…

Enquanto seu mestre examinava atentamente os dados obtidos, Kar-Ani teve uma ideia súbita.
– Mestre, agora há pouco sentimos um abalo na Força e creio que seja a Ying, mas ainda sinto que ela está viva. Será que se o senhor aguçar os sentidos não pode encontrar uma localização mais exata dela? Afinal ela deve estar presente na Força, caso contrário não teríamos sentido a vida dela ter diminuído, não?

Ponderando sobre as palavras de seu padawan, Tarsis procurou se concentrar. Logo seus sentidos procuravam a Força e nela procuravam a presença de Ying. Separando a presença na Força de todos nos arquivos, e então expandindo-se para além de Coruscant e de seus arranha-céus gigantescos. Logo sua consciência ganhou o espaço sideral, procurando, rastreando. Tarsis se perdia por entre a imensidão da Força no espaço…

Ele era capaz de ouvir Ying gritar por socorro, mas não podia determinar o local exato. Então retornou a si, transpirando e ofegando.

Não consigo, Kar. Ela está muito longe ou está quase morta! A presença dela na Força está minguando mais e mais! – constatou, sacudindo a cabeça, atordoado, lutando intimamente contra o medo e o sentimento de impotência.

Continua

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