“CUBOS COLORIDOS”

CENA 01. ORFANATO GIRASSOL. PÁTIO. DIA. EXT.

Legenda: Rio de Janeiro, Brasil. Junho de 1912.

Carlos está sentado no chão, abaixo de uma árvore, sozinho e isolado no fundo do pátio. Agatha e Meire saem do orfanato e o observam de longe.

MEIRE

Desde que as buscas pela mãe do Carlos se encerraram, ele se afastou das outras crianças.

AGATHA

Dois meses se passaram desde que ele e Domênia chegaram aqui. Por mais que Carlos tivesse fornecido detalhes de sua mãe, infelizmente, nada foi encontrado. É como se a mãe dele não existisse.

MEIRE

Será mesmo que ela existe, minha irmã? Talvez o garoto tenha idealizado uma mãe, por sentir falta de uma.

AGATHA

Eu não sei.


MEIRE

O pior foi que quando ele chegou, ele estava tão entrosado, comunicativo. Vê-lo assim distante, me aperta o peito.


AGATHA

Será que devemos chamar algum psicólogo pra conversar com ele?


MEIRE

Seria uma boa ideia. Não sabemos o que estas crianças passaram na rua. Os traumas que viveram podem ter deixado sequelas.


AGATHA

E Domênia? (olha um pouco em volta) Não estou vendo ela brincando com as crianças?


MEIRE

Realmente, ela não está aqui. Depois que Lúcio desapareceu, tenho dobrado a atenção com as crianças.


AGATHA

Não se preocupa, ela deve estar lá fora brincando.


As duas caminham pela lateral do pátio, indo em direção a área externa do orfanato.


CORTA PARA


CENA 02. ORFANATO GIRASSOL. ÁREA EXTERNA. DIA. EXT.


Domênia está sentada no terceiro degrau da escadaria do orfanato. A sua frente, alguns gravetos de árvores. Dedica sua atenção aos gravetos, está concentrada. Estende a mão, faz alguns gestos com o dedo e sem pronunciar nenhuma palavra, os gravetos começam a se mover.


DOMÊNIA

Consegui! (sorri)


Se concentra mais um pouco e os gravetos começam a flutuar. Um longo sorriso surge em seu rosto. Ouve passos e vozes femininas vindo da lateral do orfanato. Rapidamente ela baixa a mão, fazendo os gravetos caírem no chão. Disfarça observando um ninho de pássaros na árvore ao seu lado. 


AGATHA

Não disse que ela estaria aqui.


MEIRE

Estávamos preocupadas, Domênia.


DOMÊNIA

Desculpem. (se levanta) Estava aqui observando os pássaros.


AGATHA

Gosta dos pássaros?


DOMÊNIA

Sim. (olha para o ninho acima)


MEIRE

Não prefere brincar um pouco com seus colegas?


DOMÊNIA

Não, prefiro ficar aqui sozinha.


Meire e Agatha se entreolham. 


MEIRE

Tudo bem. Só não vá para a rua, está bem? Qualquer coisa, grite que estaremos lá dentro.


DOMÊNIA

Está bem. (caminha até a árvore)


Meire e Agatha a observam, com um leve sorriso no rosto. Ficam alguns segundos ali e na sequência entram no orfanato pela entrada principal. Assim que as duas entram, Domênia volta para a escadaria. Sem muito esforço consegue mais uma vez fazer os gravetos flutuarem.


CORTA PARA


CENA 03. CASA DE AURORA. SALA. DIA. INT.


Legenda: Montes Claro, Brasil. Agosto de 1947.


Aurora entra na sala com uma grande mala em mãos. José está em pé ao lado do sofá com uma expressão séria no rosto. Vera entra logo atrás da filha, com uma pequena mala na mão direita. Ambas param próximo a José.


AURORA (triste)

Não fica com essa cara, pai. Não quero ir vendo o senhor desse jeito.


JOSÉ (sério)

Você me decepcionou muito. Espero que estes meses que irá passar longe da gente, consiga amadurecer um pouco a sua cabeça.


AURORA

Posso ao menos abraçar o senhor?


José hesita por um momento, mas acaba permitindo. Aurora deixa sua mala no chão e vai apressada até seu pai. O abraça forte, sente vontade de chorar. José sente o mesmo. Do outro lado, Vera observa emocionada aquele momento. 


AURORA

Prometo entrar em contato todos os dias. (encerra o abraço) 


VERA

Minha irmã te pegará na rodoviária. Assim que chegarem, ela ligará para cá.


JOSÉ

Ótimo. (a Aurora) É bom irmos então, se não perderá o ônibus.


Caminha em direção a mala que Aurora deixou no chão. A pega e vai até a porta. Pega a mala que a esposa tinha e saí de casa. Vera se aproxima da filha, a abraça. Ambas estão emocionadas.


AURORA

Será que um dia papai irá me perdoar, mamãe?! 


VERA

Dê um tempo pra ele, querida. Lembre-se que o tempo resolve tudo.


As duas saem de casa, com Vera por último fechando a porta.


CORTA PARA


CENA 04. CASA DE AURORA. SALA. TARDE. INT.


Legenda: São Paulo, Brasil. Abril de 1986 d. c.


Carlos está sentado ao chão, vendo mais uma vez o filme “De Volta para o Futuro”. Está com uma postura incorreta com o rosto próximo do velho televisor. Domênia está sentada no sofá, atrás dele atenta ao filme.


CARLOS (animado)

Não seria incrível poder viajar pelo tempo?! Ir para o futuro e saber o que vai acontecer. Ou para o passado e tentar mudar alguma coisa. (fica sério de repente, Domênia percebe)


DOMÊNIA

Se isso fosse possível, para onde viajaria? Passado ou futuro?


Carlos hesitou brevemente antes de responder.


CARLOS 

Passado! Teria voltado pro momento antes do vovô ter abandonado minha avó e impedido dele ter feito isso. Assim minha mãe não teria crescido sem pai e poderia ter tido a oportunidade de saber quem ele é.


DOMÊNIA

Eu também cresci sem pai. Não tenho ideia de quem ele seja, e na verdade, eu também não me importo. 


Carlos a observa, percebe pela primeira vez Domênia se abrindo um pouco.


CARLOS

E sua mãe?


DOMÊNIA

Eu tenho poucas lembranças dela. A única coisa que me lembro é da minha tutora Bridget. Daria tudo para trazê-la comigo. 


Ao lembrar de sua tutora, Domênia sente um aperto em seu peito. Baixa brevemente a cabeça, uma lágrima escorre de seu rosto. Rapidamente ela se levanta do sofá e corre em direção a cozinha. Carlos estranha o jeito que ela saiu, se levanta e vai atrás.


CORTA PARA


CENA 05. CASA DE AURORA. COZINHA. TARDE. INT.


Domênia está em pé ao lado da pia. Carlos entra na cozinha, caminha até a mesa e a observa.


CARLOS

Tudo bem?


DOMÊNIA

Eu só vim tomar uma água.


CARLOS

Imagino que não deve ser fácil lembrar dela…/


DOMÊNIA (interrompe)

Eu não quero falar sobre isso. Você vai perder seu filme!


Carlos não diz nada, presta atenção nela por alguns segundos. Sabe que o melhor é deixá-la sozinha.


CARLOS

É bom você não demorar muito. Se não, vai perder a melhor parte do filme. 


Carlos sorri e volta para a sala. Domênia vira-se para a mesa, se encosta na pia. Sozinha, ela tem uma lembrança de sua tutora.


CORTA PARA


FLASHBACK


CENA 06. FLORESTA. TARDE. EXT.


Legenda: Bamberg, Alemanha. Novembro de 1385.


Bridget e Domênia estão recolhendo algumas ervas pela floresta. A garota está logo atrás de sua tutora, atenta a tudo o que ela está fazendo.


BRIDGET

Lembre-se menina, é na natureza onde você encontrará tudo o que precisa. Se você souber cuidar bem dela, ela lhe fornecerá tudo o que quiser. 


DOMÊNIA

Eu posso conversar com a natureza, senhora?


BRIDGET (ri)

A todo momento estamos em contato com ela, menina. (para ao lado de uma árvore, a observa) O problema é que poucos conseguem entender o que ela está dizendo. (toca no tronco da árvore, fecha os olhos) É isso o que nos diferencia dos demais. Conseguimos sentir o que a natureza quer e ela consegue sentir o que a gente deseja. (abre os olhos)


Domênia caminha até uma árvore, toca no tronco dela, fecha os olhos e tenta sentir alguma coisa.


DOMÊNIA

Não sinto nada. (abre os olhos)


BRIDGET (ri)

Você apenas é uma aprendiz, menina. Precisa de anos de experiência para uma conexão como essa, algo que ainda falta em você.


DOMÊNIA

Um dia eu serei uma bruxa tão forte quanto a senhora. (se afasta da árvore)


BRIDGET

Será sim, eu sei que será. 


A observa de um modo estranho. Domênia não liga, volta a caminhar ficando à frente de sua tutora.


FIM DO FLASHBACK


CORTA PARA


CENA 07. ORFANATO GIRASSOL. JARDIM. TARDE. EXT.


Legenda: Rio de Janeiro, Brasil. Abril de 1912.


Carlos está sentado sozinho em um dos bancos. Observa algumas crianças correndo pelo local. Domênia o observa, caminha até o banco, senta-se e olha em direção às outras crianças. Ambos ficam em silêncio por alguns segundos. 


DOMÊNIA

É até estranho ver você calado por tanto tempo. No fundo, é um alívio não ouvir sua voz. 


Olha para Carlos, na esperança de vê-lo sorrir com o que acabou de dizer. Mas Carlos se mantém inerte.


DOMÊNIA

Então, tá. Mas pra início de conversa, você que nos trouxe pra cá. Estávamos indo muito bem nas ruas.


Carlos continua em silêncio. Domênia se cala e um silêncio absoluto fica sobre eles. Na entrada do orfanato, Agatha observa os garotos. Meire aparece ao lado dela.


MEIRE

Você se apegou mesmo a essas crianças, não foi minha irmã?


AGATHA

Meu coração fica apertado em vê-los assim, afastado das outras crianças. Talvez, seria bom se o levassem para dar uma volta.


MEIRE

Assim você apenas irá estreitar um vínculo com eles. É isso que quer? Quer se aproximar cada vez mais dessas crianças?


Agatha demora um tempo antes de responder. Apenas observa Carlos e Domênia, sentados logo adiante.


AGATHA

Eu acho que o que essas crianças precisam é de um lar. (a Meire) E eu quero dar isso a elas. 


MEIRE

Você pensa em adotá-las, então?


AGATHA

Você acha uma má ideia? 


MEIRE

Não, pelo contrário. Acredito que elas devam ir sim, para uma família que as recebam bem. E de certa forma, elas tiveram o primeiro contato com você. Isso torna mais fácil o processo de adoção.


AGATHA

Será que eles irão gostar?


MEIRE

Eu recomendo você esperar mais alguns dias. Carlos parece um pouco distante, depois que as buscas da mãe dele foram encerradas. Acho que ele precisa de um tempo para assimilar tudo com calma.


AGATHA

Domênia, por outro lado, vem se soltando aos poucos. A vi brincando com algumas meninas, dias atrás.


MEIRE

Sim, ela tem se sentindo mais à vontade. Quem sabe, ela não se torna o elo para Carlos voltar a ser aquele garoto sorridente de antes. 


Agatha e Meire se entreolham brevemente, na sequência olham para as crianças.


CORTA PARA


CENA 08. ORFANATO GIRASSOL. QUARTO DAS MENINAS. NOITE. INT.


Visão geral do ambiente. CAM registra quatro camas, com apenas três delas preenchidas. A cama onde Domênia dorme está vazia. 


CORTA PARA


CENA 09. ORFANATO GIRASSOL. PÁTIO. NOITE. EXT.


Domênia está escondida atrás de uma árvore, sentada ao chão. Está com o cubo mágico ao lado e um pequeno monte de folhas verdes em meio a suas pernas. Ela está de olhos fechados, concentrada. Calmamente começa a fazer alguns gestos com as mãos. Abre os olhos, se atenta ao monte de folhas.


DOMÊNIA

Motus Rectilineus.


As folhas começam a flutuar. Domênia expressa um breve sorriso, se levanta, tendo sua atenção as folhas verdes. Com alguns movimentos de mãos, cada folha parece acompanhar suas ações. Ela faz um pequeno malabarismo com quatros folhas e na sequência as fazem flutuar bem mais alto. 


Domênia se distancia da árvore, conseguindo levar as folhas consigo. Está feliz por conseguir controlar seus poderes. O sorriso desaparece em seu rosto, ela fecha os olhos e concentrada lança outro feitiço.


DOMÊNIA

Nunc Autem Canae.


As folhas imediatamente se incineram e viram cinzas. Domênia abre os olhos e volta a sorrir. 


DOMÊNIA (feliz)

Eu tenho magia! Eu tenho magia! 


Salta de alegria, se aproxima da árvore, pega o cubo do chão e o coloca na palma de sua mão. O observa bem próximo do seu rosto.


DOMÊNIA (feliz)

Eu tenho magia. Eu vou poder voltar pra casa. Eu vou poder ver você novamente, senhora!


Continua encarando o objeto, com um sorriso imenso no rosto. 


CORTA PARA


CENA 10. CASA DE LURDES. SALA. TARDE. INT.


Legenda: São Paulo, Brasil. Agosto de 1947.


Lurdes (61 anos, parda, baixa, cabelos grisalhos) entra no ambiente com uma pequena mala em mãos. Aurora entra logo atrás, com uma mala maior. Ambas caminham até o sofá, localizado na lateral do cômodo. Aurora parece um pouco tímida naquele ambiente.


LURDES

Vamos ligar para sua mãe e avisar a ela que você já chegou.


AURORA

Está bem.


LURDES

Não precisa ficar envergonhada, querida. (coloca a pequena mala no chão) Sua mãe me contou tudo. Aqui, iremos resolver toda essa situação. (pega a mala novamente) Venha, vou mostrar o quarto que você irá ficar.


Segue em direção ao corredor, Aurora está logo atrás.


CORTA PARA


CENA 11. CASA DE LURDES. QUARTO. TARDE. INT.


Lurdes entra em um cômodo pequeno, com uma cama de solteiro e um pequeno guarda-roupa à frente. Aurora observa atentamente aquele lugar. 


LURDES

É um quartinho pequeno, mas preparei tudo para que você se sinta à vontade.


Aurora caminha até a cama, coloca a mala grande sobre ela. Senta-se, observa uma janela de madeira ao lado.


LURDES

Imagino que a viagem tenha sido cansativa. Se você quiser tomar um banho antes, fique à vontade. O banheiro é a última porta no final do corredor.  


Aurora continua em silêncio. Sem perceber, coloca sua mão ao redor de sua barriga, a esfrega lentamente. Lurdes percebe o estado da garota, solta a pequena mala no chão e caminha até ela.


LURDES

Existem muitos homens por aí, igual esse tal de Cardoso, querida. (senta-se ao lado dela) 


Aurora a observa, surpresa como sua avó poderia saber o nome do seu namorado.


LURDES

Sua mãe me contou tudo. (pega a mão dela) Homens como esses não merecem nossas lágrimas. Você deve ser forte e vamos superar esse momento juntas. (sorri) Seus pais te mandaram aqui, justamente para te proteger. Tanto você, quanto a criança.


Aurora olha para sua barriga, sente vontade de chorar.


AURORA (triste)

Eu só queria entender por que ele sumiu dessa maneira, vó? (abraça Lurdes, chora) O que sentíamos um pelo outro era verdadeiro. Cardoso realmente me amava. 


LURDES 

Oh, menina… (acaricia a cabeça de Aurora) … você é tão nova ainda. Tem tanta coisa pra entender da vida. Homens assim juram céus e terras para conseguir o que querem. Depois que conseguem, somem sem mais, nem menos. 


Ouvir isso só faz Aurora chorar cada vez mais.


LURDES

Você tem que esquecê-lo, querida. Lembrar dele só vai fazer mal para você, e para a criança que está esperando.


Aurora não responde, abraça mais forte a avó, na medida que aumenta seu choro.


CORTA PARA


CENA 12. ORFANATO GIRASSOL. COZINHA. DIA. INT.


Legenda: Rio de Janeiro, Brasil. Abril de 1912.


Todas as crianças estão reunidas tomando café da manhã. Domênia e Carlos estão sentados juntos na mesma mesa. Ela come seu pão com uma expressão feliz nítida em seu rosto. Carlos, ao contrário dela, está de cabeça baixa e nem tocou em seu café da manhã.


Agatha e Meire entram no cômodo e caminham diretamente até a mesa onde estão Carlos e Domênia.


MEIRE (feliz)

Bom dia, crianças. (ao lado de Carlos)


AGATHA

Olá! (ao lado de Domênia)


MEIRE

Temos uma novidade pra contar pra vocês.


Carlos ergue brevemente sua cabeça, se atenta ao que Meire tem a dizer. Domênia continua comendo seu pão.


MEIRE

A impaciente da minha irmã não quis esperar o horário do café da manhã terminar, pra contar logo a novidade a vocês.


As duas se entreolham, fazem um certo suspense.


DOMÊNIA 

Que novidade?


AGATHA (feliz)

Quando eu vi vocês dormindo na rua daquele jeito, meu coração ficou apertado na hora. Não podia passar por aquela rua e fingir que nada estava acontecendo. Duas crianças inocentes, sozinhas, passando fome, frio… eu tinha que fazer alguma coisa. Os trouxe para o orfanato da minha irmã, para que pudesse ter um lar, mesmo que provisoriamente.


MEIRE

Algumas crianças quando chegam aqui, normalmente ficam alguns meses, anos… mas acabam sempre encontrando alguém que queira adotá-las.


AGATHA

Minha irmã tem uma rede de influência grande, e ajuda muito com todas as crianças que estão aqui.


MEIRE

E com vocês não seria diferente. 


CARLOS

Alguém quer adotar a gente? 


AGATHA

Sim, querido. Eu quero adotar vocês! 


Domênia para de comer, fica surpresa com o que ouve. Deixa o pão cair sobre a mesa. Carlos também está na mesma situação.


AGATHA (feliz)

Se vocês quiserem e aceitarem, eu adoraria ser uma mãe para vocês.


Carlos e Domênia olham para Agatha, ambos surpresos com aquilo. Meire e Agatha trocam olhares, sorriem e olham para as crianças novamente. Aguardam por uma resposta deles.


CORTA PARA


CENA 13. SALA CIRCULAR. INT.


Legenda: Em algum lugar do tempo.


Carlos observa Domênia segurar os cubos, cada um em uma das mãos. Ela está a um bom tempo observando aqueles objetos, em silêncio. 


CARLOS

Domênia? (se aproxima dela) Está aí? (estala os dedos próximo ao rosto dela) Domênia?


Domênia se atenta a Carlos. 


CARLOS

Você vai me explicar agora, o que são esses cubos?


Domênia olha rapidamente para os cubos. Retorna para os dois altares e coloca cada cubo em seus respectivos lugares. O cubo azul, sobre a mesa do altar azul e o cubo branco, sobre a mesa do altar branco.


DOMÊNIA

O cubo em si, não é importante. Mas a esfera que está contida em seu interior, sim.


CARLOS

Você havia dito que a esfera branca surgiu após o nascimento do universo. Poderia explicar isso melhor?


DOMÊNIA

Quando o universo nasceu… (observa o livro aberto à sua frente) …uma gigantesca explosão de matéria e energia se espalhou por todas as direções. (folheia algumas páginas) E no centro dessa explosão, estava a esfera. Brilhando incansavelmente, expelindo toda essa energia de seu interior. (ao cubo) Toda a matéria existente hoje, saiu da esfera. Ela deu origem a tudo. (a Carlos) Do mesmo modo, que ela será o final de tudo. 


Domênia pega o livro, desce do altar e caminha em direção a Carlos.


DOMÊNIA

O universo é repleto de mistérios, não é? A esfera branca é apenas mais um, do qual demorei muito tempo para decifrar.


CARLOS

E a azul? Ela surgiu da mesma forma?


Domênia vira o rosto e olha brevemente para a esfera azul. Se atenta a Carlos novamente.


DOMÊNIA

A esfera azul é uma cópia, assim como o universo de onde você veio.


CARLOS

Cópia? Como uma cópia? 


DOMÊNIA

O seu universo foi criado pela esfera azul, mas tendo o reflexo da esfera original.


CARLOS

Como assim criado? É possível criar universos agora?


DOMÊNIA

Sim, há vários deles nesse exato momento, coexistindo com o original.


Entrega o livro para Carlos. Do ponto de vista dele, é possível ver uma página escrita por uma língua estranha. Na outra página, mais textos estranhos com uma imagem localizada bem ao centro. CAM destaca a imagem.

Coexistência Universal


Carlos observa detalhadamente a imagem.

CARLOS

O que é isso?

DOMÊNIA

Este é o Livro da Criação. Tudo está escrito aí.

CARLOS

Como assim tudo? Tudo, tudo? Tudo mesmo?

DOMÊNIA

Passado, presente e futuro. Tudo já está escrito.

CARLOS

Isso é um exagero, não?! (ri) Não é possível que algo que ainda não aconteceu esteja aqui. Até porque… (analisa a espessura do livro) …esse livro é fino demais para conter ‘tudo’.


Apesar de grande, o livro é nitidamente fino. CAM destaca sua capa, revelando ser o mesmo livro que Bridget observava na cena 02, do episódio 01.


DOMÊNIA

É possível sim, Carlos. (vira-se para os altares) Abra a sua mente. Existe algo superior a tudo isso que estamos vivendo e coisas que não podem ser explicadas. (sobe no altar azul) A imagem na página, é uma delas. Todos eles são universos espelhados. Ambos criados por mim. 


Carlos a observa, boquiaberto.


CARLOS

Como assim criados por você? (ao livro) Que história maluca é essa?


Se atenta a imagem, CAM a destaca mais uma vez, com uma duração maior em cena. 


DOMÊNIA

Cada universo espelhado tem a cor do cubo que o criou. Vermelho, amarelo, verde, violeta, roxo… (pega o cubo com a esfera azul) …e azul.


Domênia exibe o cubo em direção a Carlos.


DOMÊNIA

Seu universo foi criado por mim, Carlos. Tudo que existe nele, incluindo você. 


Carlos a observa, completamente atônito com tudo aquilo. 

FIM DO EPISÓDIO.

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