Olá! O Observatório da Escrita está no ar! Sou Marcelo Delpkin, autor da novela O Leão e apresentador do Cyber Show e do Cyber Backstage. Neste espaço, farei a resenha semanal (antes feita no quadro De Olho na CyberTV), além de trazer convidados para indicar suas obras literárias favoritas e de deixar dicas práticas para uma melhor escrita. Vem comigo!


A primeira obra a ser analisada no Observatório é Vale Dicere, a pedido do próprio autor – Melqui Rodrigues. A série, já exibida no portal latino Glook e também em blog próprio, estreou na WebTV em 19 de outubro. Até hoje, foram exibidos os dois primeiros episódios. É sobre eles que vou escrever hoje.

Vale Dicere conta a história do famoso e inescrupuloso cientista Addan Melvick, cujo objetivo é dominar o mundo com ajuda de cães geneticamente modificados. Ele só não esperava que um deles estivesse contaminado com o vírus da raiva. Resultado: uma pandemia que transforma cães e humanos em zumbis assassinos; basta uma única mordida. E a Grã-Bretanha se torna palco de pânico e terror em todos os seus arredores. Enquanto isso, os jovens Lisa e Cristhian (escreve-se assim mesmo) se unem contra o ataque das feras.

O formato de escrita mescla o literário com o roteiro, a exemplo de diversos trabalhos divulgados atualmente no Mundo Virtual. É uma tendência que vem crescendo nos últimos tempos. Alguns leitores gostam, outros nem tanto. Questão de preferência pessoal.

Vamos aos trechos de destaque:

No trecho acima, assim como em boa parte dos dois capítulos, notam-se alguns problemas com a pontuação. Um deles é a falta da vírgula para separar o vocativo (chamamento). E a penúltima fala do médico poderia ter uma pontuação adequada em relação ao sentido das palavras, além de ser pedida a separação da preposição DE e do artigo O, quando em seguida vier um verbo no infinitivo (falecer). Uma sugestão:

Médico: …E isso gerou uma reação em cadeia. Antes de o animal falecer, ele demonstrou características estranhas. Nunca vimos isso acontecer.

Interessante o excerto em que o médico e os cientistas discutem sobre o estado do cachorro. Até que ocorre o primeiro ataque da série, ali mesmo.

Aqui me incomodou um pouco o excesso da palavra doutor. Mencionar apenas uma vez no parágrafo já seria o bastante, até porque os leitores sabem que se tratam de cientistas e médicos. Outro problema está no uso da expressão os demais na segunda frase. Subentende-se que esses “demais” sejam os cientistas, mas um leitor mais desatento pode relacionar aos cães citados na frase anterior.

Gostei da maneira com que o autor construiu o flashback, ainda no primeiro capítulo. Não tem como não ter raiva do vilão ao ler esta e outras cenas. Considero Addan como o personagem melhor construído até agora, assim como a mocinha de origem sul-coreana Lisa. Os atores também são impressionantes: o falecido Rogelio Guerra (sim, o galã da mais famosa versão de Os Ricos Também Choram, de 1979) e a belíssima Ailee.

Sequência de muita tensão com a cientista Fionna, prestes a ser pega pelas feras ou morta durante a subida do elevador. Detalhe: é uma das cenas mais leves! Cabeças e vísceras explodindo e braços decepados são pura rotina em Vale Dicere. Se você é sensível a este tipo de programa, nem pense em ler (risos).

No trecho acima, já no segundo capítulo, Cristhian cita a famosa série Residente Evil. Snorlax, personagem do desenho Pokémon, também chega a ser citado pelo personagem.

A primeira coisa que me veio à cabeça ao ler esta cena foi o Portal Glook, que apresenta histórias em língua espanhola. Lembrei-me mais exatamente de um participante espanhol conhecido do autor. Gostei muito das expressões espanholas usadas pela Ru. Mais uma vez fica explícita o uso inadequado da pontuação. A palavra diva deveria ser escrita com inicial minúscula, pois neste contexto significa mulher famosa e deslumbrante.

Aqui está uma das cenas “superfofas” de Vale Dicere! Fiquei imaginando como seria vê-la na tela da Netflix ou do Youtube.

Mais um momento de tensão, desta vez com Lisa e Cristhian. E pensar que teremos que esperar algumas semanas pelo próximo capítulo, para sabermos como eles se salvarão. A expectativa da morte é sempre um ótimo gancho, e o autor sabe trabalhar muito bem este detalhe.

Vale Dicere poderia facilmente ser transformada em uma boa série cinegrafada a ponto de atrair espectadores e até fãs. É uma leitura obrigatória para escritores e leitores de obras virtuais. A WebTV posta os episódios em sextas-feiras periódicas. Para conhecer mais, clique aqui.


Para o programa de estreia, a convidada é especialíssima: Cristina Ravela, dona do famoso Blog da Zih e escritora de obras como Gato Preto (exibida aqui na CyberTV), Raíza e Anti-Herói.

“Quem me conhece, sabe o quanto gosto de histórias policiais e de suspense, mas ao ser convidada a indicar um livro ou uma série, lembrei logo de uma história pouco ágil, mas muito tocante e brutal, sem derramar uma gota de sangue. Indico a vocês o conto Onze de Maio, de Rubem Fonseca, do livro O Cobrador.

Rubem Fonseca é conhecido pela sua facilidade em abordar temas do cotidiano, desnudando a mente doentia de seus personagens à medida que descreve a brutalidade urbana. Policiais, prostitutas e marginais são personagens bastante recorrentes, e tudo sem perder o tom da crítica.
Em Onze de Maio, o autor traz uma violência dissimulada no interior de um asilo para retratar a discriminação social. Lá, os idosos tentam planejar um motim, devido a um completo desvario. Por tratar-se de uma realidade nua e crua de uma parcela esquecida da sociedade, os contos de Rubem Fonseca não têm a função de serem positivos para alguém. Seus finais são quase sempre trágicos, reticentes, ou felizes para a marginalidade. Porém, é uma crítica social muito interessante. Os internos tentam salvar as próprias vidas de uma suposta ameaça, desejando a liberdade, mas quando eles têm a chance de “mudar o sistema”, eis que os idosos se comportam como ratos na roda.

Eu amei o conto, me senti dentro daquele cenário imundo e desprovido de cuidados, totalmente isolado da sociedade. Recomendadíssimo!”

Obrigado por sua indicação, Zih! Espero contar com você mais vezes.


Hoje vamos falar de um assunto que deixa muita gente de cabelo em pé, quando o assunto é a língua portuguesa. Afinal, qual é a diferença entre MAS, MÁS e MAIS?

MAS
É uma conjunção coordenativa adversativa, usada para expor uma informação contrária àquela que se deu anteriormente. Sinônimo de porém, contudo, todavia, entretanto. Pode ser substantivado, como no terceiro exemplo. Veja:

Giane e Fernanda são filhas de Oscar, mas Rayssa é filha de Augusto.
Alice escapou do acidente com vida, mas Sophia não teve a mesma sorte.
Não tem mas, nem meio mas.

MÁS
É o plural do adjetivo feminino má:

Os vilões pagam por suas más ações.

MAIS
É um advérbio de intensidade, mas também pode ser usado como pronome, substantivo, preposição ou conjunção. Indica inclusão, aumento de quantidade ou aumento de intensidade. É antônimo de menos. Observe:

Solange roubou mais dinheiro da Bellatex.
Cecília mais Alícia foram àquela requintada festa.
Quanto mais as horas passam, mais estou ansioso para ler a série 00:00.


Falando em 00:00, não percam a estreia da série antológica nesta terça. O conto Encontro Às Escuras de Isa Miranda é o primeiro. E amanhã tem o último capítulo de Triângulo Amoroso.

Daqui a pouco, às 20h, nos vemos no Cyber Show. Até já!

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