“O GAROTO DO PASSADO”

CENA 01. RUA. TARDE. EXT.


Legenda: Maringá, Brasil. Agosto de 2021.

Carlos fica em pé, com o olhar fixado no cubo. Parece hipnotizado pela luz da esfera. Marlon estranha a reação do amigo.

GAROTO

Quero voltar pra casa, tio. Me ajuda, por favor.

CARLOS

Vamos vai te ajudar, está bem. Vou guardar isso e vamos procurar sua casa.

Abre sua mochila e coloca o cubo dentro. Marlon o observa, com uma expressão negativa no rosto.

MARLON

Sério que você vai ajudar esse garoto?!

CARLOS

O menino tá pedido. Você não vê o quanto ele tá assustado?

Se agacha, toca no ombro do garoto. Lança um sorriso de conforto.

CARLOS

Muito bem, menino. Quero que você me conte onde você mora?!


O garoto olha para todos os lados. Não reconhece nada. Está completamente perdido.

CORTA PARA

CENA 02. CASA DE CARLOS. SALA. NOITE. INT.


Carlos chega exausto em casa. Senta-se no sofá, joga a mochila ao lado e a observa. A abre, retira o cubo e se atenta ao objeto. Os olhos hipnotizados da cena anterior retornam em seu rosto. Lisa (20 anos, magra, estatura média, cabelos pretos e longos, igual a mãe) entra na sala.

LISA 

Finalmente o senhor chegou. (senta-se ao lado do pai) Demorou hoje, hein?! (repara no cubo) O que é isso?

Admira o brilho do objeto na mão de Carlos.

CARLOS

Achei com um garoto hoje à tarde.

LISA

Uau, nunca vi um assim. Parece que veio do futuro. (ri)

CARLOS

O menino disse que isso o trouxe pra cá.

LISA

Pra cá? Como assim?

CARLO

Eu e o Marlon andamos pela cidade procurando a casa dele ou alguém que o conheça, mas não encontramos nada. Acabamos indo até uma delegacia, pra verificar se tinha algum registro de criança desaparecida nos últimos dias. Só que também não deu em nada. O delegado acabou chamando o conselho tutelar, que ficou cuidando do garoto.

LISA

Coitado.

Carlos guarda o cubo novamente na mochila. Coloca ela ao lado e se levanta.

CARLOS

Sua mãe está na cozinha?

LISA

Está. (se levanta) E quer falar com o senhor.

CARLOS

Só vou tomar um banho e me reúno com vocês.

LISA

Ok.

Carlos vai em direção aos quartos, Lisa segue para a cozinha. CAM destaca a mochila sobre o sofá.

CORTA PARA

CENA 03. CASA DE CARLOS. QUARTO. NOITE. INT.

Carlos sai do banho e entra em seu quarto enrolado em uma toalha. Caminha até o guarda-roupa, pega algumas peças de roupa e as joga na cama. Puxa a toalha da cintura e enxuga o cabelo. Ao virar-se para cama, se surpreende com o cubo ao lado de suas roupas.

CARLOS (surpreso)

Como isso veio parar aqui?

Enrola a toalha em sua cintura. Se aproxima da cama um pouco assustado. A esfera branca no centro do cubo brilha intensamente. Os olhos hipnotizados de Carlos retornam. Ele pega o cubo e, instintivamente, refaz os mesmos movimentos de Domênia no episódio anterior.

Um giro em sentido horário na face direita. Um giro em sentido anti-horário na face esquerda. E um giro em sentido horário na face superior. O brilho intenso da esfera aumenta. Carlos fecha os olhos, como forma de proteção à luz. O quarto fica completamente branco. Ao voltar ao normal, Carlos e o cubo haviam desaparecido.


CORTA PARA

CENA 04. CAMPO ABERTO. NOITE. EXT.


Legenda: Montes Claros, Brasil. Agosto de 1947.

Uma luz intensa brilha em um campo aberto. Carlos e o cubo caem em meio a um pasto alto. Como está enrolado numa toalha, rapidamente se levanta, assustado.

CARLOS

Que lugar é esse? Onde estou?

Olha para todos os lados e apesar da noite escura, só vê um vasto pasto à frente. Repara o cubo brilhando entre seus pés. Começa a tremer de frio. Pega o objeto e caminha em busca de ajuda.

CARLOS (grita)

Oi! Alguém aí? Alguém pode me ajudar?

CORTA PARA

CENA 05. RESIDÊNCIA HUMILDE. NOITE. EXT.

Após caminhar por horas, Carlos repara uma casinha humilde logo à frente. Caminha até ela e encontra um varal com algumas peças de roupas. Calmamente, vai até o varal, pega uma calça e uma camisa. Volta para o meio do gramado e se afasta da residência.


CORTA PARA

CENA 06. CAMPO ABERTO. NOITE. EXT.

Carlos veste as peças de roupas que pegou. Elas ficam folgadas nele. Coloca o cubo dentro do bolso folgado da calça. Deixa a toalha no chão e segue caminho em direção oposta a casa que encontrou.

CORTA PARA

CENA 07. RUA. MANHÃ. EXT.

Após caminhar a noite inteira, Carlos encontra a cidade. Está amanhecendo e sua aparência é de cansaço. Anda por mais alguns minutos, observa as características estranhas do lugar. As roupas das pessoas são diferentes, os veículos, o jeito de conversar. Logo percebe que não está mais em sua época. Ele para em meio a calçada, boquiaberto.


CARLOS

Em que ano estou?

Um rapaz (26 anos, alto) que passa por ele, responde.

RAPAZ

Em 1947. Em que ano mais estaria?

O rapaz continua seu caminho, Carlos o observa, incrédulo com o que ouviu.

CARLOS (pasmo)

1947!

Ele retira o cubo do bolso da calça e o observa. Na sequência, o guarda novamente e volta a caminhar pela cidade.

CORTA PARA

CENA 08. LANCHONETE DE AURORA. DIA. INT.


Aurora (18 anos, parda, estatura média) tira a poeira de uma mesa vazia, enquanto uma pequena clientela que ocupa o recinto, conversam. Carlos passa em frente à lanchonete, vê o letreiro e por algum motivo entra no local. Encontra Aurora logo na entrada.

AURORA (gentil)

Bom dia, senhor. Essa mesa tá limpinha. Fiquei à vontade. (caminha em direção a outra mesa)

Carlos observa a garota, acha o rosto dela familiar.

CARLOS

Oi. Como se chama?

Aurora continua limpando a mesa ao lado, responde sem dar muita atenção a ele.

AURORA

Aurora.

CARLOS

Aurora! (olha atentamente para o rosto dela) Estranho, você me parece tão familiar.

Um flash rápido de memória surge em sua cabeça. Uma fotografia onde está Aurora e um bebê nos braços.

CARLOS (pasmo, tom baixo)

Vovó?!

AURORA

O que disse? (presta atenção nele) Que roupas folgadas essa a sua. (ri, volta a limpar a mesa)

Carlos tenta conter o que está sentindo.

CARLOS 

Nossa. (tom baixo) A senhora é linda.

AURORA

O senhor vai querer alguma coisa? (se aproxima dele)

CARLOS

Sim. Quer dizer, não. Creio que eu não tenho o dinheiro.

AURORA

Então se não vai querer nada, o senhor me dê licença.

Aurora caminha até o balcão, recolhe alguns copos sujos e na sequência vai para a cozinha. Cardoso (20 anos, alto, pardo) entra na lanchonete. Passa por Carlos, indo em direção ao balcão. Aurora retorna da cozinha e o vê.

AURORA

Amor. (sorri)


Aurora caminha feliz até ele. Os dois se abraçam e ficam de mãos dadas na sequência.

CARDOSO

Consegui sair mais cedo hoje de casa, antes de ir pra oficina. E vim aqui te ver.

AURORA

Imaginei que eu teria que inventar uma desculpa para sair e ver você.

CARDOSO (sorri)

Não será preciso.

Os dois se entreolham felizes. Da entrada, Carlos os observa. Sorri ao perceber os dois tão apaixonados. Se lembra que seu avô irá abandoná-la, fica com uma expressão séria no rosto.

CORTA PARA

CENA 09. RUA. DIA. EXT.


Cardoso segue caminho em direção ao trabalho. Carlos está alguns passos atrás dele. Cardoso chega à oficina, entra no local e cumprimenta um colega. Carlos vai para o outro lado da rua e começa a observá-lo disfarçadamente.

CORTA PARA

CENA 10. PRAÇA. TARDE. EXT.


Legenda: São Paulo, Brasil. Abril de 1986.

Domênia caminha de cabeça baixa em direção a um banco. Senta-se, olha para o lado. Está triste por ter perdido o cubo.


DOMÊNIA

Minha senhora. (chora) Eu falhei com você. Não consegui proteger o cubo. Não consegui salvar as nossas irmãs. (baixa a cabeça) Eu sou uma inútil. 


Paulina vem em direção ao banco onde está Domênia. De longe, repara a garota de cabeça baixa. Caminha até ela.

PAULINA 

Olá, menina. Aconteceu alguma coisa? (senta-se ao lado) Por que está chorando? Se perdeu de seus pais?

Domênia ergue a cabeça, limpa suas lágrimas e recua um pouco de Paulina.

DOMÊNIA

Eu sou uma inútil. Não consigo fazer nada direito.

PAULINA

Não diz isso. O que foi que aconteceu? Me conta o que te deixou triste assim?

Domênia a observa. Se surpreende com a semelhança de Paulina com Bridget.

DOMÊNIA

Minha senhora! (feliz) A senhora conseguiu me encontrar. (a abraça)

Paulina fica sem reação com o abraço da garota. Seu instinto a faz retribuir o abraço.

DOMÊNIA

Me perdoa, senhora. Me perdoa, por favor. Eu tentei fazer aquilo que me disse antes de vir para cá. Mas eu falhei. Eu falhei, me perdoa.

Paulina a abraça, sem entender o que está acontecendo.

CORTA PARA

CENA 11. CASA DE AURORA. SALA. TARDE.


Paulina leva Domênia até sua casa. A garota não estava dizendo coisa com coisa e achou melhor trazê-la. Domênia entra um pouco receosa, observa atentamente o ambiente.


PAULINA

Bem, essa é a casa da minha mãe.

DOMÊNIA

Sua mãe veio pra cá também?

Paulina não entende o que a garota vem dizendo desde o momento que saíram da praça. Decide ignorar o comentário.

PAULINA 

Você deve estar com fome. Vamos até a cozinha, que vou preparar alguns sanduíches pra você.

DOMÊNIA

A senhora conseguiu recuperar o cubo?

Paulina começa a acreditar que a garota seja louca.

PAULINA 

Menina… eu não estou entendendo nada do que está dizendo.

DOMÊNIA

Como não? A senhora é a minha tutora Bridget, não é? A senhora me pediu que eu viajasse para cá, para encontrá-la.

Carlos entra na sala, ao ouvir a voz de sua mãe.

CARLOS

A senhora já voltou. (olha para Domênia) Quem é essa menina?

PAULINA

Filho, essa é uma garota que a mamãe encontrou chorando na praça. Trouxe ela aqui, para ajudá-la.

CARLOS

Por que você estava chorando?

DOMÊNIA

Eu pensei que tinha falhado na minha missão. Ele é o seu filho, senhora?

PAULINA

Sim. Esse é o meu filho Carlos. E você… eu ainda não perguntei o seu nome. Como se chama?

Domênia começa a desconfiar de que Bridget talvez tenha perdido a memória nessa nova vida.


DOMÊNIA 

Me chamo Domênia. Esse foi o nome que a senhora deu pra mim.

Paulina e Carlos se entreolham, ambos confusos.

CORTA PARA

CENA 12. RUA. FIM DA TARDE. EXT.


Legenda: Montes Claros, Brasil. Agosto de 1947.


Carlos passou o dia inteiro de olho em Cardoso. Conseguiu uma roupa que se ajustasse ao seu corpo. Está anoitecendo e a oficina está sendo fechada. Cardoso segue caminho para casa e Carlos começa a segui-lo.

Após algumas ruas, Carlos atravessa o outro lado e começa a segui-lo mais de perto. Cardoso percebe que está sendo seguido e anda mais rápido. Ao notar que foi descoberto e que não poderia perder Cardoso de vista, Carlos o chama.

CARLOS (tom alto)

Ei, amigo. (corre) Poderia me dar uma informação, por favor?!

Cardoso desacelera, vira-se e espera Carlos se aproximar.

CARLOS

É que cheguei hoje na cidade e estou procurando um lugar para passar a noite. Você sabe onde tem uma pensão aqui perto?

CARDOSO

Tem a pensão da minha tia. Talvez lá tenha quartos.

CARLOS

Que bom. Já tava imaginando que teria que passar a noite em alguma calçada de algum estabelecimento. Então, você me leva até lá?

CARDOSO

Claro.

Os dois seguem caminho. Carlos o observa atentamente.

CARLOS

Que falta de educação a minha. Nem me apresentei. (estende a mão) Me chamo Carlos.

CARDOSO

Cardoso. (retribui, o cumprimenta)

CARLOS (direto)

Você tem namorada?

CARDOSO

Tenho. (estranha o questionamento) Por quê?

CARLOS

Por nada. (tenta se explicar) Não me leve a mal. É que, normalmente caras da sua idade não pensam em namorar, casar, essas coisas. Preferem mais curtir a vida. Não é mesmo? (percebe que o clima ficou estranho)

CARDOSO

Eu não sou igual a maioria desses caras. Quero casar, quero construir uma família. Por isso comecei a trabalhar desde cedo.


CARLOS (atento)

E quantos anos você tem?


CARDOSO

Tenho 20. Estou juntando uma graninha, porque irei procurar um terreno para construir uma casa e morar junto com o amor da minha vida.


CARLOS

Você ama muito a sua namorada?


CARDOSO

Muito! Eu e a Aurora, pretendemos construir um futuro juntos. 


Carlos baixa a cabeça, pensativo. Perceber o avô tão apaixonado por Aurora, o faz questionar o que aconteceu para ele ter sumido.


CARDOSO

Mas e você? De onde veio? Tem esposa ou filhos? 


CARLOS

Eu sou casado, sim. Tenho uma filha, da sua idade também. (sente um aperto no peito ao lembrar da família) O nome dela é Lisa.


CARDOSO

E o que te fez deixá-las para vir pra cá? 


CARLOS

Digamos que… eu meio que vim, involuntariamente.


Os dois trocam olhares confusos. Seguem o resto da viagem conversando.


CORTA PARA


CENA 13. PENSÃO DAS FLORES. RECEPÇÃO. NOITE. INT.


Cardoso chega à pensão de sua tia, Carlos está logo atrás dele. Dona Flores (48 anos, alta, parda, cabelos pretos) está anotando algo no balcão da recepção.


FLORES

Olha só quem veio me visitar! (caminha até o sobrinho, beija-o no rosto) Como vai, querido?


CARDOSO

Vou bem, tia. 


FLORES

Quando que a ingrata da sua mãe vai vir aqui?


CARDOSO

Mamãe anda bem ocupada, depois que o papai morreu. 


Carlos o observa atento. Fica curioso com a história de Cardoso.


FLORES

É, ainda é difícil superar que Carlos tenha falecido.


CARLOS (surpreso)

Seu pai também se chama Carlos?


CARDOSO

Sim. 


CARLOS

Uau, que coincidência. (a Dona Flores) Eu também me chamo Carlos. Carlos Martins. 


CARDOSO

Meu pai também se chamava Carlos Martins. 


Carlos fica pensativo e confuso.


CARDOSO

Ele está buscando um lugar para passar a noite. Então, o trouxe aqui para ver se a senhora teria um quarto pra ele ficar.


FLORES

Temos sim. (retorna para o balcão) Ainda mais para um hóspede tão atraente assim, como você. 


Carlos fica envergonhado. Flores abre seu caderno de registro.


CARDOSO (ri)

Respeita o moço, que ele é casado. 


FLORES

Eu notei a aliança na mão dele, querido. Mas, quem disse que elogiar tira pedaço?


Pisca para Carlos, escreve o nome dele no caderno.


FLORES

Carlos Martins.


Entrega o caderno de registro para Carlos assinar, lança um olhar sedutor para ele. 


FLORES

Assine aqui, por favor. (provocante)


CARDOSO (ri)

A senhora não toma jeito mesmo, hein tia?! (cutuca Carlos) Liga não. Ela é assim mesmo, mas não ataca ninguém. 


Carlos pega a caneta da mão de Flores e assina seu nome. Entrega o caderno novamente para ela. 


CARLOS

E quanto seria o valor do quarto?


FLORES

Quantas noites pretende passar aqui? 


CARLOS

Na verdade, só uma. Amanhã irei encontrar uma forma de voltar pra casa.


FLORES

Bem… nesse caso, como você é amigo do meu querido sobrinho, não precisa se preocupar com valores.


CARLOS

Não, que é isso. Faço questão de pagar. Embora eu não tenha a moeda de vocês agora, mas posso fazer qualquer outra coisa como forma de pagamento.


Flores se apoia sobre o balcão, se aproxima de Carlos, sedutoramente. 


FLORES (sorri)

Qualquer coisa é?


CARDOSO

Deixa que eu pago então a diária dele.


CARLOS

Que é isso. Não, não posso aceitar. 


CARDOSO

Eu faço questão. Você me parece ser um homem de bem. E se está precisando, custa nada ajudar.


CARLOS

Sendo assim… obrigado. Pode deixar que um dia irei recompensar você novamente. 


CARDOSO

Não precisa se preocupar. Bem, deixa eu voltar pra casa agora. Preciso de um banho. (ri) E ainda quero ver a Aurora.


FLORES

Esse casamento vai sair mesmo?


CARDOSO (ri)

Estamos só esperando o momento certo, tia. 


FLORES

Já disse que quero ser madrinha. 


CARDOSO

Pode deixar. (a Carlos) Bem, te deixo em boas mãos. Até!


CARLOS

Tchau! 


Cardoso se despede de sua tia e sai da pensão. Carlos o observa, e vê que o avô é completamente diferente do que ele imaginava. Flores toca levemente no ombro dele.


FLORES

Aqui está a chave do seu quarto. Quer que eu o acompanhe? 


CARLOS (envergonhado)

Obrigado. (pega a chave) Mas acho melhor ir sozinho. 


FLORES

Como quiser. É só subir as escadas. A numeração está na chave.


CARLOS

Obrigado. (repara o número 17)


Caminha até as escadas, retorna ao se lembrar de algo.


CARLOS

Os quartos têm banheiro? Ou é compartilhado pra todos?


FLORES

O banheiro é compartilhado, querido. É a última porta, no final do corredor. Quer ajuda com o banho?


CARLOS (constrangido)

Não, obrigado. Licença. 


Caminha apressado até as escadas e sobe em direção aos quartos. Flores não tira os olhos da bunda dele. Assim que ele sai, Flores senta-se na cadeira. Sente um calor percorrer todo o seu corpo, se abana.


CORTA PARA


CENA 14. CASA DE AURORA. BANHEIRO. NOITE. INT.


Aurora está agarrada ao vaso sanitário. Sente-se mal, vomita. Se levanta, vai até a pia e observa seu reflexo no espelho. Liga a torneira, lava as mãos e o rosto. O enjoo volta, fazendo-a se agachar no vaso novamente, vomita na sequência.


CORTA PARA


CENA 15. CASA DE AURORA. QUARTO DE AURORA. NOITE. INT.


Aurora entra em seu quarto, com uma expressão preocupada no rosto. Caminha em frente ao espelho, fica de lado. Sente-se um pouco cheinha. Passa lentamente a mão em sua barriga.


CORTA PARA


CENA 16. PENSÃO DAS FLORES. RECEPÇÃO. NOITE. INT.


Flores está fazendo algumas contas com seu caderno de registro ao lado. Cardoso entra na pensão.


FLORES

Ué, você por aqui de novo? Veio ver se devorei seu amigo?


CARDOSO (ri)

Também. Na verdade, vim deixar umas peças de roupas. Parece que ele e o papai tem o mesmo tipo físico, acredito que irá servir. 


FLORES

Pode subir. Ele está no quarto 17.


CARDOSO

Obrigado. 


Cardoso sobe as escadas, Flores retorna a suas contas.


CORTA PARA


CENA 17. PENSÃO DAS FLORES. QUARTO 17. NOITE. INT


Cardoso bate na porta e entra em sequência. Encontra o quarto vazio.


CARDOSO

Carlos, licença. Trouxe umas peças de roupa do meu pai para você. Carlos? 


Caminha até a cama, deixa a muda de roupa sobre ela. Observa o criado mudo e vê o cubo brilhando.


CARDOSO

Uau, o que será isso? 


Caminha até o criado, pega o cubo. Fica admirado com o brilho da esfera. Senta-se na cama. 


CARDOSO

Nunca vi algo parecido assim. 


Faz alguns movimentos aleatórios no cubo. A esfera brilha intensamente e uma luz branca preenche todo o espaço. No instante seguinte, Cardoso e o cubo não estão mais ali. 


Carlos entra no quarto, com o cabelo molhado e a mesma roupa que estava antes. Repara a muda de roupa na cama.


CARLOS 

Que roupas são essas? Deve ter sido a dona Flores. (ri) Essa mulher é muito assanhada. 


Olha para o criado mudo, o cubo não está mais lá. Se desespera.


CARLOS

O cubo! O cubo desapareceu.


Olha para todos os cantos do quarto. Nada de cubo ou luz brilhante.


CARLOS (preocupado)

E agora? Como eu vou sair daqui?


CORTA PARA


CENA 18. AVENIDA. TARDE. EXT.


Legenda: Maringá, Brasil. Agosto de 2021.


Uma luz intensa brilha em meio a uma avenida movimentada. Cardoso aparece em pé, ao lado de carros indo e vindo. Alguns buzinam, pedem para ele sair do meio da rua. Cardoso fica assustado com aquele barulho e busca uma forma de chegar à calçada. 

FIM DO EPISÓDIO.

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