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Segredos Mortais – Capítulo 11

Senti a luz invadir meus olhos quando Din se afastou de mim. Pude vê-lo recolher suas asas, e logo atrás delas estavam sentados, Gabriele, Adar e Leiael. Ambos com os olhos fixos em mim, esperando minha reação. Leiael, se aproximou rapidamente me envolvendo em seus braços, quentes e seguros. Queria poder parar o tempo naquele momento. Mas tinha uma coisa que precisava fazer.

     – Você está bem? – Perguntou Leiael passando a mão em meus cabelos.

     – Ainda não. Preciso fazer uma coisa. – Falei afastando-o de mim, indo em direção a Gabriele que agora estava sentada ao lado de Adar. Dei alguns passos, parei próxima a ela. E antes de começar dei uma olhada para Adar que parecia torcer por um confronto.

     – Como pôde achar que eu não acreditaria em você? Jamais a machucaria, mesmo que tenha perdido o controle, não acredito que conseguiria feri-la. Você é minha única e melhor amiga. E entendo o que você sente, entendo o que fez, e vou te apoiar no que tiver que fazer. A dor nos uniu e fortaleceu nosso amor e amizade. Ninguém poderá nos separar. – Ela me olhava com os olhos inundados. Pude sentir as batidas de seu coração, feliz por não ter me perdido. E eu, senti o mesmo por saber que ela estava do meu lado.

     – Que bom que você me perdoou. Desculpe-me. – Disse ela me abraçando forte. Por cima de seu ombro pude ver a expressão de deboche de Adar. Din e Leiael pareciam alegres e aliviados por tudo ter terminado bem. Pelo menos por hoje.

–Hei, não tem porque me pedir desculpa. Relaxa. – Tentei tranquiliza- la. 

     – Preciso tomar um banho urgente. Vamos voltar para a aldeia, quero saber como está Heitor, e ver se nosso visitante corajoso já acordou. 

     – Você pegou pesado, hein?! Se continuar evoluindo assim com sua magia teremos que ficar em alerta com você.  – Falei batendo com o ombro em Gabriele que sorriu aliviada. 

     – Vocês vão com a gente? – Ela perguntou, olhando para os guardiões. 

     – Não estou a fim de dançar em volta da fogueira. – Disse Adar.  O encarei fazendo uma careta.

      – E vocês?  – Perguntei olhando para Leiael e Din. 

      – Iremos ao amanhecer.  Temos que resolver umas coisinhas antes do resgate de Adele. – Disse ele com uma piscadela enquanto ajeitava a calça em seu quadril.

      – Ok! – Disse Gabriele andando em direção à trilha. Antes de segui-la. Aproximei-me de Din e sussurrei em seu ouvido. 

      – Obrigada. Tentarei não esquecer suas palavras. – Falei dando uma piscada para ele, que me respondeu com sorriso em linha reta. 

      – Tchau. – Acenei para Leiael que observava curioso. 

      – É assim é? Só isso, tchau? – Disse ele se aproximando. Din balançou a cabeça e saiu seguindo Adar que havia desaparecido entre as árvores. Ele não era muito de conversa e nem de despedida. 

Estávamos sozinhos. Ele colocou as mãos em minha cintura e se aproximou do meu pescoço sussurrando devagar:

     – Só mereço um tchau? – Seu hálito quente fez meus pelos se eriçarem. 

      – O que mais você quer? – Perguntei com os olhos fechados sentindo meu corpo flutuar enquanto ele roçava sua boca em meu pescoço lentamente.

     – Quero você! – Senti suas mãos apertarem ainda mais minha cintura. Devagar escorreguei minhas mãos por suas costas sentindo o calor de seu corpo. Ele parecia estar em chamas e eu estava louca para me queimar nelas.

     – Onde estão suas asas? Como faz para elas aparecerem? – Perguntei com o rosto encostado em seu peito.

     – Não tem uma regra, elas aparecem quando quero que elas apareçam. 

     – Posso tocá-las? – Perguntei buscando seus olhos que pareciam brilhar como estrelas. Ele sorriu dando um beijo em minha testa carinhosamente.

     – Infelizmente não, senão terei que matá-la. – Sussurrou ele sorrindo de forma serena e encantadora. O encarei franzindo a testa enquanto deslizava a língua sobre minha boca de forma provocativa… 

     – Precisa mesmo apelar? Você é bem cruel. – Disse ele sorrindo.

Dessa vez ele se afastou despojado colocando as mãos sobre seus cabelos negros, jogando-os para trás. Com as costas nuas, largas e incrivelmente atraente, percebi duas cicatrizes surgirem em linha reta do ombro até a altura de suas costelas. Pareciam brasas queimando sua pele. E como mágica, elas surgiram diante de meus olhos, negras e enormes. Ele se virou para mim, devagar, e enquanto se aproximava, olhou em meus olhos pegando minha mão.

      – Pode tocar, mas não se esqueça do que te falei. Terei que matá-la. – Disse ele provocando-me, com um sorriso cínico em seus lábios.  Assim que estiquei a mão para tocá-las, ele me impediu segurando minha mão.

     – Vou atender seu pedido, mas isso, me dá o direito de pedir algo também. – Disse ele me olhando, quase tocando seus lábios nos meus. Suspirei fundo, tentando manter o controle da minha mente e do meu corpo. Queria responder de forma firme e segura. Queria que minha resposta fosse não, mas estaria mentindo, e notando seu olhar, ele já havia percebido qual seria a resposta. Abaixei a mão rapidamente dando um passo para trás. Colocando as mãos na cintura o encaro.

     – Só por curiosidade, qual seria seu pedido? – Perguntei sentindo meu corpo transpirar, enquanto uma dormência parecia consumir meu corpo.

     – Segredo. Você só precisa dizer sim ou não. Na hora certa, farei meu pedido. – Disse ele virando as costas para mim novamente, balançando suas asas. Fiquei em silêncio tentando processar suas palavras e a surpresa de seu suspense. Assim como eu, ele já sabia minha resposta.

     – Ok. Você terá direito a um pedido. – Estava me sentindo uma adolescente boba brincando de salada mista. Enquanto ele me olhava por cima de seu ombro, toquei em suas asas. Elas eram firmes e macias, parecidas com penas de pássaros, havia um tipo de magnetismo nelas, uma espécie de imã que prendia minha mão. Enquanto alisava sentindo a energia que vinha delas, percebi que as pontas estavam em chamas. Assustada, me lancei para trás.

      – Suas asas estão em chamas. – Falei sem conseguir conter meu espanto. Ele se virou puxando-me contra seu corpo e sem muitas palavras aproximou sua boca da minha.

      – A culpa é sua. Você que me deixa assim… em chamas…  – Disse ele me beijando.

      – Hei, Lara, vai vir ou não? – Gritou Gabriele de algum ponto da floresta. Jogando um balde de água fria. Encostando minha testa na dele, sussurrei.

     – Ela só pode estar de brincadeira. – O olhei com um sorriso em linha reta. Louca para beijá-lo por horas sem parar. Como esperei por isso.

–Bem, tenho que ir. – Falei desapontada, vendo-o suspirar. Ele passou a mão sobre meu rosto e de forma gentil selou sua boca na minha sem tanta pressa de se afastar. Colocando a mão em seu peito, o empurrei dando um beijo em seu rosto saindo correndo ao encontro de Gabriele.

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