CONDADO DE NORFOLK, INGLATERRA, 2007.
Vemos uma escola particular para crianças do ensino fundamental. Nos corredores, vemos um grupo de alunos passando por ali, no intuito de irem para suas salas.
Mais tarde entramos em uma sala do quinto ano onde uma menina de cabelos cacheados e longos se encontra em uma das cadeiras terminando de “rabiscar” alguma coisa.
A professora chega próxima à sua carteira.
— May, querida, já terminou a lição?
— Sim, professora, mas… Acho que teria outras formas de resolver essa equação.
— O que disse?
— Por que dar tantas voltas pra descobrir o valor de “X” sendo que a gente só precisa memorizar a fórmula que dá base à equação? Vejo gente fazendo tantos rabiscos pra chegar a um resultado simples, então apenas eu simplifiquei também.
A professora pega o caderno de May (ali no auge de seus 10 anos de idade) e fica completamente chocada com o feito da garota.
— Mas… Não pode ser possível.
2 dias depois…
Os pais de May, o senhor Cristopher Woods (sargento do exército, 43 anos, alto, cabelo quase grisalho) e a senhora Estella Woods (Dona de casa, 36 anos, cabelo castanho e sempre amarrado com coque), chegam até a sala dos professores para se reunir com a diretora do instituto.
— Senhor e Senhora Woods, é um prazer recebê-los em nossa escola.
Cristopher responde:
— O prazer é todo nosso, diretora, mas… Algum problema com nossa filha?
— Não, não há problema nenhum. Na verdade eu chamei vocês aqui, porque… Creio que esta não seja a escola adequada para uma aluna como a May.
Estella, incrédula, pergunta:
— Mas por que não? A May sempre foi uma aluna exemplar.
— É por isso mesmo, senhora Woods. A filha de vocês é uma garota prodígio, ela possui um nível de inteligência muito superior às outras crianças da idade dela. Vocês sabiam que essa semana ela conseguiu simplificar uma equação durante a aula e ainda acertar o resultado?
— Não… Não brinca.
— Não é brincadeira nenhuma, senhora Woods. Porém o que mais intrigou a professora de matemática e a mim foi que ela conseguiu resolver isso utilizando uma equação de 2º grau, nem sequer passamos esse tema para os alunos do quinto ano.
Cristopher, um pouco incomodado, questiona:
— Tá, mas… Como quer que resolvamos isso?
— Acredito que a filha de vocês têm total capacidade de frequentar uma escola para alunos altamente potencializados como ela. Ela é muito inteligente e esse dom dela pode ajudar muitas pessoas no futuro.
Os pais de May se entreolham intrigados, jamais imaginavam que a filha tinha esses dons tão notórios e até mesmo “assustadores” para alguém da idade dela.
Dias se passam, os pais de May passam a levá-la em vários especialistas. Ela se encontra debaixo de uma máquina de ressonância magnética.
Após algumas horas, uma médica chama os pais de May em particular enquanto a garota se encontra em uma sala reservada com vários apetrechos pra teste de intelectualidade.
O pai de May fica perplexo com tudo o que a doutora diz a eles.
— A minha filha é tipo super inteligente? Ou algo assim?
— Primeiro quero que entendam que ela é uma menina saudável e que isso não implica em nada na sua saúde. Mas sim, após vários testes percebemos que a May, ela… Tem aproximadamente 154 de QI.
Estella pergunta:
— E o que isso significa?
— Isso é muito ruim? Não entendemos muito disso.
— Senhor e Senhora Woods… A May tem quase o mesmo nível de QI de Albert Einstein. Ele tinha 160. A filha de vocês é a “Einstein” da nossa geração.
Cristopher e Estella ficam abalados com a revelação.
6 anos depois…
May se encontra em um campo de concentração. Vários alvos aparecem para ela e ela começa a atirar em todos eles com muita precisão.
— Muito bem, filha. Está muito melhor do que da última vez.
— Eu não acertei o meio, pai. Ainda não sou boa.
— Filha, você só tem 16 anos, não precisa se preocupar se ainda não consegue fazer isso direito, terá muito tempo para aprender.
May recebia treinamento militar particular de seu pai, em seguida entrou em aulas de Jiu Jitsu. Sua mãe ensinou corte e costura para ela, pra que não perdesse nunca a sua feminidade. May conseguiu fazer mais de 16 cursos ao longo dos anos, entre os mais simples aos mais complexos, além de seu preparatório militar.
Tudo ia bem, até que Cristopher é convocado para uma guerra civil na Escócia. Por ter nascido e servido lá, ele tinha o dever de proteger seu país.
A guerra não durou muito tempo, entretanto trouxe consequências sérias.
Na casa de May, o telefone toca e Estella levanta para atender.
— Alô? (T). Sim, é ela.
Estella fica paralisada por uns segundos, seus olhos ficam grandes, lágrimas começam a escorrer. May está sentada no sofá e percebe que do nada sua mãe ficou muda. Estella dá um suspiro fundo e derruba o telefone no chão.
May se levanta do sofá imediatamente.
— Mãe? Mãe, o que foi?
Estella cai ao chão em prantos, e May tenta consolá-la ainda sem saber o que estava acontecendo.
Dois dias depois, um caixão está descendo à cova. Vemos Estella e May vestidas de preto chorando desconsoladamente. Um dos comandantes do exército presta suas condolências à viúva lamentando a perda de um importante membro do exército britânico.
Um dia após o enterro, Estella está costurando e em meio aos pensamentos que permeiam a sua mente, ela acaba se espetando com a agulha. Ela mergulha o dedo na boca sentindo dor e em seguida May se aproxima.
— Por que tinha que ser o papai, mãe?
— Filha, eu…
— Por causa da guerra, o papai morreu. Por que ele tinha que ir pra essa guerra?
— Filha, seu pai não teve escolha, ele…
— … Todo mundo deveria ter escolhas, mãe. Eu aceitava participar dos treinamentos do meu pai porque eu queria, não era porque ele me obrigava. E eu gostava, ele se sentia feliz e eu me sentia feliz ao vê-lo assim. Mas agora tudo isso acabou. Eu nunca mais quero ver alguma coisa relacionada à violência… Eu não quero mais saber de nada disso, mãe. Não quero!
Finalmente conhecemos o motivo de May ser sempre tão relutante com a guerra e com a violência. Aos 17 anos, passar por tudo isso, foi o pior que poderia lhe acontecer.
Ou pelo menos… Era o início do pior.
Um ano se passou e como May tinha um nível de QI considerada pelos especialistas “Gênio”, ela entrou em uma universidade de matemática muito antes do previsto. Ela estava firme nos estudos e quando tudo parecia bem, o destino volta a pregar uma peça.
Estella estava jogando água na varanda de sua casa. Ao passar, ela acaba escorregando no piso e bate a cabeça no chão.
Horas mais tarde, May recebe a notícia na faculdade por um dos secretários.
— May? Sua mãe sofreu um traumatismo craniano. Ela… Está em estado grave.
Tudo para May ia de mal a pior.
Horas depois, ela já se encontra ao lado de sua mãe no leito do hospital.
— Por favor, mãe… Não me deixa sozinha, por favor… Eu prometo que serei sempre uma boa filha.
O destino não liga se as pessoas são boas ou não. Imagine a morte!
May está diante de seu segundo velório e agora definitivamente é órfã aos 18 anos.
Nessa época, ela já havia conhecido a Lisa e esta, vendo a situação da amiga, a acolheu.
— Eu sei como você se sente, May… Eu adoraria que… Você viesse morar comigo. Eu só tenho a minha irmã e… Ter alguém como você do nosso lado vai ser muito bom.
— Amiga, eu… Eu não queria te incomodar.
— Não é incômodo nenhum. Somos melhores amigas e compartilhamos das mesmas dores. Eu não vou deixar você.
May,
Uma mulher que precisou aprender do pior jeito como a vida funciona.
As suas dores estarão sempre marcadas em seu peito. E agora ela terá que enfrentar as circunstâncias atuais com aquilo que ela revogou durante tantos anos.
A guerra.
Ela só queria paz, mas a guerra a chamou de volta para o campo de batalha.
A luta pela sua sobrevivência começa agora.
OPENING:
EPISÓDIO 2:
“MAY”
ATO I
MANSÃO MAXIMILION, MANHÃ.
May está sentada no assoalho da varanda de costas para a vista do local. Chorando, soluçando, está completamente devastada.
— Por que, Trevor? Por que você fez isso? Por quê?
May respira fundo, tenta enxugar as lágrimas em seu rosto. Fica durante alguns segundos olhando para o “nada”.
Em seus olhos, o semblante de culpa, de remorso. Não conseguiu proteger o Trevor. E precisou utilizar daquilo que ela tanto revogava: A violência.
Enquanto está ali sentada no chão da varanda, um objeto estranho cai na frente dela. May ainda meio mareada de tanto chorar, não conseguiu decifrar de momento que objeto era aquele.
Ela franze a testa para aperfeiçoar a sua visão e percebe que se trata de uma granada. Ela arregala os olhos e rapidamente se levanta e pula para dentro da mansão.
— Essa não!
A granada explode. May cai pra dentro da mansão. Ela se levanta. Vai para o lado de fora da varanda. Percebe que há vários outros soldados no jardim da mansão que começam a jogar mais granadas pra cima da varanda forçando-a a sair.
— Ai, meu Deus!
Um dos capangas grita:
— ELA TÁ LÁ DENTRO! PEGUEM ELA!
Outros jogam mais granadas enquanto outra equipe entra pela porta da frente.
May retorna pra mansão. Procura a escopeta. Verifica as balas e percebe que já não tem mais nenhuma.
— DROGA!
Ela ouve a movimentação dentro da casa. Larga a escopeta no chão e vai para dentro de um dos quartos.
Ela tranca a porta. Olha para um lado e para o outro pensando em alguma solução. Rapidamente vem um “flash” na sua mente de quando escaparam do incêndio no casamento real.
May não tem muito tempo para arrancar as cortinas do quarto e usá-las como corda. Terá que utilizar seu próprio instinto de sobrevivência.
Enquanto isso, na barreira de contenção em Londres, os infectados estão começando a vencer a barreira e os soldados ali presentes já não estão tendo mais forças para detê-los.
Na tentativa de impedir a passagem dos infectados, um deles acaba mordendo o braço de um dos guardas, ele acaba se soltando fazendo com que os outros soldados percam força em segurar aquela barreira.
— SOLDADO. O QUE ACONTECEU?
Tarde demais! Essa distração custou um alto preço e rapidamente os infectados empurram com toda a sua fúria pra cima dos soldados quebrando a barreira e assim eles começam a passar pela ponte do Rio Tâmisa.
Na central de polícia britânica, a pior das notícias.
— O quê?… Tudo bem, nós… Não teremos outra escolha. (Desliga o telefone).
— O que houve, oficial?
— Os infectados passaram pela barreira de contenção. Vão invadir toda Londres em pouquíssimo tempo.
— Então vai acontecer mesmo? Já avisaram à Rainha?
— Sim… Vamos nos preparar para a guerra civil.
Na mansão Maximilion, May abre a janela, sobe em cima, coloca o primeiro pé no telhado e em seguida o outro. Fecha a janela e vai caminhando cautelosamente pelo telhado.
No interior da mansão, cerca de uns 6 a 8 capangas armados até os dentes, estão procurando-a em todos os quartos.
— Rápido! O chefe quer a cabeça dessa mulher, precisamos nos livrar dela o quanto antes!
No telhado, May procura o melhor lugar para conseguir descer sem ser vista. Ela encontra a parede por onde passa o duto de ar. Não tem alternativa, precisa descer escalando dali.
Na janela de um dos quartos, um dos guardas a avista de longe tentando descer pela parede do duto de ventilação.
— ALI ESTÁ ELA! ESTÁ TENTANDO FUGIR!
Ele atira na direção de May acertando no telhado.
— DROGA! QUEM SÃO ESSES DESGRAÇADOS?
May se apressa em sua escalada ao chão. Quando sente que está em uma altura confortável, ela salta e cai rolando pela grama do jardim dos fundos.
Os atiradores se preparam para executar o seu alvo a qualquer custo. May se levanta e corre para os arbustos no jardim. O mesmo local onde Petter Krueger conseguiu entrar para cometer aquela bárbarie contra o pobre Brian.
May se rasteja pela saída daqueles arbustos. Ela se levanta e percebe que já está na rua.
— Pra onde que eu vou agora?
May olha para um lado e para o outro no asfalto. Não tem muito tempo pra pensar, precisa fugir.
Ela corre incansavelmente pelas ruas e avista de longe um táxi.
— Ei, táxi!
O táxi para. May entra de imediato.
— Pra onde iremos, moça?
— Pro mais longe o possível dessa mansão.
O táxi dá partida rumo ao desconhecido.
Enquanto isso, todos os departamentos de polícia britânica recebem ligações o tempo todo sobre a invasão dos infectados. As câmeras de circuito fechado captam eles chegando na grande Londres provocando o caos.
Um dos chefes de estado dá a ordem para seus funcionários.
— Depressa! Anunciem imediatamente o toque de recolher imediato. Não podemos deixar nenhum cidadão na rua.
Pelos interfones, rádio, outdoors e vários outros veículos de informação, o alerta é soado.
— ATENÇÃO, CIDADÃOS! PAREM IMEDIATAMENTE O QUE ESTÃO FAZENDO E CORRAM PARA DENTRO DE SUAS CASAS. SE TRANQUEM E NÃO ABRAM A PORTA POR NADA. NOSSA BARREIRA DE CONTENÇÃO FOI DESTRUÍDA E AQUELAS CRIATURAS INVADIRAM A CIDADE. PROTEJAM-SE UNS AOS OUTROS! A TROPA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS ESTARÃO NAS RUAS NOS PRÓXIMOS MINUTOS.
Mal terminou de anunciar, e as pessoas automaticamente começaram a sair de onde estavam desesperados. Mulheres no salão de beleza deixando tudo pra trás e saindo de lá. Homens nos pubs largando suas bebidas e indo pra fora.
Um dos homens vai imediatamente para o seu carro. Abre a porta. Entra. Dá partida, mas o veículo não pega.
— PORRA! PORRA!
Ele olha pelo retrovisor e avista algo muito inusitado. O homem desce do carro, olha para trás e avista uma multidão de infectados se aproximando.
— N… Não… NÃAAAAAO!!!!
O homem não teve tempo para entrar de volta no carro, pois alguns infectados já o alcançaram.
Dentro do taxi, o taxista percebe a movimentação eufórica das pessoas na rua.
— Mas o que está acontecendo aqui hoje?
— Espera um pouco, liga no rádio.
O taxista liga o rádio e a notícia continua a ser entoada:
Repito! Tranquem-se em suas casas, a cidade foi invadida!
— Droga! Os infectados… Eles passaram pela barreira de contenção.
— Quem?
— Não tenho muito tempo pra explicar agora. Só siga em frente, antes que… CUIDADO!
O taxista freia rapidamente, percebe que há um homem ensanguentado ali na frente.
— Minha nossa! O que aconteceu com ele?
Ele desce do táxi imediatamente.
— Não, espera, senhor! Não vá!
— Eu preciso ver se ele precisa de ajuda.
— NÃO, VOLTA PRO CARRO. RÁPIDO!
— Senhor? Você está bem? Quer que eu chame um médico?
May desce do carro. Fica em frente à porta do motorista.
— Moço, por favor, precisa sair daí!
— Ei, calma! Eu só quero ajudar ele, vai que…
Antes que conclua a frase, o homem em questão avança em seu pescoço mastigando-o e fazendo-o cair ao chão.
— AAAAAAAAAAAAAAAAHHH!!!
— AI, MEU DEUS! NÃO!
Após se alimentar daquele homem, o infectado fixa o olhar em May. Ela percebe o perigo e entra imediatamente no táxi.
— ESSA NÃO!
May dá partida no táxi e olha para aquele infectado.
— Não é nada pessoal, gato. Mas…
May pisa no acelerador e passa por cima do infectado e consequentemente no corpo do taxista.
— ME DESCULPA! ME DESCULPA, POR FAVOR!
May segue o seu caminho percebendo o caos que Londres está se tornando.
Quando tudo parecia já estar pior, ela olha pelo retrovisor e avista um carro preto. As janelas desse carro se abrem e percebemos que se trata dos capangas do Dr. Addan.
Um deles atira na direção de May.
— Ai, não! Essa não!
Eles começam a persegui-la pelas ruas de Londres atirando como podem.
— POR QUE NÃO ME DEIXAM EM PAZ?
May pisa fundo no acelerador. Outros dois carros pretos estão vindo atrás dela.
Ela puxa a gaveta do táxi pra ver se encontra algo para se defender, mas encontra apenas um canivete. Ela guarda o canivete por dentro da calça.
— Meu celular! Eu preciso esconder meu celular em algum lugar.
Os atiradores continuam perseguindo-a pelas ruas de Londres. Um tiro acerta no vidro de trás quebrando-o.
— Ah! Meu Deus!
May tenta virar uma avenida, há pessoas correndo para o lado e para o outro.
— SAIAM DA FRENTE! SAIAM!
Os três carros viram a avenida para persegui-la. O que está mais na frente acelera e consegue alcança-la. Ele a olha pela janela apontando sua arma.
— Já era, gatinha!
May freia o táxi bruscamente. O motorista perde a noção de tudo e não percebe o poste em sua frente e colide imediatamente.
May percebe que ainda está em perigo, pois os outros dois carros estão vindo em sua direção.
O primeiro sai na frente e tenta fazer o mesmo que o outro estava tentando fazer com May. Ele fica de lado e tenta bater em May pra que ela saia da pista.
Sem dá o braço a torcer, May revida batendo no carro de volta. O outro está atrás tentando colidir no táxi.
May agora está encurralada. Um carro em seu lado e outro atrás. Não tem outra alternativa a não ser seguir em frente.
May avista uma rua à sua direita. Ela ao invés de acelerar o carro, diminui. Dando o tempo suficiente para ambos os carros ficarem na cola dela.
O que está do lado grita pela janela:
— VOCÊ NÃO TEM COMO ESCAPAR, VADIA!
— É? Vocês também não!
May vira o carro de vez para a rua à direita, ele acaba virando de cabeça pra baixo. O que estava do lado tenta retomar a direção, mas o outro atrás colide e os dois carros capotam violentamente pela rodovia. Aquelas ruas viraram um cenário de caos.
Dentro do táxi, May está com um corte na testa pendurada no cinto de segurança e mareando. Ela olha pela janela e vê que um carro parou e tem um homem se aproximando.
Ela não consegue ver quem é, só dá pra ver suas botas. Quando o suposto homem se aproxima da janela do carro. May desmaia e não vê mais nada acontecer.
ATO II
BUNKER SECRETO DA ILHA DA PHOENIX
Emily se encontra sentada em uma mesa olhando fixamente para um cubo. Naraj entra no recinto.
— Com licença, jovem Emily. Trouxe as suas toalhas.
— Naraj. Você precisa ver isso!
— O que houve?
— Sério. Fica olhando para o cubo.
Emily estira os seus braços, franze a testa fazendo um certo esforço. Quando Naraj já estava ficando entediado com aquilo, o cubo começa a flutuar de cima da mesa.
— Veja! Não é legal?
— Ah… Meu… Deus!
Minutos depois, Naraj se encontra conversando com o Dr. Addan.
— Eu estou te falando, Dr. Addan. Eu vi com meus próprios olhos, ela fez um cubo flutuar bem na minha frente.
— Pelo visto, o vírus evoluiu de uma forma inesperada na Emily. Ela não só pode controlar os seres infectados, como também pode fazer coisas extraordinárias. Sabe o que isso significa, Naraj? Temos Emily e Aragon em nossas mãos, e eles serão nossas armas biológicas mais poderosas para destruir o mundo.
SALA DA DRA. FIONNA.
Reunidos ali, Fionna exclama sobre algo que Edward acaba de mencionar.
— UM BUNKER SECRETO? O que mais tem nessa maldita ilha que eu não sei?
— Sim, ele fica na região sul da ilha. Eu tenho as coordenadas de lá por dentro da ilha, mas… Não há outro jeito melhor de chegar ao bunker a não ser por…
Cortamos para a cena em que Fionna e os outros estão descendo um elevador para o subterrâneo da central da ilha e encontra uma estação submarina.
Jennifer, incrédula com o que vê, pergunta:
— Espera um pouco. Submarino? Tá dizendo que só dá pra chegar nesse tal bunker de submarino?
— Infelizmente sim. Ou isso, ou tentamos por terra e enfrentamos o exército do Dr. Addan e seus infectados.
Fionna diz:
— Ainda não temos certeza absoluta se o Dr. Addan está lá. Por tanto não podemos todo mundo ir pra esse tal bunker.
— Mesmo se quiséssemos, gatinha. O submarino não cabe todo mundo. E sim, o Dr. Addan está lá. Existem 3 submarinos na ilha, e aqui só estamos vendo dois. Ele pegou o terceiro e está ancorado na base que dá entrada ao bunker. Foi lá que o filho da puta se escondeu.
— Ótimo. Só precisamos então de um bom plano para pegar esse desgraçado.
Mason olha ao redor e percebe um recipiente gigantesco de uns 5 metros de altura quebrado perto de uma parede.
— Ei… O que é aquilo?
Os demais viram para olhar. Ashley responde:
— Aquele era o recipiente onde Aragon adormecia.
Fionna pergunta:
— Sério? Então… Da mesma forma que aconteceu com o Neon, ele…
— Sim. Eu não tinha muito acesso aos arquivos do projeto Aragon. Mas sabia que aqui era onde ele esteve mantido… Até ele acordar.
Ellie indaga:
— Isso é… Insano! Aquele monstro estava aqui o tempo todo?
Makoto prossegue:
— Eu era um dos poucos que descia até aqui para fazer relatórios do procedimento e da evolução do Aragon. Estivemos acompanhando ele passo a passo, mas até hoje não sabemos como ele acordou muito antes do previsto. E o pior… Como ele nadou até a cidade?
Fionna fica intrigada.
— Está dizendo que… Aragon, da mesma forma que aconteceu com Neon… Acordou, saiu do recipiente e desceu pela água e nadou pelo oceano inteiro até encontrar a Inglaterra?
— Basicamente sim, doutora.
Edward também prossegue a linha de raciocínio.
— Mas o que mais intriga não é justamente isso. O Aragon foi exatamente para Hampshire, o mesmo local onde Emily e todos vocês estavam. O mesmo condado da sede da Organização Phoenix na Grã-Bretanha.
Julian questiona:
— Espera um pouco, então como foi que o Aragon chegou até lá sendo que praticamente ele era um monstro de laboratório?
Ashley responde:
— Se a Emily estivesse aqui conosco, eu diria que ela foi quem deu as coordenadas, mas não. A Emily estava longe e não fazia ideia da existência do Aragon. Foi como se alguém tivesse guiado o Aragon até Hampshire, depois Londres e em seguida ele retornou pra cá.
Fionna diz:
— Mas até onde eu sei, a Emily é a única que consegue entrar em contato com algum infectado pelo vírus, não é?
Edward fica por alguns segundos pensando e em seguida, indaga:
— E se ela não for a única?
Todos exclamam em uníssono?
— O QUÊ?!
— E se a Emily não for a única a ter esses poderes? E se mais alguém dentro dessa ilha também não tem esse dom?
Todos se entreolham uns aos outros, intrigados.
Em algum lugar da ilha, Victor, Cristhian e Demetrio estão andando pela mata. Percebendo o estado em que Cristhian se encontra, Victor para e segura em seu ombro.
— Escuta, Cristhian. Eu realmente sinto muito, mas muito mesmo pelo Dylan. Sabe perfeitamente bem que eu tenho um carinho enorme por você e por ele. Passamos muitas coisas juntos, mas… Agora você precisa focar em se vingar daquele desgraçado do Dr. Addan. Se isso te consola, a Lisa precisa de você, todos nós precisamos.
— Obrigado, agente Victor. Você é um homem fantástico! Não sei como um homem como você ainda não…
Uma voz é ouvida:
— Agente Victor?
— Capitão Dan? Scott? Não acredito que nos acharam.
— Fico feliz que estejam bem, soldados. Cristhian… Eu realmente sinto muito pela sua perda.
— Não… Não tem que se lamentar, capitão.
Scott aperta na mão de Victor.
— Você tá bem, irmão? Tem certeza?
— Tá tudo bem, Scott.
— Ficamos muito preocupados com vocês.
O capitão Dan diz:
— Ora, Demétrio. Estou feliz que esteja bem.
— Muito obrigado, Capitão Dan!
— Mas onde estão os outros? Só tem vocês três?
Victor responde:
— Não, capitão. Lisa, Ashley e a cabo Judy estão bem, estão em um lugar seguro.
— Graças a Deus. Vamos encontrá-las então e… Não teremos outro remédio, vamos ter que ir só nós para a central da ilha. Já não temos mais ninguém, não vou permitir que as pessoas que estão nos navios venham pra cá, é muito perigoso. Essa guerra é nossa.
LONDRES, INGLATERRA.
Em uma espécie de galpão meio escuro onde temos apenas uma lâmpada de cor amarelada balançando no teto, está May amarrada e amordaçada em uma cadeira.
Dois homens entram naquela sala e um deles tira a mordaça da boca de May. Ela ainda está voltando a ficar consciente, mas ainda um pouco tonta, tentando associar aonde ela foi parar.
— Onde… Onde eu…?
— Você nos deu muito trabalho, coelhinha. Mas que bom que a trouxemos viva. O chefe vai adorar isso.
— O… O chef… Quem? O que tá…
A porta da sala se abre e uma terceira pessoa surge. Pelo ponto de vista de May, vemos um homem se aproximando, a sua visão turva começa a ficar mais clara e se trata de uma pessoa no qual ela reconhece.
— Não… Não pode ser.
— Olá, jovem May!
May não pode acreditar naquilo que seus olhos estão vendo. Por um momento queria que fosse apenas uma alucinação ou parte de um delírio do acidente, mas não. Ali está quem ela e nós menos esperávamos: O General Maximilion.
— Não, não, o senhor? Como? Como pôde?
— Já leu sobre aquele clássico “O Conde de Montecristo”, jovem May?… É complicado.
— O senhor nos traiu. Como e o que diabos estava passando pela sua cabeça?
— Ah, minha doce May! É muito jovem para entender esse jogo.
— Esse jogo? Esse jogo doentio de merda?
— Rapazes, podem me deixar a sós com a senhorita, por gentileza?
— Tem certeza, senhor?
— Claro, tá na cara que a coelhinha aqui não vai sair pra mais canto nenhum.
Os dois capangas se retiram. May fixa o olhar em Maximilion com muito ódio e confusão.
— Não me olhe assim, querida. Assim como toda pessoa nessa vida, eu também precisei fazer algumas escolhas. Algumas delas que poderiam até mesmo de contra a minha honra, mas tudo isso era para um bem maior.
— Um bem maior? Se aliar a um psicopata? O senhor viu o que o Dr. Addan fez! Por que está trabalhando pra ele?
— É muito fácil falar de fora, não é? É muito fácil uma vadiazinha de quinta querer colocar lições de moral em mim. Não fazia ideia do que a minha família estava passando. Desde que me separei da Charlotte, minha vida começou a ir pra ruína. Eu perdi a sociedade com várias empresas, os pais da Charlotte é que nos sustentavam… Até que eu não tive escolha, May… Eu precisei escolher um lado em nome do dinheiro.
— E você escolheu o Dr. Addan, seu filho de uma puta!
— OLHA O RESPEITO, MOCINHA!
— Você viu tudo o que o capitão Dan fez, tudo que ele se empenhou pra reunir esse exército pra levar eles até a ilha.
— Meu papel era convencer o capitão Dan e todos que estavam com ele que eu realmente estava apoiando vocês. Precisei ser muito sagaz pra que ninguém desconfiasse… Mas sempre soube que você era um problema. Era sempre desconfiada, esperta, tive medo de você descobrir antes de mandar todos eles para a ilha. Mas veja! A garota prodígio não é tão prodígio assim ao meu ver. O que seu pai diria se soubesse o fracasso que você se tornou?
— Como sabe do meu pai? Como ousa falar dele?
— Seu pai era um sujeitinho de merda, não é a toa que morreu de graça naquela guerra civil na Escócia. Eu pesquisei tudo sobre vocês. Quando o Dr. Addan entrou em contato comigo, precisei da ficha de todos vocês, mas nunca imaginava que a única filha do patife do Woods estaria entre nós.
— Você é um velho escroto e filho de uma puta!
— Como você acha que o Dr. Addan descobriu os nossos planos, May? Como você acha que aquele exército inteiro iria invadir o casamento real? Acha mesmo que Petter Krueger resolveu tudo isso sozinho? Quem poderia coloca-lo lá dentro? Quem daria passagem para ele operar em absolutamente tudo?
— E sabe o resultado disso? Matou a sua própria filha.
— NÃO! A Claire não tem nada a ver com isso.
— Ah agora que lhe convém, ela não tem nada a ver, não é?
— Nós queríamos que a Claire casasse com o Henry. Minha filha se tornando a princesa da família real, finalmente teríamos estabilidade financeira e prestígio. Era para a Claire conseguir sair do palácio em segurança, mas o Dr. Addan queria a cabeça da maldita sobrinha dele: A Lisa. Mas o filho da puta daquele italiano entrou na frente e estragou todos os planos. Então os homens precisaram agir e o exército medíocre de vocês também reagiu e tudo foi por água abaixo.
— E assim você matou a sua filha.
— CALA A BOCA! EU AMAVA A MINHA FILHA! AMAVA A MINHA CLAIRE!
— Você amava porra nenhuma! Aceita de uma vez que você é o verdadeiro assassino da Claire. Você matou a sua própria filha, General Maximilion!
— CALA A BOCA!
O General Maximilion dá um soco no rosto de May.
— Você não faz ideia do que é ter filhos. Não faz ideia de que nós fazemos de tudo para protegê-los (Vira-se de costas pra May perto da porta). A Claire era o meu tesouro, ela era a coisa mais preciosa da minha vida.
Enquanto ele está de costas, May consegue pegar o canivete que havia colocado na parte de trás de sua calça e começa a cortar levemente a corda.
— Ela era a sua vida? Você estragou o momento mais importante da vida dela! Ela estava tão feliz, mas tão feliz… Tão linda! Quem diria que o próprio pai iria destruir esse sonho dela?
— (Virando-se pra ela) Você acha que foi fácil eu ter que enterrar a minha própria filha para manter o plano?
— Não sei, me diz você. Foi fácil ser o filho da puta que matou a filha, o genro e claro, a ex-esposa? A Claire, o Henry e a Charlotte morreram por tua culpa. O Marco morreu por tua culpa, a mãe do Victor morreu por tua culpa, o Brian morreu por tua culpa, o Trevor, ele… Todos eles… Todos eles estão mortos por tua culpa, general. Você é pior que o próprio Dr. Addan. Pelo menos ele ainda teve a cara de pau de não negar as maldades que fez. Você ficou escondido feito um filhotinho de cachorro amedrontado com medo de perder a sua fortuna.
— Você não sabe com quem está se metendo, garota.
— Como era que o Dr. Addan te pagava? Você só levava informações pra ele, ou você chupava as bolas dele em troca de grana?
— Sua vadiazinha… Vai se arrepender muito caro disso. HOMENS!
Os dois capangas entram novamente.
— Sim, senhor!
— Acho que não temos muito o que fazer com essa vadia. Já conversei com ela o bastante. Sabe o que mais me intriga? É que o fracassado do seu pai morreu no meio de uma guerra civil e agora a filha vai morrer do mesmo jeito. Hahahahahahahaha! Vamos rapazes, podem acabar com ela. Mande lembranças para o seu pai no inferno, May.
Os dois homens apontam suas armas para May ao mesmo tempo. Quando um deles está prestes a puxar o gatilho, May se solta das cordas, bate no braço de um deles. O tiro escapa, May dá uma rasteira no segundo homem. Ela se levanta, golpeia o primeiro homem com uma cotovelada no rosto. Em seguida volta para nocautear o que já estava caído.
Os homens tentam revidar e ela choca os dois na cabeça um do outro. Vendo que os homens já estavam desmaiados, May puxa Maximilion pela farda e o coloca sentado na cadeira. Ela pega a arma de um dos capangas e aponta pra ele.
— HAHAHAHAHAHAHAHA! Vai fazer o quê, garota? Você não mata nem uma mosca. Vai atirar em mim? Você não tem coragem, você sempre foi uma garota que odiou a guerra.
— É verdade, general. Sempre detestei a guerra, mas agora as regras mudaram. Nunca se meta com a filha de um general do exército.
May atira na testa do general.
— Como é que você disse mesmo? Ah é: É complicado.
May reúne as armas que estavam com o outro capanga e outra com o general. Ela sai, percebe que ainda há soldados naquele galpão.
— EI, VOCÊ!
May atira em um deles e sai correndo para o outro lado. Ela entra em uma espécie de cozinha de restaurante e percebe que estava sendo mantida em cativeiro ali. Outros homens começam a persegui-la.
Antes de ir pra fora do restaurante, May liga todos os fornos da cozinha para que o gás vase. Ela apanha um isqueiro, sai de lá e fecha a porta.
Ela está no restaurante, não há mais pessoas ali. Ela vira para trás, acende o isqueiro e aguarda.
Os homens estão vindo pela cozinha. Quando um deles abre a porta, May joga o isqueiro aceso naquela direção e em seguida corre para a porta da frente.
A chama do isqueiro se funde com o vapor do gás e May atira para aquela direção para agilizar a eficácia de seu plano.
A pólvora da bala se funde com toda aquela substância e uma explosão é desencadeada. May é arremessada pra fora do restaurante e os capangas não tiveram tempo sequer de entender o que estava acontecendo.
May caída, olha para trás e vê aquele restaurante pegando fogo. Ela mais do que nunca percebeu que está completamente sozinha e que só depende dela mesma para sobreviver.
Ao olhar ao redor, percebe que as ruas estão reviradas, carros abandonados, pontos de comércio vazios. Uma verdadeira zona estava acontecendo em Londres.
— Meu Deus! O que está acontecendo aqui?
BASE MARÍTIMA DA CENTRAL DA PHOENIX.
Fionna pergunta a Edward:
— Por que acha que existe alguém que tenha os mesmos poderes que a Emily?
— Olha… Eu não sei vocês, mas… Antes dos outros chegarem aqui, estava acontecendo algumas coisas estranhas. O desaparecimento dos guardas, dos médicos, dos trabalhadores, todo mundo começou a sumir, como vocês perceberam. Mas… Teve um momento em que eu estava no corredor, e vi uma mulher passando, ela estava com um jaleco de enfermeira, mas eu não lembro de ter visto ela por aqui nenhuma vez.
— Que mulher era essa?
— Ela era negra, parecia que não tinha muito cabelo. Me cumprimentou e eu perguntei a ela se ela sabia pra onde tinha ido todo mundo. Então ela me respondeu: “Todos estão exatamente onde deveriam estar”… Então eu… Eu não deixo de pensar nisso desde então.
Ashley, arrepiada, pergunta:
— Meu Deus, mas então… Quem é essa mulher?
Makoto se aproxima deles com um olhar assustado e caótico.
— Abigail.
Todos olham para ele assustados e não fazem ideia do que está acontecendo.
Em Londres, May consegue chegar até o taxi onde ela se acidentou. Ela havia colocado o celular dentro do porta-luvas porque sabia que poderia ser capturada. Ela pega o telefone de volta, procura um carro que esteja abandonado e em seguida dirige até um arsenal de armas.
Vemos depois ela pegando armas de vários tipos. Se equipa, arruma munição, abandona de vez aquele semblante de mocinha frágil.
Ela vai para fora daquela loja, se aproxima daquele carro “emprestado”. Vê um helicóptero sobrevoando Londres, segura bem na espingarda que pegara e diz:
— Bem… Se é guerra que eles querem… É guerra que eles terão!
Ela puxa a trava de segurança e entra no carro. Agora estará sozinha em meio a uma guerra civil e uma verdadeira invasão de infectados na rua.
Poderá escapar?
FLASHFORWARD- CENTRAL DA ILHA DA PHOENIX.
Hilda está descontrolada em uma sala.
— Fica longe de mim, sua bastarda! Você não é minha filha e nunca será! Sai de perto de mim! Fica longe de mim… NÃO ME CHAME DE MÃE! EU NÃO SOU TUA MÃE! Eu deveria ter te abortado quando tive a chance, eu deveria ter te abortado, sua vadia!
Hilda se encosta na parede, está claramente transtornada e cheia de ódio. Ela pega a sua arma e aponta para a pessoa em questão.
— VOCÊ NUNCA TERÁ O MEU SANGUE, SUA MALDITA! EU DEVERIA TER TE MATADO QUANDO VOCÊ NASCEU!
Hilda dispara. Em seguida só vemos um rastro de sangue passando por debaixo da porta.
O QUE REALMENTE ACONTECEU?
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ATÉ O PRÓXIMO!