Corri…Corri como há muito não corria, como se a minha vida dependesse disso e dependia! Sentia meus amigos cada vez mais próximos e isso me dava forças. Só que o número de inimigos aumentava e já quase não tinha para onde fugir.
E não era só isso. Estava cada vez mais difícil conseguir respirar. Em dado momento tive que parar de novo, sugando o ar em longos haustos dolorosamente e apertando minhas costelas, com a mão esquerda enquanto com a destra mantinha o blaster de prontidão. Eu precisava de ajuda…Só esperava que encontrasse logo…
Sentia Lady Venom me procurando e não era só ela…
Preciso ir… – pensei, determinada. – Quando voltar, irei me dedicar mais aos treinos… Art of Small ou Control pain1… – uma pontada quase me fez gemer alto. – ...seriam muito úteis agora…mas ainda chego lá…Se sair viva daqui…
Já me preparava para sair de meu esconderijo, quando o wookie apareceu na minha frente, mas ao contrário do que se poderia esperar, não apontava seu blaster para mim. Intrigada e surpresa, abaixei o meu instintivamente. Podia parecer imprudência e loucura de minha parte(o que não seria novidade), mas não sentia um inimigo ali.
– O que você quer? Se não quer me capturar também, saia da minha frente! Não posso perder mais tempo aqui!
Os olhos dele brilhavam, tristes. Com a enorme mão peluda ele fez sinal para que eu ficasse quieta. Um grupo de Stormtroopers passava pela entrada do subsolo, muito próximo de onde estávamos. Eu estava quase fora, mas, se não tivesse cuidado, seria pega.
Ficamos imóveis aguardando que eles se afastassem.Me preocupava que os Bounty hunters, logo me alcançariam ali no nicho onde me escondera. Então sem poder me conter, perguntei num sussurro:
– Graças a você fui capturada em Coruscant…Por que… Por que está me ajudando agora?
Ele soltou um uivo baixo, longo, lamentoso. O mais estranho foi que entendi tudo, como se falasse a língua padrão.
– “Não sou mais do que um escravo de Korbain Thor…Não queria fazer aquilo, sinto muito. Todos me tratam aqui como uma besta fera, estúpida e inútil. Você é diferente deles e…”Dela”! Aquela mulher estranha…Os olhos de vocês são parecidos, mas…Diferentes! Vejo luz nos seus olhos e nos dela…” – ele parecia estar com muito medo. – …Só vejo trevas…”
– Então me ajude a sair daqui e poderemos ser amigos! – sorri. – Tenho certeza de que mestre Tarsis irá levá-lo conosco quando souber que me ajudou! Você ficará livre para ir onde quiser. Talvez…Procurar sua família…
Outro uivo de cortar o coração.
– “Não tenho mais família… Quando me capturaram…mataram todos…”
Tive muita pena dele.
– Eu sinto muito… De verdade…também sou órfã, sei como se sente…Mas agora encontrei uma nova família entre os jedis. – estendi a mão pra ele. – Venha, me ajude a sair deste lugar e poderá ficar comigo, se quiser. Vamos embora… Ah, como você se chama? – perguntei.
– “Wikibahckra.”
– Wikibah…Eh, posso te chamar só de Wiki?
Ele assentiu e pareceu sorrir.
– Ótimo,Wiki! Pode me ajudar a sair daqui?
– Ela deve estar por aqui! – escutei então a voz de Korbain Thor bem próximo. – Peguem-na!
Aconteceu então algo inesperado. Do nada, ele me pegou no colo e saiu correndo comigo. De olhos arregalados, não escondia meu espanto. Não era bem essa ajuda que eu tinha em mente…
Durante o caminho continuei atirando. Estava fazendo um bom estrago pois tinha uma excelente pontaria e agora então daquela altura privilegiada, melhor ainda, mas ainda assim tentei fazê-lo me soltar.
– E-Eii!! Não precisa fazer isso! Assim eles vão te machucar!
Um uivo curto e decidido.
– “É o mínimo que posso fazer…”
Continuei atirando. Os lasers comiam solto e vários passavam bem perto ou mesmo o atingiam de raspão, sem reclamar, ele continuava correndo, me protegendo.
Já estávamos no andar superior, a batalha em curso já bem perto.
– Por ali, Wik… – empalidecendo, vi que um Bounty Hunter, no teto, logo atrás de meu novo amigo, mirava contra ele e esse tiro seria na mosca, nas costas de Wiki, na direção do coração. – Cuidado!!!
Nem deu tempo de Wiki se abaixar, mas meu disparo foi certeiro. Parando um instante e se virando, Wiki viu e entendeu o que aconteceu. Olhou pra mim longamente. Parecia emocionado… Sentindo que ele estava prestes a me dar um abraço de esmagar costelas, pensei nas minhas doloridas e o parei, com um sorriso aflito e as mãos erguidas:
– Depois você me agradece, amigão! Vamos!! Mestre Tarsis e meu irmão Kar estão logo ali à direita no próximo corredor!! Mal posso esperar pra vê-los!!
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A coisa toda estava um caos. Os Stormtroopers pareciam brotar direto do chão e partiam direto para eles com seus blasters em punho. Não paravam de aparecer. A cada um que tombava, mais três ocupavam seu lugar. Até que tiveram a brilhante ideia de formarem uma linha defensiva bem no meio do corredor. Uma linha de Troopers agachada à frente de outra linha de Troopers em pé.
Então a barragem de blasters começou. Os dois Jedi saltaram para os lados, na direção de vãos que haviam nas perdes laterais, na esperança que eles não tivessem boa pontaria e pudessem chegar a tempo de se abrigarem. Ao todo dez troopers disparavam contra os invasores. Um dos disparos passou de raspão na perna esquerda de Tarsis, rasgando sua calça e queimando a coxa. Bem onde, três anos atrás, tivera um pedaço de madeira cravado bem fundo. É, a vida costuma dar voltas…
Kar-Ani estava do outro lado do corredor em um vão semelhante ao que ele estava. Olhavam um para outro, em uma comunicação silenciosa.
A tática era dar a eles alvos móveis, para dificultar a pontaria. Jaden havia ficado na entrada do corredor, dando cobertura. Kar e Tarsis saíram de seus esconderijos, sabres em punho. Os troopers liberaram toda a fúria de seus blasters assim que os avistaram.
– Kar! Manobra nº. 12!
Kar-Ani ficou à frente de seu mestre, dando cobertura, defletindo os blasters com os movimentos acelerados pela Força, enquanto Tarsis ficava logo atrás dele. Sacando de outro sabre, executando um Saber Throw1. Os dois sabres seguiram em seus cursos, girando sobre seus eixos, e defletindo a maioria dos disparos enquanto se aproximavam dos troopers, os quais os assistiam chegar cada vez mais perto. Tentaram se dispersar, mas já era muito tarde. Logo apenas dois troopers estavam vivos ou em condições de permanecer em pé.
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Nesse momento, meu amigo wookie e eu entramos no corredor onde estavam Tarsis e Kar lutando com os troopers restantes.
Dou um grito de alegria ao vê-los:
– MESTRE!!! IRMÃO!!! ESTOU AQUI!! VOCÊS ESTÃO BEM?
Pedi a Wiki que me pusesse no chão pra que pudesse correr ao encontro deles (Também porque não queria que atirassem em meu novo amigo por engano, pensando que ele estivesse me prendendo ou coisa assim) e já me preparava pra fazer isso quando uma terrível sensação me paralisou onde estava. Era “Ela”! Na plataforma, logo acima de nós, nos observando. E pra completar a cena: Korbain Thor e o grupo de Bounty Hunters que me perseguia lá embaixo também acabara de chegar. Parecia que teríamos um novo confronto…
Olhei ansiosa para Tarsis e Kar e senti que eles já estavam cientes da nova ameaça. Wiki fazia menção de puxar-me de volta para me proteger.
– Não, meu amigo. Proteja-se você… – falei, séria. – Não gostaria de vê-lo machucado…E a coisa aqui vai ficar feia…
Venom saltou lá de cima, se colocando entre mim e meus amigos. Impassível, ameaçadora, terrível em sua aparente frieza.
– Achou que fosse fugir com esses vermes? – ela sorriu,num esgar assustador. – Venha comigo, criança… – ela estendeu a destra.
– NUNCA!!! – gritei. – Pare de me tratar como sua propriedade!! Jamais seguirei você! DESISTA!!
Foi então que vi meu sabre na cintura dela. Tentei pegá-lo, usando TK sense3, mas ela me impediu.
– Nada disso, querida… Bom, se não quiser ir por bem…
Soltei um ofego e caí de joelhos. Uma dor horrível como se minha cabeça fosse explodir. Gritei, desesperada. tentei me concentrar para escapar daquilo, mas mal conseguia pensar. Nem de joelhos consegui ficar. Me contorcia de dor. No entanto, do pouco que conseguia raciocinar, só pensava que sentia o desespero e a raiva de mestre Tarsis e não queria isso!
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Ao ver Ying, o coração do Jedi deu um salto de alegria. Ele não entendeu muito bem o que aquele Wookie fazia com ela nos ombros, mas regozijou-se quando viu que ela estava bem. Mas a súbita aparição de Lady Venom e de Korbain foi como uma ducha de água fria na felicidade momentânea de Tarsis. Korbain ficou entre Venom e os jedis sacando de sua vibrocimitarra e se pondo em postura de combate.
– Temos assuntos inacabados, Jedi! E desta vez, você terá uma bela surpresa! Estudei muito das suas artes e técnicas e, como pode ver, tenho um par de braços novos, até melhores que aqueles que você arrancou de mim! – falou Korbain. Mesmo não podendo ver através de seu elmo, Tarsis sabia que ele estava sorrindo.
E realmente ele estava falando a verdade. A postura que Korbain assumiu era de um adepto de Ataru!4
Onde ele aprendeu isso? E como ele pretende combater dois usuários de sabre de luz com uma vibrocimitarra? A não ser que … – pensou o Jedi, intrigado.
Tarsis e Kar-Ani flanquearam Korbain: Tarsis pela esquerda do caçador de recompensas e Kar-Ani pela direita. Eles atacaram simultaneamente; Kar visando as pernas de Korbain, Tarsis visando a garganta. O caçador aparentemente não se abalou com a sincronia de Mestre e Padawan, como se já estivesse habituado a ver tal coisa. E estava! Era como se Korbain já conhecesse as estratégias usadas pelos Jedi, principalmente as de Kar-Ani e Tarsis. Prontamente o caçador de recompensas bloqueou o ataque de Kar-Ani às pernas com a cimitarra, e estranhamente a lâmina resistiu ao impacto com a lâmina do sabre do Padawan, ao mesmo tempo em que dava um passo atrás, saindo do raio de ação do ataque de Tarsis à garganta, evitando ser decapitado.
– Ah, logo imaginei! Uma lâmina de Cortosis5, Korbain? Muito esperto de sua parte! E pelo que vejo você andou praticando nossas táticas também! Ótimo! Quanto mais difícil, melhor! Vamos lá, vejamos do que você é feito! – falou Tarsis, confiante.
– Hah! Você nem tem ideia do que sou feito, Jedi! Venham! Mostrem-me que ficaram mais fortes nesses cinco anos!
Repentinamente, Tarsis sentiu um abalo na Força, semelhante ao que sentira em Corellia anos atrás, no dia em que enfrentou Lady Venom pela primeira vez. Com o canto do olho, Tarsis viu Ying cair de joelhos e gritar de dor, a cabeça entre as mãos e expressão de extrema dor na face. Então, aconteceu… Tarsis perdeu o controle, aquela visão sendo demais para ele suportar. Nem mesmo os anos seguindo o Código Jedi foram suficientes. Tarsis sempre fora muito só, principalmente durante os anos de domínio do Império, em que teve de viver às escondidas, ocultando sua origem e seu potencial para a Força de tudo e de todos. Kar-Ani, Ying, Jaden, Kyle, todos da Ordem Jedi haviam se tornado uma família para ele. Ver Ying sofrendo daquela maneira o fez atingir o limite.
– Ying! – gritou Tarsis, ao ver a jovem padawan se contorcendo no chão.
– Não devia perder a concentração dessa maneira durante uma luta, jedi! Pode ser muito perigoso para você! – zombou Venom pondo-se do lado da Ying e gargalhando.
Por pouco Tarsis não teve a garganta aberta por Korbain, não fosse uma reação rápida de Kar-Ani a bloquear o ataque centímetros antes dele atingi-lo. A vida de Ying estava por um fio. Vendo que não poderia fazer muito se estivesse envolvido em um duelo, Tarsis não hesitou um segundo sequer, erguendo Korbain com a Força, deixando-o flutuando no ar, praticamente indefeso, então virou-se para Venom e falou, quase num rosnado:
– Você foi longe demais, mulher! Poderia ter feito qualquer coisa comigo, mas você cruzou uma linha que não deveria ter cruzado ao ameaçar a vida de Ying. Eu prometi que não seria piedoso caso você a ameaçasse novamente. É chegado o momento de cumprir a promessa! Você e Korbain se dão muito bem juntos, não? Então fique com ele! – falou Tarsis, arremessando Korbain na direção de Venom como se fosse um míssil.
– É assim que pretende me derrotar, jedi? Atirando-me pessoas? – debochou Venom, segurando Korbain no ar por meio da Força da mesma maneira que Tarsis.
– Não! Fazendo você perder a concentração se preocupando com duas coisas ao mesmo tempo e baixando a guarda! Agora você é minha! – retrucou Tarsis, deixando todo o ódio e fúria correrem livres por ele.
Ódio. Reunindo toda a energia da Força atravès de si, Tarsis ataca Venom com um Force Grip6 devastador, erguendo-a do chão no processo. Korbain cai ao chão, pois nem Venom, nem Tarsis, o seguravam mais no ar.
Raiva. A ira de Tarsis podia ser sentida por todos ali.
Fúria. Tarsis ofegava, o suor escorria por sua fronte à medida em que ele cerrava o punho que apontava para Venom. Era possível escutar os ossos da Sith estalarem como gravetos. Ela tentava contra-atacar o Force Grip do Jedi, mas ele anulava seus esforços por meio do Force Supression, impedindo que a Força flua em Venom.
Vingança. Tarsis caminhava passo a passo em direção a Venom, que engasgava e tossia, pondo a mão na garganta, uma expressão de terror em seus olhos, indefesa que se encontrava à mercê do Jedi.
– Eu cheiro seu medo, vadia! Eu vejo seu terror! Sofra! Sofra tudo o que fez a Ying passar! Onde está todo o poder que você demonstrou ter sobre a garota, hein? ONDE ESTÁ TODA A SUA ARROGÂNCIA AGORA? NÃO TEREI PIEDADE ALGUMA COM VOCÊ, MALDITA! MORRA!. – Os olhos de Tarsis mudaram do castanho para um amarelo sinistro à medida que caminhava em direção a Venom, sinal da sedução do Lado Negro.
1 Art of Small: era uma técnica que permitia um usuário da Força reduzir sua presença na Força a um tamanho microscópico, podendo até operar moléculas da maneira que quisesse, sendo útil para se curar de ferimentos,por exemplo.
Control Pain: um poder de força usado para reduzir a dor sofrida como resultado de lesão ou por outro motivo. (N.A)
2 Saber Throw: é um ataque disponível apenas para Jedi e Sith onde se pode lançar seu sabre de luz na direção que apontar. Isso deixa você sem defesa por um breve momento, portanto, é uma manobra arriscada. (N.A)
3 TK Sense: poder da Força que permite manipular desde pequenos objetos pequenos até gigantescos, como uma nave. (N.A)
4-Ataru: Forma IV , também conhecida como Ataru , o Caminho do Falcão-Morcego , ou A Forma de Agressão , foi a quarta das sete formas de combate com o sabre de luz . Estilo agressivo, rápido e eficaz contra adversários únicos, embora mais fraco em combate prolongado e espaços confinados. Além disso, não foi recomendado para uso contra adversários empunhando blasters . Ataru foi caracterizado por acrobacias assistidas pela Força , como dar cambalhotas e saltos, tanto para ataque quanto para defesa. Outra característica da forma eram seus rápidos e poderosos ataques de múltiplas direções. (N.A)
5- Cortosis:um mineral extremamente raro, capaz de resistir à lâmina de um sabre de luz. Também conhecido por desativar temporariamente os mesmos, tornando assim um meio eficaz de defesa contra seus usuários em confrontos diretos, (N.A)
6 Force Grip: é uma técnica pela qual um usuário da Força usa a telecinesia para esmagar com força partes do corpo de uma vítima, matando-as ou tornando-as inconscientes. O objetivo principal do Grip é imobilizar ou controlar o movimento de um alvo.(N.A)
Fonte: wikipedia
